04/01/2023

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Analisada em detalhe durante séculos por gentes de todas as idades e graus de cultura todos chegam à mesma conclusão: O Pai-Nosso é uma oração completa e total. Contém tudo, absolutamente, o que precisamos dizer ao nosso Pai do Céu. Descreve tudo, absolutamente, o que Ele deseja que façamos. Todas as orações  que possamos fazer, por mais belas, cheias de significado ou piedosas, ficarão aquém do Pai-Nosso ensinado directamente por Jesus Cristo. Contém tudo quanto devemos dizer quando nos dirigimos a Deus. Louvor, petição, promessa, compromisso. Sendo Universal, ė eminentemente pessoal porque se trata da conversa de um filho com o seu Pai.

Milhões de páginas escritas por eminentes pensadores, glosas e comentários sobre o “Pai Nosso” têm sido objecto da nossa admiração ao longo dos tempos. Não admira, trata-se de uma oração divina ensinada pelo próprio Jesus Cristo e a única coisa que temos de fazer é ter bem presente que foi Ele mesmo que nos disse: «Rezai, pois, assim». Todas as orações por belas e maravilhosas que possam ser não têm uma pálida semelhança com o “Pai Nosso”. As nossas orações, fruto da nossa Fé e da nossa Piedade, são humanas e, sem dúvida, agradáveis a Deus.

O “Pai Nosso” é, - digamos - como que o “remate” final que consubstancia em si mesmo quanto precisamos pedir, invocar, dizer. Seja esta oração divina a oração cristã por excelência e estaremos, seguramente, no caminho certo para chegar ao íntimo de Deus Nosso Senhor.

 

Perdão e Amor, Amar e Perdoar!

 

O Senhor insiste repetidamente nestes dois "suportes" da vida do cristão e, de facto, o Perdão e o Amor andam a par. Cristo nosso Irmão e Exemplo não fez outra coisa neste mundo: amou a todos a todos perdoou.

Não se pode rezar esta oração – o Pai-Nosso - sem ter bem consciência de que são palavras divinas as que pronunciamos. Por isso mesmo todo o respeito e atenção devem estar presentes sem o que não será nem autêntica nem eficaz, mas mero papaguear que o Senhor não terá em conta.

Por vezes não alcançamos que nós, os cristãos, dispomos de uma oração ensinada pelo próprio Jesus Cristo. Se nos detivéssemos - por breves momentos que fosse - a pensar nisto, com que intensidade rezaríamos!

Uma oração que o próprio Deus e Senhor ensinou deve ser, com toda a certeza, aquela que Lhe é mais agradável e irá mais "directamente" ao Seu Coração de Pai Amantíssimo.

Pensemos, sobretudo, que Ele nos ensinou a dizer «PAI NOSSO» e não «meu Pai», o que, quer dizer que sempre que o rezamos estamos unidos a todos os homens Seus filhos.

 

O que é meu!

 

Constantemente nos ocorre esta consideração e não só quanto aos bens que possuímos, os que gostaríamos de ter, mas a conta em que nos temos, os nossos predicados, inteligência, cultura, sabedoria. Temos muitas coisas ou, melhor, julgamos ter e ambicionando sempre por mais.

Ter não significa possuir - no verdadeiro sentido do termo - mas tão só que nos foi dada a possibilidade de usufruir de algo durante algum tempo que será, no máximo, o que durar a nossa vida terrena. Depois nada teremos porque não precisaremos absolutamente de nada.

 

O olhar

 

Quantos pecados têm a sua “origem” no olhar.

Lembremos um dos mais conhecidos de todos os tempos, o pecado de David. As consequências de ter detido o seu olhar numa cena íntima e reservada foram terríveis, desde o assassínio congeminado de Urias, até a própria morte do seu filho e herdeiro.

Olhar, ver, são bem diferentes de mirar. Aqueles podem ser naturais e como que automáticos, este, é sempre um acto declarado, voluntário e, por isso, mesmo, responsável.

O que o Senhor pretende com este discurso é fundamentalmente transmitir-nos dois princípios basilares de toda Vida  Cristã: Primeiro ter ordenadas as prioridades, saber se o que queremos é de facto o que necessitamos, depois ter confiança ilimitada na providência divina. Uma vez postos os meios que dispomos, confiar que o Senhor providenciará o que faltar.

O Senhor continua a insistir no desprendimento pessoal e na confiança na providência divina. O pão nosso de cada dia não é o que pedimos na oração por excelência?

Mas vai mais longe garantindo que o nosso Pai celeste sabe muito bem o que necessitamos e não deixará de providenciar. A cada dia a sua preocupação, não vivamos obcecados pelo futuro que não sabemos se haverá, façamos antes o que devemos fazer e quando devemos.

No cofre do nosso coração guardamos o nosso maior Tesouro: A nossa Fé! Guardemo-la com avareza autêntica, mais, esforcemo-nos por aumentá-lo até não caber mais e termos reservas suficientes para toda a nossa vida.

Ter, ter, ter!

A vida de muitos - inclusive cristãos - parece resumir-se a esse objectivo. Somos capazes de enormes esforços e até sacrifícios para o conseguir.

Lembro-me da homilia que um sacerdote inglês pronunciou numa Missa de Domingo em Malta em 2016. O título era: o que eu quero e o que eu preciso. Foi uma homilia notável porque despertou questões que raramente nos ocorrem que poderiam resumir-se assim: ‘Preciso realmente disto que quero ou é apenas um capricho?’ 

Pensemos bem e com honestidade e talvez concluamos que muitas coisas que temos e outras que gostaríamos de ter são absolutamente dispensáveis.

 

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