15/11/2012

Tratado sobre a conservação e o governo das coisas 54



Questão 114: Do ataque dos demónios.

Art. 5 — Se o demónio vencido fica por isso impedido de atacar.



(II Sent., dist. VI, a. 6).

O quinto discute-se assim. — Parece que o demónio vencido nem por isso fica impedido de atacar.

 

1. — Pois, Cristo venceu eficacissimamente o seu tentador. Mas este depois atacou-o de novo, incitando os Judeus a que o matassem. Logo, não é verdade que o diabo vencido cessa de atacar.

2. Demais. — Infringir uma pena ao que sucumbiu na luta é incitá-lo lutar mais fortemente. Ora, isto não é próprio da misericórdia de Deus. Logo, os demónios vencidos não ficam impedidos de atacar.

Mas, em contrário, diz a Escritura: Então o demónio deixou-o, isto é, a Cristo que o havia vencido.

Alguns dizem que o demónio vencido por um homem não pode mais tentá-lo, nem quanto ao mesmo pecado, nem quanto a outro. Outros porém dizem que podem tentar outros homens, mas não o mesmo, e isto é mais provável se se entender como referido a um determinado tempo. Por onde, no Evangelho se diz que, consumada toda tentação  o diabo abandonou a Cristo, por algum tempo. E a razão disto é dupla. Uma funda-se na divina clemência, pois, como Crisóstomo diz, o diabo não tenta os homens pelo tempo que quer, mas pelo que Deus permite, e Deus, depois de lhe ter permitido tentar, por um tempo, repele-o, por causa da fraqueza da nossa natureza. A outra razão funda-se na astúcia do diabo, e por isso Ambrósio diz, que o diabo teme instar porque evita o mais possível ser derrotado. Mas que às vezes o diabo volte a tentar o que já abandonara, é claro pelo passo do Evangelho: Voltarei para minha casa, donde saí.

Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama

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