Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 9, 24-41
24
Tornaram, pois, a chamar o homem que tinha sido cego e disseram-lhe: «Dá glória
a Deus! Nós sabemos que esse homem é um pecador». 25 Então disse-lhes ele: «Se
é pecador, não sei; o que sei é que eu era cego, e agora vejo». 26 Disseram-lhe
pois: «Que é que Ele te fez? Como te abriu os olhos?». 27 Respondeu-lhes: «Eu
já vo-lo disse e vós não me destes atenção; porque o quereis ouvir novamente?
Quereis, porventura, fazer-vos também Seus discípulos?». 28 Então,
injuriaram-no e disseram: «Discípulo d'Ele sejas tu; nós somos discípulos de
Moisés. 29 Sabemos que Deus falou a Moisés; mas Este não sabemos donde é». 30 O
homem respondeu-lhes: «É de admirar que vós não saibais donde Ele é, e que me
tenha aberto os olhos. 31 Nós sabemos que Deus não ouve os pecadores; mas quem
honra a Deus e faz a Sua vontade, esse é ouvido por Deus. 32 Desde que existe o
mundo, nunca se ouviu dizer que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença. 33
Se Este não fosse de Deus, não podia fazer nada». 34 Responderam-lhe: «Tu
nasceste coberto de pecados e queres ensinar-nos?». E lançaram-no fora. 35
Jesus ouviu dizer que o tinham lançado fora e, tendo-o encontrado, disse-lhe:
«Tu crês no Filho de Deus?». 36 Ele respondeu: «Quem é, Senhor, para eu
acreditar n'Ele?». 37 Jesus disse-lhe: «Estás a vê-l'O; é Aquele mesmo que fala
contigo». 38 Então ele disse: «Creio, Senhor!». E O adorou. 39 Jesus disse: «Eu
vim a este mundo para exercer um justo juízo, a fim de que os que não vêem
vejam, e os que vêem se tornem cegos». 40 Ouviram isto alguns dos fariseus que
estavam com Ele, e disseram-Lhe: «Porventura também nós somos cegos?». 41 Jesus
disse-lhes: «Se vós fosseis cegos, não teríeis culpa; mas, pelo contrário, vós
dizeis: Nós vemos! E permanece o vosso pecado».
CARTA ENCÍCLICA
MEDIACTOR DEI
DO SUMO PONTÍFICE
PAPA PIO XII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS E BISPOS
E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA
SOBRE A SAGRADA LITURGIA
SEGUNDA PARTE
O
CULTO EUCARÍSTICO
IV.
Adoração da eucaristia
…/6
115.
Contém o alimento eucarístico, como todos sabem, "verdadeira, real e
substancialmente o corpo e o sangue junto com a alma e a divindade de nosso
Senhor Jesus Cristo", [1]
não é de admirar, pois, se a Igreja, desde as origens adorou o corpo de Cristo
sob as espécies eucarísticas, como se vê dos ritos mesmos do augusto
sacrifício, com os quais se prescreve aos sagrados ministros que adorem o
santíssimo sacramento com genuflexões e inclinações profundas.
116.
Os sagrados concílios ensinam que, desde o início de sua vida, foi transmitido
à Igreja que se deve honrar "com uma única adoração o Verbo Deus encarnado
e a sua própria carne" [2],
e santo Agostinho afirma: "Ninguém come esta carne sem tê-la primeiro
adorado", acrescentando que não só não pecamos adorando, antes pecamos não
adorando. [3]
117.
Desses princípios doutrinários nasceu e se foi pouco a pouco desenvolvendo o
culto eucarístico da adoração, distinto do santo sacrifício. A conservação das
sagradas espécies para os enfermos e para todos os que viessem a encontrar-se
em perigo de morte, introduziu o louvável uso de adorar este alimento celeste
conservado nas igrejas. Esse culto de adoração tem um válido e sólido motivo. A
eucaristia, de facto, é sacrifício e é, também, sacramento, e difere dos outros
sacramentos enquanto não só produz a graça, mas ainda contém de modo permanente
o próprio autor da graça. Quando, por isso, a Igreja nos manda adorar a Cristo
sob os véus eucarísticos e suplicar-lhe os dons sobrenaturais e terrenos de que
temos sempre necessidade, manifesta a fé viva com a qual crê presente sob
aqueles véus o seu Esposo divino, manifesta-lhe o seu reconhecimento e goza da
sua íntima familiaridade.
118.
Nesse culto, a Igreja, no decurso dos tempos, introduziu várias formas cada dia
certamente mais belas e salutares, como, por exemplo: devotas e mesmo
cotidianas visitas ao divino tabernáculo, bênção do Santíssimo Sacramento,
procissões solenes por vilas e cidades, especialmente por ocasião dos
congressos eucarísticos, e adoração do augusto sacramento publicamente exposto,
as quais algumas vezes duram pouco e outras vezes se prolongam por horas
inteiras e até, por quarenta horas, em alguns lugares são estabelecidas durante
o ano todo, por turnos, em cada Igreja, em outros lugares se continuam de dia e
de noite ao cuidado de comunidades religiosas e nelas frequentemente tomam
parte também os fiéis.
119.
Esses exercícios de devoção contribuíram de modo admirável para a fé e a vida
sobrenatural da Igreja militante na terra, a qual, assim fazendo, se torna, de
certo modo, eco da Igreja triunfante que eternamente canta o hino de louvor a
Deus e ao Cordeiro "que foi imolado". [4]
Por isso, a Igreja não só aprovou mas fez seus e confirmou com a sua autoridade
estes exercícios devotos propagados em toda a parte no correr dos séculos. [5]
Eles fluem do espírito da sagrada liturgia, e por isso, desde que sejam
cumpridos com o decoro, a fé e a devoção requeridas pelos sagrados ritos e
pelas prescrições da Igreja, certamente ajudam muitíssimo a viver a vida
litúrgica.
120.
Nem se diga que tal culto eucarístico provoca uma errônea confusão entre o
Cristo histórico, como dizem, que viveu na terra, o Cristo presente no augusto
sacramento do altar, e o Cristo triunfante no céu e dispensador de graças,
deve-se, pelo contrário, afirmar que, desse modo, os fiéis testemunham e
manifestam solenemente a fé da Igreja, com a qual se crê que um e idêntico é o
Verbo de Deus e o Filho de Maria virgem, que sofreu na cruz, que está presente
e oculto na eucaristia, e que reina no céu. Assim afirma são João Crisóstomo:
"Quando vês a ti, apresentado (o corpo de Cristo) dize a ti mesmo: por
este corpo não sou mais terra e pó, não mais escravo, porém livre: por isso,
espero alcançar o céu e os bens que aí se encontram, a vida imortal, a herança
dos anjos, a companhia de Cristo, este corpo transpassado pelos cravos,
dilacerado pelos açoites, não foi presa da morte... Este é aquele corpo que foi
ensanguentado, transpassado pela lança, do qual brotaram duas fontes salutares:
uma de sangue, outra de água... Este corpo foi-nos dado para o possuir e para o
comer, e isso foi consequência de intenso amor". [6]
121.
De modo particular, ademais, é muito de louvar-se o costume segundo o qual
muitos exercícios de piedade entrados no uso do povo cristão, se encerram com o
rito da bênção eucarística. Nada melhor nem mais vantajoso que o gesto com o
qual o sacerdote, levantando ao céu o pão dos anjos, em presença da multidão
cristã ajoelhada, e movendo-o em forma de cruz, invoca o Pai Celeste para que
se digne volver benignamente os olhos a seu Filho crucificado por nosso amor,
e, graças a ele, que quis ser nosso Redentor e irmão, difunda por sua
intervenção, os seus dons celestes sobre os remidos pelo sangue imaculado do
Cordeiro. [7]
122.
Procurai, pois, veneráveis irmãos, com a vossa habitual e grande diligência,
que os templos edificados pela fé e pela piedade das gerações cristãs no
decurso dos séculos como um perene hino de glória a Deus onipotente e como
digna habitação do nosso Redentor oculto sob as espécies eucarísticas, sejam o
mais possível abertos aos sempre mais numerosos fiéis, para que eles,
recolhidos aos pés de nosso Salvador, ouçam o seu dulcíssimo convite: "Vinde
a mim, vós todos que estais atribulados e oprimidos, e eu vos aliviarei". [8]
Os templos sejam em verdade a casa de Deus, na qual quem entra para pedir
favores se alegre de tudo conseguir [9] e
alcance a consolação celeste.
123.
Somente assim poderá acontecer que toda a família humana se pacifique na ordem
e, com inteligência e coração concordes, cante o hino da esperança e do amor:
"Bom Pastor, pão verdadeiro – ó Jesus, compadece-te de nós –
apascenta-nos, guarda-nos, – faze-nos contemplar a felicidade na terra dos
vivos". [10]
TERCEIRA
PARTE
O
OFÍCIO DIVINO E O ANO LITÚRGICO
I.
O ofício divino
124.
O ideal da vida cristã consiste em se unir cada um intimamente a Deus. Por
isso, o culto que a Igreja rende ao Eterno e que se sintetiza no sacrifício eucarístico
e no uso dos sacramentos é ordenado e disposto, de modo que, com o ofício
divino, se estenda a todas as horas do dia, às semanas, a todo o curso do ano,
a todos os tempos e a todas as condições da vida humana.
125.
Tendo o divino Mestre recomendado: "É necessário rezar sempre, sem
esmorecer", [11] a
Igreja, obedecendo fielmente a essa recomendação, não cessa de rezar e
exortar-nos com o apóstolo das gentes: "Por seu intermédio (de Jesus)
ofereçamos sempre a Deus o sacrifício de louvor". [12]
126.
A oração pública e colectiva endereçada a Deus por todos juntos, realizava-se
na antiguidade somente em certos dias e outros momentos do dia. Contudo
rezava-se não só nas reuniões públicas, mas ainda nas casas particulares e, às
vezes, com os vizinhos e amigos. Bem cedo, porém, nas várias partes da
cristandade, introduziu-se o uso de reservar à oração tempos particulares, por
exemplo, a última hora do dia, quando o sol se esconde e se acende o lampadário,
ou à primeira hora, quando termina a noite, isto é, depois do canto do galo e
ao surgir do sol. Outros momentos do dia são indicados como mais próprios para
a oração pela Sagrada Escritura, pelo costume tradicional hebraico e práticas
cotidianas. Segundo os Actos dos Apóstolos, os discípulos de Jesus Cristo reuniam-se
para orar na terceira hora, quando "ficaram todos repletos do Espírito
Santo", [13] o
príncipe dos apóstolos, antes de tomar alimento, "subiu à parte superior
da casa para rezar por volta da hora sexta", [14]
Pedro e João "subiam ao templo para a oração na hora nona", [15] e
Paulo e Silas "louvavam a Deus à meia noite". [16]
127.
Essas várias orações especialmente por iniciativa e obra dos monges e dos
ascetas, aperfeiçoaram-se cada dia mais, e pouco a pouco foram introduzidas no
uso da sagrada liturgia por autoridade da Igreja.
128.
O Ofício divino é, pois, a oração do corpo místico de Cristo, dedicada a Deus
em nome de todos os cristãos e em seu benefício, feita pelos sacerdotes, por
outros ministros da Igreja e pelos religiosos delegados da própria Igreja para
isso.
129.
Qual deva ser o carácter e eficácia desse louvor divino, deduz-se das palavras
que a Igreja sugere dizer antes de iniciar-se a oração do Ofício, prescrevendo
que sejam recitadas "digna, atenta e devotamente".
130.
Assumindo a natureza humana, o Verbo de Deus introduziu no exílio terreno o
hino que se canta no céu por toda a eternidade. Une a si toda a comunidade
humana e a associa no canto deste hino de louvores. Confessemos com humildade
que "não sabemos o que devemos convenientemente pedir, mas o próprio
Espírito reza por nós com gemidos inenarráveis". [17] E
ainda Cristo, por meio do seu Espírito, invoca em nós o Pai. "Deus não
poderia fazer aos homens um dom maior... reza (Jesus) por nós como nosso
sacerdote, reza em nós como nossa cabeça, é invocado por nós como nosso Deus...
reconheçamos, pois, as nossas vozes nele e a sua voz em nós... Rezamos a ele
como a Deus, ele reza como servo: lá o Criador, aqui um ser criado, enquanto,
sem sofrer mudança, tomou uma natureza mutável, fazendo de nós um só homem com
ele: cabeça e corpo". [18]
131.
A excelsa dignidade dessa oração da Igreja deve corresponder a intensa devoção
da nossa alma e, visto que a voz do orante repete os poemas escritos por
inspiração do Espírito Santo, que proclamam e exaltam a perfeitíssima grandeza
de Deus, é ainda necessário que a essa voz se junte o movimento interior do
nosso espírito para fazer nossos aqueles mesmos sentimentos com os quais nos
elevamos ao céu, adoramos a santíssima Trindade e lhe rendemos os devidos louvores
e ações de graças: "Devemos salmodiar de modo que a nossa mente concorde
com a nossa voz". [19]
Não se trata, pois, de uma recitação somente, ou de um canto que, embora
perfeitíssimo segundo as leis da arte musical e as normas dos sagrados ritos,
chegue apenas ao ouvido, mas sobretudo de uma elevação da nossa mente e da
nossa alma a Deus para que nos consagremos, nós e todas as nossas ações, a ele,
unidos com Jesus Cristo.
132.
Disso depende certamente, em não pequena parte, a eficácia das orações, as quais,
se não se dirigem ao próprio Verbo feito homem, concluem com estas palavras:
"Por nosso Senhor Jesus Cristo" que, mediador entre nós e Deus,
mostra ao Pai celeste os seus estigmas gloriosos, "sempre viva para
interceder por nós". [20]
133.
Os salmos, como todos sabem, constituem parte principal do Oficio divino. Eles
abrangem todo o curso do dia e lhe dão um contacto e um ornamento de santidade.
Cassiodoro disse belamente a propósito dos salmos distribuídos no Oficio divino
do seu tempo: "Eles... com júbilo matutino nos tornam favorável o dia que
está para começar, santificam a primeira hora do dia, consagram a terceira
hora, alegram a sexta na fração do pão, assinalam, à nona, o fim do jejum,
concluem o término do dia e impedem o nosso espírito de obscurecer-se ao
avizinhar-se a noite". [21]
134.
Eles lembram as verdades reveladas por Deus ao povo eleito, às vezes terríveis,
às vezes impregnadas de suavíssima doçura, repetem e acendem a esperança no
Libertador prometido que outrora era animada com o canto em torno da lareira
doméstica e na própria majestade do templo, põem em maravilhosa luz a
profetizada glória de Jesus Cristo e o seu sumo e eterno poder, a sua vinda e o
seu aniquilamento neste exílio terreno, a sua dignidade real e o seu poder
sacerdotal, as suas benéficas fadigas e o seu sangue derramado pela nossa
redenção. Exprimem igualmente a alegria das nossas almas, a tristeza, a
esperança, o temor, a correspondência do amor e o abandono a Deus qual mística
ascensão para os divinos tabernáculos.
135.
"O salmo... é a bênção do povo, o louvor de Deus, o elogio do povo, o
aplauso de todos, a linguagem geral, a voz da Igreja, a harmoniosa confissão de
fé, o pleno devotamento à autoridade, a alegria da liberdade, o grito de
entusiasmo, o eco da alegria." [22]
136.
Na antiguidade, a assistência dos fiéis a essas orações do Ofício era maior,
mas gradativamente diminuiu como dissemos, e como acabamos de dizer, a sua
recitação atualmente é reservada ao clero e aos religiosos. Em rigor de lei,
nada é prescrito aos leigos nesta matéria, mas é muito de desejar que eles
tomem parte ativa no canto ou na recitação do Oficio de Vésperas nos dias
festivos, na própria paróquia. Recomendamos vivamente, veneráveis irmãos, a vós
e aos vossos féis que não cesse este piedoso hábito e que, se possível, se
ponha em vigor onde tiver desaparecido. Isso acontecerá certamente com frutos
salutares se as Vésperas forem cantadas não só digna e decorosamente mas de
maneira que nutra suavemente de vários modos a piedade dos fiéis. Seja sagrada
a observância dos dias festivos que devem ser dedicados e consagrados a Deus de
modo particular, e, sobretudo, do domingo, que os apóstolos, instruídos pelo
Espírito Santo, substituíram ao sábado. Se foi ordenado aos judeus:
"Trabalhareis durante seis dias, no sétimo dia que é sábado, repouso santo
do Senhor, quem trabalhar neste dia será condenado à morte", [23]
como não terão a morte espiritual aqueles cristãos que fazem obra servil nos
dias festivos e durante o repouso festivo não se dedicam à piedade nem à
religião, mas se abandonam demasiadamente aos atrativos deste século? O domingo
e os dias festivos devem ser consagrados ao culto divino com o qual se adora a
Deus e a alma se nutre do alimento celeste, e se bem que a Igreja prescreva
somente que os fiéis devam abster-se do trabalho servil e devam assistir ao
sacrifício eucarístico, e não dê nenhum preceito para o culto vespertino,
note-se que, além dos preceitos existem também suas insistentes recomendações e
desejos, o que ainda mais é exigido pela necessidade que todos têm de tornar
propício o Senhor para impetrar benefícios. Contrista-se profundamente nossa
alma ao ver como em nossos tempos o povo cristão passa a tarde do dia festivo:
enchem-se os lugares de espetáculos públicos e de jogos, enquanto as igrejas
são menos frequentadas do que conviria. Mas é necessário, sem dúvida, que todos
vão aos nossos templos para ser instruídos na verdade da fé "católica,
para cantar os louvores de Deus, para serem enriquecidos pelo sacerdote com a
bênção eucarística e munidos do auxílio celeste contra a adversidade da vida
presente. Procurem todos aprender as fórmulas que se cantam nas Vésperas e
penetrar-lhes o íntimo sentido, sob o influxo dessas orações experimentarão
aquilo que santo Agostinho afirmava de si mesmo: "Quanto chorei entre
hinos e cânticos, vivamente comovido pelo canto suave da tua Igreja! Aquelas
vozes ressoavam nos meus ouvidos, instilavam a verdade no meu coração, em mim
ardiam sentimentos de devoção, e as lágrimas corriam, fazendo-me bem". [24]
II. Ciclo dos mistérios do
ano litúrgico
137.
Durante todo o correr do ano a celebração do sacrifício eucarístico e o Oficio
divino se desenvolvem sobretudo em torno da pessoa de Jesus Cristo e se
organizam de modo tão harmonioso e adequado que faz dominar o nosso Salvador
nos seus mistérios de humilhação, de redenção e de triunfo.
138.
Evocando esses mistérios de Jesus Cristo, a sagrada liturgia visa a fazer deles
participar todos os crentes de modo que a divina Cabeça do corpo místico viva
na plenitude da sua santidade nos membros. Sejam as almas dos cristãos como
altares nos quais se repetem e se reavivam as várias fases do sacrifício que o
Sumo-Sacerdote imola, isto é, as dores e as lágrimas que lavam e expiam os
pecados, a oração dirigida a Deus que se eleva até o céu, a própria imolação
feita com ânimo pronto, generoso e solícito e, enfim, a íntima união com a qual
nos abandonamos, nós e nossas coisas a Deus e nele repousamos "sendo o
essencial da religião imitar aquele que adoras". [25]
139.
Conforme esses modos e motivos com os quais a liturgia propõe à nossa meditação
em tempos fixos a vida de Jesus Cristo, a Igreja nos mostra os exemplos que
devemos imitar e os tesouros de santidade que fazemos nossos, porque é
necessário crer com a mente aquilo que se canta com a boca, e traduzir na
prática dos costumes particulares e públicos o que se crê com a mente.
140.
Com efeito, no tempo do advento, excita em nós a consciência dos pecados
miseramente cometidos, e nos exorta a fim de que, refreando os desejos com a
mortificação voluntária do corpo, nos recolhamos em pia meditação e sejamos
impelidos pelo desejo de voltar a Deus que, só ele, pode com a sua graça
libertar-nos da mancha dos pecados e dos males que nos afligem.
141.
Na ocorrência do Natal do Redentor parece quase reconduzir-nos à gruta de Belém
para que aí aprendamos que é absolutamente necessário nascer de novo e
reformar-nos radicalmente, o que só é possível quando nos unimos íntima e
vitalmente ao Verbo de Deus feito homem e nos tornamos participantes da sua
divina natureza à qual fomos elevados.
Nota:
Revisão da tradução portuguesa por ama.
[2] Conc. Constant. II,
Anath. de trib. Capit., cân. 9 collat. Con. Efes. Anath. Cyrill, cân. 8. Cf.
Conc. Trid. Sess. XIII, cân. 6, Pio VI, Const. Auctorem fidei n. LXI.
[8] Mt 11, 28.
[9] Cf. Missal Rom.,
Coll. da Missa da Dedic. de uma Igreja.
[10] Missal
Rom., Seq. Lauda Sion na festa do Corpus Christi.
[17] Rm 8, 6.
[18] S. Agostinho, Enarr.
in Ps. 85, n. 1.
[19] S.
Bento, Regula Monachorum, c. XIX.
[20] Hb 7,25.
[21] Explicatio in
Psalterium, Prefácio, PL 70,10.
[23] Ex 31,15.
[24] Confess. I. IX, c.
6.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.