15/01/2012

Leitura Espiritual para 15 Jan 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)



Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.




Para ver texto completo para hoje, clicar abaixo
Evangelho: Mt 25, 31-46

31 «Quando, pois, vier o Filho do Homem na Sua majestade, e todos os anjos com Ele, então Se sentará sobre o trono de Sua majestade. 32 Todas as nações serão congregadas diante d'Ele, e separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, 33 e porá as ovelhas à sua direita, e os cabritos à esquerda. 34 «Dirá então o Rei aos que estiverem à Sua direita: “Vinde, benditos de Meu Pai, possuí o reino que vos está preparado desde a criação do mundo,
35 porque tive fome, e Me destes de comer; tive sede, e Me destes de beber; era peregrino, e Me recolhestes; 36 nu, e Me vestistes; enfermo, e Me visitastes; estava na prisão, e fostes ver-Me”. 37 Então, os justos Lhe responderão: “Senhor, quando é que nós Te vimos faminto, e Te demos de comer; com sede, e Te demos de beber? 38 Quando Te vimos peregrino, e Te recolhemos; nu, e Te vestimos? 39 Ou quando Te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos visitar-Te?”. 40 O Rei, respondendo, lhes dirá: “Em verdade vos digo que todas as vezes que vós fizestes isto a um destes Meus irmãos mais pequenos, a Mim o fizestes”. 41 Em seguida, dirá aos que estiverem à esquerda: “Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, que foi preparado para o demónio e para os seus anjos; 42 porque tive fome, e não Me destes de comer; tive sede, e não Me destes de beber; 43 era peregrino, e não Me recolhestes; estava nu, e não Me vestistes; enfermo e na prisão, e não Me visitastes”. 44 Então, eles também responderão: “Senhor, quando é que nós Te vimos faminto ou com sede, ou peregrino, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não Te assistimos?”.
45 E lhes responderá: “Em verdade vos digo: Todas as vezes que o não fizestes a um destes mais pequenos, foi a Mim que não o fizestes”.
46 E esses irão para o suplício eterno; e os justos para a vida eterna».

Talita Kum - Levanta-te
…/15
 E, o ‘oleiro divino’ uma e outra vez refaz a mesma peça de que sou feito. Retoma o seu ‘trabalho’ da minha santificação como se nada se tivesse passado, como se eu não estivesse feito nos pedaços que as minhas frequentes quedas originam. E, no entanto, é assim que é!

Recordo, agora, dias em que me senti tão profundamente imerso num poço que parecia não ter fundo:

 «Este foi o dia dos exames, ‘passeei’ por todo o hospital – deitado na cama, é claro – o frio dos corredores, as esperas intermináveis, o desconforto das mudanças da cama para os tabuleiros da maquinaria dos exames radiológicos. As pernas já não respondiam a qualquer estímulo e, as mãos e os braços começavam a dar sinais de preocupante paralisia.
‘Agarrei-me’ ao manto de Nossa Senhora, ‘debrucei-me’ sobre o ombro de S. Josemaria, ‘aninhei-me’ nos braços do Anjo da Guarda.
Vieram nada menos que três médicos. Percebi que um seria o ‘chefe’ os outros assistentes. Ao que vinham? Nada mais nada menos que fazer nova punção lombar.
Nem disse nada – que havia eu de dizer? – Limitei-me a pedir ajuda para me enrolar de lado, numa posição quase fetal, a cabeça bem metida no regaço da minha Mãe do Céu, pedindo ao Anjo da Guarda que ‘falasse’ com o seu ‘colega’ do médico que me iria fazer a punção, para lhe guiar as mãos…
Quem começou o ‘serviço’ foi um dos assistentes. Correu mal. Três tentativas, nada menos! Eu comecei a tremer por dentro, cheio de medo que começasse também a tremer por fora. Tem de ser assim. O assistente (como todos, afinal) tinha de ganhar experiência e… ali estava eu, disponível…
Percebi que mudava o executante e logo senti na coluna, uma mão experiente, calma, confiada e a agulha a entrar com suavidade no local certo. Fora o ‘chefe’ que numa performance impecável, terminava a ‘aula’ prática.
Depois foi mais um passeio de cama, pelos corredores intermináveis do hospital. Para quem conhece o Hospital de Santo António, sabe que ‘OBS 3’, onde eu me encontrava, está situado na parte nova na entrada da Urgência, e, a ‘ressonância magnética’, está na parte antiga. Não faço ideia exacta, mas calculo que serão talvez uns quinhentos metros…
Dentro do ‘túnel’ da ‘ressonância magnética’, com o corpo todo a tremer dos disparos constantes do aparelho, a coluna a despedaçar-se – julgava eu – no meio daquele barulho ensurdecedor e do enorme desconforto da interminável situação, invoquei o meu Anjo da Guarda, ele atendeu-me e… adormeci!

Não quero lembrar-me dessa noite!

Foi algo terrível: as dores, o desconforto, a confusão na minha cabeça, sem conseguir coordenar as ideias, rezar uma Ave-Maria até ao fim…
Algures, na sala, uma mulher, de cabeça perdida, insultava, aos berros, as enfermeiras nos termos mais soezes e grosseiros.
Numa outra cama, em frente da minha, um homem agonizava (morreu essa noite).
Eu, meio adormecido meio desperto, mergulhado num ‘limbo’ estranho de sensações, dores, ideias desencontradas, lá passei aquela noite.» [1]

Às vezes – quantas vezes! – parece que estamos sozinhos no mundo.

Rodeados de pessoas, no afã da vida diária, no corre-corre de todos os dias, mesmo assim, estamos sozinhos. Sentimo-nos “individuais” como se, no mundo, não existisse mais ninguém senão nós.

Rezamos e, a oração sai insípida, árida.

Sentimo-nos desconfortáveis, achamos que ‘não vale a pena’ e… deixamo-nos ir.
Logo entra o desânimo, o descoroçoamento e, a tempo, a tristeza.

«Clamei bem alto e não me ouvias! No denso nevoeiro da doença, mergulhado num mar povoado de estranhos seres, sem saber se estava acordado ou adormecido, sem ter a noção onde começava e acabava o meu corpo: a cabeça... os pés... as mãos...; ‘aparafusado’ numa cama que fazia parte de mim... os calcanhares...? (como é possível doerem tanto, os calcanhares?!...), clamei por Ti e não me ouvias!
E, eu, mergulhava outra vez naquele oceano de perdição, e voltava à superfície, e de novo me perdia.
Havia uma espécie de estratificação dos pensamentos, tinha tudo ordenado, muito bem organizado na minha cabeça: azuis, encarnados, verdes... dois azuis, três verdes... não... agora é um verde e depois... três ou quatro doutra cor qualquer. (decidi que as cores não eram importantes).
Nada fazia sentido, estava vivo...?; morto...?; moribundo...? calado...?; aos gritos...? e o ar? Sim o ar: era solene, composto, digno ou, pelo contrário tinha a boca retorcida num esgar, os olhos vítreos esbugalhados, o gesto descontrolado?

Ne timeas! Ouvi-te, finalmente!
   
Percebi, então, só então, que estava tão preocupado com a minha doença, o meu sofrimento, que ficara incapacitado para Te ouvir...
Tranquilo, fui repetindo até adormecer: Ofereço..., ofereço..., ofereço!
Faça-se, cumpra-se a Tua Justíssima e Amabilíssima Vontade sobre todas as coisas. Ámen. Ámen.» [2]


[3]…/


[1] ama, Diário do Hospital, Porto, 2007.
[2] ama, Diário do Hospital, 2007.
[3] AMA, com revisão eclesiástica (agrad. Dr. V. Costa Lima, pela revisão e sugestões)

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