Sozinho
Na minha tenda, numa noite destas!
Tão longe o tempo da mocidade,
do sapatinho na chaminé
A que distância
a noite alegre
a recitar versos,
a cantar fados,
a dizer coisas sem importância.
Sozinho
Na minha tenda, numa noite destas!
A meu lado,
de repente,
serenos e confiantes,
como se fosse LÁ
e não AQUI,
obedecendo a rito já antigo,
ELES vêm pouco a pouco:
O meu Pai,
a minha Mãe,
os Manos,
a criadagem.
E eu, sem peru,
nem Bolo Rei
e até
(que tristeza)
sem versos.
Como derradeira ilusão
Lá, no meu quarto vazio,
eu sinto que o coração
se transforma em Presépio
e sereno e grave me ajoelho
e eu e ELES rezamos:
- Graças meu Deus!
- Menino, Te Deum Laudamus!
Angola, Bessa Monteiro, Natal 1963
Curioso que 10 anos depois passei eu o meu Natal no destacamento de Mato Cão na Guiné.
ResponderEliminarAté já para um abraço em família.