Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mc 7, 24-37; 8,1-9
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Evangelho: Mc 7, 24-37; 8,1-9
24 Partindo dali, foi Jesus para os confins de Tiro e de Sidónia. Tendo
entrado numa casa, não queria que ninguém o soubesse, mas não pôde ocultar-Se, 25
pois logo uma mulher, cuja filha estava possessa do espírito imundo, logo que
ouviu falar d'Ele, foi lançar-se a Seus pés. 26 Era uma mulher
gentia, de origem sirofenícia. Suplicava-lhe que expulsasse da sua filha o
demónio. 27 Jesus disse-lhe: «Deixa que primeiro sejam fartos os
filhos, porque não está certo tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cães». 28
Mas ela respondeu-Lhe: «Assim é, Senhor, mas também os cachorrinhos comem,
debaixo da mesa, das migalhas que caem dos filhos». 29 Ele
disse-lhe: «Por esta palavra que disseste, vai, que o demónio saiu da tua
filha». 30 Voltando para casa, encontrou a menina deitada na cama, e
o demónio tinha saído dela. 31 Jesus, deixando o território de Tiro,
foi novamente por Sidónia para o mar da Galileia, atravessando o território da
Decápole. 32 Trouxeram-Lhe um surdo-mudo, e pediam-Lhe que lhe
impusesse as mãos. 33 Então, Jesus, tomando-o à parte de entre a
multidão, meteu-lhe os dedos nos ouvidos, e tocou-lhe com saliva a língua. 34 Depois, levantando os
olhos ao céu, deu um suspiro e disse-lhe: «Effathá», que quer dizer «abre-te». 35
Imediatamente se lhe abriram os ouvidos, se lhe soltou a prisão da língua e
falava claramente.36 Ordenou-lhes que a ninguém o dissessem. Porém,
quanto mais lho proibia mais o divulgavam. 37 E admiravam-se
sobremaneira, dizendo: «Tudo fez bem! Faz ouvir os surdos e falar os mudos!».
Mc 8 1 Naqueles dias, havendo
novamente grande multidão e não tendo de comer, chamando os discípulos
disse-lhes: 2 «Tenho compaixão deste povo, porque há já três dias
que não se afastam de Mim e não têm que comer. 3 Se os despedir em
jejum para as suas casas desfalecerão no caminho, e alguns deles vieram de
longe». 4 Os discípulos responderam-Lhe: «Como poderá alguém
saciá-los de pão aqui num deserto?». 5 Jesus perguntou: «Quantos
pães tendes?». Responderam: «Sete». 6 Então ordenou ao povo que se
sentasse no chão. Depois, tomando os sete pães, deu graças, partiu-os e dava-os
a Seus discípulos para que os distribuíssem; e eles os distribuíram pelo povo. 7
Tinham também alguns peixinhos. Ele os abençou e mandou que fossem
distribuidos. 8 Comeram, ficaram saciados e dos pedaços que
sobejaram recolheram sete cestos. 9 Ora os que comeram eram cerca de
quatro mil. Em seguida Jesus despediu-os.
CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA
LUMEN GENTIUM
SOBRE A IGREJA
…/6
CAPÍTULO V
A VOCAÇÃO DE TODOS À SANTIDADE NA IGREJA
A caridade. O martírio. Os conselhos evangélicos. A santidade
no próprio estado
42. «Deus é caridade e quem
permanece na caridade, permanece em Deus e Deus nele» (1 Jo 4,16).
Ora, Deus difundiu a sua caridade nos nossos corações, por meio do Espírito
Santo, que nos foi dado (cfr. Rom. 5,5). Sendo assim, o primeiro e
mais necessário dom é a caridade, com que amamos a Deus sobre todas as coisas e
ao próximo por amor d'Ele. Para que esta caridade, como boa semente, cresça e
frutifique na alma, cada fiel deve ouvir de bom grado a palavra de Deus, e
cumprir, com a ajuda da graça, a Sua vontade, participar frequentemente nos
sacramentos, sobretudo na Eucaristia, e nas funções sagrarias, dando-se
continuamente à oração, à abnegação de si mesmo, ao serviço efectivo de seus
irmãos e a toda a espécie de virtude; pois a caridade, vínculo da perfeição e
plenitude da lei (cfr. Col. 3,14; Rom. 13,10), é que dirige todos os
meios de santificação, os informa e leva a seu fim
[1]. E, pois, pela caridade
para com Deus e o próximo que se caracteriza o verdadeiro discípulo de Cristo.
Como Jesus, Filho de Deus,
manifestou o Seu amor dando a vida por nós, assim ninguém dá maior prova de
amor do que aquele que oferece a própria vida por Ele e por seus irmãos (cfr.
1 Jo 3,16; Jo 15,13). Desde os primeiros tempos, e sempre assim
continuará a suceder, alguns cristãos foram chamados a dar este máximo
testemunho de amor diante de todos, e especialmente perante os perseguidores.
Por esta razão, o martírio, pelo qual o discípulo se torna semelhante ao
mestre, que livremente aceitou a morte para salvação do mundo, e a Ele se
conforma no derramamento do sangue, é considerado pela Igreja como um dom
insigne e prova suprema de amor. E embora seja concedido a poucos, todos,
porém, devem estar dispostos a confessar a Cristo diante dos homens e a
segui-l'O no caminho da cruz em meio das perseguições que nunca faltarão à
Igreja.
A santidade da Igreja é
também especialmente favorecida pelos múltiplos conselhos que o Senhor propõe
no Evangelho aos Seus discípulos [2]. Entre eles sobressai o de,
com o coração mais facilmente indiviso (cfr. 1 Cor. 7, 32-34), se
consagrarem só a Deus, na virgindade ou no celibato, dom da graça divina que o
Pai concede a alguns (cfr. Mt 19,11; 1 Cor. 7,7) [3]. Esta continência perfeita,
abraçada pelo reino dos céus, foi sempre tida em grande estima pela Igreja,
como sinal e incentivo do amor e ainda como fonte privilegiada de fecundidade
espiritual no mundo.
A Igreja recorda-se também
da recomendação com que o Apóstolo, incitando os fiéis à caridade, os exorta a
ter sentimentos semelhantes aos de Jesus Cristo, o qual «Se despojou a Si
próprio, tomando a condição de escravo... feito obediente até à morte (Fil.
2, 7-8) e, «sendo rico, por nós Se fez pobre» (2 Cor. 8,9).
Sendo necessário que sempre e em todo o tempo os discípulos imitem esta
caridade e humildade de Cristo, e delas dêem testemunho, a mãe Igreja alegra-se
de encontrar no seu seio muitos homens e mulheres que seguem mais de perto o
abatimento do Salvador e mais claramente o manifestam, abraçando a pobreza na
liberdade dos filhos de Deus e renunciando às próprias vontades: em matéria de
perfeição, sujeitam-se, por amor de Deus, ao homem, para além do que é de
obrigação, a fim de mais plenamente se conformarem a Cristo obediente [4].
Todos os cristãos são, pois,
chamados e obrigados a tender à santidade e perfeição do próprio estado.
Procurem, por isso, ordenar rectamente os próprios afectos, para não serem
impedidos de avançar na perfeição da caridade pelo uso das coisas terrenas e
pelo apego às riquezas, em oposição ao espírito da pobreza evangélica, segundo
o conselho do Apóstolo: os que usam no mundo, façam-no como se dele não
usassem, pois é transitório o cenário deste mundo (1 Cor. 7,31 gr.) [5].
CAPÍTULO VI
OS RELIGIOSOS
Os conselhos evangélicos e o estado religioso
43. Os conselhos evangélicos
de castidade consagrada a Deus, de pobreza e de obediência, visto que fundados
sobre a palavra e o exemplo de Cristo e recomendados pelos Apóstolos, pelos
Padres, Doutores e Pastores da Igreja, são um dom divino, que a mesma Igreja
recebeu do seu Senhor e com a Sua graça sempre conserva. A autoridade da
Igreja, sob a direcção do Espírito Santo, cuidou de regular a sua prática e
também de constituir, à base deles, formas estáveis de vida. E assim sucedeu
que, como em árvore plantada por Deus e maravilhosa e variamente ramificada no
campo do Senhor, surgiram diversas formas de vida, quer solitária quer comum, e
várias famílias religiosas, que vêm aumentar as riquezas espirituais, tanto em
proveito dos seus próprios membros como no de todo o Corpo de Cristo [6]. Com efeito, essas famílias
dão aos seus membros os auxílios duma estabilidade mais firme no modo de vida,
duma doutrina segura em ordem a alcançar a perfeição, duma comunhão fraterna na
milícia de Cristo, duma liberdade robustecida pela obediência, para assim
poderem cumprir com segurança e guardar fielmente a profissão religiosa e
avançar jubilosos no caminho da caridade [7].
Tendo em conta a
constituição divina hierárquica da Igreja, este estado não é intermédio entre o
estado dos clérigos e o dos leigos; de ambos estes estados são chamados por
Deus alguns cristãos, a usufruírem um dom especial na vida da Igreja e, cada um
a seu modo, a ajudarem a sua missão salvadora [8].
Consagração ao serviço divino; o testemunho de vida
44. Pelos votos, ou outros
compromissos sagrados a eles semelhantes, com os quais se obriga aos três
mencionados conselhos evangélicos, o cristão entrega-se totalmente ao serviço
de Deus sumamente amado, de maneira que por um título novo e especial fica destinado
ao serviço do Senhor. Já pelo Baptismo, morrera ao pecado e fora consagrado a
Deus; mas, para poder recolher frutos mais abundantes dá graça baptismal,
pretende libertar-se, pela profissão dos conselhos evangélicos na Igreja, dos
impedimentos que o poderiam afastar do fervor da caridade e da perfeição do
culto divino, é consagrado mais intimamente ao serviço divino [9]. E esta consagração será
tanto mais perfeita quanto mais a firmeza e a estabilidade dos vínculos
representarem a indissolúvel união de Cristo à Igreja, Sua esposa.
E como os conselhos
evangélicos, em razão da caridade a que conduzem [10], de modo especial unem à
Igreja e ao seu mistério aqueles que os seguem, deve também a sua vida
espiritual ser consagrada ao bem de toda ela. Daqui nasce o dever de trabalhar
na implantação e consolidação do reino de Cristo nas almas e de o levar a todas
as regiões com a oração ou também com a acção, segundo as próprias forças e a
índole da própria vocação. Por isso, a Igreja defende e favorece a índole própria
dos vários Institutos religiosos.
A profissão dos conselhos
evangélicos aparece assim como um sinal, que pode e deve atrair eficazmente
todos os membros da Igreja a corresponderem animosamente às exigências da
vocação cristã. E porque o Povo de Deus não tem na terra a sua cidade
permanente, mas vai em demanda da futura, o estado religioso, tornando os seus
seguidores mais livres das preocupações terrenas, manifesta também mais
claramente a todos os fiéis os bens celestes, já presentes neste mundo; é assim
testemunha da vida nova é eterna, adquirida com a redenção de Cristo, e
preanuncia a ressurreição futura e a glória do reino celeste. O mesmo estado
religioso imita mais de perto, e perpetuamente representa na Igreja aquela
forma de vida que o Filho de Deus assumiu ao entrar no mundo para cumprir a
vontade do Pai, e por Ele foi proposta aos discípulos que O seguiam.
Finalmente, o estado religioso patenteia de modo especial a elevação do reino
de Deus sobre tudo o que é terreno e as suas relações transcendentes; e revela
aos homens a grandeza do poder de Cristo Rei e a potência infinita com que o
Espírito Santo maravilhosamente actua na Igreja.
Portanto, o estado
constituído pela profissão dos conselhos evangélicos, embora não pertença à
estrutura hierárquica da Igreja, está contudo inabalavelmente ligado à sua vida
e santidade.
Regras e constituições. A relação com a Hierarquia
45. Sendo dever da
Hierarquia pastorear o Povo de Deus e conduzi-lo a abundante pastio (cfr.
Ez. 34,14), a ela pertence regular com sábias leis a prática dos
conselhos evangélicos, que tanto ajudam à perfeição da caridade para com Deus e
o próximo [11]. Dócil à moção do Espírito
Santo, ela acolhe as regras, propostas por homens e mulheres eminentes é,
depois de aperfeiçoadas, aprova-as autenticamente; e assiste com vigilância e
protecção de sua autoridade aos Institutos, por toda a parte fundados para a
edificação do Corpo de Cristo, para que cresçam e floresçam segundo o espírito
dos fundadores.
Para que melhor se atenda às
necessidades de todo o rebanho do Senhor, qualquer Instituto de perfeição e
cada um dos seus membros, podem ser isentos pelo Sumo Pontífice, em razão do
seu primado sobre toda a Igreja, da jurisdição do Ordinário do lugar e ficar
sujeitos só a ele, em vista do bem comum [12]. Podem igualmente ser
deixados, ou confiados, à autoridade patriarcal própria. E os membros dos
Institutos de perfeição, ao cumprir o seu dever para com a Igreja, segundo o
modo peculiar da sua vida, devem, de acordo com as leis canónicas, respeito e
obediência aos Bispos, em atenção à sua autoridade de pastores das igrejas
particulares e à necessária unidade e harmonia no trabalho apostólico [13].
Mas a Igreja não se limita a
elevar, com a sua aprovação, a profissão religiosa à dignidade de estado canónico,
senão que a manifesta também na sua liturgia como estado consagrado a Deus. Com
efeito, pela autoridade que Deus lhe concedeu, ela recebe os votos dos que
professam, implora para eles, com a sua oração pública, os auxílios da graça,
recomenda-os a Deus e concede-lhes a bênção espiritual, unindo a sua oblação ao
sacrifício eucarístico.
Pureza de vida ao serviço do mundo
46. Procurem os religiosos
com empenho que, por seu intermédio, a Igreja revele cada vez mais Cristo aos
fiéis e infiéis, Cristo orando sobre o monte, anunciando às multidões o reino
de Deus, curando os doentes e feridos, trazendo os pecadores à conversão,
abençoando as criancinhas e fazendo bem a todos, obediente em tudo à vontade do
Pai que O enviou [14].
Finalmente, todos tenham presente
que a profissão dos conselhos evangélicos, ainda que importa a renúncia a bens
de grande valor, não se opõe, contudo, ao verdadeiro desenvolvimento da pessoa
humana, más antes a favorece grandemente. Na verdade, os conselhos evangélicos,
assumidos livremente segundo a vocação pessoal de cada um, contribuem muito
para a pureza de coração e liberdade de espírito, alimentam continuamente o
fervor da caridade e, sobretudo, como bem o demonstra o exemplo de tantos
santos fundadores, podem levar o cristão a conformar-se mais plenamente com o
género de vida virginal e pobre que Cristo Nosso Senhor escolheu para Si e a
Virgem Sua mãe abraçou. Nem se pense que os religiosos, pela sua consagração,
se tornam estranhos aos homens ou inúteis para a cidade terrena. Pois, mesmo
quando não prestam uma ajuda directa aos seus contemporâneos, têm-nos sempre
presentes dum modo mais profundo, no amor de Cristo, e colaborara
espiritualmente com eles, a fim de que a construção da cidade terrena se funde
sempre no Senhor e para Ele se oriente, não seja que trabalhem em vão os que
edificam a casa [15].
Por isso, finalmente, o
sagrado Concílio confirma e louva os homens e mulheres, Irmãos e Irmãs, que,
nos mosteiros, escolas, hospitais ou missões, embelezam a Igreja com a sua perseverante
e humilde fidelidade na mencionada consagração, e prestam generosamente aos
homens os mais variados serviços.
Conclusão: perseverança e santidade
47. Cada um dos que foram
chamados à profissão dos conselhos, cuide com empenho de perseverar na vocação
a que o Senhor o chamou, e de nela se aperfeiçoar para maior santidade da
Igreja e maior glória da una e indivisa Trindade, a qual em Cristo e por Cristo
é a fonte e origem de toda a santidade.
CAPÍTULO VII
A ÍNDOLE ESCATOLÓGICA DA IGREJA PEREGRINA
E A SUA UNIÃO COM A IGREJA CELESTE
Caráter escatológico da nossa vocação à Igreja
48. A Igreja, à qual todos
somos chamados e na qual por graça de Deus alcançamos a santidade, só na glória
celeste alcançará a sua realização acabada, quando vier o tempo da restauração
de todas as coisas (cfr. Act. 3,21) e, quando, juntamente com o
género humano, também o universo inteiro, que ao homem está intimamente ligado
e por ele atinge o seu fim, for perfeitamente restaurado em Cristo (cfr.
Ef, 1,10; Col. 1,20; 2 Ped. 3, 10-13).
Na verdade, Cristo, elevado
sobre a terra, atraiu todos a Si (cfr. Jo 12,32 gr.); ressuscitado
de entre os mortos (cfr. Rom. 6,9), infundiu nos discípulos o Seu
Espírito vivificador e por Ele constituiu a Igreja, Seu corpo, como universal sacramento
da salvação; sentado à direita do Pai, actua continuamente na terra, a fim de
levar os homens à Igreja e os unir mais estreitamente por meio dela, e,
alimentando-os com o Seu próprio corpo e sangue, os tornar participantes da Sua
vida gloriosa. A prometida restauração que esperamos, já começou, pois, em
Cristo, progride com a missão do Espírito Santo e, por Ele, continua na Igreja;
nesta, a fé ensina-nos o sentido da nossa vida temporal, enquanto, na esperança
dos bens futuros, levamos a cabo a missão que o Pai nos confiou no mundo e
trabalhamos na nossa salvação (cfr. Fil. 2,12).
Já chegou, pois, a nós, a
plenitude dos tempos (cfr. 1 Cor. 10,11), a restauração do mundo foi
já realizada irrevogavelmente e, de certo modo, encontra-se já antecipada neste
mundo: com efeito, ainda aqui na terra, a Igreja está aureolada de verdadeira,
embora imperfeita, santidade. Enquanto não se estabelecem os novos céus e a
nova terra em que habita a justiça (cfr. 2 Ped. 3,13), a Igreja
peregrina, nos seus sacramentos e nas suas instituições, que pertencem à
presente ordem temporal, leva a imagem passageira deste mundo e vive no meio
das criaturas que gemem e sofrem as dores de parto, esperando a manifestação
dos filhos de Deus (cfr. Rom. 8, 19-22).
Unidos, pois, a Cristo na
Igreja, e marcados com o sinal do Espírito Santo «que é o penhor da nossa
herança» (Ef. 1,14), chamamo-nos filhos de Deus e em verdade o somos
(cfr. 1 Jo 3,1); mas não aparecemos ainda com Cristo na glória (cfr.
Col. 3,4), na qual seremos semelhantes a Deus, porque O veremos como Ele
é (cfr. 1 Jo 3,2). E assim, «enquanto estamos no corpo, vivemos
exilados, longe do Senhor» (2 Cor. 5,6) e, tendo recebido as
primícias do Espírito, gememos no nosso íntimo (cfr. Rom. 8,23) e
anelamos por estar com Cristo (cfr. Fil. 1,23). Por este mesmo amor
somos incitados a viver mais para Ele, que por nós morreu e ressuscitou (cfr.
2 Cor. 5,15). Esforçamo-nos, por isso, por agradar a Deus em todas as
coisas (cfr. 2 Cor. 5,9) e revestimo-nos da armadura de Deus, para podermos
fazer frente às maquinações do diabo e resistir no dia perverso (cfr. Ef.
6, 11-13). Mas, como não sabemos o dia nem a hora, é preciso que, segundo
a recomendação do Senhor, vigiemos continuamente, a fim de que no termo da
nossa vida sobre a terra, que é só uma (cfr. Hebr. 9,27), mereçamos
entrar com Ele para o banquete de núpcias e ser contados entre os eleitos (cfr.
Mt 25, 51-46), e não sejamos lançados, como servos maus e preguiçosos (cfr.
M t. 25,26), no fogo eterno (cfr. Mt 25,41), nas trevas exteriores,
onde «haverá choro e ranger de dentes» (Mt 22,13; 25,30). Com
efeito, antes de reinarmos com Cristo glorioso, cada um de nós será apresentado
«perante o tribunal de Cristo, a fim de ser remunerado pelas obras que realizou
enquanto vivia no corpo, boas ou más» (2 Cor. 5,10); e, no fim do
mundo, «os que tiverem feito boas obras, irão para a ressurreição da vida, os
que tiverem praticado más acções, para a ressurreição da condenação (Jo
5,29; cfr. Mt 25,46). Pensando, pois, que «os sofrimentos desta vida não
têm proporção com a glória que se há-de revelar em nós» (Rom. 8,18; cfr. 2
Tim. 2, 11-12), fortalecidos pela fé, aguardamos «a bem-aventurada
esperança e a vinda gloriosa do grande Deus e salvador nosso Jesus Cristo), (Tit.
2,13), «o qual transformará o nosso corpo miserável, tornando-o conforme
ao Seu corpo glorioso), (Fil. 3,21) e virá «ser glorificado nos Seus
santos e admirado em todos os que acreditaram), (2 Tess. 1,10).
Nota: Correcção da tradução portuguesa
por ama
[1] Cfr. Rosweydus, Vitae Patrum, Anvers,
1628, Apophtegmata Patrum: PG 65. Paladius, Historia Lausiaca: PG 34, 995 ss.:
ed. Butler, Cambridge 1898 (1904). Pio XI, Const. Apost. Umbratilem, 8 jul.
1924: AAS 16 (1924) pp. 386-387. Pio XII, Aloc. Nous sommes heureux, 11 abr.
1958:. AAS 50 (1958) p. 283.
[2] Cfr. Paulo VI, Aloc. Magno gaudio, 23
maio 1964: AAS 56 (1964), p. 566.
[3] Cfr. Cod. Iur. Can., e. 487 e 488, 4.°; Pio XII, Aloc.
Annus sacer, 8 dez. 1950: AAS 43 (1951) p. 27 s.; Pio XII, Const. Apost.
Provida Mater, 2. fev. 1947: AAS 39 (1947) p. 120 ss.
[4] Cfr. Paulo VI, 1. c., p. 567.
[5] Cfr. S. Tomás, Summa Theol. II-II, q, 184, a. 3 e q.
188, a. 2. S. Boaventura, Opusc. XI, Apologia Pauperum, e. 3, 3: ed. Opera,
Quaracchi, 1898, t. 8, p. 245 a.
[6] Cfr. Cone. Vat. I, Esquema De Ecclesia Christi, cap.
XV, e Adnot. 48: Mansi 51, 549 s. e 619 s. - Leão XIII, Carta Au milieu des
consolations, 23 dez. 1900: ASS 33 (1900-01) p. 361. Pio XII, Const. Apost.
Provida Mater, l. c., p. 114 s.
[7] Cfr. Leão XIII, Const. Romanos Pontifices, 8 maio
1881: ASS 13 (1880-81) p. 483. Pio XII, Aloc. Annus sacer, 8 dez. 1950: AAS 43
(1951) p. 28 s.
[8] Cfr. Pio XII, Aloc. Annus sacer, 1. c., p, 28. Pio
XII, Const. Apost. Sedes Sapientiae, 31 maio 1956: AAS 48 (1956) p. 355. Paulo
VI, Aloc. Magno gaudio, 23 maio 1964: AAS 56 (1964), p. 570-571.
[9] Cfr. Pio XII, Encícl. Mystici Corporis, 29 jun. 1943:
AAS 35 (1943) p. 214 s.
[10] Cfr. Pio XII, Aloc. Annus sacer, 1. c., p. 30. Aloc.
Sous Ia maternelle protection, 9 dez. 1957: AAS 50 (1958) p. 39 s.
[11] Conc. Florentino, Decretum pro Graecis: Denz. 693
(1305).
[12] Além de documentos mais antigos
contra qualquer forma de evocação dos espíritos a partir de Alexandre IV (27
set. 1258), efr. Carta do Santo Oficio, De magnetismi abusu, 4 ago. 1856: ASS
(1865) pp. 177-178; Denz. 1653-1654 (2823-2825); resposta do Santo Ofício, 24
abr. 1917: AAS 9 (1917) p. 268; Denz. 2182 (3642).
[13] Veja-se a exposição sintética desta doutrina paulina
em: Pio XII Encícl. Mystici Corporis: AAS 35 (1943) p. 200, etc., etc.
[14] Cfr. S. Agostinho, Enar. in Ps. 85,
24: PL 37, 1099. S. Jerónimo, Liber contra Vigilantium, 6: PL 23, 344. S.
Tomás, In 4m Sent., d. 45, q. 3, a. 2. S. Boaventura, In 4m Sent., d. 45, a. 3
q. 2; etc.
[15] Cfr. Pio XII, Encícl. Mystici
Corporis: AAS 35 (1943) p. 245.
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