Dentro
do Evangelho – (cfr:
São Josemaria, Sulco 253)
(Re Mt Lc Mc Jo…)
Confesso que, hoje, no final do dia, eu estava
derreado, tantas coisas tinham acontecido logo desde manhã cedo, com gentes a
acorrer a Jesus com pedidos de ajuda, curas para os seus males, num corropio
incessante. Jesus não deixava ninguém ir-se embora sem resposta... «Vai... o teu filho está curado»... «Vai...
recobra a vista»... «Vai... pega a tua enxerga e vai para
casa», «Vai...
os teus pecados estão perdoados»...
e tantos... e tantos «VAI» como se dissesse: Eu faço o que me pediste, tu,
faz o que te mando".
"VAI", esta ordem clara terminante, indica-me exactamente o que tenho de fazer:
ir!
Não me ficar, talvez esmagado pelas minhas misérias
pessoais mas, levantar-me decidido a seguir em frente, rumo à que deve ser a
minha única esperança: Encontrar-me com Ele e dizer-lhe:
MandasTe-me ir e, eu obedeci, fui e aqui estou...
e... agora, Senhor, que mais mandas que faça?
Da quod
iubes et iube quod vis! (Manda o que
quiseres e dá-me o que mandares).
Neste preciso momento sou alguém muito feliz!
Estou vivo!
Não por mim que "não posso acrescentar um côvado à minha
estatura" ou "tornar branco ou preto um simples cabelo da minha
cabeça", mas porque O Senhor da Vida quer que seja assim.
Talvez valha a pena considerar que sinto como que "um desejo atávico”,
de partilhar momentos difíceis, dolorosos com outros.
Porquê?
Porque sou tão restrictivo em fazê-lo com os momentos bons, gratificantes?
Ah! Porque quero, desejo que tenham pena de mim, quando, o que deveria
fazer seria levar outros a juntarem-se ás muitas acções de graças que tenho de
dar, se o fizer não poderia estar mais tranquilo!
Nenhum dia é exactamente igual ao que o antecedeu, é um facto, por isso
mesmo o Plano de Vida é importante. Haverá muitas coisas que serão constantes,
sem dúvida, como as Orações Diárias, mas nem por isso devem de ser descartadas.
O "meu tempo", isto é... o tempo que julgo ter como meu, na
verdade não me pertence pelo simples e inegável facto de que não lhe posso
acrescentar ou diminuir um átimo.
O tempo, longo ou breve, pertence a Quem o criou por Sua Soberana Vontade.
Sendo o Dono Absoluto de quanto eziste, Deus pode fazer o que entender,
inclusive criar o tempo.
Sendo Intemporal, Eterno, Permanente, para que precisará Deus do Tempo?
Não sei responder a esta questão porque o meu raciocínio é simplesmente
humano e, portanto incapaz de entender o Divino.
Contudo, posso ter uma certeza, Deus não me criou para outra coisa que não
seja amá-Lo com todas as forças da minha alma, todas as veras do meu coração
porque só assim alcançarei a felicidade que Ele deseja para mim, o que é lógico,
porque sou fruto do Seu Amor; porém, como me criou livre de vontade sabe muito
bem o quanto esta é fraca e, daí que precise de tempo para se fortalecer.
É esse tempo que Ele me concede, nem mais nem menos que o absolutamente
justo.
Depende de mim aproveitá-lo.
Sinto que não posso e não devo reprimir as memórias que guardo do Amor da
Minha Vida.
Como poderia "apagar" todos os segundos que vivemos juntos ao
longo de mais de 49 Anos?!?
Vivemos juntos tantos segundos e, curiosamente, só me lembro dos felizes,
incrivelmente felizes que vivemos.
Caldeados nas dificuldades e zurzidos por momentos agrestes, ultrapassámos
tudo, o nosso amor resistia a tudo, a nossa total confiança era permanente,
talvez porque não desconhecíamos as fraquezas de cada um.
Um amor assim vale por si só a felicidade completa.
Meu Amor.
Memórias
Uma pessoa "normal" tenta organizar as suas memorias de forma
mais ou menos esquemáctica, por datas, assuntos e outras referências.
Concluo que, eu, não devo ser uma pessoa "normal" porque as
minhas memórias estão como que amalgamadas num bolo mostruoso do qual não
consigo isolar uma fatia.
Isto é uma maçada enormíssima porque fico sempre cheio de fome.
Lembro-me de algo que aconteceu há um ror de tempo ou há dois anos...
anteontem… e, aquilo tudo vem como uma mostruosidade indecifrável... sei lá...
o Zé: o meu Querido Irmão, o Zé da loja da esquina... os "Zés" todos que fui topando ao
longo da vida; a mochila, sim... aquela que levava ás costas quando ia acampar
com os Escuteiros... mas também a outra que o meu colega exangue nos matos de
Angola me pediu que levasse para o Quartel.
Depois vem aquele curso de água que me cortava o caminho. Sabia lá se era
fundo ou não!
"Malta... há que atravessar...!!!"
E o pessoal avançava com água pelos peitos, as armas bem erguidas acima da
cabeça, até chegarmos ao outro lado.
Um Zé qualquer, qualquer... não! O Zé da minha Secção, em Outubro de 1973,
morreu afogado em dois metros de água!
Como dizer, contar tal coisa ao seu Pai, à sua Mãe, aos seus familiares?!
Mas... era a verdade nua e crua, o Zé caindo no curso de água espetara no
peito a "faca de serviço", foi, evidentemente, sem querer mas... como
explicar a quem seja?!?
Bom... é por isto "quid fuit demostratum" que as memórias têm,
pelo menos para mim, uma como que corrente de aço cujos elos se entrelaçam
inquebrantáveis.
Penso que tenho de rever a forma como me "entrego" ás memórias.
Quero, se dúvida alguma, rever gráficamente tantos e tão belos momentos da
minha vida, principalmente aqueles que ao longo de brevíssimos Quarenta e Nove
anos partilhei com o Amor da Minha Vida. São alimento, alegria, paz, VIDA!
Confiança pode ser essa manifestação de intimidade que me leva a abrir a
alma, o coração a alguém que me merece, além de respeito, a segurança razoável
que saberá acolher, avaliar, compreender o que revelo e, se for caso disso,
dar-me a sua opinião, responder com segurança.
É por isto mesmo que confio, serena e totalmente no Anjo da minha Guarda;
ele tem a Graça e a missão de me guiar por onde me convém ir.
Anjo da minha Guarda! Confio plenamente em ti!
Não... não quero morrer... mas... também não desejo viver, sem me deter
entre o desejo e o querer, procuro tenazmente solução.
Não quero morrer... porquê?
Não desejo viver... porquê?
Não quero morrer porque não me compete querer tal coisa.
Não desejo viver porque quero encontrar-me, definitivamente na Vida Eterna,
com o Amor da Minha Vida.
Viver ou não, está nas mãos do Senhor da Vida; desejar viver ou não está
fora da minha competência.
Compreendo que, no fundo, isto é uma tentação para me distrair e
"apanhar em falso"; distraído e em falso, fico vulnerável ao que o
tentador apresenta a seguir: "Justiça Divina?
Ora bolas... Deus quer lá saber de ti, homem! Um "justiceiro
brincalhão" que se diverte a atormentar-te! Segue os meus alvitres e vais
ver que serás feliz".
Eu sei muitíssimo bem que, quando a tentação "aperta", há duas
coisas que nunca devo fazer... a primeira consentir no diálogo com o tentador,
a segunda entregar - imediatamente - o assunto nas mãos do Anjo da Minha
Guarda; ele saberá como resolver e, eu, ficarei tranquilo e em paz.
Talvez que algumas vezes me "entretenha" a reflectir e a escrever
sobre coisas sem relevo, no entanto, penso, tentando desculpar-me, que, se não
reflicto ou escrevo sobre o que me acontece no dia a dia, sobre que hei-de
reflectir ou escrever.
Depois... vem o tentador... "deixa lá isso... que interessa, só procuras
a satisfazer-te, recrear-te a ti mesmo!".
Bom se o tentador reage é porque o incomoda... ou não?
Reajo e escrevo e... fico em paz.
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