04/06/2011

Embriões em vez de animais.

Medicina e Apostolado

Não há dúvida que o tratamento mais benigno para com os animais constitui um aspecto muito positivo do nosso progresso moral; processo longo e difícil, que foi permitindo, pouco a pouco, superar situações intoleráveis e indignas, como a escravidão e o machismo.
Todavia, e como também aconteceu de outras vezes, este louvável processo corre o risco de ser exagerado e perder o rumo (pense-se, por exemplo, no feminismo radical), a ponto de poder terminar sendo pior o remédio que a doença. É o que por desgraça, está acontecendo em alguns âmbitos científicos, preocupados com a experimentação em animais.
Com efeito, num documento do ano 2009 da Direcção Geral de Investigação de Ciências da Vida, Genética e Biotecnologia para a Saúde, da União Europeia, titulado «Alternative Testing Strategies», que procura «substituir, reduzir e refinar a utilização de animais na investigação», propõe-se substituir os animais por embriões humanos e por células mãe embrionárias humanas obtidas via fertilização in Vitro.
Semelhante iniciativa (que já tem alguns anos), baseia-se no princípio dos «Três R»: Substituir (Reemplazo), Redução ou Refinamento – leia-se: «produzir um dano menor» - na utilização de animais para laboratório (especialmente roedores, primatas, gatos, cães).
Com se sabe, as provas com animais tornam-se imprescindíveis para avaliar o risco associado para a saúde humana (e também para o meio ambiente) de uma série de investigações vinculadas à farmacologia, à cosmética, aos pesticidas, aos aditivos alimentares e seus respectivos componentes químicos.
Todavia, à luz desta iniciativa, dá-se o absurdo que para evitar ou pelo menos tentar evitar diversos efeitos nocivos aos seres humanos, e a fim de – como reza o documento – de «maximizar o bem-estar dos animais e reduzir ao mínimo o número de animais utilizados em experiências com fins científicos», propõe-se empregar como «método alternativo» - e logo de «estritas revisões éticas» -, embriões humanos…, uma vez que as experiências «baseadas em modelos animais» (resultam) de idoneidade duvidosa para prever os efeitos na saúde humana, altamente longos e caros, e colocam grandes preocupações sobre o bem-estar animal». Desta forma, pretende-se evitar que se sacrifiquem milhares deles e abrir «novas portas para a ciência e os negócios».
Estranha e perigosa moral esta, que sacrifica pessoas em vez de animais, para o que se desconhece de modo flagrante a igualdade essencial do género humano e que, como não existe a geração espontânea, a vida começa desde a concepção. É de esperar, assim como estão as coisas, que nenhum de nós seja considerado não-pessoa no futuro, em honra do progresso científico e do bem-estar animal.
        max silva abbott, conoZe, trad ama, 2011.04.29

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