Faz amanhã um ano, partiu para o Céu o Manuel Franco Dias.
Era Sábado e estivera com ele toda a manhã até cerca das 13H00.
Como de costume, nos últimos dois meses, começando por volta das dez, tratara dele, fazendo a higiene, dando-lhe o pequeno-almoço, enfim, todos os cuidados que o seu estado de saúde, requeriam.
Quando o sentei na cadeira na qual tentava que passasse o mais tempo possível, para evitar as escaras no corpo frágil e extremamente debilitado, aconteceu algo que muito me preocupou: a sua cabeça caiu-me – literalmente – no peito.
Não disse nada, aliás nem protestou como sempre fazia - “quero ir para a cama” – e, prossegui a “rotina”: leitura espiritual, o Terço do Rosário e outras orações diárias. Respondeu sempre, a voz não muito forte, mas segura. Depois fomos ao Oratório onde recebeu a Comunhão e voltamos para o quarto.
Não disse nada, aliás nem protestou como sempre fazia - “quero ir para a cama” – e, prossegui a “rotina”: leitura espiritual, o Terço do Rosário e outras orações diárias. Respondeu sempre, a voz não muito forte, mas segura. Depois fomos ao Oratório onde recebeu a Comunhão e voltamos para o quarto.
Não tive mais remédio que deitá-lo outra vez na cama pois vi que estava deveras incomodado por estar sentado.
As refeições eram sempre muito difíceis e só com muita insistência – e paciência – conseguia que engolisse alguma coisa. Nesse Sábado não consegui que ingerisse uma migalha sequer.
Deveras preocupado, antes de me vir embora, disse ao Gonçalo que era melhor aproveitar o facto de estar a decorrer um Retiro, ali, em Enxomil, e que pedisse ao Dr. Dias Leite que o observasse. ([1])
O que se passou a seguir não tem grande importância porque não vale a pena falar de dor, saudade e tristeza. Ajudei e fiz o que contavam que fizesse.
O que se passou antes, sim, tem muita importância porque ficará para sempre gravado na minha memória. Lembro com particular ternura e carinho que me dizia frequentemente: “o senhor é uma jóia”! Era a sua forma de agradecer o que ele pensava ser um grande serviço que lhe prestava.
Na verdade, Senhor Engenheiro, o senhor é que prestou um enormíssimo serviço ao deixar-se ser nas minhas mãos, o objecto da minha santificação pessoal.
Peço-lhe muito que, no Céu, diga a Nosso Senhor: “ aquele António, Senhor, é uma jóia”.
Ele, na Sua Infinita Misericórdia, perdoará essa piedosa mentira.
ama, 2011.02.27
Foi para mim uma honra poder ajudar a transportar o seu caixão para o funeral.
ResponderEliminarPaz à sua alma
Manuel Ortigão