Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 27, 3-25
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Evangelho: Mt 27, 3-25
3 Então
Judas, o traidor, vendo que Jesus fora condenado, tocado pelo remorso, tornou a
levar as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, 4
dizendo: «Pequei, entregando sangue inocente». Mas eles disseram: «Que nos
importa? Isso é contigo!». 5 Então, tendo atirado as moedas de prata
para o templo, retirou-se e foi-se enforcar. 6 Os príncipes dos
sacerdotes, tomando as moedas de prata, disseram: «Não é lícito deitá-las na
arca das esmolas, porque são preço de sangue». 7 E, tendo consultado
entre si, compraram com elas o Campo do Oleiro para sepultura dos estrangeiros.
8 Por esta razão aquele campo foi chamado até ao dia de hoje “campo
de sangue”. 9 Então se cumpriu o que foi anunciado pelo profeta
Jeremias: “Tomaram as trinta moedas de prata, custo d'Aquele cujo preço foi
avaliado pelos filhos de Israel, 10 e deram-nas pelo Campo do
Oleiro, como o Senhor me ordenou”. 11 Jesus foi apresentado diante
do governador, que O interrogou, dizendo: «És Tu o Rei dos Judeus?». Jesus
respondeu-lhe: «Tu o dizes». 12 Mas, sendo acusado pelos príncipes
dos sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu. 13 Então Pilatos
disse-Lhe: «Não ouves de quantas coisas Te acusam?». 14 E não lhe
respondeu a palavra alguma, de modo que o governador ficou muito admirado. 15
O governador costumava, por ocasião da festa da Páscoa, soltar aquele preso que
o povo quisesse. 16 Naquela ocasião tinha ele um preso famoso, que
se chamava Barrabás. 17 Estando eles reunidos, perguntou-lhes
Pilatos: «Qual quereis vós que eu vos solte? Barrabás ou Jesus, que se chama
Cristo?». 18 Porque sabia que O tinham entregado por inveja. 19
Enquanto ele estava sentado no tribunal, sua mulher mandou-lhe dizer: «Não te
metas com esse justo, porque fui hoje muito atormentada em sonhos por causa
d'Ele». 20 Mas os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram
o povo a que pedisse Barrabás e que fizesse morrer Jesus.21 O
governador, tomando a palavra, disse-lhes: «Qual dos dois quereis que vos
solte?». Eles responderam: «Barrabás!». 22 Pilatos disse-lhes: «Que
farei então de Jesus, que se chama Cristo?». 23 Disseram todos:
«Seja crucificado!». O governador disse-lhes: «Mas que mal fez Ele?». Eles,
porém, gritavam mais alto: «Seja crucificado!». 24 Pilatos, vendo
que nada conseguia, mas que cada vez o tumulto era maior, tomando água, lavou
as mãos diante do povo, dizendo: «Eu sou inocente do sangue deste justo; a vós
pertence toda a responsabilidade!». 25 Todo o povo respondeu: «O Seu
sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos».
Ioannes
Paulus PP. II
Ut unum sint
sobre
o Empenho Ecuménico
…/2
13.
Este último documento enumera brevemente as implicações doutrinais desta
situação. A propósito dos membros dessas Comunidades, declara: «Justificados no
Baptismo pela fé, são incorporados a Cristo, e, por isso, com direito se honram
com o nome de cristãos e justamente são reconhecidos pelos filhos da Igreja
Católica como irmãos no Senhor». 17
Pensando
nos múltiplos bens presentes nas outras Igrejas e Comunidades eclesiais, o
Decreto acrescenta: «Tudo isso, que de Cristo provém e a Cristo conduz,
pertence por direito à única Igreja de Cristo. Também não poucas acções
sagradas da religião cristã são celebradas entre os nossos irmãos separados.
Por vários modos, conforme a condição de cada Igreja ou Comunidade, estas
acções podem realmente produzir a vida da graça. Devem mesmo ser tidas como
aptas para abrir a porta à comunhão da salvação». 18
Trata-se
de textos ecuménicos da maior importância. Para além dos limites da Comunidade
Católica, não existe o vazio eclesial. Muitos elementos de grande valor
(eximia), que estão integrados na Igreja Católica na plenitude dos meios de
salvação e dos dons de graça que a edificam, acham-se também nas outras
Comunidades cristãs.
14.
Todos estes elementos trazem consigo o apelo à unidade, para nela encontrarem a
sua plenitude. Não se trata de aglomerar todas as riquezas dispersas nas
Comunidades cristãs, com o fim de se chegar a uma Igreja que Deus teria em
vista para o futuro. Segundo a grande Tradição atestada pelos Padres do Oriente
e do Ocidente, a Igreja Católica crê que, no acontecimento do Pentecostes, Deus
já manifestou a Igreja na sua realidade escatológica, que Ele preparava «desde
o tempo de Abel, o justo». 19 Ela
já está presente. Por este motivo, já nos encontramos no fim dos tempos. Os
elementos desta Igreja, já presente, existem, incorporados na sua plenitude, na
Igreja Católica e, sem tal plenitude, nas outras Comunidades, 20 onde certos aspectos do mistério cristão
foram, por vezes, mais eficazmente manifestados. O ecumenismo busca
precisamente fazer crescer a comunhão parcial existente entre os cristãos até à
plena comunhão na verdade e na caridade.
Renovação e conversão
15.
Passando dos princípios, do imperativo da consciência cristã à realização do
caminho ecuménico rumo à unidade, o Concílio Vaticano II põe em relevo
sobretudo a necessidade da conversão do coração. O anúncio messiânico —
«completou-se o tempo e o Reino de Deus está perto» —, e o consequente apelo —
«convertei-vos e crede no Evangelho» (Mc 1, 15) —, com os quais
Jesus inaugura a sua missão, indicam o elemento essencial que deve caracterizar
qualquer novo início: a exigência fundamental da evangelização em cada etapa do
caminho salvífico da Igreja. Mas isso aplica-se de modo particular ao processo
desencadeado pelo Concílio Vaticano II
que incluiu, no âmbito da renovação, a tarefa ecuménica de unir os cristãos
divididos entre si: « Não existe verdadeiro ecumenismo sem conversão interior».
21
O
Concílio apela tanto à conversão pessoal, como à conversão comunitária. O
anseio de cada Comunidade cristã pela unidade cresce ao ritmo da sua fidelidade
ao Evangelho. Ao referir-se às pessoas que vivem a sua vocação cristã, o
Concílio fala de conversão interior, de renovação da mente. 22
Assim,
cada um tem que se converter mais radicalmente ao Evangelho e, sem nunca perder
de vista o desígnio de Deus, deve rectificar o seu olhar. Com o ecumenismo, a
contemplação das «maravilhas de Deus» (mirabilia Dei) enriqueceu-se de novos
espaços onde o Deus Trino suscita a acção de graças: a percepção de que o
Espírito age nas outras Comunidades cristãs, a descoberta de exemplos de santidade,
a experiência das infindáveis riquezas da comunhão dos santos, o contacto com
aspectos surpreendentes do compromisso cristão. E correlativamente estendeu-se
também a necessidade de penitência: a consciência de certas exclusões que ferem
a caridade fraterna, de certas recusas em perdoar, de um certo orgulho, daquele
entrincheiramento anti-evangélico na condenação dos «outros», de um desprezo
que deriva de falsa presunção. Assim, toda a vida dos cristãos está marcada
pela solicitude ecuménica e, de certo modo, eles são chamados a deixarem-se
plasmar por ela.
16.
No magistério conciliar, há um nexo claro entre renovação, conversão e reforma.
Afirma: «A Igreja peregrina é chamada por Cristo a essa reforma perene. Como
instituição humana e terrena, a Igreja necessita perpetuamente desta reforma.
Assim, se em vista das circunstâncias das coisas e dos tempos houve
deficiências (...), tudo seja recta e devidamente restaurado no momento
oportuno». 23 Nenhuma Comunidade
cristã pode furtar-se a este apelo.
Dialogando
com franqueza, as Comunidades ajudam-se a olhar-se conjuntamente à luz da
Tradição Apostólica. Isto leva-as a perguntar-se se realmente exprimem
adequadamente tudo quanto o Espírito transmitiu através dos Apóstolos. 24 Pelo que diz respeito à Igreja Católica,
várias vezes, como, por exemplo, por ocasião do aniversário do Baptismo da
Rus', 25 ou da comemoração, ao
cumprirem-se onze séculos, da acção evangelizadora dos Santos Cirilo e Metódio,
26 chamei a atenção para tais exigências e perspectivas. Mais recentemente, o
Directório para a aplicação dos princípios e das normas sobre o ecumenismo,
publicado com a minha aprovação pelo Conselho
Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, aplicou-as no campo
pastoral. 27
17.
Relativamente aos outros cristãos, os documentos principais da Comissão Fé e Constituição 28 e as declarações de numerosos diálogos
bilaterais forneceram já às Comunidades cristãs úteis instrumentos para
discernir o que é necessário ao movimento ecuménico e à conversão que este deve
suscitar. Tais estudos são importantes sob dois aspectos: mostram os notáveis
progressos já alcançados e infundem esperança por constituírem uma base segura
para a busca da unidade que se há-de continuar e aprofundar.
A
progressiva comunhão numa contínua reforma, realizada à luz da Tradição
Apostólica, é, sem dúvida, um dos traços típicos e mais importantes do
ecumenismo, na actual situação do povo cristão. Por outro lado, aquela é também
uma garantia essencial para o seu futuro. Os fiéis da Igreja Católica não podem
ignorar que o ímpeto ecuménico do Concílio
Vaticano II é um dos resultados do grande empenhamento da Igreja de então
em perscrutar-se à luz do Evangelho e da grande Tradição. Bem o compreendera o
meu predecessor, Papa João XXIII, que, ao convocar o Concílio, se recusou a
separar a actualização da abertura ecuménica. 29
No final da Assembleia Conciliar, o Papa Paulo VI consagrou a vocação ecuménica
do Concílio ao retomar o diálogo da caridade com as Igrejas em comunhão com o
Patriarca de Constantinopla, realizando com ele aquele gesto concreto e
altamente significativo que «relegou para o esquecimento» — e «tirou da memória
e do meio das Igrejas» — as excomunhões do passado. Há que lembrar que a
criação de um organismo especial para o ecumenismo coincidiu com o próprio
início da preparação do Concílio Vaticano
II, 30 e que, através de tal
organismo, os pareceres e avaliações das outras Comunidades cristãs tiveram a
sua parte nos grandes debates sobre a Revelação, a Igreja, a natureza do ecumenismo,
e a liberdade religiosa.
Importância fundamental da doutrina
18.
Retomando uma ideia que o próprio Papa João XXIII tinha expresso na abertura do
Concílio, 31 o Decreto sobre o
ecumenismo menciona a forma de expor a doutrina, entre os elementos de reforma
contínua. 32 Não se trata, neste
contexto, de modificar o depósito da fé, de mudar o significado dos dogmas, de
banir deles palavras essenciais, de adaptar a verdade aos gostos de uma época,
de eliminar certos artigos do Credo com o falso pretexto de que hoje já não se
compreendem. A unidade querida por Deus só se pode realizar na adesão comum ao
conteúdo integral da fé revelada. Em matéria de fé, a cedência está em
contradição com Deus, que é a Verdade. No Corpo de Cristo — Ele que é «Caminho,
Verdade e Vida» (Jo 14, 6) —, quem poderia considerar legítima uma
reconciliação levada a cabo à custa da verdade? A Declaração conciliar sobre a
liberdade religiosa atribui à dignidade humana a procura da verdade, «sobretudo
no que diz respeito a Deus e à sua Igreja», 33
e a adesão às suas exigências. Portanto um «estar juntos» que traísse a
verdade, estaria em oposição com a natureza de Deus, que oferece a sua
comunhão, e com a exigência de verdade que vive no mais profundo de todo o
coração humano.
19.
Contudo, a doutrina deve ser apresentada de modo que se torne compreensível
àqueles para quem o próprio Deus a destina. Na Epístola encíclica Slavorum apostoli, lembrava como, por tal
motivo, Cirilo e Metódio se esforçaram em traduzir as noções da Bíblia e os
conceitos da teologia grega num contexto de experiências históricas e de
pensamento muito diverso. Queriam que a única palavra de Deus fosse assim
«tornada acessível pela adopção dos meios de se exprimir próprios de cada
civilização». 34 Compreenderam
que não podiam « impor aos povos aos quais deviam pregar nem sequer a
indiscutível superioridade da língua grega e da cultura bizantina, ou os
costumes e modos de comportar-se da sociedade mais desenvolvida, em que eles
próprios haviam sido educados». 35
Desta forma, praticavam aquela «perfeita comunhão no amor preserva a Igreja de
qualquer forma de particularismo, exclusivismo étnico ou preconceito racial,
bem como de qualquer sobrançaria nacionalista». 36
No mesmo espírito, não hesitei em dizer aos aborígenes da Austrália: «Não
deveis ser um povo dividido em duas partes (...). Jesus exorta-vos a acolher as
suas palavras e os seus valores na vossa própria cultura». 37 Já que, por sua própria natureza, o dado
de fé se destina à humanidade inteira, isso requer que ele seja traduzido em
todas as culturas. De facto, o elemento que decide a comunhão na verdade é o
significado da verdade. A expressão da verdade pode ser multiforme. E a renovação
das formas de expressão torna-se necessária para transmitir ao homem de hoje a
mensagem evangélica no seu significado imutável. 38
«Esta
renovação tem, por isso, grande importância ecuménica». 39 E não só uma renovação no modo de
exprimir a fé, mas da própria vida de fé. Poder-se-ia então perguntar: quem
deve actuá-la? O Concílio responde com clareza a esta pergunta: tal solicitude
«vale para toda a Igreja, tanto para os fiéis como para os pastores. Afecta a
cada um em particular, de acordo com a sua capacidade, quer na vida cristã
quotidiana, quer nas investigações teológicas e históricas». 40
20.
Tudo isto é extremamente importante e de significado fundamental para a
actividade ecuménica. Vê-se, de modo inequívoco, que o ecumenismo, o movimento
a favor da unidade dos cristãos, não é só uma espécie de «apêndice , que se vem
juntar à actividade tradicional da Igreja. Pelo contrário, pertence
organicamente à sua vida e acção, devendo, por conseguinte, permeá-la no seu
todo e ser como que o fruto de uma árvore que cresce sadia e viçosa até
alcançar o seu pleno desenvolvimento.
Assim
acreditava na unidade da Igreja o Papa João XXIII, e desse modo contemplava ele
a unidade de todos os cristãos. Ao referir-se aos outros cristãos, à grande
família cristã, constatava: «É muito mais forte aquilo que nos une do que
quanto nos divide». E o Concílio Vaticano
II, por seu lado, exorta: «Lembrem-se todos os cristãos de que tanto melhor
promoverão a união dos cristãos quanto mais se esforçarem por levar uma vida
mais pura, de acordo com o Evangelho. Porque, quanto mais unidos estiverem em
comunhão estreita com o Pai, o Verbo e o Espírito, tanto mais íntima e
facilmente conseguirão aumentar a fraternidade mútua». 41
Primado da oração
21.
«Esta conversão do coração e esta santidade de vida, juntamente com as orações
particulares e públicas pela unidade dos cristãos, devem ser tidas como a alma
de todo o movimento ecuménico, e com razão podem ser chamadas ecumenismo
espiritual». 42
Avança-se
pelo caminho que conduz à conversão dos corações ao ritmo do amor que se dedica
a Deus e, ao mesmo tempo, aos irmãos: a todos os irmãos, inclusive àqueles que
não estão em plena comunhão connosco. Do amor nasce o desejo de unidade, mesmo
naqueles que sempre ignoraram tal exigência. O amor é artífice de comunhão
entre as pessoas e entre as Comunidades. Se nos amamos, tendemos a aprofundar a
nossa comunhão, a orientá-la para a perfeição. O amor é dedicado a Deus como
fonte perfeita de comunhão — a unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo —,
para dela haurir a força de suscitar a comunhão entre as pessoas e as
Comunidades, ou de a restabelecer entre os cristãos ainda divididos. O amor é a
corrente mais profunda que dá vida e infunde vigor ao processo que leva à
unidade.
Este
amor encontra a sua expressão mais acabada na oração em comum. Quando os irmãos
que não estão em perfeita comunhão entre si, se reúnem em comum para rezar,
esta sua oração é definida pelo Concílio
Vaticano II como alma de todo o movimento ecuménico. Essa oração comum é
«um meio muito eficaz para impetrar a unidade», «uma genuína manifestação dos
vínculos pelos quais ainda estão unidos os católicos com os irmãos separados». 43 Mesmo quando não se reza formalmente pela
unidade dos cristãos, mas por outros motivos como, por exemplo, pela paz, a
oração torna-se, por si própria, expressão e confirmação da unidade. A oração
comum dos cristãos convida o próprio Cristo a visitar a comunidade dos que Lhe
rezam: «Pois onde estiverem reunidos, em meu nome, dois ou três, Eu estou no
meio deles» (Mt 18, 20).
22.
Quando os cristãos rezam juntos, a meta da unidade fica mais próxima. A longa
história dos cristãos, marcada por múltiplas fragmentações, parece recompor-se
tendendo para a Fonte da sua unidade que é Jesus Cristo. Ele «é sempre o mesmo
ontem, hoje e por toda a eternidade» (Heb 13, 8). Na comunhão de
oração, Cristo está realmente presente; reza «em nós», «connosco» e «por nós».
É Ele que guia a nossa oração no Espírito Consolador, que prometeu e deu à sua
Igreja no Cenáculo de Jerusalém, quando a constituiu na sua unidade original.
No
caminho ecuménico para a unidade, a primazia pertence, sem dúvida, à oração
comum, à união orante daqueles que se congregam à volta do próprio Cristo. Se
os cristãos, apesar das suas divisões, souberem unir-se cada vez mais em oração
comum ao redor de Cristo, crescerá a sua consciência de como é reduzido o que
os divide em comparação com aquilo que os une. Se se encontrarem sempre mais
assiduamente diante de Cristo na oração, os cristãos poderão ganhar coragem
para enfrentar toda a dolorosa realidade humana das divisões, e
reencontrar-se-ão juntos naquela comunidade da Igreja, que Cristo forma
incessantemente no Espírito Santo, apesar de todas as debilidades e limitações
humanas.
23.
Enfim, a comunhão na oração induz a ver com olhos novos a Igreja e o
cristianismo. Com efeito, não se deve esquecer que o Senhor implorou do Pai a
unidade dos seus discípulos, para que servisse de testemunho à sua missão e o
mundo pudesse acreditar que o Pai O tinha enviado (cf. Jo 17, 21).
Pode-se afirmar que o movimento ecuménico teve início, em determinado sentido,
da experiência negativa daqueles que, anunciando o único Evangelho, se apelavam
cada qual à própria Igreja ou Comunidade eclesial: uma contradição que não
podia passar despercebida a quem escutava a mensagem de salvação e que nisso
via um obstáculo para acolher o anúncio evangélico. Infelizmente, este grave
impedimento não está superado. É verdade! Não estamos ainda em plena comunhão.
E todavia, não obstante as nossas divisões, estamos percorrendo o caminho para
a plena unidade — aquela unidade que caracterizava a Igreja Apostólica nos seus
inícios e que nós procuramos sinceramente: prova-o a nossa oração comum, guiada
pela fé. Nela, reunimo-nos no nome de Cristo que é Um. Ele é a nossa unidade.
A
oração «ecuménica» está ao serviço da missão cristã e da sua credibilidade. Por
isso, deve estar especialmente presente na vida da Igreja e em cada actividade
que tenha a finalidade de favorecer a unidade dos cristãos. É como se
tivéssemos sempre de voltar a reunir-nos no Cenáculo de Quinta-Feira Santa,
embora a nossa presença juntos, em tal lugar, aguarde ainda a sua completa
realização até quando, superados os obstáculos que se interpõem à perfeita comunhão
eclesial, todos os cristãos possam reunir-se na única celebração da Eucaristia.
44
24.
É motivo de alegria constatar como os vários encontros ecuménicos incluem,
quase sempre, a oração, antes, culminam nela. A Semana de Oração pela unidade
dos cristãos, que se celebra no mês de Janeiro ou, em alguns países, por volta
do Pentecostes, tornou-se uma tradição difusa e consolidada. Mas, mesmo fora
dela, muitas são as ocasiões, ao longo do ano, que induzem os cristãos a
rezarem juntos. Neste contexto, desejo mencionar aquela experiência particular
que é o peregrinar do Papa pelas Igrejas, nos diversos continentes e nos vários
países da oikoumene contemporânea. Estou ciente de que foi o Concílio Vaticano II que encaminhou o
Papa para este especial exercício do seu ministério apostólico. Mais: o
Concílio fez deste peregrinar do Papa um preciso dever no cumprimento do papel
do Bispo de Roma ao serviço da comunhão. 45
Estas minhas visitas comportaram, quase sempre, um encontro ecuménico e a
oração comum de irmãos que procuram a unidade em Cristo e na sua Igreja. Recordo,
com particular emoção, a oração em comum com o Primaz da Comunhão Anglicana na
Catedral de Cantuária, em 29 de Maio de 1982, quando, naquele templo admirável,
reconhecia uma « demonstração eloquente dos nossos longos anos de herança comum
e dos tristes anos de separação que se lhes seguiram»; 46 nem posso esquecer os encontros
ecuménicos nos Países Escandinavos e Nórdicos (1-10 de Junho de 1989), nas
Américas e na África, ou aqueloutro na sede do Conselho Ecuménico das Igrejas
(12 de Junho de 1984), o organismo que se propõe como objectivo chamar as
Igrejas e as Comunidades eclesiais, que dele fazem parte, «à meta da unidade
visível numa só fé e numa única comunidade eucarística, expressa no culto e na
vida comum em Cristo». 47 E como
poderei esquecer a minha participação na liturgia eucarística na igreja de S.
Jorge, no Patriarcado Ecuménico (30 de Novembro de 1979), e a celebração na
Basílica de S. Pedro, durante a visita a Roma do meu venerável Irmão, o
Patriarca Dimítrios I (6 de Dezembro de 1987)? Naquela circunstância, junto do
altar da Confissão, nós professamos juntos o Símbolo Niceno-Constantinopolitano, conforme o texto original
grego. É impossível descrever em poucas palavras os traços específicos que
caracterizaram cada um destes encontros de oração. Pelos condicionalismos do
passado que, de modo variável, pesavam sobre cada um deles, todos se revestem
de uma própria e singular expressividade; todos estão esculpidos na memória da
Igreja, que é guiada pelo Espírito Paráclito na procura da unidade de todos os
crentes em Cristo.
Revisão
da tradução portuguesa por ama
_____________________________________________
Notas: (em italiano)
17
Ibid., 3.
18
Ibid.
19
Cfr. S. Gregorio Magno, Homiliæ in Evangelia 19, 1: PL 76, 1154 citato in Conc.
Ecum. Vat. II, Cost. dogm. sulla Chiesa Lumen gentium, 2.
20
Cfr. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sull'ecumenismo Unitatis redintegratio, 4.
21
Ibid., 7.
22
Cfr. ibid.
23
Ibid., 6.
24
Cfr. Conc. Ecum. Vat. II, Cost. dogm. sulla divina Rivelazione Dei Verbum, 7.
25
Cfr. Lett. ap. Euntes in mundum (25 gennaio 1988): AAS 80 (1988), 935-956.
26
Cfr. Ep. enc. Slavorum apostoli (2 giugno 1985): AAS 77 (1985), 779-813.
27
Cfr. Directoire pour l'application des principes et des normes sur l'Œcuménisme
(25 marzo 1993): AAS 85 (1993), 1039-1119.
28
Cfr. in particolare il Documento detto di Lima: Battesimo, Eucaristia,
Ministero (gennaio 1982): Ench. Œcum. 1, 1392-1446, e il Documento n. 153 di
"Fede e Costituzione" Confessing the "One" Faith, Geneva
1991.
29
Cfr. Discorso di apertura del Concilio Ecumenico Vaticano II (11 ottobre 1962):
AAS 54 (1962), 793.
30
Si tratta del Segretariato per la Promozione dell'Unità dei Cristiani, creato
da Papa Giovanni XXIII con il Motu proprio Superno Dei nutu (5 giugno 1960), 9:
AAS 52 (1960), 436 e confermato dai successivi documenti: Motu proprio
Appropinquante Concilio (6 agosto 1962), c. III, a. 7, 2, I: AAS 54 (1962),
614; cfr. Paolo VI, Cost. ap. Regimini ecclesiæ universæ (15 agosto 1967),
92-94: AAS 59 (1967), 918-919. Questo Dicastero è attualmente denominato
Pontificio Consiglio per la Promozione dell'Unità dei Cristiani: cfr. Giovanni
Paolo II, Cost. ap. Pastor bonus (28 giugno 1988), V, art. 135-138: AAS 80
(1988), 895-896.
31
Cfr. Discorso di apertura del Concilio Ecumenico Vaticano II (11 ottobre 1962):
AAS 54 (1962), 792.
32
Cfr. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sull'ecumenismo Unitatis redintegratio, 6.
33
Conc. Ecum. Vat. II, Dich. sulla libertà religiosa Dignitatis humanæ, 1.
34
Ep. enc. Slavorum apostoli (2 giugno 1985), 11: AAS 77 (1985), 792.
35
Ibid., 13, l.c., 794.
36
Ibid., 11, l.c., 792.
37
Discorso agli abitanti autoctoni (29 novembre 1986), 12: AAS 79 (1987), 977.
38
Cfr. S. Vincenzo di Lérins, Commonitorium primum, 23: PL 50, 667-668.
39
Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sull'ecumenismo Unitatis redintegratio, 6.
40
Ibid., 5.
41
Ibid., 7.
42
Ibid., 8.
43
Ibid.
44
Cfr. ibid., 4.
45
Cfr. Giovanni Paolo II, Lett. ap. Tertio millennio adveniente (10 novembre
1994), 24: AAS 87 (1995), 19-20.
46
Discorso nella cattedrale di Canterbury (29 maggio 1982), 5: AAS 74 (1982),
922.
47
Consiglio Ecumenico delle Chiese, Regolamento, III, 1 citato in Ench. Œcum. 1,
1392.
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