Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Mc 10, 1-16
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Evangelho: Mc 10, 1-16
1 Saindo dali, foi Jesus para o território da Judeia, e além Jordão.
Novamente as multidões se juntaram à volta d'Ele, e de novo as ensinava,
segundo o Seu costume. 2 Aproximando-se os fariseus, perguntavam-Lhe
para O tentarem: «É lícito ao marido repudiar a mulher?». 3 Ele
respondeu-lhes: «Que vos mandou Moisés?». 4 Eles responderam:
«Moisés permitiu escrever libelo de repúdio e separar-se dela».5
Jesus disse-lhes: «Por causa da dureza do vosso coração é que ele vos deu essa
lei. 6 Porém, no princípio da criação, Deus fê-los homem e mulher.7
Por isso deixará o homem pai e mãe, e se juntará à sua mulher; 8 e
os dois serão uma só carne. Assim não mais são dois, mas uma só carne. 9
Portanto, não separe o homem o que Deus juntou». 10 Depois, em casa,
os discípulos interrogaram-n'O novamente sobre o mesmo assunto. 11
Ele disse-lhes: «Quem repudiar a mulher e se casar com outra comete adultério
contra a primeira; 12 e se a mulher repudiar o marido e se casar com
outro comete adultério». 13 Apresentavam-Lhe umas criancinhas para
que as tocasse mas os discípulos repreendiam os que as apresentavam. 14
Vendo isto, Jesus ficou muito desgostoso e disse-lhes: «Deixai vir a Mim as
crianças, não as estorveis, porque dos que são como elas é o reino de Deus. 15
Em verdade vos digo: quem não receber o reino de Deus como uma criança, não entrará
nele». 16 Depois, abraçou-as
e, impondo-lhes as mãos, as abençoava.
CONSTITUIÇÃO PASTORAL
GAUDIUM ET SPES
SOBRE A IGREJA NO MUNDO ACTUAL
INTRODUÇÃO
A CONDIÇÃO DO HOMEM NO MUNDO ACTUAL
…/2
Aspirações mais universais do género humano
9. Entretanto, vai crescendo
a convicção de que o género humano não só pode e deve aumentar cada vez mais o
seu domínio sobre as coisas criadas, mas também lhe compete estabelecer uma
ordem política, social e económica, que o sirva cada vez melhor e ajude indivíduos
e grupos a afirmarem e desenvolverem a própria dignidade.
Daqui vem a insistência com
que muitos reivindicam aqueles bens de que, com uma consciência muito viva, se
julgam privados por injustiça ou por desigual distribuição. As nações em vias
de desenvolvimento, e as de recente independência desejam participar dos bens
da civilização, não só no campo político mas também no económico, e aspiram a
desempenhar livremente o seu papel no plano mundial; e, no entanto, aumenta
cada dia mais a sua distância, e muitas vezes, simultâneamente, a sua
dependência mesmo económica com relação às outras nações mais ricas e de mais
rápido progresso. Os povos oprimidos pela fome interpelam os povos mais ricos.
As mulheres reivindicam, onde ainda a não alcançaram, a paridade de direito e
de facto com os homens. Os operários e os camponeses querem não apenas ganhar o
necessário para viver, mas desenvolver, graças ao trabalho, as próprias
qualidades; mais ainda, querem participar na organização da vida económica,
social, política e cultural. Pela primeira vez na história dos homens, todos os
povos têm já a convicção de que os bens da cultura podem e devem estender-se
efectivamente a todos.
Subjacente a todas estas
exigências, esconde-se, porém, uma aspiração mais profunda e universal: as
pessoas e os grupos anelam por uma vida plena e livre, digna do homem, pondo ao
próprio serviço tudo quanto o mundo de hoje lhes pode proporcionar em tanta abundância.
E as nações fazem esforços cada dia maiores por chegar a uma certa comunidade
universal.
O mundo actual apresenta-se,
assim, simultâneamente poderoso e débil, capaz do melhor e do pior, tendo
patente diante de si o caminho da liberdade ou da servidão, do progresso ou da
regressão, da fraternidade ou do ódio. E o homem torna-se consciente de que a
ele compete dirigir as forças que suscitou, e que tanto o podem esmagar como
servir. Por isso se interroga a si mesmo.
Jesus Cristo, resposta e solução da problemática humana
10. Na verdade, os
desequilíbrios de que sofre o mundo actual estão ligados com aquele
desequilíbrio fundamental que se radica no coração do homem. Porque no íntimo
do próprio homem muitos elementos se com batem. Enquanto, por uma parte, ele se
experimenta, como criatura que é, multiplamente limitado, por outra sente-se
ilimitado nos seus desejos, e chamado a uma vida superior. Atraído por muitas
solicitações, vê-se obrigado a escolher entre elas e a renunciar a algumas.
Mais ainda, fraco e pecador, faz muitas vezes aquilo que não quer e não realiza
o que desejaria fazer [1]. Sofre assim em si mesmo a
divisão, da qual tantas e tão grandes discórdias se originam para a sociedade.
Muitos, sem dúvida, que levam uma vida impregnada de materialismo prático, não
podem ter uma clara percepção desta situação dramática; ou, oprimidos pela
miséria, não lhe podem prestar atenção. Outros pensam encontrar a paz nas
diversas interpretações da realidade que lhes são propostas. Alguns só do
esforço humano esperam a verdadeira e plena libertação do género humano, e
estão convencidos que o futuro império do homem sobre a terra satisfará todas
as aspirações do seu coração. E não faltam os que, desesperando de poder
encontrar um sentido para a vida, louvam a coragem daqueles que, julgando a
existência humana vazia de qualquer significado, se esforçam por lhe conferir,
por si mesmos, todo o seu valor. Todavia, perante a evolução actual do mundo,
cada dia são mais numerosos os que põem ou sentem com nova acuidade as questões
fundamentais: Que é o homem? Qual o sentido da dor, do mal, e da morte, que,
apesar do enorme progresso alcançado, continuam a existir? Para que servem
essas vitórias, ganhas a tão grande preço? Que pode o homem dar à sociedade, e
que coisas pode dela receber? Que há para além desta vida terrena?
A Igreja, por sua parte,
acredita que Jesus Cristo, morto e ressuscitado por todos, [2] oferece aos homens pelo seu
Espírito a luz e a força para poderem corresponder à sua altíssima vocação; nem
foi dado aos homens sob o céu outro nome, no qual devam ser salvos [3]. Acredita também que a
chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontram no seu Senhor e
mestre. E afirma, além disso, que, subjacentes a todas as transformações, há
muitas coisas que não mudam, cujo último fundamento é Cristo, o mesmo ontem,
hoje, e para sempre [4]. Quer, portanto, o
Concílio, à luz de Cristo, imagem de Deus invisível e primogénito de toda a
criação [5], dirigir-se a todos, para
iluminar o mistério do homem e cooperar na solução das principais questões do
nosso tempo.
PRIMEIRA PARTE
A IGREJA E A VOCAÇÃO DO HOMEM
Que pensa a Igreja sobre o homem
11. O Povo de Deus, movido
pela fé com que acredita ser conduzido pelo Espírito do Senhor, o qual enche o
universo, esforça-se por discernir nos acontecimentos, nas exigências e
aspirações, em que participa juntamente com os homens de hoje, quais são os
verdadeiros sinais da presença ou da vontade de Deus. Porque a fé ilumina todas
as coisas com uma luz nova, e faz conhecer o desígnio divino acerca da vocação
integral do homem e, dessa forma, orienta o espírito para soluções plenamente
humanas.
O Concílio propõe-se, antes
de mais, julgar a esta luz os valores que hoje são mais apreciados e pô-los em
relação com a sua fonte divina. Tais valores, com efeito, na medida em que são
fruto do engenho que Deus concedeu aos homens, são excelentes, mas, por causa
da corrupção do coração humano, não raro são desviados da sua recta ordenação e
precisam de ser purificados.
Que pensa a Igreja acerca do
homem? Que recomendações parecem dever fazer-se, em ordem à construção da
sociedade actual? Qual é o significado último da actividade humana no universo?
Espera-se uma resposta para estas perguntas. Aparecerá então mais claramente
que o Povo de Deus e o género humano, no qual aquele está inserido, se prestam
mútuo serviço; manifestar-se-á assim o carácter religioso e, por isso mesmo,
profundamente humano da missão da Igreja.
CAPÍTULO I
A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
O homem criado à imagem de Deus
12. Tudo quanto existe sobre
a terra deve ser ordenado em função do homem, como seu centro e seu termo:
neste ponto existe um acordo quase geral entre crentes e não-crentes.
Mas, que é o homem? Ele
próprio já formulou, e continua a formular, acerca de si mesmo, inúmeras
opiniões, diferentes entre si e até contraditórias. Segundo estas, muitas vezes
se exalta até se constituir norma absoluta, outras se abate até ao desespero.
Daí as suas dúvidas e angústias. A Igreja sente profundamente estas
dificuldades e, instruída pela revelação de Deus, pode dar-lhes uma resposta que
defina a verdadeira condição do homem, explique as suas fraquezas, ao mesmo
tempo que permita conhecer com exactidão a sua dignidade e vocação.
A Sagrada Escritura ensina
que o homem foi criado «à imagem de Deus», capaz de conhecer e amar o seu
Criador, e por este constituído senhor de todas as criaturas terrenas [6], para as dominar e delas se
servir, dando glória a Deus [7]. «Que é, pois, o homem,
para que dele te lembres? ou o filho do homem, para que te preocupes com ele?
Fizeste dele pouco menos que um anjo, coroando-o de glória e de esplendor.
Estabeleceste-o sobre a obra de tuas mãos, tudo puseste sob os seus pés» (Salmo
8, 5-7).
Deus, porém, não criou o
homem sozinho: desde o princípio criou-os «varão e mulher (Gén. 1,27);
e a sua união constitui a primeira forma de comunhão entre pessoas. Pois o
homem, por sua própria natureza, é um ser social, que não pode viver nem
desenvolver as suas qualidades sem entrar em relação com os outros.
Como também lemos na Sagrada
Escritura, Deus viu «todas as coisas que fizera, e eram excelentes» (Gén.
1,31).
O pecado e suas consequências
13. Estabelecido por Deus
num estado de santidade, o homem, seduzido pelo maligno, logo no começo da sua
história abusou da própria liberdade, levantando-se contra Deus e desejando
alcançar o seu fim fora d'Ele. Tendo conhecido a Deus, não lhe prestou a glória
a Ele devida, mas o seu coração insensato obscureceu-se e ele serviu à
criatura, preferindo-a ao Criador [8]. E isto que a revelação
divina nos dá a conhecer, concorda com os dados da experiência. Quando o homem
olha para dentro do próprio coração, descobre-se inclinado também para o mal, e
imerso em muitos males, que não podem provir de seu Criador, que é bom. Muitas
vezes, recusando reconhecer Deus como seu princípio, perturbou também a devida
orientação para o fim último e, ao mesmo tempo, toda a sua ordenação quer para
si mesmo, quer para os demais homens e para toda a criação.
O homem encontra-se, pois,
dividido em si mesmo. E assim, toda a vida humana, quer singular quer
colectiva, apresenta-se como uma luta dramática entre o bem e o mal, entre a
luz e as trevas. Mais: o homem descobre-se incapaz de repelir por si mesmo as
arremetidas do inimigo: cada um sente-se como que preso com cadeias. Mas o
Senhor em pessoa veio para libertar e fortalecer o homem, renovando-o
interiormente e lançando fora o príncipe deste mundo (cfr. Jo. 12,31),
que o mantinha na servidão do pecado [9]. Porque o pecado diminui o
homem, impedindo-o de atingir a sua plena realização.
A sublime vocação e a
profunda miséria que os homens em si mesmos experimentam, encontram a sua
explicação última à luz desta revelação.
Constituição do homem: sua natureza
14. O homem, ser uno,
composto de corpo e alma, sintetiza em si mesmo, pela sua natureza corporal, os
elementos do mundo material, os quais, por meio dele, atingem a sua máxima
elevação e louvam livremente o Criador [10]. Não pode, portanto, desprezar
a vida corporal; deve, pelo contrário, considerar o seu corpo como bom e digno
de respeito, pois foi criado por Deus e há-de ressuscitar no último dia.
Todavia, ferido pelo pecado, o homem experimenta as revoltas do corpo. É, pois,
a própria dignidade humana que exige que o homem glorifique a Deus no seu corpo
[11], não deixando que este se
escravize às más inclinações do próprio coração. Não se engana o homem, quando
se reconhece por superior às coisas materiais e se considera como algo mais do
que simples parcela da natureza ou anónimo elemento da cidade dos homens. Pela
sua interioridade, transcende o universo das coisas: tal é o conhecimento
profundo que ele alcança quando reentra no seu interior, onde Deus, que
perscruta os corações [12], o espera, e onde ele, sob
o olhar do Senhor, decide da própria sorte. Ao reconhecer, pois, em si uma alma
espiritual e imortal, não se ilude com uma enganosa criação imaginativa, mero
resultado de condições físicas e sociais; atinge, pelo contrário, a verdade
profunda das coisas.
Dignidade do entendimento
15. Participando da luz da
inteligência divina, com razão pensa o homem que supera, pela inteligência, o
universo. Exercitando incansavelmente, no decurso dos séculos, o próprio
engenho, conseguiu ele grandes progressos nas ciências empíricas, nas técnicas
e nas artes liberais. Nos nossos dias, alcançou notáveis sucessos, sobretudo na
investigação e conquista do mundo material. Mas buscou sempre, e encontrou, uma
verdade mais profunda. Porque a inteligência não se limita ao domínio dos
fenómenos; embora, em consequência do pecado, esteja parcialmente obscurecida e
debilitada, ela é capaz de atingir com certeza a realidade inteligível.
Finalmente, a natureza
espiritual da pessoa humana encontra e deve encontrar a sua perfeição na
sabedoria, que suavemente atrai o espírito do homem à busca e amor da verdade e
do bem, e graças à qual ele é levado por meio das coisas visíveis até às
invisíveis.
Mais do que os séculos
passados, o nosso tempo precisa de uma tal sabedoria, para que se humanizem as
novas descobertas dos homens. Está ameaçado, com efeito, o destino do mundo, se
não surgirem homens cheios de sabedoria. E é de notar que muitas nações, pobres
em bens económicos, mas ricas em sabedoria, podem trazer às outras inapreciável
contribuição.
Pelo dom do Espírito Santo,
o homem chega a contemplar e saborear, na fé, o mistério do plano divino [13].
Dignidade da consciência moral
16. No fundo da própria
consciência, o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas à qual
deve obedecer; essa voz, que sempre o está a chamar ao amor do bem e fuga do
mal, soa no momento oportuno, na intimidade do seu coração: faze isto, evita
aquilo. O homem tem no coração uma lei escrita pelo próprio Deus; a sua
dignidade está em obedecer-lhe, e por ela é que será julgado [14]. A consciência é o centro
mais secreto e o santuário do homem, no qual se encontra a sós com Deus, cuja
voz se faz ouvir na intimidade do seu ser [15]. Graças à consciência,
revela-se de modo admirável aquela lei que se realiza no amor de Deus e do
próximo [16]. Pela fidelidade à voz da
consciência, os cristãos estão unidos aos demais homens, no dever de buscar a
verdade e de nela resolver tantos problemas morais que surgem na vida
individual e social. Quanto mais, portanto, prevalecer a recta consciência,
tanto mais as pessoas e os grupos estarão longe da arbitrariedade cega e
procurarão conformar-se com as normas objectivas da moralidade. Não raro,
porém, acontece que a consciência erra, por ignorância invencível, sem por isso
perder a própria dignidade. Outro tanto não se pode dizer quando o homem se
descuida de procurar a verdade e o bem e quando a consciência se vai
progressivamente cegando, com o hábito do pecado.
Nota: Revisão da tradução
portuguesa por ama
[2] Cfr. 2 Cor. 5,15.
[3] Cfr. Act. 4,12.
[4] Cfr. Hebr. 13,8.
[5] Cfr. Col. 1,15.
[6] Cfr. Gén. 1,26; Sab. 2,23.
[7] Cfr. Ecli. 17, 3-10.
[8] Cfr. Rom. 1, 21-25.
[9] Cfr. Jo. 8,34.
[10] Cfr. Dan. 3, 57-90.
[11] Cfr. 1 Cor. 6, 13-20.
[12] Cfr. 1 Reis 16,7; Jer. 17.10.
[13] Cfr. Ecli. 17, 7-8.
[14] Cfr. Rom. 2, 14-16.
[15] Cfr. Pio XII, radiomensagem acerca da formação da
consciência cristã nos jovens, 23 março 1952: AAS 44 (1952), p. 271.
11.
Cfr. Mt. 22, 37-40; Gál. 5,14.
[16] Cfr. Mt. 22, 37-40; Gál. 5,14.
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