49.
Este foi o convite que o beato João Paulo II dirigiu aos católicos ao terminar
o ano de 2000. «No início do novo milénio (…) um novo percurso de estrada se
abre para a Igreja, ressoam no nosso coração as palavras com que um dia Jesus,
depois de ter falado às multidões a partir da barca de Simão, convidou o
Apóstolo a “fazer-se ao largo” para a pesca: “Duc in altum” (Lc 5, 4). Pedro e
os primeiros companheiros confiaram na palavra de Cristo e lançaram as redes.
“Assim fizeram e apanharam uma grande quantidade de peixe” (Lc 5, 6)» 89.
Esta
cena, que o nosso Padre considerou e pregou frequentemente ao longo de toda a
sua vida, contemplamo-la de modo muito imediato na leitura do Evangelho da
Missa na festa de S. Josemaria. Convido-vos a meditar, uma vez mais, com
cuidado, cada versículo, porque também agora, como nos tempos de Jesus, a
multidão tem fome de ouvir a palavra de Deus.
O
Senhor subiu à barca de Pedro para que a sua palavra chegasse à multidão; e
pede logo a colaboração material de Simão e dos outros discípulos: nessa
ocasião para remarem para o alto mar e em tantas outras para que a sua mensagem
se estendesse cada vez mais. Concretiza-se, por um lado, esse primeiro modo de
participar na missão evangelizadora: proporcionar à Igreja, como Pedro com a
sua pobre barca, os recursos materiais oportunos para trabalhar com maior eficácia
pelo bem das almas. Mas esse esforço não é suficiente. O Senhor chama-nos, além
disso, a contribuir pessoalmente no apostolado, cada um segundo a sua própria
situação pessoal, aproveitando as suas possibilidades com generosidade
completa. Existe uma grande urgência de mulheres e homens seriamente empenhados
no trabalho fascinante de levar as almas aos pés de Cristo, como os primeiros
discípulos.
A
pesca milagrosa aparece-nos como um sinal da eficácia apostólica com raiz na
obediência à palavra do Mestre. Depois de ter doutrinado a multidão, Jesus
volta-se para Pedro e para os outros, dizendo-lhes: faz-te ao largo, e lançai
as vossas redes para pescar (Lc 5, 4). Simão obedece à ordem do Senhor, apesar
da sua recente experiência negativa em obter resultados, e então, por esta
docilidade, realiza-se o milagre: apanharam peixes em muita quantidade (Lc 5,
6).
«Duc
in altum! Estas palavras ressoam, também hoje, para nós e convidam-nos a
recordar com gratidão o passado, a viver com paixão o presente e abrir-se para
o futuro com confiança: “Jesus Cristo é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda
a eternidade” (Heb 13, 8)» 90.
Trago
também à vossa mente, pela sua actualidade, o que Bento XVI pregou no início
solene do seu serviço pastoral na Sé de Pedro:
«Também
hoje é dito à Igreja e aos sucessores dos apóstolos que se façam ao largo no
mar da história e que lancem as redes, para conquistar os homens para o
Evangelho, para Deus, para Cristo, para a vida (…) Nós homens vivemos
alienados, nas águas salgadas do sofrimento e da morte; num mar de obscuridade
sem luz. A rede do Evangelho tira-nos para fora das águas da morte e conduz-nos
ao esplendor da luz de Deus, na verdadeira vida. É precisamente assim: na
missão de pescador de homens, no seguimento de Cristo, é necessário conduzir os
homens para fora do mar salgado de todas as alienações rumo à terra da vida,
rumo à luz de Deus. É precisamente assim: nós existimos para mostrar Deus aos
homens. E só onde se vê Deus, começa verdadeiramente a vida. Só quando
encontramos em Cristo o Deus vivo, conhecemos o que é a vida» 91.
Copyright © Prælatura Sanctæ Crucis et
Operis Dei
Nota: Publicação devidamente
autorizada
____________________
Notas:
89
Beato João Paulo II, Carta Apost. Novo millénnio ineúnte, 6-I-2001, n. 1.
90
Beato João Paulo II, Carta Apost. Novo millénnio ineúnte, 6-I-2001, n. 1.
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