Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
1
Naqueles dias, saiu um édito de César Augusto, prescrevendo o recenseamento de
toda a terra. 2 Este recenseamento foi anterior ao que se realizou
quando Quirino era governador da Síria. 3 Iam todos recensear-se,
cada um à sua cidade. 4 José foi também da Galileia, da cidade de
Nazaré, à Judeia, à cidade de David, que se chamava Belém, porque era da casa e
família de David, 5 para se recensear juntamente com Maria, sua
esposa, que estava grávida. 6 Ora, estando ali, aconteceu completarem-se
os dias em que devia dar à luz, 7 e deu à luz o seu filho primogénito,
e O enfaixou, e O reclinou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na
hospedaria. 8 Naquela mesma região, havia uns pastores que velavam e
faziam de noite a guarda ao seu rebanho. 9 Apareceu-lhes um anjo do
Senhor e a glória do Senhor os envolveu com a sua luz e tiveram grande temor. 10
Porém, o anjo disse-lhes: «Não temais, porque vos anuncio uma boa nova, que
será de grande alegria para todo o povo: 11 Nasceu-vos hoje na
cidade de David um Salvador, que é o Cristo, o Senhor. 12 Eis o que
vos servirá de sinal: Encontrareis um Menino envolto em panos e deitado numa
manjedoura». 13 E subitamente apareceu com o anjo uma multidão da
milícia celeste louvando a Deus e dizendo: 14 «Glória a Deus no mais
alto dos céus, e paz na terra aos homens, objecto da boa vontade de Deus». 15
Quando os anjos se retiraram deles para o céu, os pastores diziam entre si:
«Vamos até Belém e vejamos o que é que lá aconteceu e o que é que o Senhor nos
manifestou». 16
Foram a toda a pressa, e encontraram Maria, José e o Menino deitado na
manjedoura. 17 Vendo isto, conheceram o que lhes tinha sido dito
acerca deste Menino. 18 E todos os que ouviram, se admiraram das
coisas que os pastores lhes diziam. 19 Maria conservava todas estas
coisas, meditando-as no seu coração. 20 Os pastores voltaram,
glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, conforme
lhes tinha sido dito.
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Evangelho: Lc 2, 1-20
DECLARAÇÃO
NOSTRA AETATE
SOBRE A IGREJA
E AS RELIGIÕES NÃO-CRISTÃS
Laços comuns da humanidade e
inquietação religiosa do homem;
a resposta das diversas
religiões não-cristãs e sua relação com a Igreja
1. Hoje, que o género humano
se torna cada vez mais unido, e aumentam as relações entre os vários povos, a
Igreja considera mais atentamente qual a sua relação com as religiões
não-cristãs. E, na sua função de fomentar a união e a caridade entre os homens e
até entre os povos, considera primeiramente tudo quanto os homens têm de comum
e os leva à convivência.
Com efeito, os homens
constituem uma só comunidade; todos têm a mesma origem, pois foi Deus quem fez
habitar em toda a terra o inteiro género humano [1]; têm também todos um só fim
último, Deus, que a todos estende a sua providência, seus testemunhos de bondade
e seus desígnios de salvação [2] até que os eleitos se reúnam
na cidade santa, iluminada pela glória de Deus e onde todos os povos caminharão
na sua luz [3]. Os homens esperam das
diversas religiões resposta para os enigmas da condição humana, os quais, hoje
como ontem, profundamente preocupam seus corações: que é o homem? Qual o
sentido e a finalidade da vida? Que é o pecado? Donde provém o sofrimento, e
para que serve? Qual o caminho para alcançar a felicidade verdadeira? Que é a
morte, o juízo e a retribuição depois da morte? Finalmente, que mistério último
e inefável envolve a nossa existência, do qual vimos e para onde vamos?
Hinduísmo e Budismo
2. Desde os tempos mais
remotos até aos nossos dias, encontra-se nos diversos povos certa percepção
daquela força oculta presente no curso das coisas e acontecimentos humanos;
encontra-se por vezes até o conhecimento da divindade suprema ou mesmo de Deus
Pai. Percepção e conhecimento que penetram as suas vidas de profundo sentido
religioso. Por sua vez, as religiões ligadas ao progresso da cultura, procuram
responder às mesmas questões com noções mais apuradas e uma linguagem mais
elaborada. Assim, no hinduísmo, os homens perscrutam o mistério divino e
exprimem-no com a fecundidade inexaurível dos mitos e os esforços da penetração
filosófica, buscando a libertação das angústias da nossa condição quer por meio
de certas formas de ascetismo, quer por uma profunda meditação, quer,
finalmente, pelo refúgio amoroso e confiante em Deus. No budismo, segundo as
suas várias formas, reconhece-se a radical insuficiência deste mundo mutável, e
propõe-se o caminho pelo qual os homens, com espírito devoto e confiante,
possam alcançar o estado de libertação perfeita ou atingir, pelos próprios
esforços ou ajudados do alto a suprema iluminação. De igual modo, as outras
religiões que existem no mundo procuram de vários modos ir ao encontro das
inquietações do coração humano, propondo caminhos, isto é, doutrinas e normas
de vida e também ritos sagrados.
A Igreja católica não rejeita
nada do que nessas religiões existe de verdadeiro e santo. Olha com sincero
respeito esses modos de agir e viver, esses preceitos e doutrinas que, embora
se afastem em muitos pontos daqueles que ela própria segue e propõe, todavia,
reflectem não raramente um raio da verdade que ilumina todos os homens. No
entanto, ela anuncia, e tem mesmo obrigação de anunciar incessantemente Cristo,
«caminho, verdade e vida» (Jo. 14,6), em quem os homens encontram a
plenitude da vida religiosa e no qual Deus reconciliou consigo todas as coisas [4].
Exorta, por isso, os seus
filhos a que, com prudência e caridade, pelo diálogo e colaboração com os
sequazes doutras religiões, dando testemunho da vida e fé cristãs, reconheçam,
conservem e promovam os bens espirituais e morais e os valores sócio culturais
que entre eles se encontram.
A religião do Islão
3. A Igreja olha também com
estima para os muçulmanos. Adoram eles o Deus Único, vivo e subsistente,
misericordioso e omnipotente, criador do céu e da terra [5], que falou aos homens e a
cujos decretos, mesmo ocultos, procuram submeter-se de todo o coração, como a
Deus se submeteu Abraão, que a fé islâmica de bom grado evoca. Embora sem o
reconhecerem como Deus, veneram Jesus como profeta, e honram Maria, sua mãe
virginal, à qual por vezes invocam devotamente. Esperam pelo dia do juízo, no
qual Deus remunerará todos os homens, uma vez ressuscitados. Têm, por isso, em
apreço a vida moral e prestam culto a Deus, sobretudo com a oração, a esmola e
o jejum.
E se é verdade que, no
decurso dos séculos, surgiram entre cristãos e muçulmanos não poucas discórdias
e ódios, este sagrado Concílio exorta todos a que, esquecendo o passado,
sinceramente se exercitem na compreensão mútua e juntos defendam e promovam a
justiça social, os bens morais e a paz e liberdade para todos os homens.
A religião judaica
4. Sondando o mistério da
Igreja, este sagrado Concílio recorda o vínculo com que o povo do Novo
Testamento está espiritualmente ligado à descendência de Abraão.
Com efeito, a Igreja de
Cristo reconhece que os primórdios da sua fé e eleição já se encontram, segundo
o mistério divino da salvação, nos patriarcas, em Moisés e nos profetas.
Professa que todos os cristãos, filhos de Abraão segundo a fé [6], estão incluídos na vocação
deste patriarca e que a salvação da Igreja foi misticamente prefigurada no
êxodo do povo escolhido da terra da escravidão. A Igreja não pode, por isso,
esquecer que foi por meio desse povo, com o qual Deus se dignou, na sua
inefável misericórdia, estabelecer a antiga Aliança, que ela recebeu a
revelação do Antigo Testamento e se alimenta da raiz da oliveira mansa, na qual
foram enxertados os ramos da oliveira brava, os gentios [7]. Com efeito, a Igreja
acredita que Cristo, nossa paz, reconciliou pela cruz os judeus e os gentios,
de ambos fazendo um só, em Si mesmo [8].
Também tem sempre diante dos
olhos as palavras do Apóstolo Paulo a respeito dos seus compatriotas: «deles é
a adopção filial e a glória, a aliança e a legislação, o culto e as promessas;
deles os patriarcas, e deles nasceu, segundo a carne, Cristo» (Rom. 9,
4-5), filho da Virgem Maria. Recorda ainda a Igreja que os Apóstolos,
fundamentos e colunas da Igreja, nasceram do povo judaico, bem como muitos
daqueles primeiros discípulos, que anunciaram ao mundo o Evangelho de Cristo.
Segundo o testemunho da
Sagrada Escritura, Jerusalém não conheceu o tempo em que foi visitada [9]; e os judeus, em grande
parte, não receberam o Evangelho; antes, não poucos se opuseram à sua difusão [10]. No entanto, segundo o
Apóstolo, os judeus continuam ainda, por causa dos patriarcas, a ser muito
amados de Deus, cujos dons e vocação não conhecem arrependimento [11]. Com os profetas e o mesmo
Apóstolo, a Igreja espera por aquele dia só de Deus conhecido, em que todos os
povos invocarão a Deus com uma só voz e «o servirão debaixo dum mesmo jugo» (Sof.
3,9) [12].
Sendo assim tão grande o
património espiritual comum aos cristãos e aos judeus, este sagrado Concílio
quer fomentar e recomendar entre eles o mútuo conhecimento e estima, os quais
se alcançarão sobretudo por meio dos estudos bíblicos e teológicos e com os
diálogos fraternos.
Ainda que as autoridades dos
judeus e os seus sequazes urgiram a condenação de Cristo à morte [13] não se pode, todavia,
imputar indistintamente a todos os judeus que então viviam, nem aos judeus do
nosso tempo, o que na Sua paixão se perpetrou. E embora a Igreja seja o novo
Povo de Deus, nem por isso os judeus devem ser apresentados como reprovados por
Deus e malditos, como se tal coisa se concluísse da Sagrada Escritura. Procurem
todos, por isso, evitar que, tanto na catequese como na pregação da palavra de
Deus, se ensine seja o que for que não esteja conforme com a verdade evangélica
e com o espírito de Cristo.
Além disso, a Igreja, que
reprova quaisquer perseguições contra quaisquer homens, lembrada do seu comum
património com os judeus, e levada não por razões políticas mas pela religiosa
caridade evangélica deplora todos os ódios, perseguições e manifestações de anti-semitismo,
seja qual for o tempo em que isso sucedeu e seja quem for a pessoa que isso
promoveu contra os judeus.
De resto, como a Igreja
sempre ensinou e ensina, Cristo sofreu, voluntariamente e com imenso amor, a
Sua paixão e morte, pelos pecados de todos os homens, para que todos alcancem a
salvação. O dever da Igreja, ao pregar, é portanto, anunciar a cruz de Cristo
como sinal do amor universal de Deus e como fonte de toda a graça.
A fraternidade universal e a reprovação de toda a discriminação
racial ou religiosa
5. Não podemos, porém,
invocar Deus como Pai comum de todos, se nos recusamos a tratar como irmãos
alguns homens, criados à Sua imagem. De tal maneira estão ligadas a relação do
homem a Deus Pai e a sua relação aos outros homens seus irmãos, que a Escritura
afirma: «quem não ama, não conhece a Deus» (1 Jo. 4,8).
Carece, portanto, de fundamento
toda a teoria ou modo de proceder que introduza entre homem e homem ou entre
povo e povo qualquer discriminação quanto à dignidade humana e aos direitos que
dela derivam.
A Igreja reprova, por isso,
como contrária ao espírito de Cristo, toda e qualquer discriminação ou
violência praticada por motivos de raça ou cor, condição ou religião.
Consequentemente, o sagrado Concílio, seguindo os exemplos dos santos Apóstolos
Pedro e Paulo, pede ardentemente aos cristãos que, «observando uma boa conduta
no meio dos homens (1 Ped. 2,12), se ‚ possível, tenham paz com
todos os homens [14], quanto deles depende, de
modo que sejam na verdade filhos do Pai que está nos céus [15].
Roma, 28 de
Outubro de 1965.
PAPA PAULO
VI
Nota: Revisão da tradução portuguesa
por ama.
[1] Cfr. Act. 17,26.
[2] Cfr. Sab. 8,1; Act. 14,17; Rom. 2, 6-7;1 Tim. 2,4.
[3] Cfr. Apoc. 21, 23-24
[4] Cfr. 2 Cor. 5, 18-19.
[5] Cfr. S. Gregório VII, Carta III, 21 a Anazir
(Al-Názir), Rei da Mauritânia: ed. E. Gaspar, em MGH, Ep. sel. II, 1820, I; p.
288, 11-15; PL 148, 451 A.
[6] Cfr. Gál. 3,7.
[7] Cfr. Rom. 11, 17-24.
[8] Cfr. Ef. 2, 14-16.
[9] Cfr. Lc. 19,44.
[10] Cfr. Rom. 11,28.
[11] Cfr. Rom. 11, 28-29; Cfr. Conc. Vat. II, Const. dogm.
De Ecclesia., Lumen gentium: AAS 57, (1965), p. 20.
[12] Cfr. Is. 66,23; Salm. 65,4; Rom. 11, 11-32.
[13] Cfr. Jo. 19,6.
[14] Cfr. Rom. 12,18.
[15] Cfr. Mt. 5,45
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