O perdão, de facto liberta-os de um peso, por vezes quase insuportável, e que, podemos ter a tentação de arrastar indefinidamente mantendo o tal “registo” que anteriormente se anotou.
Outra atitude prudente e séria é considerar se, também nós, não fazemos o mesmo, isto é, não ofendemos ninguém propositadamente ou sem querer e nem sequer nos preocupamos em pedir perdão.
É que, como se compreende no Pai-Nosso, o perdão tem duas “viagens”, uma dos outros para nós e outra de nós para os outros.
É sempre recíproco e só assim é verdadeiro e válido.
Os seres humanos têm a garantia de que Deus nos perdoa sempre que lho peçamos com verdadeiro arrependimento, esta garantia foi Ele próprio quem no-la deu. Porque, então, não assumir a mesma posição perante o nosso próximo e perdoá-lo tal como Deus nos perdoa, tanto mais que, sendo desmesuradamente diferente a ofensa feita a Deus pelos homens da ofensa feita pelos homens a outros homens, não se entende muito bem como seja possível não atender a esta verdade.
Dar a Deus é também, perdoar, dissemos anteriormente e, realmente, nada melhor Lhe podemos dar já que Ele nos retribui com o Seu próprio perdão.
Já quando se trata de César, não é bem assim.
O perdão de César, ao contrário do perdão de Deus que é gratuito, tem um preço que se tenta, seja regulado conforme o cariz e gravidade da ofensa. É avaliado, com rigor, o teor da ofensa, as circunstâncias, a estatura pessoal e social de quem a comete, tal como as do ofendido, e, por vezes, mesmo que este tenha concedido o seu perdão ao ofensor, César, insiste numa pena a cumprir.
E porquê?
Porque a ofensa pode – e é em muitos casos – um caso social, isto é, causa um mal à sociedade e, neste caso, é aceitável que o perdão tenha condições.
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