Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Lc 14, 15-35
15 Tendo ouvido estas coisas um dos
convivas disse-Lhe: «Bem-aventurado quem participar do banquete no reino de
Deus».16 Jesus respondeu-lhe: «Um homem fez uma grande ceia para a qual
convidou a muitos. 17 À hora da ceia, mandou um servo dizer aos
convidados: Vinde, porque tudo está preparado. 18 Mas todos à uma
começaram a escusar-se. O primeiro disse-lhe: Comprei um campo, e preciso ir
vê-lo; peço que me dês por escusado. 19 Outro disse: Comprei cinco
juntas de bois, e vou experimentá-las; peço-te que me dês por escusado.20
Disse também outro: Casei-me, por isso não posso ir.21 «Voltando o
servo, referiu estas coisas ao seu senhor. Então, irado, o pai de família disse
ao seu servo: Vai já pelas praças e pelas ruas da cidade; traz cá os pobres, os
aleijados, os cegos e os coxos. 22 Disse o servo: Senhor, está feito
como mandaste e ainda há lugar. 23 Disse o senhor ao servo: Vai
pelos caminhos e ao longo dos cercados; e força-os a vir, para que se encha a
minha casa. 24 Pois eu vos digo que nenhum daqueles que foram
convidados provará a minha ceia». 25 Ia com Ele grande multidão de
povo. Jesus, voltando-Se, disse-lhes: 26 «Se alguém vem a Mim e não
odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs, e até
a sua vida, não pode ser Meu discípulo. 27 Quem não leva a sua cruz
e não Me segue não pode ser Meu discípulo. 28 Porque qual de vós,
querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e
ver se tem com que a acabar? 29 Para que, se depois de ter feito as
fundações não a puder terminar, não comecem todos os que a virem a troçar dele,
dizendo: 30 Este homem começou a edificar e não pôde terminar. 31
Ou qual é o rei que, estando para entrar em guerra contra outro rei, não se
assenta primeiro a considerar se com dez mil homens pode ir enfrentar-se com
aquele que traz contra ele vinte mil? 32 Doutra maneira, quando o
outro ainda está longe, enviando embaixadores, pede-lhe paz. 33
«Assim pois, qualquer de vós que não renuncia a tudo o que possui não pode ser
Meu discípulo. 34 O sal é bom; porém, se o sal perder a força, com
que se há-de temperar? 35 Não é bom nem para a terra, nem para a
estrumeira; mas será lançado fora. Quem tem ouvidos para ouvir, oiça».
CARTA ENCÍCLICA DO SUMO PONTÍFICE LEÃO XIII
SOBRE A LIBERDADE HUMANA
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Conceito da verdadeira liberdade de ensino.
33. Eis aí, porque também esta liberdade, para que seja honesta, tem necessidade de ser restringida em determinados limites. É, pois, necessário que a arte do ensino não possa impunemente converter-se num instrumento de corrupção. Ora, a verdade, que deve ser o único objecto de ensino, é de duas espécies: a verdade natural e a sobrenatural. As verdades naturais, às quais pertencem os princípios da natureza e as conclusões próximas que deles deduz a razão, constituem como que o património comum do género humano; são como que o sólido fundamento sobre que assentam os costumes, a justiça, a religião e a própria existência da sociedade humana; e seria desde logo a maior das impiedades, a mais desumana das loucuras, deixá-las violar e destruir impunemente. Mas é necessário pôr não menos escrúpulo em conservar o magno e sagrado tesouro das verdades que o próprio Deus nos fez conhecer. Por um grande número de argumentos luminosos, muitas vezes repetidos pelos apologistas, foram estabelecidos certos pontos principais de doutrina, por exemplo: há uma revelação divina; o Filho único de Deus fez-se homem para dar testemunho da verdade; por Ele foi fundada uma sociedade perfeita, isto é, a Igreja, de que Ele mesmo é o Chefe e com a qual prometeu estar até a consumação dos séculos.
34. A esta sociedade quis Ele confiar todas as verdades que ensinara, com a missão de as guardar, de as desenvolver com autoridade legítima; e, ao mesmo temo, ordenou a todas as nações que obedecessem aos ensinamentos da sua Igreja como a Ele mesmo, sob pena de perda eterna para aqueles que tal transgredissem. Daqui ressalta claramente que o melhor e mais seguro mestre, para o homem, é Deus, fonte e princípio de toda a verdade; é o Filho único que vive no seio do Pai, caminho, verdade, vida e luz verdadeira que esclarece todos os homens; e cujos ensinamentos devem ter por discípulos todos os homens: E eles serão todos ensinados por Deus (Jo 6, 45). Mas para a fé e regra dos costumes Deus fez a Igreja partícipe do seu divino privilégio de infalibilidade. Eis ai por que, ela, é grande e segura mestra dos homens e tem em si um direito inviolável à liberdade de ensinar. E, de facto, a Igreja, que nos ensinamentos recebidos do Céu encontra o seu próprio sustentáculo, nada tem tido tanto a peito como desempenhar, religiosamente a missão que Deus lhe confiou, e, sem se deixar intimidar pelas dificuldades que, por toda parte, a cercam, não tem cessado em tempo algum de combater pela liberdade do seu magistério. Foi por este meio que todo o mundo, liberto da miséria das suas superstições, encontrou na sabedoria cristã a sua regeneração.
35. Mas como a própria razão o ensina claramente: entre as verdades divinamente reveladas e as verdades naturais não pode haver real oposição, de sorte que toda a doutrina que contradiga aquelas será necessariamente falsa, segue-se que o divino magistério da Igreja, longe de pôr obstáculos ao amor do saber e ao desenvolvimento das ciências, ou de retardar por qualquer modo o progresso da civilização, é, pelo contrário, para estas coisas, uma vivíssima luz e uma segura proteção. E, por esta mesma razão, o próprio aperfeiçoamento da liberdade humana aproveita não pouco com a sua influência, segundo a máxima de Jesus Cristo Salvador, que o homem se torna livre pela verdade: Conhecereis a verdade, e a verdade vos fará livres (Jo 8, 32).
Não há, pois, motivo para que a genuína liberdade se indigne e a ciência verdadeira se irrite contra as leis justas e necessárias, que devem regular os ensinamentos humanos, como o reclamam acordes a Igreja e a razão. Há mais: a Igreja, dirigindo principal e especialmente a sua actividade para a defesa da fé cristã, aplica-se também em favorecer o gosto de bons estudos que, em si mesmos, têm alguma coisa de bom, de louvável, de desejável; e, demais, toda a ciência, que é fruto da recta razão e corresponde à realidade das coisas, é duma utilidade não medíocre até para esclarecer as verdades reveladas por Deus. E de facto, que imensos serviços a Igreja não prestou com o admirável cuidado com que conservou os monumentos da ciência antiga, com os asilos que abriu, por toda parte, às ciências, com o estímulo que sempre deu a todos os progressos, favorecendo dum modo particular as próprias artes que são a glória da civilização da nossa época.
36. Enfim, é necessário não esquecer que há ainda imenso campo aberto em que a actividade humana pode dilatar-se e exercer-se livremente a razão: referimo-Nos às matérias que não têm uma conexão necessária com a doutrina da fé e dos costumes cristãos, ou sobre as quais a Igreja, não usando da sua autoridade, deixa aos sábios toda a liberdade nas suas opiniões. Por estas considerações se vê de que espécie e de que qualidade e, neste particular, a verdade que os partidários do liberalismo reclamam e proclamam com igual ardor. Por um lado, atribuem a si mesmos, assim como ao Estado, uma licença tal que não há opinião, por mais perversa que seja, à qual não abram a porta e não dêm livre passagem; por outro, suscitam à Igreja obstáculos sobre obstáculos, encerrando a sua liberdade nos limites mais estreitos que podem, quando aliás nenhum inconveniente há a recear dos ensinamentos da Igreja, e, antes, se devem esperar deles as maiores vantagens.
Liberdade de consciência.
37. Uma outra liberdade que também muito alto se proclama, é aquela a que dão o nome de liberdade de consciência. Se por isso se entende que cada qual pode indiferentemente, a seu bel-prazer, prestar ou deixar de prestar culto a Deus, os argumentos acima apresentados bastam para a sua refutação. Mas pode tomar-se no sentido de que o homem, no Estado tem o direito de seguir, segundo a consciência do seu dever, a vontade de Deus, e de cumprir os seus preceitos, sem que ninguém possa impedi-lo. Esta liberdade verdadeira, esta liberdade digna dos filhos de Deus, que protege tão gloriosamente a dignidade da pessoa humana, está acima de toda a opressão e de toda a violência, e foi sempre o objecto dos votos da Igreja e do seu particular afecto. Foi esta liberdade que os apóstolos reivindicaram com tanta constância, que os apologistas têm defendido nos seus escritos, que uma multidão inumerável de mártires consagrou com o seu sangue. E eles tiveram razão: o grande e justíssimo poder de Deus sobre os homens, e, por outro lado, o grande e supremo dever dos homens para com Deus, encontram ambos, nesta liberdade cristã, um brilhante testemunho.
38. Ela nada tem de comum com disposições facciosas e rebeldes, e de nenhum modo se poderá apresenta-lo como refractária à obediência devida ao poder público; pois ordenar e exigir obediência às leis é um direito do poder humano somente enquanto este não está em desacordo com o poder divino, e se contém dentro dos limites que Deus lhe marcou. Ora, quando se dá uma ordem que está em aberta contradição com a vontade divina, então afasta-se muito desses limites, e põe-se em conflito com a autoridade divina: portanto, é então justo não obedecer.
39. Mas os partidários do Liberalismo, que atribuem ao Estado um poder despótico e sem limites e proclamam que não é preciso ter Deus em conta alguma no modo de nos conduzirmos na vida, desconhecem absolutamente esta liberdade de que falamos tão intimamente unida à honestidade e à religião; e tudo quanto se faz para a conservar, consideram-no como feito em detrimento e contra o Estado. Se o que dizem fosse verdade, não haveria dominação, por tirânica que fosse, que se não devesse aceitar e sofrer.
D) A TOLERÂNCIA DA IGREJA.
40. O mais vivo desejo da Igreja seria, sem dúvida, ver penetrarem, de facto e na prática, em todas as ordens do Estado estes princípios cristãos que acabamos de expor sumariamente. Pois eles possuem uma eficácia maravilhosa para curar os males do tempo presente, esses males cujo número e gravidade se não podem dissimular, nascidos em grande parte dessas liberdades tão decantadas, e nas quais se havia querido ver encerrar os germes da salvação e da glória. Esta esperança foi desmentida pelos factos. Em lugar de frutos doces e salutares vieram frutos amargos e envenenados. Se se procura o remédio, busque-se o restabelecimento de sãs doutrinas, as únicas de que se pode esperar confiadamente a conservação da ordem e, por isso mesmo, a garantia da verdadeira liberdade.
41. Todavia, na sua apreciação maternal, a Igreja tem em conta o peso acabrunhador da fraqueza humana e não ignora o movimento que na nossa época arrasta os espíritos e as coisas. Por estes motivos, não concedendo direitos senão àquilo que se é verdadeiro e honesto, a Igreja, ainda assim, não se opõe à tolerância do que os poderes públicos creem poder usar a respeito de certas coisas contrárias à verdade e à justiça, em face dum mal maior a evitar, ou dum maior bem a obter ou conservar. O próprio Deus na sua providência, conquanto infinitamente bom e onipotente, permite não obstante a existência de certos males no mundo, ou seja para não impedir bens maiores, ou seja, para evitar maiores males. Convém, quanto ao governo dos Estados, imitar Aquele que governa o mundo. Mais ainda: reconhecendo-se impotente para impedir todos os males particulares, a autoridade dos homens deve permitir e deixar impunes, muitas coisas que, não obstante, atraem com justo motivo a vindica da Providência divina (S. Agost. De lib. arb., lib. I, c. 6, n. 14).
42. Todavia, se nestas conjunturas, com a mira no bem-comum e só por este motivo, a lei dos homens pode e deve mesmo tolerar o mal, contudo nunca ela pode nem deve aprová-lo nem querê-lo em si mesmo, pois que o mal, sendo em si mesmo a privação do bem, é oposto ao bem-comum que o legislador deve querer e defender do melhor modo que possa. E ainda nisto a lei humana deve propor-se imitar a Deus que, deixando existir o mal no mundo, não quer nem que o mal suceda, nem que o mal não suceda, mas quer permitir que o mal suceda. E isto é bom (S. Th. p. I, q. 19, ª 9, ad 3). Esta sentença do Doutor Angélico contém, numa fórmula breve, toda a doutrina sobre a tolerância do mal. Mas é necessário reconhecer, para que o nosso juízo seja exacto, que quanto mais preciso for tolerar o mal num Estado, mais longe estão da perfeição as condições desse Estado; e, além disto, que a tolerância do mal, pertencendo aos princípios da prudência política, deve ser rigorosamente circunscrita aos limites exigidos pela sua razão de ser, isto é, pela salvação pública. E por isso, se ela é nociva à salvação pública ou se é para o Estado causa dum mal maior, a consequência é que deixa de ser lícita, porque nestas condições falta a razão do bem. Mas se, em vista duma condição particular do Estado, a Igreja condescende com certas liberdades modernas, não é porque as prefira em si mesmas, mas porque julga conveniente permiti-las; melhorada a situação, usará evidentemente da sua liberdade, empregando todos os meios, persuasões, exortações e rogos, para desempenhar, como é seu dever, a missão que recebeu de Deus: proporcionar aos homens a salvação eterna. Em todo o caso fica sempre de pé uma verdade, que essa liberdade concedida indiferentemente a todos e para tudo, não é desejável por si mesma, como muitas vezes o termo repetido, pois repugna à razão que o falso e o verdadeiro tenham os mesmos direitos.
Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama.
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