A Câmara Municipal de San Petersburgo (Rússia) concedeu autorização para que se celebre esta semana a Procissão do Corpus Christi na avenida Nevski, a mais importante da cidade, percorrida por uma multidão de turistas e na qual se encontram as igrejas das principais confissões: ortodoxa, católica, luterana e arménia.
A procissão deste ano será presidida por Paolo Pezzi, o arcebispo católico de Moscovo (a diocese inclui São Petersburgo) e contará com a participação de cônsules de diversos países europeus.
Será a segunda vez que se celebra esta procissão na história da cidade: a anterior foi há 93 anos, e vários dos seus organizadores morreriam mártires sob o comunismo poucos meses ou anos depois.
Um testemunho da época:
O sacerdote Francisk Rutkovskiy descreveu a procissão de 1918 vários anos depois, na sua biografia sobre o bispo Cepliak:
«Antes que o mal começasse a impor-se, os católicos de Petersburgo viveram um momento solene e alegre para a Igreja. A 30 de Maio de 1918 pela primeira vez na história desta cidade, a procissão do Corpus Christi percorreu as suas ruas. Cristo, sob a espécie do pão, no esplendor da Sua majestade, como Vencedor, dava a sua bênção ao mundo. (…)
Presidia à multidão o novo ordinário da diocese de Moguilev, o metropolita Ropp. O bispo Cepliak caminhava perto do baldaquino, silencioso e recolhido em oração. Cumpriam-se os seus sonhos, os exércitos de Cristo, estendidos para além das muralhas dos templos... A Santa Missa, solene, celebrou-se a céu aberto."
Depois chegou a Revolução. Em 1920 havia uns 900 sacerdotes católicos na União Soviética (que incluía regiões católicas da Ucrânia e Bielorrússia) e uns 2 milhões de fiéis. Apenas 10 anos depois, 600 sacerdotes católicos tinham sido eliminados. Entre 1937 e 1938 foram executados outros 140 sacerdotes católicos. O estudo sistemático da perseguição aos católicos ainda está por realizar.
Esta semana, depois de 93 anos, a custódia com o Santíssimo voltará a percorrer a Avenida Nievskiy.
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