OBSERVANDO
Em 14 de Novembro passado, o Santo Padre Bento XVI fez um apelo importante ao desenvolvimento agrícola, de que reproduzimos os seguintes parágrafos.
«A crise económica actual, sobre a qual se tratou também nestes dias na reunião do chamado G20, deve ser concebida em toda a sua seriedade; esta tem numerosas causas e exige uma revisão profunda do modelo de desenvolvimento económico global (cf. encíclica Caritas in veritate, 21)...
«Neste quadro, parece decisivo um relançamento estratégico da agricultura. De facto, o processo de industrialização às vezes obscureceu o sector agrícola, o qual, mesmo com os benefícios dos conhecimentos e das técnicas modernas, perdeu importância, com notáveis consequências também no campo cultural. Este parece ser o momento para um convite a revalorizar a agricultura, não em sentido nostálgico, mas como recurso indispensável para o futuro.
«Na situação económica actual, a tentação para as economias mais dinâmicas é a de recorrer a alianças vantajosas que, contudo, podem ser prejudiciais aos Estados mais pobres, prolongando situações de pobreza extrema de massas de homens e mulheres, e esgotando os recursos naturais da Terra, confiada por Deus Criador ao homem - como diz o Génesis - para que a cultive e a proteja (cf. 2, 15). Além disso, apesar da crise, nos países de antiga industrialização incentivam-se estilos de vida marcados por um consumo insustentável, que também acabam por prejudicar o ambiente e os pobres.
«É necessário dirigir-se, portanto, de forma verdadeiramente concertada, a um novo equilíbrio entre agricultura, indústria e serviços, para que o desenvolvimento seja sustentável, não falte pão para ninguém, e para que o trabalho, o ar, a água e os demais recursos primários sejam preservados como bens universais (cf. Caritas in veritate, 27)».
Não basta, pois, a moderna paixão por tudo o que há de primitivo e espontâneo no mundo. Se o movimento ecologista de moda tem fomentado o justo apreço pela Natureza, um naturalismo exacerbado pode levar, paradoxalmente, a obscurecer a vida agrícola, como se o homem fosse um intruso e não o destinatário dos recursos naturais, e o agricultor não fosse o seu melhor amigo e guardião.
Pe. Hugo de Azevedo
Fonte: Boletim da Capelania da AESE, Janeiro 2011
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