S. Josemaria responde a dez perguntas sobre o matrimónio, o amor, o namoro, a fidelidade, a educação dos filhos, os principais valores para conseguir a unidade familiar, o que acontece quando não se têm filhos…
A infecundidade matrimonial – e a frustração que pode trazer consigo – é, por vezes, fonte de desavenças e incompreensões. Na sua opinião, que sentido devem dar ao casamento os esposos cristãos que não têm descendência?
Em primeiro lugar, dir-lhes-ei que não devem dar-se por vencidos com demasiada facilidade. É preciso pedir a Deus que lhes conceda descendência, que os abençoe - se for essa a sua vontade - como abençoou os Patriarcas do Antigo Testamento. Depois, é conveniente que recorram a um bom médico, elas e eles. Se, apesar de tudo, o Senhor não lhes dá filhos, não devem ver nisso nenhuma frustração, devem ficar satisfeitos, descobrindo nesse facto precisamente a Vontade de Deus em relação a eles. Muitas vezes, o Senhor não dá filhos porque pede mais. Pede que se tenha o mesmo esforço e a mesma entrega delicada ajudando o próximo, sem o júbilo bem humano de ter tido filhos. Não há, pois, motivo para se sentirem fracassados, nem para dar lugar à tristeza.
Se os esposos têm vida interior, compreenderão que Deus os insta, levando-os a fazer da sua vida um generoso serviço cristão, um apostolado diferente do que realizariam com os seus filhos, mas igualmente maravilhoso.
Que olhem à sua volta, e descobrirão imediatamente pessoas que necessitam de ajuda, de caridade e de carinho. Há, além disso, muitas ocupações apostólicas em que podem trabalhar. E, se sabem pôr o coração nessa tarefa, se se sabem dar generosamente aos outros, esquecendo-se de si próprios, terão uma fecundidade esplêndida, uma paternidade espiritual que encherá a sua alma de verdadeira paz.
As soluções concretas podem ser diferentes em cada caso, mas, no fundo, todas se reduzem a ocupar-se dos outros com afã de servir, com amor. Deus recompensa sempre aqueles que têm a generosa humildade de não pensarem em si mesmos, dando às suas almas uma profunda alegria.
(s. josemaria, Temas actuais do cristianismo, 96)
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