18/03/2012

Leitura Espiritual para 18 Mar 2012

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.




Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Lc 9, 44-62

Enquanto todos admiravam as coisas que fazia, Jesus disse aos discípulos: 44 «Fixai bem estas palavras: O Filho do Homem está para ser entregue nas mãos dos homens». 45 Eles, porém, não entendiam esta linguagem; era-lhes tão obscura que não a compreendiam; e tinham medo de O interrogar acerca dela. 46 Começaram a discutir entre si sobre qual deles era o maior. 47 Jesus, vendo os pensamentos do seu coração, tomou pela mão uma criança, pô-la junto de Si, 48 e disse-lhes: «Aquele que receber esta criança em Meu nome, a Mim recebe; e quem Me receber, recebe Aquele que Me enviou. Porque quem de entre vós é o menor, esse é o maior». 49 João, tomando a palavra, disse: «Mestre, nós vimos um que expulsava os demónios em Teu nome e lho proibimos, porque não anda connosco». 50 Jesus respondeu-lhe: «Não lho proibais, porque quem não é contra vós é por vós». 51 Aconteceu que, aproximando-se o tempo da Sua partida deste mundo, dirigiu-Se resolutamente para Jerusalém, 52 e enviou adiante de Si mensageiros, que entraram numa aldeia de samaritanos para Lhe prepararem pousada. 53 Não O receberam, por dar mostras de que ia para Jerusalém. 54 Vendo isto, os Seus discípulos Tiago e João disseram: «Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu que os consuma?». 55 Ele, porém, voltando-Se para eles, repreendeu-os. 56 E foram para outra povoação. 57 Indo eles pelo caminho, veio um homem que Lhe disse: «Seguir-Te-ei para onde quer que fores». 58 Jesus respondeu-lhe: «As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, porém, o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça». 59 A um outro disse: «Segue-Me». Mas ele disse: «Senhor, permite-me que eu vá primeiro sepultar meu pai». 60 Mas Jesus replicou: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos; tu vai anunciar o reino de Deus». 61 Um outro disse-Lhe: «Senhor, seguir-Te-ei, mas permite que vá primeiro dizer adeus aos de minha casa». 62 Jesus respondeu-lhe: «Ninguém que, depois de ter metido a mão no arado olha para trás, é apto para o reino de Deus».


CARTA APOSTÓLICA
DIES DOMINI
DO SUMO PONTÍFICE
JOÃO PAULO II
AO EPISCOPADO
AO CLERO E AOS FIÉIS
DA IGREJA CATÓLICA
SOBRE A SANTIFICAÇÃO DO DOMINGO
/…8

Dia de solidariedade

69. O domingo deve dar oportunidade aos fiéis para se dedicarem também às actividades de misericórdia, caridade e apostolado. A participação interior na alegria de Cristo ressuscitado implica a partilha total do amor que pulsa no seu coração: não há alegria sem amor! O próprio Jesus no-lo explica, ao pôr em relação o “mandamento novo” com o dom da alegria: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, do mesmo modo que Eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor. Digo-vos isto para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa. O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 15,10-12).

Assim, a Eucaristia dominical não só não desvia dos deveres de caridade, mas, pelo contrário, estimula os fiéis “a tudo o que seja obra de caridade, de piedade e apostolado, onde os cristãos possam mostrar que são a luz do mundo, embora não sejam deste mundo, e que glorificam o Pai diante dos homens”. [1]

70. De facto, a reunião dominical constituiu para os cristãos, desde os tempos apostólicos, um momento de partilha fraterna com os mais pobres. “No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em sua casa, o que tiver podido poupar” (1 Cor 16,2). Trata-se aqui da colecta organizada por S. Paulo em favor das Igrejas pobres da Judeia: na Eucaristia dominical, o coração crente cresce até assumir as dimensões da Igreja. Mas, é preciso compreender profundamente o convite do Apóstolo, que, longe de promover uma mentalidade mesquinha que se contente do “óbolo”, faz apelo sobretudo a uma exigente cultura da solidariedade, concretizada tanto entre os próprios membros da comunidade como em favor da sociedade inteira. [2] Há uma grande necessidade de escutar de novo as severas advertências que ele faz à comunidade de Corinto, culpada de ter humilhado os pobres na ágape fraterna que acompanhava a “ceia do Senhor”: “Deste modo, quando vos reunis, não o fazeis para comer a ceia do Senhor, pois cada um de vós se apressa a tomar a sua própria ceia; e, enquanto uns passam fome, outros se fartam. Porventura não tendes casas para comer e beber? Ou desprezais a Igreja de Deus e quereis envergonhar aqueles que nada têm?” (1 Cor 11,20-22). E não é menos vigorosa esta palavra de S. Tiago: “Porque, se entrar na vossa assembleia um homem com anel de ouro no dedo e com vestidos preciosos e entrar também um pobre sordidamente vestido, e atenderdes ao que está magnificamente vestido, dizendo-lhe: "Senta-te tu aqui, neste lugar de honra", e dizendo ao pobre: "Fica de pé aí", ou: "Senta-te abaixo de meu estrado", não é verdade que fazeis distinção entre vós mesmos e que sois juízes de pensamentos iníquos?” (2,2-4).

71. Estas indicações dos Apóstolos foram solicitamente seguidas logo desde os primeiros séculos, e suscitaram apelos vigorosos na pregação dos Padres da Igreja. Aos ricos que presumiam ter satisfeito suas obrigações religiosas frequentando a igreja mas sem partilharem os seus bens com os pobres ou mesmo oprimindo-os, S. Ambrósio dirige estas palavras ardentes: “Ouves, ó rico, o que diz o Senhor Deus!? E tu vens à igreja, não para dar qualquer coisa a quem é pobre, mas para te aproveitares”. [3] Igualmente exigente é S. João Crisóstomo: “Queres honrar o Corpo de Cristo? Não permitas que seja desprezado nos seus membros, isto é, nos pobres que não têm que vestir, nem O honres aqui no templo com vestes de seda, enquanto lá fora o abandonas ao frio e à nudez. Aquele que disse: "Isto é o meu Corpo", confirmando o facto com a sua palavra, também afirmou: "Vistes-Me com fome e não me destes de comer", e ainda: "Na medida em que o recusastes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim o recusastes. (...) De que serviria, afinal, adornar a mesa de Cristo com vasos de ouro, se Ele morre de fome na pessoa dos pobres? Primeiro dá de comer a quem tem fome, e depois ornamenta a sua mesa com o que sobra”. [4]

São palavras que lembram, eficazmente, à comunidade cristã o dever de fazer da Eucaristia o lugar onde a fraternidade se torne solidariedade concreta, onde os últimos sejam os primeiros na consideração e na estima dos irmãos, onde o próprio Cristo, através da doação generosa dos ricos aos pobres, possa de algum modo continuar ao longo dos tempos o milagre da multiplicação dos pães. [5]

72. A Eucaristia é acontecimento e projecto de fraternidade. Da Missa dominical parte uma onda de caridade destinada a estender-se a toda a vida dos fiéis, começando por animar o próprio modo de viver o resto do domingo. Se este é dia de alegria, é preciso que o cristão mostre, com as suas atitudes concretas, que não se pode ser feliz “sozinho”. Ele olha ao seu redor, para individuar as pessoas que possam ter necessidade da sua solidariedade. Pode suceder que, entre os vizinhos ou no âmbito das suas relações, hajam doentes, idosos, crianças, imigrantes, que, precisamente ao domingo, sentem ainda mais dura a sua solidão, a sua necessidade, a sua condição dolorosa. É certo que a atenção por eles não pode limitar-se a uma esporádica iniciativa dominical. Mas, suposta esta atitude de compromisso mais global, porque não dar ao dia do Senhor uma tonalidade maior de partilha, pondo em acção toda a capacidade inventiva da caridade cristã? Sentar à própria mesa alguma pessoa que viva sozinha, visitar os doentes, levar de comer a qualquer família necessitada, dedicar algumas horas a iniciativas específicas de voluntariado e de solidariedade, seria, sem dúvida, um modo de transferir para a vida a caridade de Cristo recebida na Mesa Eucarística.

73. Vivido assim, não só a Eucaristia dominical, mas o domingo inteiro torna-se uma grande escola de caridade, de justiça e de paz. A presença do Ressuscitado no meio dos seus torna-se projecto de solidariedade, urgência de renovação interior, impulso para alterar as estruturas de pecado onde se encontram enredados os indivíduos, as comunidades e às vezes povos inteiros. Longe de ser evasão, o domingo cristão é antes “profecia” inscrita no tempo, profecia que obriga os crentes a seguir os rastos d'Aquele que veio “para anunciar a Boa Nova aos pobres, (...) para proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, o recobrar da vista; para mandar em liberdade os oprimidos, e proclamar um ano de graça do Senhor” (Lc 4,18-19). Frequentando a escola d'Ele, na comemoração dominical da Páscoa, e recordando a sua promessa: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou” (Jo 14,27), o crente torna-se por sua vez agente de paz.


CAPÍTULO V

DIES DIERUM

O domingo: festa primordial, reveladora do sentido do tempo

Cristo, Alfa e Ómega do tempo

74. “No cristianismo, o tempo tem uma importância fundamental. Dentro da sua dimensão, foi criado o mundo; no seu âmbito se desenrola a história da salvação, que tem o seu ponto culminante na "plenitude do tempo" da Encarnação e a sua meta no regresso glorioso do Filho de Deus no fim dos tempos. Em Jesus Cristo, Verbo encarnado, o tempo torna-se uma dimensão de Deus, que em Si mesmo é eterno”. [6]

à luz do Novo Testamento, os anos da existência terrena de Cristo constituem realmente o centro do tempo. Este centro tem o seu ápice na ressurreição. Com efeito, se é verdade que Ele é Deus feito homem desde o primeiro instante da concepção no seio da Virgem Santa, é verdade também que somente com a ressurreição é que a sua humanidade foi totalmente transfigurada e glorificada, revelando assim plenamente a sua identidade e glória divina. No discurso feito na sinagoga de Antioquia da Pisídia (cf. Act 13,33), Paulo aplica precisamente à ressurreição de Cristo a afirmação do Salmo 2: “Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei” (v. 7). Por isso mesmo, na celebração da Vigília Pascal, a Igreja apresenta Cristo ressuscitado como “Princípio e Fim, Alfa e ómega”. Estas palavras, pronunciadas pelo celebrante na preparação do círio pascal que nele tem gravado o número do respectivo ano, põem em evidência que “Cristo é o Senhor do tempo; é o seu princípio e o seu cumprimento; cada ano, cada dia, e cada momento ficam abraçados pela sua Encarnação e Ressurreição, reencontrando-se assim na "plenitude do tempo"“. [7]

75. Sendo o domingo a Páscoa semanal que evoca e torna presente o dia em que Cristo ressuscitou dos mortos, ele é também o dia que revela o sentido do tempo. Não tem qualquer afinidade com os ciclos cósmicos que, segundo a religião natural e a cultura humana, poderiam ritmar o tempo, fazendo crer talvez ao mito do eterno retorno. O domingo cristão é diverso! Nascendo da Ressurreição, ele sulca os tempos do homem, os meses, os anos, os séculos como uma seta lançada que os atravessa, orientando-os para a meta da segunda vinda de Cristo. O domingo prefigura o dia final, o da Parusia, já antecipada de algum modo pela glória de Cristo no acontecimento da Ressurreição.

De facto, tudo aquilo que suceder até ao fim do mundo será apenas uma expansão e explicitação do que aconteceu no dia em que o corpo martirizado do Crucificado ressuscitou pela força do Espírito e se tornou, por sua vez, a fonte do Espírito para a humanidade. Por isso, o cristão sabe que não deve esperar outro tempo de salvação, visto que o mundo, qualquer que seja a sua duração cronológica, já vive no último tempo. Não só a Igreja, mas o próprio universo e a história são continuamente dominados e guiados por Cristo glorificado. É esta energia de vida que impele a criação — esta “tem gemido e sofrido as dores do parto, até ao presente” (Rom 8,22) — para a meta do seu pleno resgate. Deste caminho, o homem pode ter apenas uma vaga percepção; mas os cristãos possuem a chave de interpretação e a certeza dele, constituindo a santificação do domingo um testemunho significativo que eles são chamados a dar, para que os tempos do homem sejam sempre sustentados pela esperança.

O domingo no ano litúrgico

76. Se o dia do Senhor, com o seu ritmo semanal, está radicado na tradição mais antiga da Igreja e é de importância vital para o cristão, muito cedo também começou a afirmar-se um outro ritmo: o ciclo anual. Na realidade, é próprio da psicologia humana celebrar os aniversários, associando à repetição das datas e das estações a lembrança de acontecimentos passados. E se, para além disso, se trata de factos decisivos para a vida dum povo, é normal que a sua ocorrência gere um clima de festa que vem quebrar a monotonia dos dias.

Ora, os principais acontecimentos de salvação sobre os quais se fundamenta a vida da Igreja estiveram, por desígnio de Deus, intimamente ligados com festas anuais dos judeus — a Páscoa e o Pentecostes — e nelas foram prefigurados profeticamente. A partir do século segundo, a celebração feita pelos cristãos da Páscoa anual, juntando-se à celebração da Páscoa semanal, permitiu dar maior amplitude à meditação do mistério de Cristo morto e ressuscitado. Precedida por um jejum que a prepara, celebrada durante uma longa vigília, prolongada nos cinquenta dias que vão até ao Pentecostes, a festa da Páscoa — “a solenidade das solenidades” — tornou-se o dia por excelência da iniciação dos catecúmenos. Com efeito, se estes, pelo baptismo, morrem para o pecado e ressuscitam para uma vida nova, é porque Cristo “foi entregue por causa das nossas faltas e ressuscitado para nossa justificação” (Rom 4,25; cf. 6,3-11). Intimamente unida com o mistério pascal, adquire relevo especial a solenidade de Pentecostes, na qual se celebra a vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos, reunidos com Maria, e o início da missão ao encontro de todos os povos. [8]

77. A mesma lógica comemorativa presidiu à estruturação de todo o ano litúrgico. Como recorda o Concílio Vaticano II, a Igreja quis distribuir “todo o mistério de Cristo pelo correr do ano, da Encarnação e Nascimento à Ascensão, ao Pentecostes, à expectativa da feliz esperança e da vinda do Senhor. Com esta recordação dos mistérios da Redenção, a Igreja oferece aos fiéis as riquezas das obras e merecimentos do seu Senhor, a ponto de os tornar como que presentes em todo o tempo, para que os fiéis, em contacto com eles, se encham de graça”. [9]

A celebração mais solene depois da Páscoa e do Pentecostes é, sem dúvida, o Natal do Senhor, quando os cristãos meditam o mistério da Encarnação e contemplam o Verbo de Deus que Se digna assumir a nossa humanidade para nos tornar participantes da sua divindade.

78. De igual modo, “na celebração deste ciclo anual dos mistérios de Cristo, a santa Igreja venera com especial amor, porque indissoluvelmente unida à obra de salvação do seu Filho, a bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus”. [10] Da mesma forma, introduzindo no ciclo anual as memórias dos mártires e de outros santos, por ocasião do seu aniversário, a Igreja “proclama o mistério pascal realizado na paixão e glorificação deles com Cristo”. [11] A recordação dos santos, se celebrada com o espírito autêntico da liturgia, não obscura a centralidade de Cristo, antes pelo contrário exalta-a, mostrando a força da sua redenção. Como canta S. Paulino de Nola, “tudo passa, mas a glória dos santos perdura em Cristo, que tudo renova, enquanto Ele permanece o mesmo”. [12]) Esta relação intrínseca da glória dos santos com a de Cristo está inscrita no próprio estatuto do ano litúrgico e encontra a sua expressão mais eloquente precisamente no carácter fundamental e dominante do domingo como dia do Senhor. Seguindo os tempos do ano litúrgico com a observância do domingo que o ritma inteiramente, o compromisso eclesial e espiritual do cristão radica-se profundamente em Cristo, em quem encontra a sua razão de ser e de quem recebe alimento e estímulo.

79. Deste modo, o domingo constitui o modelo natural para se compreender e celebrar aquelas solenidades do ano litúrgico, cujo valor espiritual para a existência cristã é tão grande que a Igreja decidiu sublinhar a sua importância, impondo aos fiéis a obrigação de participar na Missa e observar o descanso, mesmo quando coincidem em dia de semana. [13] O número destas festas foi variando ao longo das diferentes épocas, tendo em conta as condições sociais e económicas, o arraigamento delas na tradição, e ainda o apoio da legislação civil. [14]

O ordenamento canónico-litúrgico actual prevê a possibilidade de cada Conferência Episcopal, em virtude de circunstâncias próprias do seu país, reduzir a lista dos dias de preceito. Uma eventual decisão nesse sentido, porém, precisa de ser confirmada por uma aprovação especial da Sé Apostólica, [15] e, se fosse o caso da celebração dum mistério do Senhor, como a Epifania, a Ascensão ou a solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, tal celebração deve passar para o domingo seguinte, segundo as normas litúrgicas, para que os fiéis não sejam privados da meditação do mistério. [16] Os Pastores procurarão diligentemente encorajar os fiéis a participarem na Missa também nas festas de certa importância que calham durante a semana. [17]

80. Merecem uma reflexão pastoral específica aquelas situações, frequentes, em que tradições populares e culturais típicas dum ambiente ameaçam invadir a celebração dos domingos e outras festas litúrgicas, incorporando no espírito da fé cristã autêntica elementos que lhe são alheios e poderiam desfigurá-la. Nestes casos, importa pôr as coisas claras através da catequese e de oportunas iniciativas pastorais, rejeitando tudo o que for incompatível com o Evangelho de Cristo. Porém, é preciso não esquecer que muitas vezes tais tradições — e o mesmo vale, analogamente, para as novas propostas culturais da sociedade civil — possuem valores que se harmonizam, sem dificuldade, com as exigências da fé. Compete aos Pastores efectuar um discernimento que salve os valores presentes na cultura dum determinado contexto social e, sobretudo, na religiosidade popular, de forma que a celebração litúrgica, sobretudo a dos domingos e dias festivos, não fique prejudicada, mas antes seja valorizada com eles. [18]


[19]…/


[1] Conc. Ecum. Vat. II, Const. sobre a sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, 9.
[2] E S. Justino afirma: “Os que são ricos e querem, dão, cada um conforme o que a si mesmo se impôs; o que se recolhe é entregue àquele que preside e ele, por seu turno, presta assistência aos órfãos, às viúvas, aos doentes, aos pobres, aos prisioneiros, aos estrangeiros de passagem, numa palavra, a todos os que sofrem necessidade” [Apologia I, 67, 6: PG 6, 430].
[3] De Nabuthae, 10, 45: “Audis, dives, quid Dominus Deus dicat? Et tu ad ecclesiam venis, non ut aliquid largiaris pauperi, sed ut auferas” [in CSEL 322, 492].
[4] Homilias sobre o Evangelho de Mateus, 50, 3-4: PG 58, 508-509.
[5] ) Cf. S. Paulino de Nola, Epistula 13,11-12, dirigida a Pamáquio: CSEL 29, 92-93. Aí Pamáquio, senador romano, é louvado precisamente por ter de certo modo reproduzido o milagre evangélico, unindo a participação na Eucarística com a distribuição de alimento aos pobres.
[6] João Paulo II, Carta ap. Tertio millennio adveniente (10 de Novembro de 1994), 10: AAS 87 (1995), 11.
[7] João Paulo II, Carta ap. Tertio millennio adveniente (10 de Novembro de 1994), 10: AAS 87 (1995), 10: o.c., 11.
[8] Cf. Catecismo da Igreja Católica, 731-732.
[9] Const. sobre a sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, 102.
[10] Const. sobre a sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, 103.
[11] Const. sobre a sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, 104.
[12] Carm. XVI, 3-4: “Omnia prætereunt, sanctorum gloria durat in Christo qui cuncta novat, dum permanet ipsum” [in: CSEL 30, 67].
[13] Cf. Código de Direito Canónico, cân. 1247; Código dos Cânones das Igrejas Orientais, cân. 881-§§ 1 e 3.
[14] Por direito comum, são festas de preceito, na Igreja latina, os dias do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, Epifania, Ascensão, Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, Santa Maria Mãe de Deus, a sua Imaculada Conceição e Assunção, S. José, os Apóstolos S. Pedro e S. Paulo, e Todos os Santos: cf. Código de Direito Canónico, cân. 1246. São festas de preceito comuns a todas as Igrejas Orientais os dias do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, Epifania, Ascensão, Dormição de Santa Maria Mãe de Deus, os Santos Apóstolos Pedro e Paulo: cf. Código dos Cânones das Igrejas Orientais, cân. 880-§ 3.
[15] Cf. Código de Direito Canónico, cân. 1246-§ 2; para as Igrejas Orientais, cf. Código dos Cânones das Igreja Orientais, cân. 880-§ 3.   
[16] Cf. S. Congr. dos Ritos, Normæ universales de Anno Liturgico et de Calendario (21 de Março de 1969), 5.7: Enchiridion Vaticanum 3, 895.897.
[17] Cf. Cærimoniale Episcoporum, ed. typica 1995, n. 230.
[18] Cf. Cærimoniale Episcoporum, ed. typica 1995n. 233.
[19] Copyright © Libreria Editrice Vaticana

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