Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 1, 1-25
1 Genealogia de Jesus Cristo, filho de David, filho de Abraão. 2 Abraão gerou Isaac, Isaac gerou Jacob, Jacob gerou Judá e seus irmãos. 3 Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara, Farés gerou Esron, Esron gerou Aram. 4 Aram gerou Aminadab, Aminadab gerou Naasson, Naasson gerou Salmon. 5 Salmon gerou Booz de Raab, Booz gerou Obed de Rut, Obed gerou Jessé. Jessé gerou o rei David. 6 David gerou Salomão daquela que foi mulher de Urias. 7 Salomão gerou Roboão, Roboão gerou Abias, Abias gerou Asa. 8 Asa gerou Josafat, Josafat gerou Jorão, Jorão gerou Ozias. 9 Ozias gerou Joatão, Joatão gerou Acaz, Acaz gerou Ezequias. 10 Ezequias gerou Manassés, Manassés gerou Amon, Amon gerou Josias. 11 Josias gerou Jeconias e seus irmãos, na época da deportação para Babilónia. 12 E, depois da deportação para Babilónia, Jeconias gerou Salatiel, Salatiel gerou Zorobabel. 13 Zorobabel gerou Abiud, Abiud gerou Eliacim, Eliacim gerou Azor. 14 Azor gerou Sadoc, Sadoc gerou Aquim, Aquim gerou Eliud. 15 Eliud gerou Eleazar, Eleazar gerou Matan, Matan gerou Jacob, 16 e Jacob gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo. 17 Assim, são catorze todas as gerações desde Abraão até David; e catorze gerações desde David até à deportação para Babilónia, e também catorze as gerações desde a deportação para Babilónia até Cristo. 18 A geração de Jesus Cristo foi deste modo: Estando Maria, Sua mãe, desposada com José, antes de coabitarem achou-se ter concebido por obra do Espírito Santo. 19 José, seu esposo, sendo justo, e não querendo expô-la a difamação, resolveu repudiá-la secretamente. 20 Pensando ele estas coisas, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos, e lhe disse: «José, filho de David, não temas receber em tua casa Maria, tua esposa, porque o que nela foi concebido é obra do Espírito Santo. 21 Dará à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o Seu povo dos seus pecados».22 Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor por meio do profeta que diz: 23 “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, e Lhe porão o nome de Emanuel, que significa: Deus connosco”. 24 Ao despertar José do sono, fez como lhe tinha mandado o anjo do Senhor, e recebeu em sua casa Maria, sua esposa. 25 E, sem que ele a tivesse conhecido, deu à luz um filho, e pôs-Lhe o nome de Jesus.
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Evangelho: Mt 1, 1-25
1 Genealogia de Jesus Cristo, filho de David, filho de Abraão. 2 Abraão gerou Isaac, Isaac gerou Jacob, Jacob gerou Judá e seus irmãos. 3 Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara, Farés gerou Esron, Esron gerou Aram. 4 Aram gerou Aminadab, Aminadab gerou Naasson, Naasson gerou Salmon. 5 Salmon gerou Booz de Raab, Booz gerou Obed de Rut, Obed gerou Jessé. Jessé gerou o rei David. 6 David gerou Salomão daquela que foi mulher de Urias. 7 Salomão gerou Roboão, Roboão gerou Abias, Abias gerou Asa. 8 Asa gerou Josafat, Josafat gerou Jorão, Jorão gerou Ozias. 9 Ozias gerou Joatão, Joatão gerou Acaz, Acaz gerou Ezequias. 10 Ezequias gerou Manassés, Manassés gerou Amon, Amon gerou Josias. 11 Josias gerou Jeconias e seus irmãos, na época da deportação para Babilónia. 12 E, depois da deportação para Babilónia, Jeconias gerou Salatiel, Salatiel gerou Zorobabel. 13 Zorobabel gerou Abiud, Abiud gerou Eliacim, Eliacim gerou Azor. 14 Azor gerou Sadoc, Sadoc gerou Aquim, Aquim gerou Eliud. 15 Eliud gerou Eleazar, Eleazar gerou Matan, Matan gerou Jacob, 16 e Jacob gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo. 17 Assim, são catorze todas as gerações desde Abraão até David; e catorze gerações desde David até à deportação para Babilónia, e também catorze as gerações desde a deportação para Babilónia até Cristo. 18 A geração de Jesus Cristo foi deste modo: Estando Maria, Sua mãe, desposada com José, antes de coabitarem achou-se ter concebido por obra do Espírito Santo. 19 José, seu esposo, sendo justo, e não querendo expô-la a difamação, resolveu repudiá-la secretamente. 20 Pensando ele estas coisas, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos, e lhe disse: «José, filho de David, não temas receber em tua casa Maria, tua esposa, porque o que nela foi concebido é obra do Espírito Santo. 21 Dará à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o Seu povo dos seus pecados».22 Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor por meio do profeta que diz: 23 “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, e Lhe porão o nome de Emanuel, que significa: Deus connosco”. 24 Ao despertar José do sono, fez como lhe tinha mandado o anjo do Senhor, e recebeu em sua casa Maria, sua esposa. 25 E, sem que ele a tivesse conhecido, deu à luz um filho, e pôs-Lhe o nome de Jesus.
Ioannes Paulus PP. II
Redemptoris missio
sobre a Validade permanente
do Mandato Missionário
/…4
CAPÍTULO IV
OS IMENSOS HORIZONTES DA MISSÃO AD
GENTES
31.
O Senhor Jesus enviou os Seus Apóstolos, a todas as pessoas, a todos os povos e
a todos os lugares da terra. Nos Apóstolos, a Igreja recebeu uma missão
universal, sem limites, referindo-se à salvação em toda a sua integridade,
segundo aquela plenitude de vida que Cristo veio trazer (cf. Jo 10, 10):
ela foi «enviada para manifestar e comunicar a caridade de Deus a todos os
homens e povos». 49
Esta
missão é única, sendo a mesma a sua origem e fim; mas na sua dinâmica de
realização, há diversas funções e actividades. Antes de tudo, está a acção
missionária, denominada «missão ad gentes» pelo Decreto conciliar: trata-se de
uma actividade primária e essencial da Igreja, jamais concluída. Com efeito, a
Igreja «não pode eximir-se da missão permanente de levar o Evangelho a quantos
— e são milhões e milhões de homens e mulheres — ainda não conhecem Cristo
Redentor do homem. Esta é a tarefa mais especificamente missionária que Jesus
confiou e continua quotidianamente a confiar à Sua Igreja». 50
Um quadro religioso complexo e em
mutação
32.
Encontramo-nos hoje diante de uma situação religiosa bastante diversificada e
mutável: os povos estão em movimento; certas realidades sociais e religiosas, que,
tempos atrás, eram claras e definidas, hoje evoluem em situações complexas.
Basta pensar em fenómenos tais como o urbanismo, as migrações em massa, a
movimentação de refugiados, a descristianização de países com antiga tradição
cristã, a influência crescente do Evangelho e dos seus valores em países de
elevada maioria não cristã, o pulular de messianismos e de seitas religiosas. É
uma alteração tal de situações religiosas e sociais, que se torna difícil
aplicar em concreto certas distinções e categorias eclesiais, a que estávamos
habituados. Já antes do Concílio, era comum atribuir, a algumas metrópoles ou
regiões cristãs, a classificação de « terra de missão », e passados estes anos
não se pode dizer que a situação melhorou.
Por
outro lado, a obra missionária produziu abundantes frutos, em todas as partes
do mundo, como o demonstram as Igrejas implantadas de uma forma tão sólida e
amadurecida, que já é capaz de prover às necessidades das suas comunidades, a
ponto de enviarem até pessoas a evangelizar outras Igrejas e territórios. Daí o
contraste com áreas de antiga tradição cristã, carecidas de serem re-evangelizadas.
Alguns perguntam-se inclusive se ainda é o caso de falar em actividade
missionária específica, ou dos seus âmbitos específicos ou se não deveríamos
antes admitir que existe uma única situação missionária, havendo apenas uma
única missão, igual em todo o lugar. A dificuldade é real, e a prova de quão
difícil é interpretar esta realidade complexa e mutável em ordem ao mandato de
evangelizar está patente no «vocabulário missionário»: por exemplo, há uma
certa hesitação em usar os termos «missões» e «missionários», porque as
consideram superadas por conterem resquícios históricos negativos; prefere-se
usar o substantivo «missão» no singular, e o adjectivo «missionário» para
qualificar toda a actividade da Igreja.
Estas
dificuldades denotam uma mudança real, que contém aspectos positivos. A
integração das «missões» na missão da Igreja, o confluir da missiologia para a
eclesiologia, e a inserção de ambas no plano trinitário da salvação, deu um
novo ar à própria actividade missionária, não concebida já como uma tarefa à
margem da Igreja, mas antes inserida no amago da sua vida, como compromisso
fundamental de todo o Povo de Deus. Torna-se necessário, porém, precaver-se
contra o risco de nivelar situações muito diferentes, e reduzir ou até fazer
desaparecer a missão e os missionários ad gentes. A afirmação de que toda a
Igreja é missionária não exclui a existência de uma específica missão ad
gentes, assim como dizer que todos os católicos devem ser missionários não
impede — pelo contrário, exige-o — que haja missionários ad gentes, dedicados
por vocação específica à missão por toda a vida.
A missão ad gentes conserva o seu
valor
33.
As diferenças de actividade, no âmbito da única missão da Igreja, nascem não de
motivações intrínsecas à própria missão, mas das diversas circunstancias onde
ela se exerce. 51 Olhando o mundo
de hoje, do ponto de vista da evangelização, podemos distinguir três situações
distintas.
Antes
de mais, temos aquela a que se dirige a actividade missionária da Igreja:
povos, grupos humanos, contextos sócio-culturais onde Cristo e o Seu Evangelho
não são conhecidos, onde faltam comunidades cristãs suficientemente
amadurecidas para poderem encarnar a fé no próprio ambiente e anunciá-la a
outros grupos. Esta é propriamente a missão ad gentes. 52
Aparecem
depois as comunidades cristãs que possuem sólidas e adequadas estruturas
eclesiais, são fermento de fé e de vida, irradiando o testemunho do Evangelho
no seu ambiente, e sentindo o compromisso da missão universal. Nelas se
desenvolve a actividade ou cuidado pastoral da Igreja.
Finalmente,
existe a situação intermédia, especialmente nos países de antiga tradição
cristã, mas, por vezes, também nas Igrejas mais jovens, onde grupos inteiros de
baptizados perderam o sentido vivo da fé, não se reconhecendo já como membros
da Igreja e conduzindo uma vida distante de Cristo e do Seu Evangelho. Neste
caso, torna-se necessária uma «nova evangelização», ou «reevangelização».
34.
A actividade missionária específica, ou missão ad gentes, tem como
destinatários «os povos ou grupos que ainda não crêem em Cristo», «aqueles que
estão longe de Cristo», entre os quais a Igreja «não está ainda radicada», 53 e cuja cultura ainda não foi influenciada
pelo Evangelho. 54 Distingue-se
das outras actividades eclesiais por se dirigir a grupos e ambientes não
cristãos, caracterizados pela ausência ou insuficiência ao anúncio evangélico e
da presença eclesial. Vem a ser, portanto, a obra do anúncio de Cristo e do seu
Evangelho, da edificação da Igreja local, da promoção dos valores do Reino. A peculiaridade
da missão ad gentes deriva do facto de se orientar para os «não cristãos». É
preciso evitar, por isso, que esta «tarefa especificamente missionária, que
Jesus confiou e continua quotidianamente a confiar à Sua Igreja», 55 se torne numa realidade diluída na missão
global de todo o Povo de Deus, ficando desse modo descurada ou esquecida.
De
resto, os confins entre o cuidado pastoral dos fiéis, a nova evangelização e a
actividade missionária específica não são facilmente identificáveis, e não se
deve pensar em criar entre esses âmbitos barreiras ou compartimentos estanques.
Não se pode, no entanto, perder a tensão para o anúncio e para a fundação de
novas Igrejas entre povos ou grupos humanos, onde elas ainda não existem,
porque esta é a tarefa primária da Igreja, que é enviada a todos os povos, até
aos confins da terra. Sem a missão ad gentes, a própria dimensão missionária da
Igreja ficaria privada do seu significado fundamental e do seu exemplo de
actuação.
Registe-se
também uma real e crescente interdependência entre as diversas actividades
salvíficas da Igreja: cada uma influi sobre a outra, estimula e ajuda-a. O dinamismo
missionário permite uma troca de valores entre as Igrejas, e projecta para o
mundo exterior influência positiva em todos os sentidos. As Igrejas de antiga
tradição cristã, por exemplo, preocupadas com a dramática tarefa da nova
evangelização, estão mais conscientes de que não podem ser missionárias dos não
cristãos de outros países e continentes, se não se preocuparem seriamente comos
não cristãos da própria casa: a actividade missionária ad intra é sinal de
autenticidade e de estímulo para realizar a outra ad extra, e vice-versa.
A todos os povos, apesar das
dificuldades
35.
A missão ad gentes tem à sua frente uma tarefa imensa, que está muito longe de
se ver concluída. Pelo contrário, quer desde o ponto de vista numérico devido
ao aumento demográfico, quer do ponto de vista sociocultural pelo despontar de
novas relações e pela variação das situações, aquela missão parece destinada a
possuir horizontes ainda mais vastos. A tarefa de anunciar Jesus Cristo a todos
os povos apresenta-se enorme e desproporcionada relativamente às forças humanas
da Igreja.
As
dificuldades parecem insuperáveis e poderiam fazer desanimar, se se tratasse de
uma obra puramente humana. Em alguns países, está proibida a entrada de
missionários; noutros, é proibida tanto a evangelização, como a conversão e até
mesmo o culto cristão. Há outros lugares, onde os obstáculos são de natureza
cultural: a transmissão da mensagem evangélica mostra-se irrelevante ou
incompreensível, e a conversão é considerada como abandono do próprio povo e
cultura.
36.
Não faltam também, ao Povo de Deus, as dificuldades internas, que são as mais
dolorosas.
Já
o meu predecessor Paulo VI indicava, em primeiro lugar, «a falta de fervor,
tanto mais grave por nascer de dentro; manifesta-se no cansaço, na desilusão,
no acomodamento e no desinteresse, e sobretudo na falta de alegria e de esperança».
56 Grandes obstáculos à acção
missionária da Igreja são também as divisões, passadas e presentes, entre os
cristãos, 57 a descristianização
em países cristãos, a diminuição das vocações para o apostolado, o contratestemunho
de fiéis e de comunidades cristãs que não reproduzem em suas vidas o modelo de
Cristo. Mas uma das razões mais graves para o escasso interesse pelo
empenhamento missionário é a mentalidade do indiferentismo, hoje muito
difundida, infelizmente também entre os cristãos, frequentemente radicada em
concepções teológicas incorrectas, e geradora de um relativismo religioso, que
leva a pensar que «tanto vale uma religião como outra». Podemos, por último,
referir ainda — como dizia o mesmo Pontífice — a existência de «álibis que
podem afastar da evangelização; os mais insidiosos são certamente aqueles para
os quais se presume encontrar apoio neste ou naquele ensinamento do Concílio». 58
A
este respeito, recomendo vivamente aos teólogos e aos profissionais da imprensa
cristã que intensifiquem o seu serviço em favor da missão, para encontrarem o
sentido profundo do seu importante trabalho, no verdadeiro caminho do sentire
cum ecclesia.
As
dificuldades internas ou externas não nos devem deixar pessimistas e inactivos.
O que deve contar — aqui, como nos demais sectores da vida cristã — é a
confiança que provém da fé, ou seja, a certeza de não sermos nós os
protagonistas da missão, mas Jesus Cristo e o Seu Espírito. Somos apenas
colaboradores e, depois de termos feito tudo o que estava ao nosso alcance,
devemos dizer: «somos servos inúteis, só fizemos o que devíamos fazer» (Lc
17, 10).
Âmbitos da missão ad gentes
37.
A missão ad gentes, devido ao mandato universal de Cristo, não tem fronteiras.
Apesar disso, é possível identificar vários âmbitos, em que ela se concretiza,
para ficarmos com um quadro real da situação.
a)
Âmbitos territoriais. Normalmente a actividade missionária foi definida em
relação a territórios concretos. O Concílio Vaticano II reconheceu a dimensão
territorial da missão ad gentes, 59
que ainda hoje permanece válida para determinar responsabilidades, competências
e limites geográficos de acção. É certo que a uma missão universal deve corresponder
uma perspectiva universal: a Igreja, com efeito, não pode aceitar que
fronteiras geográficas e impedimentos políticos sejam obstáculos à sua presença
missionária. Mas é verdade também que a actividade missionária ad gentes, sendo
distinta do cui dado pastoral dos fiéis e da nova evangelização dos não
praticantes, se exerce em territórios e grupos humanos bem delimitados.
O
multiplicar-se das Igrejas jovens, nos últimos tempos, não deve iludir-nos. Nos
territórios confiados a estas Igrejas, especialmente na Ásia, mas também na
África, América Latina e na Oceânia, existem várias zonas não evangelizadas:
povos inteiros e áreas culturais de grande importância, em muitas nações, ainda
não foram alcançados pelo anúncio evangélico nem pela presença da Igreja local.
60 Inclusive em países
tradicionalmente cristãos, há regiões confiadas ao regime especial da missão ad
gentes, com grupos e áreas não evangelizadas. Impõe-se, pois, nestes países,
não apenas uma nova evangelização, mas, em certos casos, a primeira
evangelização. 61
As
situações, porém, não são homogéneas. Mesmo reconhecendo que as afirmações
sobre a responsabilidade missionária da Igreja não são dignas de crédito se não
forem autenticadas por um sério empenho numa nova evangelização nos Países de
antiga tradição cristã, não parece justo equiparar a situação de um povo que
nunca ouviu falar em Jesus Cristo, com a de um outro que o conheceu e aceitou,
mas depois o rejeitou, embora continuando a viver numa cultura que absorveu em
grande parte os princípios e valores evangélicos. Em relação à fé, são duas
posições substancialmente diferentes.
Portanto,
o critério geográfico, mesmo se provisório e não muito preciso, serve ainda
para indicar as fronteiras para as quais se deve dirigir a actividade missionária.
Existem Países e áreas geográficas e culturais onde faltam comunidades cristãs
autóctones; noutros lugares, estas são tão pequenas, que não é possível
reconhecer nelas um sinal claro da presença cristã; ou então, a estas
comunidades, falta o dinamismo para evangelizar a própria sociedade, ou
pertencem a populações minoritárias, não inseridas na cultura dominante. Em particular
no Continente asiático, para onde deveria orientar-se principalmente a missão
ad gentes, os cristãos são uma pequena minoria, apesar de às vezes se
verificarem movimentos significativos de conversão e testemunhos exemplares de
presença cristã.
b)
Mundos e fenómenos sociais novos. As rápidas e profundas transformações que
caracterizam o mundo de hoje, particularmente no Hemisfério Sul, influem
decididamente no quadro missionário: onde antes as situações humanas e sociais
eram estáveis, hoje tudo está em movimentação. Pensemos, por exemplo, na
urbanização e no maciço aumento das cidades, especialmente onde é mais forte a
pressão demográfica. Em muitos Países, mais de metade da população vive em
algumas megalópoles, onde os problemas do homem frequentemente pioram, entre
outras razões, por causa do anonimato em que ficam imersas as multidões.
Nos
tempos modernos, a actividade missionária desenvolveu-se sobretudo em regiões
isoladas, longe dos centros civilizados e inacessíveis por dificuldades de
comunicação, de língua e de clima. Hoje a imagem da missão ad gentes está
talvez a mudar: lugares privilegiados deveriam ser as grandes cidades, onde
surgem novos costumes e modelos de vida, novas formas de cultura e comunicação
que depois influem na população. É verdade que a «escolha dos menos afortunados»
deve levar a não descuidar os grupos humanos mais isolados e marginalizados,
mas também é verdade que não é possível evangelizar as pessoas ou pequenos
grupos, descuidando os centros onde nasce — pode-se dizer — uma nova
humanidade, com novos modelos de desenvolvimento. O futuro das jovens Nações
está-se a formar nas cidades.
Falando
de futuro, não é possível esquecer os jovens que, em numerosos Países,
constituem mais de metade da população. Como proceder para que a mensagem de
Cristo atinja esses jovens não cristãos, que são o futuro de inteiros
Continentes? Evidentemente já não bastam os meios tradicionais da pastoral: são
necessárias associações e instituições, grupos e centros específicos,
iniciativas culturais e sociais para os jovens. Eis um âmbito onde os modernos
Movimentos Eclesiais têm largo campo de acção.
Entre
as grandes transformações do mundo contemporâneo, as migrações produziram um
novo fenómeno: os não cristãos chegam em grande número aos Países de antiga
tradição cristã, criando novas ocasiões para contactos e intercâmbios
culturais, esperando da Igreja o acolhimento, o diálogo, a ajuda, numa palavra,
a fraternidade. De entre os emigrantes, os refugiados ocupam um lugar especial
e merecem a máxima atenção. São já muitos milhões no mundo e não cessam de
aumentar: fogem da opressão política e da miséria desumana, da fome e da seca
que assume dimensões catastróficas. A Igreja deve acolhê-los no âmbito da sua
solicitude apostólica.
Por
fim, lembramos as situações de pobreza, frequentemente intoleráveis, que se
criam em bastantes Países, e estão muitas vezes na origem de migrações em
massa. Estas situações desumanas desafiam a comunidade cristã: o anúncio de
Cristo e do Reino de Deus deve tornar-se instrumento de redenção humana para
estas populações.
c)
Áreas culturais, ou modernos areópagos. Paulo, depois de ter pregado em
numerosos lugares, chega a Atenas e vai ao areópago, onde anuncia o Evangelho,
usando uma linguagem adaptada e compreensível para aquele ambiente (Cf. At
17, 22-31). O areópago representava, então, o centro da cultura do douto
povo ateniense, e hoje pode ser tomado como símbolo dos novos ambientes onde o
Evangelho deve ser proclamado.
O
primeiro areópago dos tempos modernos é o mundo das comunicações, que está a
unificar a humanidade, transformando-a — como se costuma dizer — na «aldeia global».
Os meios de comunicação social alcançaram tamanha importância que são para
muitos o principal instrumento de informação e formação, de guia e inspiração
dos comportamentos individuais, familiares e sociais. Principalmente as novas
gerações crescem num mundo condicionado pelos mass-média. Talvez se tenha
descuidado um pouco este areópago: deu-se preferência a outros instrumentos
para o anúncio evangélico e para a formação, enquanto os mass-média foram
deixados à iniciativa de particulares ou de pequenos grupos, entrando apenas
secundariamente na programação pastoral. O uso dos mass-média, no entanto, não
tem somente a finalidade de multiplicar o anúncio do Evangelho: trata-se de um
facto muito mais profundo porque a própria evangelização da cultura moderna
depende, em grande parte, da sua influência. Não é suficiente, portanto,
usá-los para difundir a mensagem cristã e o Magistério da Igreja, mas é
necessário integrar a mensagem nesta «nova cultura», criada pelas modernas
comunicações. É um problema complexo, pois esta cultura nasce, menos dos
conteúdos do que do próprio facto de existirem novos modos de comunicar com
novas linguagens, novas técnicas, novas atitudes psicológicas O meu predecessor
Paulo VI dizia que «a rutura entre o Evangelho e a cultura é, sem dúvida, o
drama da nossa época»; 62 e 0
campo da comunicação moderna confirma plenamente este juízo.
Existem
muitos outros areópagos do mundo moderno, para os quais se deve orientar a
actividade missionária dos povos. Por exemplo, o empenhamento pela paz, o desenvolvimento
e a libertação dos povos, sobretudo o das minorias; a promoção da mulher e da
criança; a protecção da natureza, são outros tantos sectores a serem iluminados
pela luz do Evangelho.
É
preciso lembrar além disso, o vastíssimo areópago da cultura, da pesquisa
científica, das relações internacionais que favorecem o diálogo e levam a novos
projectos de vida. Convém estar atentos e empenhados nestas exigências
modernas. Os homens sentem-se como que a navegar no mesmo mar tempestuoso da
vida, chamados a uma unidade e solidariedade cada vez maior: as soluções para
os problemas existenciais são estudadas, discutidas e experimentadas com o
concurso de todos. Eis porque os organismos e as convenções internacionais se
apresentam cada vez mais importantes, em muitos sectores da vida humana, desde
a cultura à política, da economia à pesquisa Os cristãos, que vivem e trabalham
nesta dimensão internacional, tenham sempre presente o seu dever de testemunhar
o Evangelho.
(Nota: Revisão da tradução para português por ama)
______________________________
Notas:
49
Conc. Ecum. Vat. II, Decreto sobre a actividade missionária da Igreja Ad
gentes, 10.
50
Exort. Ap. pós-sinodal Christifideles laici (30/XII/1988), 35: AAS 81 (1989),
457.
51
Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decreto sobre a actividade missionária da Igreja Ad
gentes, 6.
52
Cf. ibid., 6.
53
ibid., 6. 23; cf. 27.
54
Cf. Paulo VI, Exort. Ap. Evangelii nuntiandi, 18-20: l.c., 17-19.
55
Exort. Ap. pós-sinodal Christifideles laici, 35: l.c., 457.
56
Exort. Ap. Evangelii nuntiandi, 80: l.c., 73.
57
Cf. Conc. Ecumt. Vat. II, Decreto sobre a actividade missionária da Igreja Ad
gentes, 6.
58
Exort. Ap. Evangelii nuntiandi, 80: l.c., 73.
59
Cf. Decreto sobre a actividade missionária da Igreja Ad gentes, 6.
60
Cf. ibid., 20.
61
Cf. Discurso aos membros do Simpósio do Conselbo das Conferências Episcopais da
Europa, 11 de Outubro de 1985: AAS 78 (1986), 178-189.
62
Exort. Ap. Evangelii nuntiandi, 20: l.c., 19.
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