Art. 8 — Se um milagre é
maior que outro.
O
oitavo discute-se assim. — Parece que um milagre não é maior que outro.
1.
Pois, diz Agostinho: Nas coisas miraculosamente feitas, toda a razão do feito
está na potência de quem faz. Ora, todos os milagres se fazem pela potência de
Deus. Logo, um não é maior que outro.
2.
Demais. — O poder de Deus é infinito. Ora, como o infinito excede, sem nenhuma
proporção, todo finito, não causa admiração que produza antes um efeito, que
outro. Logo, um milagre não é maior que outro.
Mas,
em contrário, é o que o Senhor diz, na Escritura, falando das obras miraculosas
(Jo 14, 12): Esse fará também as obras que eu faço, e fará outras
ainda maiores.
Não se pode dizer que nada seja milagroso, relativamente ao poder divino;
porque qualquer coisa feita é mínima em comparação com esse poder, conforme a
Escritura (Is 40, 15): Eis que as nações são reputadas como uma gota
de água que cai dum balde e como um grão na balança. Mas podemos chamar
milagroso a um facto, por comparação com a faculdade da natureza, que ele
excede. Donde, tanto maior se considera o milagre quanto mais excede essa
faculdade. Ora, pode algum facto exceder a faculdade da natureza, de três
modos. — De um, quanto à sua substância; assim, se dois corpos ocupam
simultaneamente o mesmo lugar, se o sol retrocede, se o corpo humano é
glorificado, coisas todas que a natureza de nenhum modo pode fazer e por isso
ocupam o grau sumo, entre os milagres. — De outro modo, um facto excede a
faculdade da natureza, não em si mesmo, mas relativamente à coisa na qual se
dá; assim, a ressuscitação dos mortos, a iluminação dos cegos e coisas
semelhantes. Pois, a natureza pode causar a vida, mas não num morto; e pode
sustentar a vista, mas não num cego. E tais factos ocupam o segundo lugar entre
os milagres. — De terceiro modo, um facto excede a faculdade da natureza,
quanto à maneira e à ordem por que é feito; assim, se alguém, subitamente, por
virtude divina, sara de febre, sem a cura e o processo habitual da natureza, em
tais casos; e se o ar, imediatamente, por divina virtude, se condensa em
chuvas, sem as pausas naturais, como aconteceu pelas preces de Samuel e de
Elias. E tais factos ocupam o ínfimo lugar, entre os milagres. — Ora, todos
esses factos têm graus diversos relativamente aos modos diversos pelos quais
excedem a faculdade da natureza.
Donde
se deduzem claras as RESPOSTAS ÀS OBJEÇÕES relativas ao poder divino.
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