13/10/2011

BENTO XVI FAZ ELOGIO DO SILÊNCIO

Papa diz que a humanidade corre o risco de viver a «virtualidade» em vez da realidade.

Bento XVI deixou hoje um elogio aos mosteiros de clausura e ao “silêncio”, alertando para o risco de a “virtualidade” se sobrepor à “realidade” nas sociedades contemporâneas.

O progresso técnico, nomeadamente no campo dos transportes e das comunicações, tornou a vida do homem mais confortável, mas também mais frenética, por vezes convulsa”, nas cidades de hoje “raramente há silêncio”, mesmo durante a noite, e o desenvolvimento dos meios de comunicação “difundiu e ampliou um fenómeno que já se sentia nos anos 60: a virtualidade que se arrisca a dominar a realidade. (…)

Cada vez mais e sem perceber, as pessoas estão imersas numa dimensão virtual, por causa das mensagens audiovisuais que acompanham as suas vidas noite e dia 
Trata-se de uma tendência que sempre existiu, especialmente entre os jovens e nos contextos urbanos mais desenvolvidos, mas hoje alcançou um nível tal que se pode falar de mutação antropológica. Algumas pessoas já não são capazes de permanecer em silêncio e sozinhas. (…) 

O carisma da Ordem dos Cartuxos, cujos religiosos vivem em silêncio e na clausura, declarando que cada mosteiro, feminino ou masculino, é um “oásis”, mostrando à sociedade de hoje que “o silêncio e a solidão são necessários”. (…)

Estão no coração da Igreja, fazem correr nas suas veias o sangue puro da contemplação e do amor de Deus. (…) [i]

O Papa chegou à cidade de Serra São Bruno, na Calábria, sul de Itália, após uma viagem de helicóptero, naquela que foi a sua 25ª visita a localidades transalpinas.
Esta é uma localidade que se desenvolveu em volta da Cartuxa de Santo Estêvão, devendo o seu nome a São Bruno, fundador da Ordem dos Cartuxos, em 1084, na cidade francesa de Grenoble.

O religioso viria a morrer na Cartuxa da Serra São Bruno em Outubro de 1101, seis anos após a sua edificação.

Antes de visitar este local, o Papa encontrou-se com a população local na Praça de Santo Estêvão, elogiando o papel dos mosteiros católicos como “modelo de uma sociedade que põe no centro Deus e a relação fraterna”.

São Bruno
Referindo-se à Cartuxa como uma “cidadela do Espírito”, Bento XVI observou que a existência neste local, desde há mais de mil anos, de uma comunidade monástica que remonta a São Bruno “constitui uma constante lembrança de Deus, uma abertura para o Céu e um convite a recordar que somos irmãos em Cristo”.

O Papa referiu-se a um clima social em que “não é só Deus que é marginalizado, mas também o próximo, e as pessoas já não se empenham a favor do bem comum”.

“De facto, por vezes, o clima que se respira nas nossas sociedades não é sadio, está poluído por uma mentalidade que não é cristã, nem sequer humana, porque dominado por interesses económicos, preocupado apenas com as coisas terrenas e carecido de uma dimensão espiritual”, observou.

O momento final da viagem papal foi um encontro privado com a comunidade dos Cartuxos, no refeitório, com visita a uma cela e à enfermaria da casa religiosa.

INFORMAÇÕES MUITO BREVES  [De vez em quando] 2011.10.11


[i] Bento XVI, homilia da celebração de vésperas a que presidiu na Cartuxa local, erigida no século XI por São Bruno, fundador da Ordem Cartusiana.

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