14/01/2012

Leitura Espiritual para 14 Jan 2012

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)



Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.




Para ver texto completo para hoje, clicar abaixo

Evangelho: Mt 25, 14-30

14 «Será também como um homem que, estando para empreender uma viagem, chamou os seus servos, e lhes entregou os seus bens. 15 Deu a um cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada qual segundo a sua capacidade, e partiu. 16 O que tinha recebido cinco talentos, logo em seguida, foi, negociou com eles, e ganhou outros cinco. 17 Do mesmo modo, o que tinha recebido dois, ganhou outros dois. 18 Mas o que tinha recebido um só, foi fazer uma cova na terra, e nela escondeu o dinheiro do seu senhor.1 9 «Muito tempo depois, voltou o senhor daqueles servos e chamou-os a contas. 20 Aproximando-se o que tinha recebido cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco, dizendo: “Senhor, entregaste-me cinco talentos, eis outros cinco que lucrei”. 21 Seu senhor disse-lhe: “Está bem, servo bom e fiel, já que foste fiel em poucas coisas, dar-te-ei a intendência de muitas; entra no gozo do teu senhor”. 22 Apresentou-se também o que tinha recebido dois talentos, e disse: “Senhor, entregaste-me dois talentos, eis que lucrei outros dois”. 23 Seu senhor disse-lhe: “Está bem, servo bom e fiel, já que foste fiel em poucas coisas, dar-te-ei a intendência de muitas; entra no gozo do teu senhor”.24 «Apresentando-se também o que tinha recebido um só talento, disse: “Senhor, sei que és um homem duro, que colhes onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste. 25 Tive receio e fui esconder o teu talento na terra; eis o que é teu”. 26 Então, o seu senhor disse-lhe: “Servo mau e preguiçoso, sabias que eu colho onde não semeei, e que recolho onde não espalhei. 27 Devias pois dar o meu dinheiro aos banqueiros e, à minha volta, eu teria recebido certamente com juro o que era meu. 28 Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tem dez talentos, 29 porque ao que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, tirar-se-lhe-á até o que tem. 30 E a esse servo inútil lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes”.

Talita Kum - Levanta-te
…/14

Conviver com Jesus parece difícil, por vezes.
Não O vemos, não O sentimos, não temos uma referência que nos desperte a necessidade de conviver com Ele.

Ah! Mas a verdade, é que temos tudo isso, só que, muitas vezes está bem guardado no mais fundo do nosso coração.

É necessário pôr o coração “de fora”, para que o possamos sentir o seu latejar de amor pelo Mestre.

«Aqui está, realmente, a dificuldade. A decisão de ganhar intimidade com Deus é, tem de ser, algo sério e decisivo. Não pode ser tomada com ligeireza, num entusiasmo, num momento de exaltação ou fervor espiritual. A intimidade com Deus é pormo-nos, incondicionalmente, nas Suas mãos, disponíveis para o que Ele quiser, como quiser e quando quiser, prontos para aceitar a Sua Vontade sobre todas as coisas. Isto pode parecer muito exigente e, de facto é, mas se tivermos bem em conta a realidade da nossa pessoa na sua relação com Deus, a nossa identidade superior a todas as outras possíveis de encontrar na natureza, chegaremos á conclusão que o lugar certo para estarmos é, sem qualquer dúvida, na intimidade do Criador. (O céu não foi feito à imagem de Deus, nem a lua, nem o sol, nem a beleza das estrelas, nem nada do que aparece na criação. Só tu (alma humana) foste feita à imagem da natureza que supera toda inteligência, semelhante à beleza incorruptível, marca da verdadeira divindade, espaço de vida bem-aventurada, imagem da verdadeira luz, e ao contemplar-te convertes-te no que Ele é, pois por meio do raio reflectido que provém de tua pureza tu imitas aquele que brilha em ti. Nada do que existe é tão grande que possa ser comparado à tua grandeza.» [1]

Seremos pessoas que andamos pelo mundo preocupadas principalmente com a nossa vida, com aquilo que temos, o que desejaríamos ter e, até, aquilo que julgamos que era conveniente possuir?

Mergulhamos profundamente nas preocupações que todos os dias nos surgem dos mais diversos quadrantes e com diferentes matizes?

Os outros são para nós meras visões passageiras de familiares, companheiros de trabalho, pessoas com quem nos cruzamos ocasionalmente?

Detemo-nos para pensar, uns momentos que sejam, no que realmente somos e pretendemos ser?

Colocamos a “fasquia” alta ou acordamos numa rotineira actividade, sem grandes acidentes de percurso, rasteira, chata, anónima?

Quando é que, ao longo do dia nos ocorre esta realidade:

Deus está aqui, ao meu lado, no escritório, no automóvel, no consultório, no armazém, no…!

«Na intimidade pessoal, na conduta externa, no convívio com os outros, no trabalho, cada um há-de procurar manter-se numa contínua presença de Deus, com uma conversa – um diálogo – que não se manifesta exteriormente. Melhor dito, não se exprime normalmente com ruído de palavras, mas há-de notar-se pelo empenho e pela diligência amorosa com que acabamos bem as tarefas, tanto as importantes como as insignificantes. Se não procedêssemos com essa constância, seríamos pouco coerentes com a nossa condição de filhos de Deus, pois teríamos desperdiçado os recursos que Nosso Senhor colocou providencialmente ao nosso alcance, para chegarmos ao estado de homem perfeito, à medida da idade perfeita segundo Cristo» [2]    

Quero ser, tal como aqueles três discípulos, confidente de Jesus.
Desejo sinceramente ter com Ele uma atitude próxima, íntima de respeito e confiança, de uma abertura e transparência tais que não exista nada, absolutamente, que não Lhe diga ou revele.
As ‘minhas coisas’ todas, aquilo que penso, e repudio, o que me agrada e o que me desgosta, tudo a que me sinto ‘agarrado e o desejo de me ‘soltar’ dessas prisões, desses laços pequenos e grandes que me têm prendido nas esquinas da vida diária.
Pedir-lhe sempre que me ajude a ver o que é realmente importante, o que interessa e, sobretudo, a ter total confiança n’Ele e que tudo, quanto me sucede ou possa suceder, é para meu bem.

Chego a esta conclusão simples e claríssima:

Pois se Ele me conhece de que me vale não Lhe contar tudo?
Se Ele sabe como sou e, mesmo assim, me quer, me ama, se preocupa comigo, porque me aflijo tanto com as minhas falhas, as minhas deficiências e defeitos?

«Desprendido de tudo: O que tenho e o que não tenho.
Desprendido dos "desejos de ter", mesmo daqueles que parecem legítimos.
Desprendido das coisas grandes e das pequenas que quase não têm importância.
Desprendido das "minhas coisas", das "minhas vontades", daquilo que é "meu".
Coração grande, aberto a todos e, sobretudo, aberto a Deus para que o encha o amor a Si e aos outros, não deixando lugar a mais nada.» [3]

Se eu pudesse, melhor, se eu realmente quiser ser íntimo de Jesus, nada mais tenho a fazer que deixá-lo tomar posse de mim, entregar-me, gostosamente nas Suas mãos amorosas com plena confiança e a certeza que não poderia estar melhor.

Nem as considerações do pouco que sou, dos meus defeitos, das minhas faltas de coerência e tantas… tantas pequenas coisas que arrasto como um lastro que me mantém sujeito a uma quase servidão de manias, tiques, falsas depressões, a minha dignidade ofendida por tantos e tantas vezes, o não reconhecimento de como sou bom, especial… nada disto e muito mais, é desconhecido de Jesus Cristo.

«E, mesmo assim, Ele quer, procura a minha intimidade. Lembro-me do publicano que nem coragem tinha de levantar os olhos ao alto. Mantinha-os baixos e batia no peito dizendo: «Senhor, tem piedade de mim que sou um pecador» (Lc 18, 13) e encho-me de coragem já que, tenho a certeza, (…) devemos sentir-nos fortes com tais jaculatórias, feitas com actos de dor amorosa e com desejos de divina reconciliação a fim de que, por meio delas, exprimindo diante do Salvador as nossas angústias, confiemos a alma ao Seu Coração misericordioso que a receberá com piedade». [4]

Como é possível?

Como a misericórdia infinita de Deus não se esgota neste constante ‘ir e vir’, das ‘flutuações’ do meu carácter?

Como pode o Senhor olhar para mim que estou tão longe da postura humilde do publicano?

Eu, sempre em ‘bicos dos pés’ tentando sobressair, fazer-me notado, cheio de mim mesmo e da ‘excelência’ dos meus talentos, das minhas capacidades?

«Senhor: quase que não vejo a necessidade de Te pedir humildade. Ser humilde é, para mim, um objectivo que persigo desde sempre. Sempre longe, parece, cada vez mais distante porque, pobre de mim, sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, que resiste a ser moldado pelas Tuas divinas mãos.
Mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. A verdade, que Te confesso, é esta: Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada». [5]

[6]…/


[1] S. Gregório de Nissa, «Homilia in Canticum 2, PG 44, 805D.
[2] S. Josemaria Escrivá, Amigos de Deus, 18-19.
[3] ama, Exame Particular, 2007.
[4] S. Francisco de Sales, Tratado do amor de Deus, liv. 2, cap. 20.
[5] ama, Diário, 1990.
[6] AMA, com revisão eclesiástica (agrad. Dr. V. Costa Lima, pela revisão e sugestões)

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