04/09/2011

Embriões de segunda classe

Medicina e Apostolado

Para alguns, existem embriões humanos de classes e de categorias diferentes.

  • Uns são cuidados, atendidos, esperados, inclusive amados. Têm, segundo os diagnósticos, boa saúde, características desejadas pelos seus pais ou pelos seus «proprietários».
  • Outros embriões são abandonados, rejeitados, condenados à destruição e à morte. Os diagnósticos disseram que o seu ADN está alterado, que serão débeis e doentes, que lhes faltará «qualidade de vida». Ou simplesmente apareceram quando os seus pais não os esperavam nem os queriam. A existência desses embriões é vista como um problema, como um erro, que se pode «solucionar» facilmente: basta destruí-los com o aborto.
Estas duas perspectivas mostram o fácil que é catalogar os embriões humanos em dois grandes grupos: de primeira classe e de segunda classe.
  • Aos primeiros dar-se-lhes-á uma oportunidade para seguir adiante, para nascer, para crescer, para chegar à idade adulta.
  • Aos segundos pôr-se-ão à margem ou eliminar-se-ão. Se «escapam» aos projectos dos que desejam destruí-los, talvez cheguem a nascer, mas não faltará quem procure eliminá-los depois do parto: se eram seres humanos declarados de segunda classe antes de nascer, o que os fará converter-se em algo merecedor de respeito depois do nascimento?
Notamos que esta catalogação encerra uma grave injustiça, porque esquece que todos os seres humanos têm uma dignidade intrínseca que lhes vem não por ser «melhores» o «piores», mas simplesmente pela sua condição humana. Aceitar que existam embriões de primeira classe e embriões de segunda classe supõe esquecer essa dignidade intrínseca e adoptar um ponto de vista onde os adultos determinam o valor dos mais pequenos e indefesos segundo interesses e projectos pessoais.
Por isso, é necessário um esforço sincero e sereno para abrir os olhos e descobrir que um filho (todo o embrião é filho), inclusive quando está marcado por uma doença genética ou de outro tipo, goza da mesma humanidade que nós. A sua pequenez não permite deixá-lo de lado. Pelo contrário, por ser más frágil exige maiores atenções e um respeito profundo, simplesmente por ser o que é: um membro da família humana.

fernando pascual, l. c. [i], trad ama, 2011.08.04


[i] Doctor en filosofía por la Universidad Gregoriana. Profesor de Hª de Filosofía, Filosofía de la Educación y Bioética

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