S. Tiago [i]
T. Comum– XVII Semana
Evangelho: Mt 20, 20-28
20 Então, aproximou-se d'Ele a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos, prostrando-se, para Lhe fazer um pedido. 21 Ele disse-lhe: «Que queres?». Ela respondeu: «Ordena que estes meus dois filhos se sentem no Teu reino, um à Tua direita e outro à Tua esquerda». 22 Jesus disse: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu hei-de beber?». Eles responderam-Lhe: «Podemos». 23 Disse-lhes: «Efectivamente haveis de beber o Meu cálice, mas, quanto a sentar-se à Minha direita ou à Minha esquerda, não pertence a Mim concedê-lo; será para aqueles para quem está reservado por Meu Pai». 24 Os outros dez, ouvindo isto, indignaram-se contra os dois irmãos. 25 Mas Jesus chamou-os e disse-lhes: «Vós sabeis que os príncipes das nações as subjugam e que os grandes as governam com autoridade. 26 Não seja assim entre vós, mas todo aquele que quiser ser entre vós o maior, seja vosso servo, 27 e quem quiser ser entre vós o primeiro, seja vosso escravo. 28 Assim como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida para resgate de todos».
Meditação:
Que quero eu?
A vida eterna, o prémio, a consolação final?
É evidente que sim.
Mas, estou disposto a ‘pagar’ o preço desse prémio?
A tudo fazer para o conseguir?
Respondo que sim, que quero e que posso, também eu, beber o cálice amargo das desilusões, das dificuldades da vida, das minhas próprias limitações.
Mas quero… verdadeiramente?
Não será que, constantemente peço:
«Afasta de mim este cálice»[1], esquecendo-me de acrescentar: «Não se faça o que eu quero, senão o que Tu queres» [2] ?
(ama, Comentário sobre Mt 20, 20-28, CC P Manso, 2008.07.20)
Rembrandt |
[i] Tiago, filho de Zebedeu, chamado Tiago Maior, pertence, juntamente com Pedro e João, ao grupo dos três discípulos privilegiados que foram admitidos por Jesus em momentos importantes da sua vida. Ele pôde participar, juntamente com Pedro e Tiago, não momento da agonia de Jesus não horto do Getzemani e não acontecimento da Transfiguração de Jesus. Trata-se portanto de situações muito diversas uma da outra: num caso, Tiago com os outros dois Apóstolos experimenta a glória do Senhor, vê-o não diálogo com Moisés e Elias, vê transparecer o esplendor divino de Jesus; não outro encontra-se diante do sofrimento e da humilhação, vê com os próprios olhos como o Filho de Deus se humilha tornando-se obediente até à morte. Certamente a segunda experiência constitui para ele a ocasião de uma maturação na fé, para corrigir a interpretação unilateral, triunfalista da primeira: ele teve que entrever que o Messias, esperado pelo povo judaico como um triunfador, na realidade não era só circundado de honra e de glória, mas também de sofrimentos e fraqueza. A glória de Cristo realiza-se precisamente na Cruz, na participação dos nossos sofrimentos.
Esta maturação da fé foi realizada pelo Espírito Santo não Pentecostes, de forma que Tiago, quando chegou o momento do testemunho supremo, não se retirou. Não início dos anos 40 do século I o rei Herodes Agripa, sobrinho de Herodes o Grande, como nos informa Lucas, "maltratou alguns membros da Igreja. Mandou matar à espada Tiago, irmão de João" (Act 12, 1-2)...
Portanto, de São Tiago podemos aprender muitas coisas: a abertura para aceitar a chamada do Senhor também quando nos pede que deixemos a "barca" das nossas seguranças humanas, o entusiasmo em segui-o pelos caminhos que Ele nos indica além de qualquer presunção ilusória, a disponibilidade a testemunhá-lo com coragem, se for necessário, até ao sacrifício supremo da vida. Assim, Tiago o Maior, apresenta-se diante de nós como exemplo eloquente de adesão generosa a Cristo. Ele, que inicialmente tinha pedido, através de sua mãe, para se sentar com o irmão ao lado do Mestre não seu Reino, foi precisamente o primeiro a beber o cálice da paixão, a partilhar com os Apóstolos o martírio.
(Bento XVI, Audiência geral 2006.06.12)
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