Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Mt 22, 1-22
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Evangelho: Mt 22, 1-22
1 Jesus, tomando a palavra,
voltou a falar-lhes em parábolas, 2 dizendo: «O Reino dos Céus é
semelhante a um rei, que preparou o banquete de bodas para seu filho. 3
Mandou os seus servos chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram
ir. 4 Enviou de novo outros servos, dizendo: “Dizei aos convidados:
Eis que preparei o meu banquete, os meus touros e animais cevados já estão
mortos, e tudo está pronto; vinde às núpcias”. 5 Mas eles
desprezaram o convite e foram-se, um para a sua casa de campo e outro para o
seu negócio. 6 Outros lançaram mão dos servos que ele enviara,
ultrajaram-nos e mataram-nos. 7 «O rei, tendo ouvido isto, irou-se
e, enviando os seus exércitos, exterminou aqueles homicidas, e incendiou-lhes a
cidade. 8 Então disse aos servos: “As bodas, com efeito, estão
preparadas, mas os convidados não eram dignos. 9 Ide, pois, às
encruzilhadas dos caminhos e a quantos encontrardes convidai-os para as núpcias”.
10 Tendo saído os seus servos pelos caminhos, reuniram todos os que
encontraram, maus e bons; e a sala das bodas ficou cheia de convidados.11
«Entrando depois o rei para ver os que estavam à mesa, viu lá um homem que não
estava vestido com o traje nupcial.12 E disse-lhe: “Amigo, como
entraste aqui, não tendo o traje nupcial?”. Ele, porém, emudeceu. 13
Então o rei disse aos seus servos: “Atai-o de pés e mãos e lançai-o nas trevas
lá de fora, aí haverá choro e ranger de dentes. 14 Porque são muitos
os chamados mas poucos os escolhidos”». 15 Então, retirando-se os
fariseus, consultaram entre si como O surpreenderiam no que falasse. 16
Enviaram seus discípulos juntamente com os herodianos, a dizer-Lhe: «Mestre,
nós sabemos que és sincero, e que ensinas o caminho de Deus segundo a verdade,
sem dar preferência a ninguém, porque não olhas às condições das pessoas. 17
Diz-nos, pois, o Teu parecer: é lícito ou não dar o tributo a César?». 18
Jesus, conhecendo a sua malícia, disse: «Porque Me tentais, hipócritas? 19
Mostrai-Me a moeda do tributo». Eles apresentaram-Lhe um denário. 20
E Jesus disse-lhes: «De quem é esta imagem e esta inscrição?». 21
Responderam: «De César». Então disse-lhes: «Dai, pois, a César o que é de César
e a Deus o que é de Deus». 22 Tendo ouvido isto, ficaram eles admirados e, deixando-O,
retiraram-se.
Ioannes
Paulus PP. II
Evangelium vitae
aos
Presbíteros e Diáconos
aos
Religiosos e Religiosas
aos
Fiéis leigos e a todas as Pessoas de Boa Vontade
sobre
o Valor e a Inviolabilidade
da
Vida Humana
…/13
88.
Tudo isto comporta uma obra educativa paciente e corajosa, que estimule todos e
cada um a carregar os fardos dos outros (cf. Gal 6, 2); requer uma
contínua promoção das vocações ao serviço, particularmente entre os jovens;
implica a realização de projectos e iniciativas concretas, sólidas e inspiradas
evangelicamente.
Múltiplos
são os instrumentos a valorizar por um empenho competente e sério.
Relativamente às fontes da vida, sejam promovidos os centros com os métodos
naturais de regulação da fertilidade, como válida ajuda à paternidade e
maternidade responsável, na qual cada pessoa, a começar do filho, é reconhecida
e respeitada por si mesma, e cada decisão é animada e guiada pelo critério do
dom sincero de si. Também os consultórios matrimoniais e familiares, através da
sua acção específica de consulta e prevenção, desenvolvida à luz de uma
antropologia coerente com a visão cristã da pessoa, do casal e da sexualidade,
constituem um precioso serviço para descobrir o sentido do amor e da vida, e
para apoiar e assistir cada família na sua missão de « santuário da vida ». Ao
serviço da vida nascente, estão ainda os centros de ajuda à vida e os lares de
acolhimento da vida. Graças à sua acção, tantas mães-solteiras e casais em
dificuldade readquirem razões e convicções, e encontram assistência e apoio
para superar contrariedades e medos no acolhimento de uma vida nascitura ou que
acaba de vir à luz.
Diante
da vida condicionada por dificuldades, extravio, doença ou marginalização,
outros instrumentos — como as comunidades para a recuperação dos
toxicodependentes, os lares para abrigo de menores ou dos doentes mentais, os
centros para acolhimento e tratamento dos doentes da SIDA, as Cooperativas de
solidariedade sobretudo para inválidos — são expressões eloquentes daquilo que
a caridade sabe inventar para dar novas razões de esperança e possibilidades
concretas de vida a cada um.
Quando,
depois, a existência terrena se encaminha para o seu termo, é ainda a caridade
que encontra as modalidades mais oportunas para os idosos, sobretudo se
não-auto-suficientes, e os chamados doentes terminais poderem gozar de uma
assistência verdadeiramente humana e receber respostas adequadas às suas
exigências, especialmente à sua angústia e solidão. Nestes casos, é
insubstituível o papel das famílias; mas estas podem encontrar grande ajuda nas
estruturas sociais de assistência e, quando necessário, no recurso aos cuidados
paliativos, valendo-se para o efeito dos idóneos serviços clínicos e sociais,
sejam os existentes nos edifícios públicos de internamento e tratamento, sejam
os disponíveis para apoio no domicílio.
Em
particular, ocorre reconsiderar o papel dos hospitais, das clínicas e das casas
de saúde: a sua verdadeira identidade não é a de serem apenas estruturas onde
se cuida dos enfermos e doentes terminais, mas e primariamente ambientes nos
quais o sofrimento, a dor e a morte sejam reconhecidos e interpretados no seu
significado humano e especificamente cristão. De modo especial, tal identidade
deve manifestar-se clara e eficientemente nas instituições dependentes de
religiosos ou, de alguma maneira, ligadas à Igreja.
89.
Estas estruturas e lugares de serviço à vida, e todas as demais iniciativas de
apoio e solidariedade, que as diversas situações poderão sugerir em cada
ocasião, precisam de ser animados por pessoas generosamente disponíveis e
profundamente conscientes de quão decisivo seja o Evangelho da vida para o bem
do indivíduo humano e da sociedade.
Peculiar
é a responsabilidade confiada aos profissionais da saúde — médicos,
farmacêuticos, enfermeiros, capelães, religiosos e religiosas, administradores
e voluntários: a sua profissão pede-lhes que sejam guardiães e servidores da
vida humana. No actual contexto cultural e social, em que a ciência e a arte
médica correm o risco de extraviar-se da sua dimensão ética originária, podem
ser às vezes fortemente tentados a transformarem-se em fautores de manipulação
da vida, ou mesmo até em agentes de morte. Perante tal tentação, a sua responsabilidade
é hoje muito maior e encontra a sua inspiração mais profunda e o apoio mais
forte precisamente na intrínseca e imprescindível dimensão ética da profissão
clínica, como já reconhecia o antigo e sempre actual juramento de Hipócrates,
segundo o qual é pedido a cada médico que se comprometa no respeito absoluto da
vida humana e da sua sacralidade.
O
respeito absoluto de cada vida humana inocente exige inclusivamente o exercício
da objecção de consciência frente ao aborto provocado e à eutanásia. O «fazer
morrer» nunca pode ser considerado um cuidado médico, nem mesmo quando a
intenção fosse apenas a de secundar um pedido do paciente: pelo contrário, é a
própria negação da profissão médica, que se define como um apaixonado e
vigoroso «sim» à vida. Também a pesquisa biomédica, campo fascinante e
promissor de novos e grandes benefícios para a humanidade, deve sempre rejeitar
experiências, investigações ou aplicações que, menosprezando a dignidade
inviolável do ser humano, deixam de estar ao serviço dos homens para se transformarem
em realidades que, parecendo socorrê-los, efectivamente os oprimem.
90.
As pessoas empenhadas no voluntariado são chamadas a desempenhar um papel
específico: oferecem um contributo precioso ao serviço da vida, quando sabem
conjugar capacidade profissional com um amor generoso e gratuito. O Evangelho
da vida impele-as a elevarem os sentimentos de simples filantropia até à altura
da caridade de Cristo; a reavivarem diariamente, por entre fadigas e cansaços,
a consciência da dignidade de cada homem; a irem à procura das carências das
pessoas, iniciando — se necessário — novos caminhos em lugares onde a
necessidade é mais urgente, e a atenção e o apoio menos consistentes.
O
realismo pertinaz da caridade exige que o Evangelho da vida seja servido ainda
por meio de formas de animação social e de empenho político, que defendam e
proponham o valor da vida nas nossas sociedades cada vez mais complexas e
pluralistas. Indivíduos, famílias, grupos, entidades associativas têm a sua
responsabilidade, mesmo se a título e com método diverso, na animação social e
na elaboração de projectos culturais, económicos, políticos e legislativos que,
no respeito de todos e segundo a lógica da convivência democrática, contribuam
para edificar uma sociedade, onde a dignidade de cada pessoa seja reconhecida e
tutelada, e a vida de todos fique tutelada e promovida.
Semelhante
tarefa incumbe, de modo particular, sobre os responsáveis da vida pública.
Chamados a servir o homem e o bem comum, têm o dever de realizar opções corajosas
a favor da vida, primeiro que tudo, no âmbito das disposições legislativas. Num
regime democrático, onde as leis e as decisões se estabelecem sobre a base do
consenso de muitos, pode atenuar-se na consciência dos indivíduos investidos de
autoridade o sentido da responsabilidade pessoal. Mas ninguém pode jamais
abdicar desta responsabilidade, sobretudo quando tem um mandato legislativo ou
poder decisório que o chama a responder perante Deus, a própria consciência e a
sociedade inteira de opções eventualmente contrárias ao verdadeiro bem comum.
Se as leis não são o único instrumento para defender a vida humana,
desempenham, contudo, um papel muito importante, por vezes determinante, na
promoção de uma mentalidade e dos costumes. Afirmo, uma vez mais, que uma norma
que viola o direito natural de um inocente à vida, é injusta e, como tal, não
pode ter valor de lei. Por isso, renovo o meu veemente apelo a todos os
políticos para não promulgarem leis que, ao menosprezarem a dignidade da
pessoa, minam pela raiz a própria convivência social.
A
Igreja sabe que é difícil actuar uma defesa legal eficaz da vida no contexto
das democracias pluralistas, por causa da presença de fortes correntes
culturais de matriz diversa. Todavia, movida pela certeza de que a verdade
moral não pode deixar de ter eco no íntimo de cada consciência, ela encoraja os
políticos — a começar pelos que são cristãos — a não se renderem, mas tomarem
aquelas decisões que, tendo em conta as possibilidades concretas, levem a
restabelecer uma ordem justa na afirmação e promoção do valor da vida. Nesta
perspectiva, convém sublinhar que não basta eliminar as leis iníquas. Mas terão
de ser removidas as causas que favorecem os atentados contra a vida, sobretudo
garantindo o devido apoio à família e à maternidade: a política familiar deve
constituir o ponto fulcral e o motor de todas as políticas sociais. Para isso,
é necessário activar iniciativas sociais e legislativas, capazes de garantir
condições de autêntica liberdade de escolha em ordem à paternidade e à
maternidade; impõe-se, além disso, reordenar as políticas do emprego, de urbanização,
da habitação, dos serviços sociais, para se conseguir conciliar entre si os
tempos do trabalho e da família, tornando possível um efectivo cuidado das
crianças e dos idosos.
91.
Um capítulo importante da política em favor da vida é constituído hoje pela
problemática demográfica. As autoridades públicas têm certamente a
responsabilidade de intervir com válidas iniciativas «para orientar a
demografia da população»; 114 mas
tais iniciativas devem pressupor e respeitar sempre a responsabilidade primária
e inalienável dos esposos e das famílias, e não podem recorrer a métodos desrespeitadores
da pessoa e dos seus direitos fundamentais, a começar pelo direito à vida de todo
o ser humano inocente. Por isso, é moralmente inaceitável que, para regular a
natalidade, se encoraje ou até imponha o uso de meios como a contracepção, a
esterilização e o aborto.
Bem
diferentes são os caminhos para resolver o problema demográfico: os Governos e
as várias instituições internacionais devem, antes de tudo, visar a criação de
condições económicas, sociais, médico-sanitárias e culturais que permitam aos
esposos realizarem as suas opções procriadoras, com plena liberdade e
verdadeira responsabilidade; devem esforçar-se, depois, por «aumentar os meios
e distribuir com maior justiça a riqueza, para que todos possam participar equitativamente
dos bens da criação. São necessárias soluções a nível mundial, que instaurem
uma verdadeira economia de comunhão e participação de bens, tanto na ordem
internacional como nacional». 115
Esta é a única estrada que respeita a dignidade das pessoas e das famílias,
como também o autêntico património cultural dos povos.
Vasto
e complexo é, portanto, o serviço ao Evangelho da vida. Ele manifesta-se cada
vez mais como âmbito precioso e favorável para uma efectiva colaboração com os
irmãos das outras Igrejas e Comunidades eclesiais, na linha daquele ecumenismo
das obras que o Concílio Vaticano II,
com autoridade, encorajou. 116
Além disso, o referido serviço apresenta-se como espaço providencial para o
diálogo e colaboração com os sequazes de outras religiões e com todos os homens
de boa vontade: a defesa e a promoção da vida não são monopólio de ninguém, mas
tarefa e responsabilidade de todos. O desafio que temos pela frente, na vigília
do terceiro milénio, é árduo: somente a cooperação concorde de todos aqueles
que acreditam no valor da vida, poderá evitar uma derrota da civilização com
consequências imprevisíveis.
«Os filhos são bênçãos do Senhor; os
frutos do ventre, um mimo do Senhor» (Sal 127 126, 3): a família
«santuário da vida»
92.
No seio do «povo da vida e pela vida», resulta decisiva a responsabilidade da
família: é uma responsabilidade que brota da própria natureza dela — uma
comunidade de vida e de amor, fundada sobre o matrimónio — e da sua missão que
é «guardar, revelar e comunicar o amor». 117
Em causa está o próprio amor de Deus, do qual os pais são constituídos
colaboradores e como que intérpretes na transmissão da vida e na educação da
mesma segundo o seu projecto de Pai. 118
É, por conseguinte, o amor que se faz generosidade, acolhimento, doação: na
família, cada um é reconhecido, respeitado e honrado porque pessoa, e se alguém
está mais necessitado, maior e mais diligente é o cuidado por ele.
A
família tem a ver com os seus membros durante toda a existência de cada um,
desde o nascimento até à morte. Ela é verdadeiramente «o santuário da vida
(...), o lugar onde a vida, dom de Deus, pode ser convenientemente acolhida e
protegida contra os múltiplos ataques a que está exposta, e pode desenvolver-se
segundo as exigências de um crescimento humano autêntico». 119 Por isso, o papel da família é
determinante e insubstituível na construção da cultura da vida.
Como
igreja doméstica, a família é chamada a anunciar, celebrar e servir o Evangelho
da vida. Esta tríplice função compete primariamente aos cônjuges, chamados a
serem transmissores da vida, apoiados numa consciência sempre renovada do
sentido da geração, enquanto acontecimento onde, de modo privilegiado, se
manifesta que a vida humana é um dom recebido a fim de, por sua vez, ser dado. Na
geração de uma nova vida, eles tomam consciência de que o filho «se é fruto da
recíproca doação de amor dos pais, é, por sua vez, um dom para ambos: um dom
que promana do dom». 120
A
família cumpre a sua missão de anunciar o Evangelho da vida, principalmente
através da educação dos filhos. Pela palavra e pelo exemplo, no relacionamento
mútuo e nas opções quotidianas, e mediante gestos e sinais concretos, os pais
iniciam os seus filhos na liberdade autêntica, que se realiza no dom sincero de
si, e cultivam neles o respeito do outro, o sentido da justiça, o acolhimento
cordial, o diálogo, o serviço generoso, a solidariedade e os demais valores que
ajudam a viver a existência como um dom. A obra educadora dos pais cristãos
deve constituir um serviço à fé dos filhos e prestar uma ajuda para eles
cumprirem a vocação recebida de Deus. Entra na missão educadora dos pais
ensinar e testemunhar aos filhos o verdadeiro sentido do sofrimento e da morte:
podê-lo-ão fazer se souberem estar atentos a todo o sofrimento existente ao seu
redor e, antes ainda, se souberem desenvolver atitudes de solidariedade,
assistência e partilha com doentes e idosos no âmbito familiar.
93.
Além disso, a família celebra o Evangelho da vida com a oração diária,
individual e familiar: nela, agradece e louva o Senhor pelo dom da vida e
invoca luz e força para enfrentar os momentos de dificuldade e sofrimento, sem
nunca perder a esperança. Mas a celebração que dá significado a qualquer outra
forma de oração e de culto é a que se exprime na existência quotidiana da
família, quando esta é uma existência feita de amor e doação.
A
celebração transforma-se assim num serviço ao Evangelho da vida, que se exprime
através da solidariedade, vivida no seio e ao redor da família como atenção
carinhosa, vigilante e cordial nas acções pequenas e humildes de cada dia. Uma
expressão particularmente significativa de solidariedade entre as famílias é a
disponibilidade para a adopção ou para o acolhimento das crianças abandonadas
pelos seus pais ou, de qualquer modo, em situação de grave dificuldade. O verdadeiro
amor paterno e materno sabe ir além dos laços da carne e do sangue para acolher
também crianças de outras famílias, oferecendo-lhes quanto seja necessário para
a sua vida e o seu pleno desenvolvimento. Entre as formas de adopção, merece
ser assinalada a adopção à distância, que se há-de preferir sempre que o
abandono tenha por único motivo as condições de grave pobreza da família. Na
realidade, com esta espécie de adopção é oferecida aos pais a ajuda necessária
para manter e educar os próprios filhos, sem ter de os desarraigar do seu
ambiente natural.
Concebida
como «determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum», 121 a solidariedade requer ser também
concretizada mediante formas de participação social e política. Consequentemente,
servir o Evangelho da vida implica que as famílias, nomeadamente tomando parte
em apropriadas associações, se empenhem por que as leis e as instituições do
Estado não lesem de modo algum o direito à vida, desde a sua concepção até à
morte natural, mas o defendam e promovam.
94.
Um lugar especial há-de ser reconhecido aos idosos. Enquanto, nalgumas
culturas, a pessoa de mais idade permanece inserida na família com um papel
activo importante, noutras, ao contrário, quem chegou à velhice é sentido como
um peso inútil e fica abandonado a si mesmo: em tal contexto, pode mais
facilmente surgir a tentação de recorrer à eutanásia.
A
marginalização ou mesmo a rejeição dos idosos é intolerável. A sua presença na
família ou, pelo menos, a estreita solidariedade desta com eles quando, pelo
reduzido espaço da habitação ou outros motivos, essa presença não fosse
possível, é de importância fundamental para criar um clima de intercâmbio
recíproco e de comunicação enriquecedora entre as várias idades da vida. Por
isso, é importante que se conserve, ou se restabeleça onde tal se perdeu, uma
espécie de « pacto » entre as gerações, de modo que os pais idosos, chegados ao
termo da sua caminhada, possam encontrar nos filhos aquele acolhimento e
solidariedade que lhes tinham oferecido quando estes estavam a desabrochar para
a vida: exige-o a obediência ao mandamento divino que ordena honrar o pai e a
mãe (cf. Ex 20, 12; Lv 19, 3). Mas há mais... O idoso não há-de ser
considerado apenas objecto de atenção, solidariedade e serviço. Também ele tem
um valioso contributo a prestar ao Evangelho da vida. Graças ao rico património
de experiência adquirido ao longo dos anos, o idoso pode e deve ser transmissor
de sabedoria, testemunha de esperança e de caridade.
Se
é verdade que «o futuro da humanidade passa pela família», 122 tem-se de reconhecer que as actuais
condições sociais, económicas e culturais frequentemente tornam mais árdua e
penosa a tarefa da família ao serviço da vida. Para poder realizar a sua
vocação de «santuário da vida», enquanto célula de uma sociedade que ama e
acolhe a vida, é necessário e urgente que a família como tal seja ajudada e
apoiada. As sociedades e os Estados devem assegurar todo o apoio necessário,
mesmo económico, para que as famílias possam responder de forma mais humana aos
próprios problemas. Por seu lado, a Igreja deve promover incansavelmente uma
pastoral familiar capaz de ajudar cada família a redescobrir, com alegria e
coragem, a sua missão no que diz respeito ao Evangelho da vida.
«Comportai-vos como filhos da luz» (Ef
5, 8): para realizar uma viragem cultural
Nota:
Revisão da tradução para português por ama
_________________________________________
Notas:
(em italiano)
114 Catechismo della Chiesa Cattolica, n. 2372.
115 Giovanni Paolo II, Discorso alla IV Conferenza Generale dell'Episcopato
Latino-Americano a Santo Domingo (12 ottobre 1992), 15: AAS 85 (1993), 819.
116 Cf. Decr. sull'ecumenismo Unitatis redintegratio, 12; Cost. past. sulla
Chiesa nel mondo contemporaneo Gaudium et spes, 90.
117 Giovanni Paolo II, Esort. ap. post-sinodale Familiaris consortio (22
novembre 1981), 17: AAS 74 (1982), 100.
118 Cf Conc. Ecum. Vat. II, Cost. past. sulla Chiesa nel mondo contemporaneo
Gaudium et spes, 50.
119 Giovanni Paolo II, Lett. enc. Centesimus annus (1° maggio 1991), 39:
AAS 83 (1991), 842.
120 Giovanni Paolo II, Discorso ai partecipanti al VII Simposio dei Vescovi
europei sul tema "Gli atteggiamenti contemporanei di fronte alla nascita e
alla morte: una sfida per l'evangelizzazione" (17 ottobre 1989), 5:
Insegnamenti XII, 2 (1989), 945. I figli sono presentati dalla tradizione
biblica proprio come un dono di Dio (cf Sal 127[126], 3); e come segno della
sua benedizione sull'uomo che cammina nelle sue vie (cf Sal 128[127], 3-4).
121 Giovanni Paolo II, Lett. enc. Sollicitudo rei socialis (30 dicembre
1987), 38: AAS 80 (1987), 565-566.
122 Giovanni Paolo II, Esort. ap. post-sinodale Familiaris consortio (22
novembre 1981), 85: AAS 74 (1982), 188.
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