Dia de Santo António.
O grande Santo que a Igreja celebra como um Doutor.
Um homem que pôs ao serviço dos homens, os extraordinários dons que Deus lhe concedeu. De tal forma que se esgotou e morreu tão novo. Esgotado pelo trabalho de apregoar o Evangelho, o Reino de Deus.
E eu, que sou António também, que faço com os dons que o Senhor me deu?
Que uso tenho eu feito da inteligência, da vontade, do pensamento, da escrita, enfim, de tudo quanto o Senhor tão prodigamente me cumulou?
Estou eu à espera de fazer aquele grande trabalho, de mostrar aquela faceta, de brilhar naquela escuridão?
E, nesta espera sempre adiada, vou deixando os dias passar fazendo muito pouco ou nada pelos meus irmãos, o meu semelhante.
Rezar, pelo menos, rezar por eles, por todos os que conheço e a quem quero bem e por aqueles que não conheço ou a quem não quero tão bem. Rezar sem descanso em contínua união com o Senhor.
Ter a presença divina bem marcada na minha vida e em cada momento.
Esta realidade do Senhor que me escuta, que me vê e que está sempre presente em qualquer ligar ou circunstância. Tentar pôr esta atitude perante o Senhor, um exame constante da presença de Deus real e verdadeira na minha vida. Quando conseguir este estado de espírito eu saberei proceder com amor e rectidão e, sobretudo, serei incapaz de ofender a Deus. Não deixarei que nenhum dos meus irmãos passe por mim sem que sinta bem forte, o desejo de o ajudar.
Tenho de salgar, de iluminar.
Tenho de ser saboreado, visto e sentido.
Tudo o que possa fazer de bom, por graça de Deus, tem de ser partilhado e visto por quantos se cruzam comigo, para que sintam ânsia de proceder como eu, melhor que eu.
Eu Te peço, Senhor, esta consciência clara e constante da Tua presença no que me rodeia. No ambiente, nas obras da natureza, e nas obras dos homens, feitas por Teu consentimento e graça. Sentir bem viva em mim esta condição sublime de ser Teu filho a tempo inteiro, e não apenas quando Te falo, ou estou mais ligado a Ti na Santa Missa. Ligado a Ti, permanentemente, por um cordão tão forte, que me puxe sempre para Ti, numa atracção determinante de todos os meus actos, toda a minha vida.
Santo António, a quem pedi emprestado o nome, lembra-te deste teu irmão e homónimo e intercede por mim junto de Deus. Diz-lhe coisas boas de mim: que afinal, o que preciso, é de auxilio e vigilância constantes como mais pequeno dos Seus filhos. Ajuda-me a dar sem cuidar de receber, a dar com alegria e de uma maneira total e desinteressada, de tudo aquilo que Tu me fizeste dom.
Ámen.
(ama, meditação, Diário, 1987.06.13)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.