Cultivar a Fé
5. Agnosticismo e a indiferença religiosa
O agnosticismo, difundido especialmente nos ambientes intelectuais, defende que a razão humana nada pode concluir sobre Deus e a sua existência. Com frequência, os seus defensores empenham-se na vida pessoal e social, mas sem nenhuma referência a um fim último, procurando assim viver um humanismo sem Deus. A posição agnóstica acaba, com frequência, por se identificar com o ateísmo prático. De resto, quem pretendesse orientar os fins parciais do próprio viver quotidiano sem nenhum tipo de compromisso para que tende naturalmente o fim último dos próprios actos, na realidade teria que dizer-se que, no fundo, já elegeu um fim, de carácter imanente, para a própria vida. A posição agnóstica merece, de qualquer modo, respeito, se bem que os seus defensores devem ser ajudados a demonstrar a rectidão da sua não-negação de Deus, mantendo uma abertura à possibilidade de reconhecer a Sua existência e revelação na história.
A indiferença religiosa – também chamada “irreligiosidade” – representa hoje a principal manifestação de incredulidade e como tal, recebeu uma crescente atenção por parte do Magistério da Igreja [1]. O tema de Deus não se toma a sério, ou não se toma em absoluta consideração porque é sufocado, na prática, por uma vida orientada para os bens materiais. A indiferença religiosa coexiste com uma certa simpatia pelo sagrado, e talvez pelo pseudo-religioso, desfrutados de um modo moralmente descuidado, como se fossem bens de consumo. Para manter por longo tempo uma posição de indiferença religiosa, o ser humano necessita de contínuas distracções e, assim, não se deter nos problemas existenciais mais importantes, afastando-os quer da própria vida quotidiana quer da própria consciência: o sentido da vida e da morte, o valor moral das próprias acções, etc. Mas, como na vida de uma pessoa há sempre acontecimentos que “marcam a diferença” (paixões, paternidade e maternidade, mortes prematuras, dores e alegrias, etc.), a posição de “indiferentismo” religioso não é sustentável ao longo de toda a vida, porque não se pode evitar interrogar-se sobre Deus, pelo menos, alguma vez. Partindo de tais eventos existencialmente significativos, é necessário ajudar o indiferente a abrir-se com seriedade à procura e afirmação de Deus.
giuseppe tanzella-nitti
Bibliografia básica
Catecismo da Igreja Católica, 27-49
Concílio Vaticano II, Const. Gaudium et Spes, 4-22
João Paulo II, Enc. Fides et Ratio, 14-IX-1998, 16-35.
Bento XVI, Enc. Spe Salvi, 30-XI-2007, 4-12.
© Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet
http://www.opusdei.pt/art.php?p=13979
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.