10/11/2012

Leitura espiritual para 10 Nov 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 9, 24-41


24 Tornaram, pois, a chamar o homem que tinha sido cego e disseram-lhe: «Dá glória a Deus! Nós sabemos que esse homem é um pecador». 25 Então disse-lhes ele: «Se é pecador, não sei; o que sei é que eu era cego, e agora vejo». 26 Disseram-lhe pois: «Que é que Ele te fez? Como te abriu os olhos?». 27 Respondeu-lhes: «Eu já vo-lo disse e vós não me destes atenção; porque o quereis ouvir novamente? Quereis, porventura, fazer-vos também Seus discípulos?». 28 Então, injuriaram-no e disseram: «Discípulo d'Ele sejas tu; nós somos discípulos de Moisés. 29 Sabemos que Deus falou a Moisés; mas Este não sabemos donde é». 30 O homem respondeu-lhes: «É de admirar que vós não saibais donde Ele é, e que me tenha aberto os olhos. 31 Nós sabemos que Deus não ouve os pecadores; mas quem honra a Deus e faz a Sua vontade, esse é ouvido por Deus. 32 Desde que existe o mundo, nunca se ouviu dizer que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença. 33 Se Este não fosse de Deus, não podia fazer nada». 34 Responderam-lhe: «Tu nasceste coberto de pecados e queres ensinar-nos?». E lançaram-no fora. 35 Jesus ouviu dizer que o tinham lançado fora e, tendo-o encontrado, disse-lhe: «Tu crês no Filho de Deus?». 36 Ele respondeu: «Quem é, Senhor, para eu acreditar n'Ele?». 37 Jesus disse-lhe: «Estás a vê-l'O; é Aquele mesmo que fala contigo». 38 Então ele disse: «Creio, Senhor!». E O adorou. 39 Jesus disse: «Eu vim a este mundo para exercer um justo juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos». 40 Ouviram isto alguns dos fariseus que estavam com Ele, e disseram-Lhe: «Porventura também nós somos cegos?». 41 Jesus disse-lhes: «Se vós fosseis cegos, não teríeis culpa; mas, pelo contrário, vós dizeis: Nós vemos! E permanece o vosso pecado».




CARTA ENCÍCLICA
MEDIACTOR DEI
DO SUMO PONTÍFICE
PAPA PIO XII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS E BISPOS
E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA

SOBRE A SAGRADA LITURGIA
 SEGUNDA PARTE

O CULTO EUCARÍSTICO

IV. Adoração da eucaristia

…/6

115. Contém o alimento eucarístico, como todos sabem, "verdadeira, real e substancialmente o corpo e o sangue junto com a alma e a divindade de nosso Senhor Jesus Cristo", [1] não é de admirar, pois, se a Igreja, desde as origens adorou o corpo de Cristo sob as espécies eucarísticas, como se vê dos ritos mesmos do augusto sacrifício, com os quais se prescreve aos sagrados ministros que adorem o santíssimo sacramento com genuflexões e inclinações profundas.

116. Os sagrados concílios ensinam que, desde o início de sua vida, foi transmitido à Igreja que se deve honrar "com uma única adoração o Verbo Deus encarnado e a sua própria carne" [2], e santo Agostinho afirma: "Ninguém come esta carne sem tê-la primeiro adorado", acrescentando que não só não pecamos adorando, antes pecamos não adorando. [3]

117. Desses princípios doutrinários nasceu e se foi pouco a pouco desenvolvendo o culto eucarístico da adoração, distinto do santo sacrifício. A conservação das sagradas espécies para os enfermos e para todos os que viessem a encontrar-se em perigo de morte, introduziu o louvável uso de adorar este alimento celeste conservado nas igrejas. Esse culto de adoração tem um válido e sólido motivo. A eucaristia, de facto, é sacrifício e é, também, sacramento, e difere dos outros sacramentos enquanto não só produz a graça, mas ainda contém de modo permanente o próprio autor da graça. Quando, por isso, a Igreja nos manda adorar a Cristo sob os véus eucarísticos e suplicar-lhe os dons sobrenaturais e terrenos de que temos sempre necessidade, manifesta a fé viva com a qual crê presente sob aqueles véus o seu Esposo divino, manifesta-lhe o seu reconhecimento e goza da sua íntima familiaridade.

118. Nesse culto, a Igreja, no decurso dos tempos, introduziu várias formas cada dia certamente mais belas e salutares, como, por exemplo: devotas e mesmo cotidianas visitas ao divino tabernáculo, bênção do Santíssimo Sacramento, procissões solenes por vilas e cidades, especialmente por ocasião dos congressos eucarísticos, e adoração do augusto sacramento publicamente exposto, as quais algumas vezes duram pouco e outras vezes se prolongam por horas inteiras e até, por quarenta horas, em alguns lugares são estabelecidas durante o ano todo, por turnos, em cada Igreja, em outros lugares se continuam de dia e de noite ao cuidado de comunidades religiosas e nelas frequentemente tomam parte também os fiéis.

119. Esses exercícios de devoção contribuíram de modo admirável para a fé e a vida sobrenatural da Igreja militante na terra, a qual, assim fazendo, se torna, de certo modo, eco da Igreja triunfante que eternamente canta o hino de louvor a Deus e ao Cordeiro "que foi imolado". [4] Por isso, a Igreja não só aprovou mas fez seus e confirmou com a sua autoridade estes exercícios devotos propagados em toda a parte no correr dos séculos. [5] Eles fluem do espírito da sagrada liturgia, e por isso, desde que sejam cumpridos com o decoro, a fé e a devoção requeridas pelos sagrados ritos e pelas prescrições da Igreja, certamente ajudam muitíssimo a viver a vida litúrgica.

120. Nem se diga que tal culto eucarístico provoca uma errônea confusão entre o Cristo histórico, como dizem, que viveu na terra, o Cristo presente no augusto sacramento do altar, e o Cristo triunfante no céu e dispensador de graças, deve-se, pelo contrário, afirmar que, desse modo, os fiéis testemunham e manifestam solenemente a fé da Igreja, com a qual se crê que um e idêntico é o Verbo de Deus e o Filho de Maria virgem, que sofreu na cruz, que está presente e oculto na eucaristia, e que reina no céu. Assim afirma são João Crisóstomo: "Quando vês a ti, apresentado (o corpo de Cristo) dize a ti mesmo: por este corpo não sou mais terra e pó, não mais escravo, porém livre: por isso, espero alcançar o céu e os bens que aí se encontram, a vida imortal, a herança dos anjos, a companhia de Cristo, este corpo transpassado pelos cravos, dilacerado pelos açoites, não foi presa da morte... Este é aquele corpo que foi ensanguentado, transpassado pela lança, do qual brotaram duas fontes salutares: uma de sangue, outra de água... Este corpo foi-nos dado para o possuir e para o comer, e isso foi consequência de intenso amor". [6]

121. De modo particular, ademais, é muito de louvar-se o costume segundo o qual muitos exercícios de piedade entrados no uso do povo cristão, se encerram com o rito da bênção eucarística. Nada melhor nem mais vantajoso que o gesto com o qual o sacerdote, levantando ao céu o pão dos anjos, em presença da multidão cristã ajoelhada, e movendo-o em forma de cruz, invoca o Pai Celeste para que se digne volver benignamente os olhos a seu Filho crucificado por nosso amor, e, graças a ele, que quis ser nosso Redentor e irmão, difunda por sua intervenção, os seus dons celestes sobre os remidos pelo sangue imaculado do Cordeiro. [7]

122. Procurai, pois, veneráveis irmãos, com a vossa habitual e grande diligência, que os templos edificados pela fé e pela piedade das gerações cristãs no decurso dos séculos como um perene hino de glória a Deus onipotente e como digna habitação do nosso Redentor oculto sob as espécies eucarísticas, sejam o mais possível abertos aos sempre mais numerosos fiéis, para que eles, recolhidos aos pés de nosso Salvador, ouçam o seu dulcíssimo convite: "Vinde a mim, vós todos que estais atribulados e oprimidos, e eu vos aliviarei". [8] Os templos sejam em verdade a casa de Deus, na qual quem entra para pedir favores se alegre de tudo conseguir [9] e alcance a consolação celeste.

123. Somente assim poderá acontecer que toda a família humana se pacifique na ordem e, com inteligência e coração concordes, cante o hino da esperança e do amor: "Bom Pastor, pão verdadeiro – ó Jesus, compadece-te de nós – apascenta-nos, guarda-nos, – faze-nos contemplar a felicidade na terra dos vivos". [10]

TERCEIRA PARTE

O OFÍCIO DIVINO E O ANO LITÚRGICO

I. O ofício divino

124. O ideal da vida cristã consiste em se unir cada um intimamente a Deus. Por isso, o culto que a Igreja rende ao Eterno e que se sintetiza no sacrifício eucarístico e no uso dos sacramentos é ordenado e disposto, de modo que, com o ofício divino, se estenda a todas as horas do dia, às semanas, a todo o curso do ano, a todos os tempos e a todas as condições da vida humana.

125. Tendo o divino Mestre recomendado: "É necessário rezar sempre, sem esmorecer", [11] a Igreja, obedecendo fielmente a essa recomendação, não cessa de rezar e exortar-nos com o apóstolo das gentes: "Por seu intermédio (de Jesus) ofereçamos sempre a Deus o sacrifício de louvor". [12]

126. A oração pública e colectiva endereçada a Deus por todos juntos, realizava-se na antiguidade somente em certos dias e outros momentos do dia. Contudo rezava-se não só nas reuniões públicas, mas ainda nas casas particulares e, às vezes, com os vizinhos e amigos. Bem cedo, porém, nas várias partes da cristandade, introduziu-se o uso de reservar à oração tempos particulares, por exemplo, a última hora do dia, quando o sol se esconde e se acende o lampadário, ou à primeira hora, quando termina a noite, isto é, depois do canto do galo e ao surgir do sol. Outros momentos do dia são indicados como mais próprios para a oração pela Sagrada Escritura, pelo costume tradicional hebraico e práticas cotidianas. Segundo os Actos dos Apóstolos, os discípulos de Jesus Cristo reuniam-se para orar na terceira hora, quando "ficaram todos repletos do Espírito Santo", [13] o príncipe dos apóstolos, antes de tomar alimento, "subiu à parte superior da casa para rezar por volta da hora sexta", [14] Pedro e João "subiam ao templo para a oração na hora nona", [15] e Paulo e Silas "louvavam a Deus à meia noite". [16]

127. Essas várias orações especialmente por iniciativa e obra dos monges e dos ascetas, aperfeiçoaram-se cada dia mais, e pouco a pouco foram introduzidas no uso da sagrada liturgia por autoridade da Igreja.

128. O Ofício divino é, pois, a oração do corpo místico de Cristo, dedicada a Deus em nome de todos os cristãos e em seu benefício, feita pelos sacerdotes, por outros ministros da Igreja e pelos religiosos delegados da própria Igreja para isso.

129. Qual deva ser o carácter e eficácia desse louvor divino, deduz-se das palavras que a Igreja sugere dizer antes de iniciar-se a oração do Ofício, prescrevendo que sejam recitadas "digna, atenta e devotamente".

130. Assumindo a natureza humana, o Verbo de Deus introduziu no exílio terreno o hino que se canta no céu por toda a eternidade. Une a si toda a comunidade humana e a associa no canto deste hino de louvores. Confessemos com humildade que "não sabemos o que devemos convenientemente pedir, mas o próprio Espírito reza por nós com gemidos inenarráveis". [17] E ainda Cristo, por meio do seu Espírito, invoca em nós o Pai. "Deus não poderia fazer aos homens um dom maior... reza (Jesus) por nós como nosso sacerdote, reza em nós como nossa cabeça, é invocado por nós como nosso Deus... reconheçamos, pois, as nossas vozes nele e a sua voz em nós... Rezamos a ele como a Deus, ele reza como servo: lá o Criador, aqui um ser criado, enquanto, sem sofrer mudança, tomou uma natureza mutável, fazendo de nós um só homem com ele: cabeça e corpo". [18]

131. A excelsa dignidade dessa oração da Igreja deve corresponder a intensa devoção da nossa alma e, visto que a voz do orante repete os poemas escritos por inspiração do Espírito Santo, que proclamam e exaltam a perfeitíssima grandeza de Deus, é ainda necessário que a essa voz se junte o movimento interior do nosso espírito para fazer nossos aqueles mesmos sentimentos com os quais nos elevamos ao céu, adoramos a santíssima Trindade e lhe rendemos os devidos louvores e ações de graças: "Devemos salmodiar de modo que a nossa mente concorde com a nossa voz". [19] Não se trata, pois, de uma recitação somente, ou de um canto que, embora perfeitíssimo segundo as leis da arte musical e as normas dos sagrados ritos, chegue apenas ao ouvido, mas sobretudo de uma elevação da nossa mente e da nossa alma a Deus para que nos consagremos, nós e todas as nossas ações, a ele, unidos com Jesus Cristo.

132. Disso depende certamente, em não pequena parte, a eficácia das orações, as quais, se não se dirigem ao próprio Verbo feito homem, concluem com estas palavras: "Por nosso Senhor Jesus Cristo" que, mediador entre nós e Deus, mostra ao Pai celeste os seus estigmas gloriosos, "sempre viva para interceder por nós". [20]

133. Os salmos, como todos sabem, constituem parte principal do Oficio divino. Eles abrangem todo o curso do dia e lhe dão um contacto e um ornamento de santidade. Cassiodoro disse belamente a propósito dos salmos distribuídos no Oficio divino do seu tempo: "Eles... com júbilo matutino nos tornam favorável o dia que está para começar, santificam a primeira hora do dia, consagram a terceira hora, alegram a sexta na fração do pão, assinalam, à nona, o fim do jejum, concluem o término do dia e impedem o nosso espírito de obscurecer-se ao avizinhar-se a noite". [21]

134. Eles lembram as verdades reveladas por Deus ao povo eleito, às vezes terríveis, às vezes impregnadas de suavíssima doçura, repetem e acendem a esperança no Libertador prometido que outrora era animada com o canto em torno da lareira doméstica e na própria majestade do templo, põem em maravilhosa luz a profetizada glória de Jesus Cristo e o seu sumo e eterno poder, a sua vinda e o seu aniquilamento neste exílio terreno, a sua dignidade real e o seu poder sacerdotal, as suas benéficas fadigas e o seu sangue derramado pela nossa redenção. Exprimem igualmente a alegria das nossas almas, a tristeza, a esperança, o temor, a correspondência do amor e o abandono a Deus qual mística ascensão para os divinos tabernáculos.

135. "O salmo... é a bênção do povo, o louvor de Deus, o elogio do povo, o aplauso de todos, a linguagem geral, a voz da Igreja, a harmoniosa confissão de fé, o pleno devotamento à autoridade, a alegria da liberdade, o grito de entusiasmo, o eco da alegria." [22]

136. Na antiguidade, a assistência dos fiéis a essas orações do Ofício era maior, mas gradativamente diminuiu como dissemos, e como acabamos de dizer, a sua recitação atualmente é reservada ao clero e aos religiosos. Em rigor de lei, nada é prescrito aos leigos nesta matéria, mas é muito de desejar que eles tomem parte ativa no canto ou na recitação do Oficio de Vésperas nos dias festivos, na própria paróquia. Recomendamos vivamente, veneráveis irmãos, a vós e aos vossos féis que não cesse este piedoso hábito e que, se possível, se ponha em vigor onde tiver desaparecido. Isso acontecerá certamente com frutos salutares se as Vésperas forem cantadas não só digna e decorosamente mas de maneira que nutra suavemente de vários modos a piedade dos fiéis. Seja sagrada a observância dos dias festivos que devem ser dedicados e consagrados a Deus de modo particular, e, sobretudo, do domingo, que os apóstolos, instruídos pelo Espírito Santo, substituíram ao sábado. Se foi ordenado aos judeus: "Trabalhareis durante seis dias, no sétimo dia que é sábado, repouso santo do Senhor, quem trabalhar neste dia será condenado à morte", [23] como não terão a morte espiritual aqueles cristãos que fazem obra servil nos dias festivos e durante o repouso festivo não se dedicam à piedade nem à religião, mas se abandonam demasiadamente aos atrativos deste século? O domingo e os dias festivos devem ser consagrados ao culto divino com o qual se adora a Deus e a alma se nutre do alimento celeste, e se bem que a Igreja prescreva somente que os fiéis devam abster-se do trabalho servil e devam assistir ao sacrifício eucarístico, e não dê nenhum preceito para o culto vespertino, note-se que, além dos preceitos existem também suas insistentes recomendações e desejos, o que ainda mais é exigido pela necessidade que todos têm de tornar propício o Senhor para impetrar benefícios. Contrista-se profundamente nossa alma ao ver como em nossos tempos o povo cristão passa a tarde do dia festivo: enchem-se os lugares de espetáculos públicos e de jogos, enquanto as igrejas são menos frequentadas do que conviria. Mas é necessário, sem dúvida, que todos vão aos nossos templos para ser instruídos na verdade da fé "católica, para cantar os louvores de Deus, para serem enriquecidos pelo sacerdote com a bênção eucarística e munidos do auxílio celeste contra a adversidade da vida presente. Procurem todos aprender as fórmulas que se cantam nas Vésperas e penetrar-lhes o íntimo sentido, sob o influxo dessas orações experimentarão aquilo que santo Agostinho afirmava de si mesmo: "Quanto chorei entre hinos e cânticos, vivamente comovido pelo canto suave da tua Igreja! Aquelas vozes ressoavam nos meus ouvidos, instilavam a verdade no meu coração, em mim ardiam sentimentos de devoção, e as lágrimas corriam, fazendo-me bem". [24]

II. Ciclo dos mistérios do ano litúrgico

137. Durante todo o correr do ano a celebração do sacrifício eucarístico e o Oficio divino se desenvolvem sobretudo em torno da pessoa de Jesus Cristo e se organizam de modo tão harmonioso e adequado que faz dominar o nosso Salvador nos seus mistérios de humilhação, de redenção e de triunfo.

138. Evocando esses mistérios de Jesus Cristo, a sagrada liturgia visa a fazer deles participar todos os crentes de modo que a divina Cabeça do corpo místico viva na plenitude da sua santidade nos membros. Sejam as almas dos cristãos como altares nos quais se repetem e se reavivam as várias fases do sacrifício que o Sumo-Sacerdote imola, isto é, as dores e as lágrimas que lavam e expiam os pecados, a oração dirigida a Deus que se eleva até o céu, a própria imolação feita com ânimo pronto, generoso e solícito e, enfim, a íntima união com a qual nos abandonamos, nós e nossas coisas a Deus e nele repousamos "sendo o essencial da religião imitar aquele que adoras". [25]

139. Conforme esses modos e motivos com os quais a liturgia propõe à nossa meditação em tempos fixos a vida de Jesus Cristo, a Igreja nos mostra os exemplos que devemos imitar e os tesouros de santidade que fazemos nossos, porque é necessário crer com a mente aquilo que se canta com a boca, e traduzir na prática dos costumes particulares e públicos o que se crê com a mente.

140. Com efeito, no tempo do advento, excita em nós a consciência dos pecados miseramente cometidos, e nos exorta a fim de que, refreando os desejos com a mortificação voluntária do corpo, nos recolhamos em pia meditação e sejamos impelidos pelo desejo de voltar a Deus que, só ele, pode com a sua graça libertar-nos da mancha dos pecados e dos males que nos afligem.

141. Na ocorrência do Natal do Redentor parece quase reconduzir-nos à gruta de Belém para que aí aprendamos que é absolutamente necessário nascer de novo e reformar-nos radicalmente, o que só é possível quando nos unimos íntima e vitalmente ao Verbo de Deus feito homem e nos tornamos participantes da sua divina natureza à qual fomos elevados.

Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama.



[1] Conc. Trid., Sess. XIII, can. 1.
[2] Conc. Constant. II, Anath. de trib. Capit., cân. 9 collat. Con. Efes. Anath. Cyrill, cân. 8. Cf. Conc. Trid. Sess. XIII, cân. 6, Pio VI, Const. Auctorem fidei n. LXI.
[3] Cf. Enarr. in, Ps. 98, 9.
[4] Ap 5,12, 7,10.
[5] Cf. Conc. Trid., Sess., XIII, c. 5 e cân. 6.
[6] In ad Cor., XXIV, 4.
[7] Cf. 1 Pd 1,19.
[8] Mt 11, 28.
[9] Cf. Missal Rom., Coll. da Missa da Dedic. de uma Igreja.
[10] Missal Rom., Seq. Lauda Sion na festa do Corpus Christi.
[11] Lc 18, 1.
[12] Hb 13, 15.
[13] Cf. At 2, 1-15.
[14] At 10, 9.
[15] At 3, 1.
[16] At 16,5
[17] Rm 8, 6.
[18] S. Agostinho, Enarr. in Ps. 85, n. 1.
[19] S. Bento, Regula Monachorum, c. XIX.
[20] Hb 7,25.
[21] Explicatio in Psalterium, Prefácio, PL 70,10.
[22] S. Ambrósio, Enarrat. in Ps. l, n. 9.
[23] Ex 31,15.
[24] Confess. I. IX, c. 6.
[25] S. Agostinho, De Civ. Dei, 1. VIII, cap. l7.

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