Dentro do Evangelho
(Re
Lc VIII, 1-3)
São
Lucas relata que várias mulheres seguiam Jesus e os Seus discípulos
servindo-os.
A
maior parte seriam gente humilde mas, pelo menos uma, tinha estatuto social de
relevo... «Susana, esposa de Gusa procurador de Herodes».
Serviam-nos
como? Talvez estendendo toalhas no chão com as refeições que confeccionavam,
cuidando das roupas de vestir, enfim muitas outras coisas que aqueles homens em
permanente deambulação primariamente necessitavam.
O
que recebiam em troca dos seus serviços? O poder acompanhar Jesus e, sobretudo,
ficarem para sempre constantes no Evangelho.
Estas
mulheres, almas generosas, santas, continuam a existir, muitas em conventos,
hospitais e casas semelhantes, outras no meio da sociedade anónima sempre
disponíveis para servir quem possa necessitar. Entre elas há muitas
"mulheres de Gusa', com graus académicos de relevo, biólogas, matemáticas,
filósofas, engenheiras, de famílias notáveis na sociedade mas, todas elas, com
uma postura como que apagada, sem destaque, quase anónimas.
Têm
, de facto um Esposo, Jesus Cristo a Quem servem e por Quem servem os outros, e,
embora sempre ocupadas nos seus trabalhos, mergulhadas em oração - o trabalho é
oração - de coração completamente entregue. Não obstante estarem sempre
ocupadas parece terem tempo para tudo inclusive para irem duas a duas por esse
mundo fora, para terras distantes, hinóspitas onde pacientemente lançam as
raízes de novos conventos, constroem escolas, hospitais, centros de acolhimento.
É um trabalho ciclópico, espantoso que, naturalmente, precisa de meios
materiais para se desenvolver mas, isso não as preocupa, cada uma quando se
entregou a Cristo também entregou quanto tinha, pouco ou muito, deu
absolutamente tudo. O extraordinário é ver que o Senhor, que cumpre sempre o
que prometeu, faz surgir apoios, subsídios... o que for, que muitíssimas
outras almas generosas prodigalizam com esse fim.
Eu,
tenho a graça de conhecer, diria... particularmente, algumas destas santas
mulheres e, maior graça, conversar com elas, intimando e, sempre, aprendendo
lições de humildade, serviço e doação aos outros.
Porquê?
Nos primeiros anos da República o Afonso Costa prometeu, como objectivo, acabar
com a Religião Católica em Portugal. Um seu Ministro, António Augusto de
Aguiar, tomou a peito esta "missão" e perseguiu padres, lançou nas
masmorras Bispos, extiguiu Conventos, uma perseguição cheia de abusos e
horrores difíceis de descrever. Algumas destas mulheres foram acolhidas pelos
meus Queridos Pais em Monte Real, proporcionaram-lhes guarida nuns anexos das
Termas, do Hotel levavam-lhes as refeições. Lembro-me muito bem de as ver nos
bancos da Avenida das Termas a venderem peças de roupa e malha que
confeccionavam e cestos com biscoitos de água e sal, uma receita do Convento do
Louriçal que, como os outros, tinha sido encerrado. Finalmente, não me lembro
bem quando, mas julgo que pelos anos 50/60 chegou o grande dia em que os meus
Queridos Pais, ofereceram um terreno (e mais alguma coisa) para se construir um
Convento... que lá está... O Convento de Santa Clara em Monte Real.
Para
terminar, acrescento, se preciso fosse, que desde há uns anos existe também um
Convento de Santa Clara, Monte Real, em Timor!
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