(Nota: Seguindo a
recomendação de São Josemaria Escrivá procurarei viver o Evangelho como um
personagem mais. Para tal seguirei fielmente os textos pronto a fazer as
considerações que me ocorrerem.)
Dentro do Evangelho – Lc I
Sou
um judeu natural de Jerusalém e no exercício da minha actividade desloco-me a
várias povoações de Israel, nomeadamente Jericó.
O
que faço? Bem… sou um cobrador de impostos, o que chamam depreciativamente: um
Publicano.
Não
tenho muitos amigos… na verdade… não tenho sequer alguém a quem possa chamar:
AMIGO! A princípio incomodava-me muito a forma suspeitosa e, até, o desprezo
com que me tratam e, tenho de reconhecer, que um cobrador de impostos –
sobretudo quando os impostos são cobrados em nome do invasor da nossa Pátria –
não pode esperar outra coisa dos seus conterrâneos. Mas… é a minha vida… que
hei-de eu fazer!
Acordei
hoje manhã, já um pouco tarde, numa estalagem. Levei algum tempo a lembrar-me
de quanto acontecera na véspera. Como que em cenas pouco nítidas vi-me no
caminho de Jericó para Jerusalém com os alforges da minha montada, carregados
com o produto da cobrança. Sou assaltado por uns meliantes – três, parece-me –
e tentei defender-me como pude, só que eles não me deram tréguas e, talvez por
se aperceberem quem eu era, atacaram-me com tal violência que fiquei prostrado
no caminho.
Não
sei quanto tempo ali fiquei inconsciente e cheio de dores dos golpes sofridos.
Lembro-me vagamente de alguém que se aproximou de mim e me prestou assistência,
tratou como pode as minhas numerosas feridas deitando-lhes azeite e vinho.
Nisto,
o estalajadeiro aparece no meu quarto e pergunta-me como me sinto. Fico a olhar
para ele. Como se percebesse da minha confusão conta-me o que aconteceu, como
tinha chegado na noite anterior trazido por um Samaritano – o mesmo que me
encontrara prostrado no caminho – que tratara de mim e me instalara na cama.
Tinha partido há pouco mas dissera que voltaria passados dois dias.
Na
minha surpresa, perguntei: ‘Mas tens a certeza que era um Samaritano?’
Respondeu:
‘Compreendo a tua surpresa pois, na verdade, também eu fiquei atónito’.
Disse-lhe:
‘Eu sou um Publicano e fui roubado e espoliado de quanto trazia, não sei como
vou pagar-te a minha estadia.’
‘Não
te preocupes com isso – responde-me – o teu “salvador” deixou-me dinheiro para
cuidar de ti e até me disse que se o que me deixou não fosse suficiente no seu
regresso me pagaria o que faltasse.’
Quando
o estalajadeiro saiu do meu quarto não pude deixar de pensar no estranho e
insólito e toda a situação. Como era possível? Um Samaritano e um Judeu, ainda
por cima, Publicano?
Na
minha vida tenho cometido alguns – bastantes – erros. Sobretudo abusos nas
cobranças aproveitando-me das circunstâncias para guardar para mim uma boa
parte. Isto nunca me incomodou… afinal é o que fazem todos os Publicanos! Bem
sei que há pouco tempo atrás, um colega, nos surpreendera a todos quando
resolvera abandonar a profissão que exercia precisamente em Jericó e devolver
aos lesados o quádruplo do que se apropriara e, como se não bastasse,
oferecera aos pobres metade do que possuía. Aliás circulava uma história
sobre um encontro com um tal Jesus da Galileia a quem oferecera um banquete
depois do que passou a fazer parte do grupo dos que O seguiam por todo o
lado. Mas, confesso, não dei muita
importância ao assunto. Agora, porém, parece que um incómodo estranho está a
revirar-me as entranhas e começo a pensar que, logo que possível, tenho de
encontrar-me com ele para que me conte quanto aconteceu.
Conheço-o
bem e, se ele, tomou tais decisões é porque algo muito especial aconteceu e,
conhecendo-o como conheço, só posso concluir que terá escolhido uma vida
muitíssimo melhor que a que tinha antes. Estando assim decidido, parece que as
dores no meu corpo abrandaram e voltei a adormecer.
…
Reflectindo
Outra vez volto a este tema, “ Os meus talentos”,
não que tenha grandes dúvidas mas porque é "objecto" de tentação
Tenho um talento que é a capacidade de escrever.
A tentação surge quase sempre: "Escreves para
quê? Não é uma manifestação de vaidade
pessoal? Não escrevas mais sobretudo porque repetes coisas sobre as quais já
escreveste"
Percebo... ao tentador incomoda-o que escreva!
Portanto concluo que escrever é o que devo fazer
pondo sempre nas Suas mãos a inspiração do que convém que escreva e como.
Se sou inteligente, tenho uns predicados, o razoável
é demonstrá-lo, se não para que servem.
Tenho forçosamente que aplicar esses talentos e, por
isso, peço ao Divino Espírito Santo que me inspire a melhor forma de o fazer.
Assim... não estarei a "sublimar-me" mas a
cumprir a Vontade de Deus qye, como dizia São Josemaria, se serve da
"perna de uma mesa" para escrever o que quer.
Fico tranquilo.
Uma das "expertezas" do tentador é
induzir-me na consideração que ao aplicar um talento que tenho estou a pecar por
vaidade.
Considero que qualquer talento que possa ter não me
pertence mas a Deus Nosso Senhor que mo
deu.
Portanto concluo que ao aplicar um talento estou a
servir a Deus.
É o que me interessa e convém porque será isso mesmo
que Ele deseja que eu faça.
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