Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Jo 6, 16-34
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Evangelho: Jo 6, 16-34
16 Quando chegou a tarde, os Seus discípulos
desceram para junto do mar 17 e, tendo subido para uma barca,
atravessaram o mar em direcção a Cafarnaum. Era já escuro, e Jesus ainda não
tinha ido ter com eles. 18 Entretanto, o mar começava a
encrespar-se, por causa do vento forte que soprava. 19 Tendo remado
cerca de vinte e cinco ou trinta estádios, viram Jesus caminhando sobre o mar,
em direcção à barca, e ficaram atemorizados. 20 Mas Ele disse-lhes:
«Sou Eu, não temais». 21 Quiseram então recebê-l'O na barca e logo a
barca chegou à terra para onde iam. 22 No dia seguinte, a multidão,
que tinha ficado do outro lado do mar, advertiu que não havia ali mais que uma
barca e que Jesus não tinha entrado nela com os Seus discípulos, mas que os
Seus discípulos tinham partido sós. 23 Entretanto, arribaram de
Tiberíades outras barcas perto do lugar onde haviam comido o pão, depois de o
Senhor ter dado graças. 24 Tendo, pois, a multidão visto que lá não
estava nem Jesus nem os Seus discípulos, entrou naquelas barcas e foi a
Cafarnaum em busca de Jesus. 25 Tendo-O encontrado do outro lado do
mar, disseram-lhe: «Mestre, quando chegaste aqui?». 26 Jesus
respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Vós buscais-Me não porque
vistes os milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes saciados. 27
Trabalhai não pela comida que perece, mas pela que dura até à vida eterna, e
que o Filho do Homem vos dará. Porque n'Ele imprimiu Deus Pai o Seu selo». 28
Eles, então, disseram-Lhe: «Que devemos fazer para praticar as obras de Deus?».
29 Jesus respondeu: «A obra de Deus é esta: Que acrediteis n'Aquele
que Ele enviou». 30 Mas eles disseram-Lhe: «Que milagre fazes Tu,
para que o vejamos e acreditemos em Ti? Que fazes Tu? 31 Nossos pais
comeram o maná no deserto, segundo está escrito: “Deu-lhes a comer o pão do
céu”». 32 Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo:
Moisés não vos deu o pão do céu, mas Meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do
céu. 33 Porque o Pão de Deus é Aquele que desceu do céu e dá a vida
ao mundo». 34 Então
disseram-Lhe: «Senhor, dá-nos sempre desse pão».
CARTA
ENCÍCLICA
SLAVORUM APOSTOLI
DO
SUMO PONTÍFICE
JOÃO
PAULO II
AOS
BISPOS, AOS SACERDOTES,
ÀS
FAMÍLIAS RELIGIOSAS
E
A TODOS OS FIÉIS CRISTÃOS,
PARA
COMEMORAR A OBRA DE EVANGELIZAÇÃO
DOS
SANTOS CIRILO E METÓDIO
NO
UNDÉCIMO CENTENÁRIO
/…2
III
ARAUTOS DO EVANGELHO
8.
Bizantinos pela cultura, os irmãos Cirilo e Metódio souberam tornar-se
apóstolos dos eslavos no sentido pleno da palavra. O afastamento da pátria é
algo que Deus às vezes exige dos homens que escolhe; aceitá-lo com fé na sua
promessa é sempre uma condição misteriosa e fecunda para o desenvolvimento e o
crescimento do povo de Deus na Terra. O Senhor disse a Abraão: "Sai da tua
terra, da tua pátria e da tua casa paterna e vai para a região que eu te
mostrar. E eu farei sair de ti um grande povo e te abençoarei; engrandecerei o
teu nome e serás uma fonte de bênção". 13
Durante
a visão nocturna que são Paulo teve em Trôade, na Ásia Menor, um macedónio,
portanto um habitante do continente europeu, apresentou-se diante dele e
suplicou-lhe que fosse para junto do seu povo, para ali anunciar a palavra de
Deus: "Passa para a Macedónia e traz-nos auxílio". 14
A
Providência divina, que para os dois santos irmãos se manifestou pela voz e
autoridade do Imperador de Bizâncio e do Patriarca da Igreja de Constantinopla,
exortou-os de maneira semelhante, ao pedir-lhes que se dirigissem em missão
junto aos eslavos. Esse encargo implicava para eles ter de deixar não só uma
situação honrosa, mas também a vida contemplativa; comportava ter de sair do
âmbito do Império bizantino e empreender uma longa peregrinação a serviço do
Evangelho, entre povos que se encontravam, sob muitos aspectos, bem longe do
sistema de convivência em sociedade fundada sobre a organização avançada do
Estado e sobre a aprimorada cultura de Bizâncio, impregnada de princípios
cristãos. O Romano Pontífice por três vezes faz análogo apelo a Metódio, quando
o enviou como bispo para o meio dos eslavos da Grande Morávia, nas regiões
eclesiásticas da antiga diocese de Panónia.
9.
A Vida de Metódio em eslavo apresenta o pedido que foi dirigido pelo príncipe
Ratislau ao imperador Miguel III, por intermédio dos seus enviados, com estas
palavras: "Chegaram aqui, em nosso meio, numerosos mestres cristãos da
Itália, da Grécia e da Germânia, para nos instruir de diversas maneiras. Mas
nós, os eslavos... não temos ninguém que nos oriente para a verdade e nos
instrua de modo compreensível". 15
Foi então que foram convidados Constantino e Metódio. A sua resposta ao
convite, profundamente cristã nessa conjuntura e em todas as outras
circunstâncias semelhantes, está admiravelmente expressa nas palavras que
Constantino dirigiu ao Imperador: "Ainda que cansado e fisicamente
combalido, irei com alegria para esse País"; 16
"Parto com alegria, motivado pela fé cristã". 17
A
verdade e a força de seu mandato missionário nasciam das profundezas do
mistério da Redenção, e a sua obra evangelizadora entre os povos eslavos
deveria constituir um elo importante na missão que o Salvador confiou à Igreja
universal até o fim dos tempos. Ela constituiu — numa época determinada e em
circunstâncias concretas — o cumprimento das palavras de Cristo que, com o
poder da sua Cruz e da sua Ressurreição, ordenou aos apóstolos: «Pregai o Evangelho a toda criatura»; 18 «Ide,
ensinai todas as gentes». 19
Procedendo como procederam, os evangelizadores e mestres dos povos eslavos deixaram-se
orientar pelo ideal apostólico de são Paulo: "De fato, todos vós sois
filhos de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, pois quantos fostes baptizados em
Cristo, revestistes-vos de Cristo. Não há judeu nem gentio, não há escravo nem
livre, não há homem nem mulher: todos vós sois um só em Cristo Jesus". 20
Além
de um grande respeito pelas pessoas e da solicitude desinteressada pelo seu
verdadeiro bem, os dois santos irmãos demonstraram ter também os adequados
recursos de energia, de prudência, de zelo e de caridade, indispensáveis para
levar a luz aos futuros fiéis cristãos e, ao mesmo tempo, para lhes indicar o
bem e para os ajudar concretamente a alcançá-lo. Foi com este objectivo que
eles quiseram tornar-se semelhantes, sob todos os aspectos, àqueles a quem levavam
o Evangelho; procuraram integrar-se naqueles povos e compartilhar em tudo a sua
sorte.
10.
Precisamente por esse motivo julgaram natural tomar claramente uma posição em
todos os conflitos, que então perturbavam as sociedades eslavas, em vias de
organização, assumindo como próprias as dificuldades e os problemas inevitáveis
para povos que defendiam a própria identidade, em face da pressão militar e
cultural do novo Império romano germânico, e que tentavam repelir aquelas
formas de vida que eles consideravam como estranhas. Era também o momento em
que começavam divergências mais amplas, infelizmente destinadas a acentuar-se,
entre a cristandade oriental e a ocidental, nas quais os dois santos
missionários se acharam pessoalmente implicados. Mas eles souberam manter
sempre uma ortodoxia incontestável e demonstrar que, coerentemente, estavam bem
atentos tanto ao depósito da tradição como às novas maneiras de viver próprias
dos povos evangelizados. Situações contrastantes não raro se lhes apresentaram
com toda a sua ambígua e dolorosa complexidade. Mas nem por isso Constantino e
Metódio procuraram fugir da provação: a incompreensão, a má fé declarada e até,
para são Metódio, os grilhões, aceitos por amor de Cristo, não conseguiram
demover nem um nem outro da determinação firme de favorecer e de servir o maior
bem dos povos eslavos e a unidade da Igreja universal. Foi o preço que tiveram
de pagar pela difusão do Evangelho, pela empresa missionária e pela busca
corajosa de novas formas de vida e de meios eficazes para fazer com que a Boa
Nova chegasse às nações eslavas que se estavam formando.
Com
a perspectiva da evangelização — como as suas biografias indicam —, os dois
santos irmãos dedicaram-se à difícil tarefa de traduzir os textos da Sagrada
Escritura, que eles conheciam em grego, para a língua daquela estirpe eslava,
que se estabelecera até os confins da sua região e da sua terra natal.
Valendo-se para esta obra árdua e singular da língua grega que dominavam e da
própria cultura, eles propuseram-se como objectivo chegar a compreender e a
penetrar a língua, os costumes e as tradições próprios dos povos eslavos, interpretando
fielmente as suas aspirações e os valores humanos que neles havia e neles se
exprimiam.
11.
Para traduzir as verdades evangélicas numa língua nova, eles tiveram de fazer o
possível para conhecer bem a fundo o mundo interior daqueles a quem pretendiam
anunciar a palavra de Deus com imagens e conceitos que Lhes fossem familiares.
Introduzir correctamente as noções da Bíblia e os conceitos da teologia grega
num contexto de experiências históricas e de pensamentos muito diversos
apresentava-se para eles como condição indispensável para o feliz êxito da sua actividade
missionária. Tratava-se de um novo método de catequese. Para defender a
legitimidade e demonstrar a eficácia do mesmo, são Metódio não hesitou em
acolher docilmente, num primeiro momento com o irmão e depois sozinho, os
convites que lhe foram dirigidos para ir a Roma, recebidos no ano de 867 pelo
papa Nicolau I, e no ano de 879 pelo papa João VIII, que quiseram confrontar a
doutrina que eles ensinavam na Grande Morávia com aquela que fora legada,
juntamente com o troféu glorioso das suas relíquias, pelos apóstolos são Pedro
e são Paulo à primeira cátedra episcopal da Igreja.
Para
começar, Constantino e os seus colaboradores tinham-se empenhado em criar um
novo alfabeto, para que as verdades que deveriam ser anunciadas e explicadas
pudessem ser escritas na língua eslava e, desse modo, se tomassem inteiramente
compreensíveis e assimiláveis aos seus destinatários. O esforço para se
familiarizar com a língua e com a mentalidade dos novos povos, aos quais havia
de ser levada a fé, foi deveras digno do espírito missionário, como foi
exemplar também a determinação em assimilar e fazer próprias todas as
exigências e as expectativas dos povos eslavos. A generosa decisão de
identificar-se com a sua própria vida e com a sua tradição, depois de as terem
purificado e iluminado com a Revelação, toma Cirilo e Metódio verdadeiros
modelos para todos os missionários que, nas diversas épocas, acolheram o apelo
de são Paulo de fazer-se tudo para todos a fim de resgatar todos os homens; e,
em particular, para os missionários que desde a antiguidade até os tempos
modernos — da Europa à Ásia e hoje em todos os continentes — se esforçaram por
traduzir para as línguas vivas dos diversos povos a Bíblia e os textos
litúrgicos, com o objectivo de fazer ouvir nelas a única palavra de Deus, deste
modo tornada acessível pela adopção dos meios de se exprimir próprios de cada
civilização.
A
comunhão perfeita no amor preserva a Igreja de qualquer forma de particularismo
ou de exclusivismo étnico ou de preconceito racial, bem como de qualquer
orgulho nacionalista. Esta comunhão deve elevar e sublimar todos os sentimentos
legítimos puramente naturais do coração humano.
IV
IMPLANTARAM A IGREJA DE DEUS
12.
A característica que eu desejo realçar, de maneira especial, no comportamento
seguido pelos apóstolos dos eslavos, Cirilo e Metódio, é o seu modo pacífico de
edificar a Igreja, inspirados como eram pela sua concepção da Igreja una, santa
e universal.
Embora
os cristãos eslavos, mais do que quaisquer outros, considerem de bom grado os
santos irmãos como "eslavos de coração", estes continuam todavia
homens de cultura helénica e de formação bizantina; isto é, homens que
pertencem em tudo à tradição do Oriente cristão, tanto civil como eclesiástico.
No
seu tempo, as divergências entre Constantinopla e Roma já haviam começado a
delinear-se como pretextos de desunião, muito embora se estivesse ainda longe
da deplorável cisão entre as duas partes da mesma cristandade. Os
evangelizadores e mestres dos eslavos partiram em direcção à Grande Morávia,
compenetrados de toda a riqueza da tradição e da experiência religiosa que
caracterizava o cristianismo oriental e que tinha um reflexo particular no
ensino teológico e na celebração da sagrada liturgia.
Não
apenas todo ofício divino era celebrado, havia já muito tempo, em grego, em
todas as igrejas situadas dentro das fronteiras do Império bizantino, mas as
tradições próprias de numerosas Igrejas nacionais do Oriente — como a georgiana
e a siríaca —, que usavam para o serviço divino a língua do seu povo, eram bem
conhecidas pela cultura superior de Constantinopla, de modo especial por Constantino
Filósofo, graças aos seus estudos e aos repetidos contactos que havia tido com
cristãos daquelas Igrejas, tanto na capital como no decorrer das suas viagens.
Ambos
os irmãos, conscientes da antiguidade e da legitimidade dessas sagradas
tradições, não tiveram pois receio de empregar a língua eslava na liturgia,
tornando-a um instrumento eficaz para familiarizar com as verdades divinas
todos os que falavam essa língua. Fizeram isso com uma consciência a que era
alheio qualquer espírito de superioridade ou de dominação; mas por amor à
justiça e com zelo apostólico evidente, em relação aos povos que estavam a
desenvolver-se.
O
cristianismo ocidental, depois das migrações dos novos povos, amalgamara os
grupos étnicos adventícios com as populações latinas aí residentes, estendendo
a todos, no intuito de uni-los, a língua, a liturgia e a cultura latinas,
veiculadas pela Igreja de Roma. Da uniformidade assim alcançada derivava para
sociedades relativamente novas e em plena expansão um sentimento de força e de
coesão, que contribuía quer para uma união mais estreita entre si, quer para
uma sua afirmação mais vigorosa na Europa. Pode compreender-se que, numa
situação semelhante, qualquer diversidade podia ser interpretada por muitos
como uma ameaça à unidade ainda em devir, e como podia tornar-se forte a
tentação de eliminá-la, recorrendo eventualmente mesmo à força de coerção.
13.
Sob este ponto de vista, é singular e admirável verificar que os santos irmãos,
actuando em situações tão complexas e precárias, não procuravam impor aos povos
aos quais deviam pregar nem sequer a indiscutível superioridade da língua grega
e da cultura bizantina, ou os costumes e modos de comportar-se da sociedade
mais desenvolvida, em que eles próprios haviam sido educados e que, evidentemente,
continuavam a ser para eles familiares e caros. Movidos pelo ideal de unir em
Cristo os novos fiéis, eles adaptaram à língua eslava os textos ricos e
requintados da liturgia bizantina e conformaram à mentalidade e aos costumes
dos novos povos as elaborações sutis e complexas do direito greco-romano. Em
função desse mesmo programa de concórdia e de paz, respeitaram em todos os
momentos as obrigações da sua missão, tendo em conta as prerrogativas tradicionais
e os direitos eclesiásticos definidos pelos cânones conciliares, de tal maneira
que julgaram seu dever mesmo como súbditos do Império do Oriente e cristãos
sujeitos à jurisdição do Patriarcado de Constantinopla — prestar contas ao
Romano Pontífice das suas actividades missionárias e submeter ao seu juízo,
para obter a devida aprovação, a fé que professavam e ensinavam, os livros
litúrgicos compostos em língua eslava e os métodos adoptados para a
evangelização daqueles povos.
Tendo
empreendido a sua missão por mandato de Constantinopla, eles procuraram depois,
em certo sentido, que ela fosse confirmada, voltando-se para a Sé Apostólica de
Roma, centro visível da unidade da Igreja. 21
Foi assim que eles edificaram a Igreja, movidos pelo sentido da sua universalidade,
como Igreja una, santa, católica e apostólica. É o que resulta de forma bem
clara e bem explícita de todo o seu modo de comportar-se. Pode-se dizer que a
invocação de Jesus na oração sacerdotal — ut
unum sint (para que sejam uma coisa só) 22
— representa o seu lema missionário, segundo o espírito das palavras do
salmista: "Nações, louvai todas ao Senhor, enaltecei-o, povos todos".
23 Para nós, homens de hoje, o
seu apostolado, indirectamente, possui também a eloquência de um apelo ecuménico:
é um convite a reedificar, na paz da reconciliação, a unidade que ficou gravemente
fendida pouco depois da época dos santos Cirilo e Metódio e, em primeiríssimo
lugar, a unidade entre o Oriente e o Ocidente.
A
convicção dos santos irmãos de Salónica, segundo a qual todas as Igrejas locais
são chamadas a enriquecer com os próprios dons o "pleroma" católico,
estava em perfeita harmonia com a sua intuição evangélica de que as diversas
condições de vida das Igrejas cristãs particulares não podem nunca justificar
dissonâncias, discórdias e dilacerações na profissão da única fé e na prática
da caridade.
14.
Como é sabido, segundo o ensinamento do Concílio Vaticano II, "entendem-se
por movimento ecuménico todas as actividades e iniciativas que são suscitadas e
ordenadas, segundo as várias necessidades da Igreja e as oportunidades dos
tempos, no sentido de favorecer a unidade dos cristãos". 24 Não parece, pois, nada anacrónico ver nos
santos Cirilo e Metódio os autênticos precursores do ecumenismo, pelo fato de
eles terem querido eficazmente eliminar ou diminuir todas as divisões
verdadeiras ou até só aparentes entre as diversas comunidades que fazem parte
da mesma Igreja. De fato, a divisão, que por infelicidade aconteceu na história
da Igreja e lamentavelmente ainda perdura, "não só contradiz abertamente a
vontade de Cristo, como também é motivo de escândalo para o mundo e prejudica a
santíssima causa da pregação do Evangelho a todas as criaturas". 25
A
solicitude ardorosa demonstrada por ambos os irmãos, especialmente por Metódio,
em virtude da sua responsabilidade episcopal, por conservar a unidade da fé e
do amor entre as Igrejas das quais faziam parte, isto é, a Igreja de
Constantinopla e a Igreja romana, de uma parte, e as Igrejas nascentes em
terras eslavas, de outra, foi e continuará a ser sempre o seu grande mérito.
Este mérito apresenta-se ainda maior se se tiver em conta que a sua missão se
desenrolou no período 863-885, portanto em anos críticos, em que se manifestaram
e começaram a aprofundar-se a dissidência e a áspera controvérsia entre as
Igrejas do Oriente e do Ocidente. A divisão acentuou-se por causa da questão da
dependência canónica da Bulgária, que precisamente nessa altura tinha aceitado
oficialmente o cristianismo.
Nesse
período tempestuoso, assinalado também por conflitos armados entre povos
cristãos confinantes, os santos irmãos de Salónica mantiveram uma fidelidade
firme e bem vigilante em relação à recta doutrina e à tradição da Igreja
perfeitamente unida e, em particular, às "instituições divinas" e as
"instituições eclesiásticas", 26
sobre as quais, segundo os cânones dos antigos Concílios, assentavam a sua
estrutura e a sua organização. Essa fidelidade permitiu-lhes levar a bom termo
as suas grandes tarefas missionárias e permanecer em plena unidade espiritual e
canónica com a Igreja romana, com a Igreja de Constantinopla e com as novas
Igrejas, por eles fundadas entre os povos eslavos.
(Nota: Revisão da tradução para português por ama)
___________________________
Notas:
22 Jo 17,21s.
23 Sl 117 116, 1.
24 Decr. sobre o Ecumenismo Unitatis redintegratio, 4.
25 Decr. sobre o Ecumenismo Unitatis redintegratio, 1.
26 Cf. Vita Methodii IX, 3;
VIII, 16: ed. cit., pp. 229; 228
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