As Misericórdias anunciaram que vão informar a ‘troika’ dos preços “a que conseguem trabalhar”, mais baratos do que no sector público, e sublinham que as suas capacidades são “um recurso nacional que não pode ser menosprezado”.
A decisão de esclarecer os representantes da União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu integra as conclusões do 10.º congresso das Misericórdias, enviadas à Agência ECCLESIA após o encerramento do encontro que decorreu de quinta-feira a sábado em Coimbra e Arganil, região centro de Portugal.
No discurso que proferiu na sessão de fecho do congresso, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, afirmou que os cuidados de saúde prestados por aquelas instituições “situam-se, em média, mais de 30 por cento abaixo dos valores praticados pela resposta pública ou das parcerias público-privadas”.
O texto das conclusões anuncia a “disponibilidade das Misericórdias para continuar a ajudar todos os Portugueses que sofrem, em complementaridade com o Estado, com superior qualidade, mas a custos bem inferiores”.
O documento refere também que as Misericórdias vão reforçar as suas cantinas sociais, para que “nenhum Português passe fome ou tenha sede”, objectivo a concretizar com a colaboração do Estado e de outras Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS).
As conclusões apontam igualmente para a necessidade de “maior rigor e contenção” na gestão das Misericórdias, o que exige “inovação” e uma aliança entre os “valores sociais” e o “profissionalismo dos recursos humanos”.
Os participantes reiteraram a preocupação perante o possível fim da restituição do IVA no caso da construção de equipamentos das Misericórdias, com a “eventual aplicação desse impacto às comparticipações dos utentes e das suas famílias”.
Os congressistas recordam que as Misericórdias afirmam-se como “agentes de desenvolvimento económico e promotoras de emprego sustentado” e pedem às autarquias para não “encorajarem IPSS que apenas respondem a utilidades transitórias”.
A UMP coordena cerca de 400 Santas Casas de Misericórdia em Portugal e apoia a fundação e recuperação de organismos similares em Angola, Moçambique, Timor e São Tomé e Príncipe, bem como nas comunidades de emigrantes.
A criação da primeira Misericórdia portuguesa ocorreu em Lisboa no ano de 1498, pela rainha D. Leonor, inspirada no exemplo de instituição semelhante fundada em 1244 na cidade italiana de Florença.
O nome destes organismos deriva das 14 obras de misericórdia, corporais e espirituais, que a tradição cristã chama às práticas de caridade que concretizam o amor ao próximo.
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