02/01/2012

Porquê Deus se esconde? 2

Sempre me impressionaram aquelas passagens evangélicas nas quais o Senhor pede discrição aos seus discípulos sobre a sua condição divina; em muitos outros textos Jesus adverte com severidade quem curou milagrosamente que não fale com ninguém sobre a sua cura. Por exemplo, quando ressuscitou a filha de Jairo (Mc 5, 43) Jesus pede que ninguém se inteirasse de semelhante prodígio.
Tanta discrição não será contraditória com a mensagem de Jesus? Porquê calar o que, por outro lado, se anuncia?
Diz Fabrice Hadjadj que Deus joga às escondidas connosco. Não estou muito seguro de que seja assim. Imaginemos um Deus que se mostra em todo o seu esplendor ou, pelo menos, no esplendor que o homem possa suportar. Uma situação destas,  obrigaria o homem a crer nele. Como não crer num Deus que se nos apresenta en cada Eucaristia não sob as modestas espécies de pão e vinho, mas em  grandiosas manifestações perceptíveis pelos nossos sentidos?
Um Deus assim impor-se-ia à nossa consciência pela força da sua gloria, pelo seu poder inabarcável, todo-poderoso. Este Deus submeteria o homem à sua magnificência e o homem, atazanado por um Deus esplendente, ver-se-ia encadeado pela sua luz. Com efeito, todos acreditaríamos, o poder de Deus reinaria na Terra, o ateísmo desapareceria e a Igreja, por fim! Poderia, sem obstáculo, ser portadora da  Revelação celestial.
Tudo sem amor. Tudo sem liberdade.   Satã teria vencido. Não tem outro significado a terceira tentação do demónio a Jesus no deserto:
“De novo o diabo o levou a um monte altíssimo e lhe mostrou os reinos do mundo e a sua glória, e disse-lhe: ‘Todo isto te darei, se prostrado me adorares’. Então disse-lhe Jesus: ‘Vai-te, Satanás, porque está escrito “Ao Senhor, teu Deus, adorarás e a Ele só darás culto”’ (Mt 4,8-10).

(carlos jariod borrego [i], trad  ama)


[i] Profesor de filosofía de un Instituto de Toledo y profesor invitado de teoría educativa en el instituto de ciencias religiosas de la misma ciudad. Interesado por la educación, ha presidido la Federación toledana de CONCAPA durante cuatro años y es cofundador y presidente de la asociación toledana de profesores Educación y Persona.

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