Art. 3 ― Se as
circunstâncias estão convenientemente enumeradas no terceiro livro das Éticas
de Aristóteles.
(IV Sent., dist. XVI, q. 3, a .
1, q ª 2, 3, De Malo, q. 2, a . 6, III Ethic., let. III).
O terceiro discute-se assim. — Parece que as circunstâncias estão inconvenientemente enumeradas no terceiro livro das Éticas de Aristóteles.
1. — Pois, chama-se circunstância de um acto, o que a ele se refere, exteriormente. Ora, tais são o tempo e o lugar. Logo, há só duas as circunstâncias, a saber, quando e onde.
2.
Demais. — Das circunstâncias deduz-se o que é bem ou mal feito. Ora, isto diz
respeito ao modo do acto. Logo, todas as circunstâncias se incluem numa, que é
o modo de agir.
3.
Demais. ― As circunstâncias não pertencem à substância do acto mas sim às próprias
causas do acto. Logo, nenhuma circunstância deve ser deduzida da causa do acto.
E portanto, nem quem age, nem a causa por que se age, nem o a respeito de que
se age são circunstâncias: pois, quem age considera-se como causa eficiente: a
causa por que se age, como final, e o a respeito do que se age, como material.
Mas,
em contrário é a autoridade do Filósofo no terceiro livro das Éticas, em
Questão.
Quem,
o que, onde, com que auxílios, porque, de que modo, quando.
Pois
devemos considerar quem fez os actos, com que auxílios ou instrumentos os fez,
o que fez, onde fez, porque fez, de que modo fez, e quando fez. Aristóteles 1,
porém, acrescenta a circunstância a respeito de que, que Túlio compreende em o
que.
E
a razão desta enumeração pode fundamentar-se da maneira seguinte. Chama-se
circunstância o como que existente de modo exterior à substância do acto, mas
de certo modo o admitindo. O que pode dar-se de tríplice modo: atingindo o acto,
em si, atingindo-lhe a causa, atingindo-lhe o efeito. O acto, em si é atingido
a modo de medida, como o tempo e o lugar, ou a modo de qualidade, como o modo
de agir. Atinge o efeito, como quando se considera o que alguém fez. A causa,
se é final, refere-se a ela se e por causa do que se age, se é material ou objecto
a esta refere-se ao respeito do que se age, se é a causa do agente principal, a
ela se refere quem fez, se é a causa do agente instrumental, a ela se refere o
com que auxílios fez.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. ― O tempo e o lugar circunstam ao acto, a modo
de medida, outras circunstâncias há porém, que atingem de qualquer outro modo,
existindo exteriormente à substância dele.
RESPOSTA
À SEGUNDA. ― O modo de ser bom ou mal não é considerado circunstância, mas, consequente
de todas as circunstâncias. É considerado porém como circunstância especial o
modo pertencente à qualidade do acto, p. ex., se alguém anda veloz ou devagar,
se alguém fere forte ou brandamente e assim por diante.
RESPOSTA
À TERCEIRA. ― A condição da causa da qual depende a substância do acto não é
considerada circunstância, mas condição adjunta. Assim como não se considera
circunstância o objecto furtado ser alheio ― o que pertence à substância do
furto ― mas, o ser grande ou pequeno. E o mesmo se dá com as outras
circunstâncias atinentes às outras causas. Pois, o fim, que especifica o acto,
não e circunstância, mas sim, o fim adjunto. Assim, não é circunstância se o
forte age corajosamente por causa do bem que é a fortaleza, mas, se age corajosamente
para a libertação do Estado, do povo cristão ou de modo semelhante. E o mesmo
se dá como o que respeita ao que se faz, assim, se alguém, derramando água,
lava outrem, isso não é circunstância da ablução, mas, sim, se, lavando resfria
ou aquece, cura ou faz mal.
Nota:
Revisão da tradução portuguesa por ama.
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Notas:
1.
III Ethic., loc. Cit.
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