Isto não tem tudo a ver com a justiça que, quase sempre, se preocupa mais com o primeiro que com o segundo.
Porquê?
Porque praticar a justiça não pode limitar-se a aplicar a sanção que eventualmente o prevaricador mereça mas, também, em assistir seriamente a vítima.
Isto acontece com frequência quando a justiça – o que comummente se apelida justiça – se limita a aplicar a lei conforme o legislador previu e se tenta compensar a vítima ou vítimas com as indemnizações também previstas, quando o que de facto necessitavam e, aliás, teriam o direito de esperar, era um apoio concreto e categorizado para conseguirem ultrapassar a situação que lhes foi imposta.
Na verdade, um prevaricador pode sempre reabilitar-se, em primeiro lugar cumprindo a pena aplicada, depois com a reparação estipulada, e, evidentemente com um arrependimento sincero que conduza a não repetir acto, ou actos semelhantes, e, tendo, por assim dizer, pago a sua dívida para com a sociedade, retomar uma vida normal sem mais consequências.
A vítima não, se não receber ou de alguma forma tiver acesso aos apoios adequados tenderá a arrastar indefinidamente o fardo da violência a que foi sujeita não conseguindo retomar a vida tal como a tinha antes de tal ter acontecido.
Esta é a forma comum e usual de administração da justiça humana. Mas, quando se refere às relações do homem com Deus já não é assim.
O prevaricador, aquele que comete o pecado, ofende tanto mais violentamente a Deus quanto mais grave o pecado for, mas, o ofendido, Deus, não guarda num arquivo essas violências, antes espera que o arrependimento traga o prevaricador ao encontro do perdão que anseia conceder-lhe.
Neste caso, de facto, quem sofre mais é o pecador porque com o seu acto se afasta voluntariamente de Deus que é a fonte de todo o bem, e, este afastamento, provoca realmente uma dor insuportável que, constantemente, vem à tona da consciência até que se tome a resolução de arrependimento e se consuma esse mesmo arrependimento na Confissão Sacramental.
O ofendido, Deus, não fica com “marca” nenhuma, nem poderia porque é Perfeito; o ofensor sim, fica com uma marca que o pecado deixa sempre e, mesmo depois de perdoado, permanece o sinal que, por leve que seja, só se apagará com o exercício de boas obras que contrariem, compensem de certo modo, o mal praticado.
Por isso, podemos concluir que o arrependimento é um dos mais belos sentimentos do homem e que não só o beneficia e dignifica a ele próprio como a própria sociedade em geral.
Só é possível o arrependimento a uma pessoa com um carácter bem formado que, em primeiro lugar, lhe permita aperceber-se do mal praticado e, depois, lhe faça ver com clareza a necessidade de se arrepender para, digamos assim, repor tudo no seu lugar.
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Continuo a seguir, a reflectir, a aprender.
ResponderEliminarGraças a Deus!
Um abraço