30/04/2022

Publicações em Maio 01



 

Dentro do Evangelho

 

Mt XVIII, 21-35

Mt XVIII, 21-35

 

21 Então, aproximando-se d'Ele Pedro, disse: «Senhor, até quantas vezes poderá pecar meu irmão contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?». 22 Jesus respondeu-lhe: «Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23 «Por isso, o Reino dos Céus é comparável a um rei que quis fazer as contas com os seus servos. 24 Tendo começado a fazer as contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos. 25 Como não tivesse com que pagar, o seu senhor mandou que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo o que tinha, e se saldasse a dívida. 26 Porém, o servo, lançando-se-lhe aos pés, suplicou-lhe: “Tem paciência comigo, eu te pagarei tudo”. 27 E o senhor, compadecido daquele servo, deixou-o ir livre e perdoou-lhe a dívida. 28 «Mas este servo, tendo saído, encontrou um dos seus companheiros que lhe devia cem denários e, lançando-lhe a mão, sufocava-o dizendo: “Paga o que me deves”. 29 O companheiro, lançando-se-lhe aos pés, suplicou-lhe: “Tem paciência comigo, eu te pagarei”. 30 Porém ele recusou e foi mandá-lo meter na prisão, até pagar a dívida. 31 «Os outros servos seus companheiros, vendo isto, ficaram muito contristados e foram referir ao seu senhor tudo o que tinha acontecido. 32 Então o senhor chamou-o e disse-lhe: “Servo mau, eu perdoei-te a dívida toda, porque me suplicaste. 33 Não devias tu também compadecer-te do teu companheiro, como eu me compadeci de ti?”. 34 E o seu senhor, irado, entregou-o aos guardas, até que pagasse toda a dívida. 35 «Assim também vos fará Meu Pai celestial, se cada um não perdoar do íntimo do seu coração ao seu irmão»

 

Personagem 2.2

 

Um dos servos revoltados 

Não vou revelar o meu nome, direi apenas que sou um dos servos que constatou a tristíssima cena daquele nosso compatriota apertando o pescoço a um outro que lhe devia uma quantia que, depois vim a saber, somava cerca de cem denários.  Não revelo o meu nome porque, confesso, tenho receio daquele sujeito, homem de “maus fígados” que toda a gente sabe é um usurário que “explora” as necessidades dos outros revelando-se um intransigente sem dó nem piedade, exigindo por qualquer meio a devolução do emprestado aos que tiveram a desdita de lhe caírem nas “garras”. Mas, todos sabíamos que esse dinheiro que emprestava a elevados juros vinha directamente das mãos do nosso Senhor e Rei que nunca recusava nada a quem a ele recorria. Espantava-nos como podia continuar a emprestar-lhe enormes quantias que – todos o sabíamos – atingiam um valor absurdamente grande, sem exigir que prestasse contas como seria de esperar. Mas, finalmente chegou o dia em que o nosso Senhor e Rei se inteirou da situação e resolveu chamá-lo à sua presença. Estávamos todos naturalmente suspensos do que se iria passar e ficamos cá fora no átrio do palácio à espera do desfecho. Para nosso espanto, o homem sai do palácio com um sorriso rasgado no rosto como que animado de grande contentamento para, logo depois, completamente alterado o semblante e a atitude, proceder como a princípio relatei. Que se teria passado? Logo tudo se esclareceu porque imediatamente surgiu no cimo da escadaria o escrivão do Rei levantando os braços ao céu e mostrando toda uma surpresa e descontentamento que não pudemos ignorar. Então contou-nos o que se passara: Em resumo disse que depois de o Rei lhe ter exigido que pagasse quanto lhe devia e tendo obtido como resposta que não o podia fazer, que lhe desse um pouco mais de tempo… prometendo pagar logo que possível, o nosso excelente Rei que o ameaçara com a prisão e a venda de todos os seus bens incluindo a mulher e os filhos, encheu-se de compaixão e simplesmente mandou-o embora perdoando-lhe toda a enorme dívida. Ficámos, naturalmente, espantados com a atitude do nosso Senhor que, embora conhecendo a sua bondade para com os seus súbditos, perdoava assim – sem mais nem menos – uma quantia exorbitante. Evidentemente que o Rei pode fazer com o seu dinheiro o que muito bem entender e só nos competia dar graças por tão excelente Senhor. Mas sabíamos que sendo extremamente generoso era, também, absolutamente justo e que, seguramente, e deveria ficara saber que o servo a quem perdoara tão grande dívida acabava de praticar um acto exactamente oposto para com um colega e, por isso mesmo, fomos – todos - à sua presença contar o que se passara. Note-se que não fomos apresentar uma “queixa” mas tão só procedemos como achávamos que era de absolutamente correcto fazer. Caberia ao nosso Rei e Senhor julgar conforme o seu superior critério.

 

Mês de Maio




As minhas Mães

Neste princípio de Maio que melhor "meditação" que lembrar a minha Mãe do Céu que nasceu e viveu na Palestina em Nazareth e a minha Mãe da terra, que também está no Céu, nasceu em Portugal na Lousã e foi baptizada com o nome de Maria de Nazareth.

 

Nota: (Esta imagem de Nossa Senhora de Fátima foi solenemente "entronizada" na capela das Termas de Monte Real em procissão com todos os funcionários das Termas, conduzidas pela minha querida Mãe no ano de 1943).

 

 

Santíssima Virgem

 

Alegrias

 

Anunciação do Anjo a Nossa Senhora

Nota de AMA:[i]

1

Meditação

«Salve, ó cheia de graça»! (Lc 1, 28) Foi com estas palavras que, Gabriel, o Anjo do Senhor, se dirigiu a ti, Maria de Nazaré.

Tão longe estarias tu deste acontecimento. Decerto que, desde pequenina, a oração constante, a simplicidade nos pensamentos e nos actos, sem a mais leve mancha de malícia ou impudor, deverias sentir Deus muito próximo, ao alcance da tua voz. Certamente que sim, pois acreditavas firmemente que Ele te ouvia sempre e em cada momento. Mas, a tua modéstia, a tua simplicidade, a tua total e humilde submissão ao teu Senhor, ao teu Deus, não permitiriam nunca que te ocorresse sequer essa possibilidade. O Senhor Todo Poderoso, o Criador do Céu e da Terra e de tudo quanto existe, enviar a Nazaré, à tua casa humilde e simples, um Anjo Seu, para te saudar! Que coisa mais extraordinária! Sabias que Deus não era um ser longínquo e distante, inacessível aos homens. Constantemente tinha intervindo junto do povo eleito para comunicar a Sua Vontade, os Seus desígnios. Mas, os Seus interlocutores tinham sido sempre grandes personagens da História Humana: Abraão, Moisés, David, os Profetas, e tu, pobre e humilde menina, recebias do Senhor uma graça semelhante!? Logo no início o salve do Mensageiro te perturba. «Salve», isto é, alegra-te. Mas, mais: «Oh! Cheia de graça»! Que saudação estranha e desusada que manifesta uma dignidade e honra que julgas não merecer: “Alegra-te Filha... de Jerusalém... o Senhor está no meio de ti.” (So 3, 14. 17a) Estes altíssimos louvores ferem o teu espírito humilde e, por isso a estas palavras, «ela perturbou-se e ficou a pensar que saudação seria aquela». (Lc 1, 29) Mas, Gabriel é um Anjo do Senhor, e apercebe-se da tua confusão, talvez, o teu natural temor. E sossega-te: «Não tenhas receio, Maria». Conhecias bem pelas Escrituras que lias e meditavas, o que significava esta saudação e, portanto, quando Gabriel evoca estas prerrogativas, entendeste claramente que te era anunciado que irias ser a Mãe do Messias Salvador. Mas há ainda no teu espírito esclarecido, não obstante a tua juventude, uma dúvida séria: Como poderias tu, virgem humilde, teres sido escolhida para Mãe de Jesus Salvador pelo próprio Deus a quem tinhas dedicado a tua virgindade?! E, não obstante a tua humildade de jovem simples não deixas de interrogar: «Como será isso, se eu não conheço homem»?!  (Lc 1, 34) Ah! ... mas o Anjo tranquiliza-te: «Virá sobre ti o Espírito Santo, e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a Sua sombra». (Lc 1, 35) Esta resposta corresponde também ao que nas Escrituras se revelava sobre o aparecimento do Messias: “Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho a quem será dado o nome de Emanuel, que quer dizer Deus connosco”. (Is 7, 14)  Não tinhas mais dúvidas por isso nada mais perguntaste. Não quiseste saber como, quando, porquê. Nada, nada absolutamente te interessava averiguar porque: «Heis aqui a escrava do Senhor: seja-me feito segundo a tua palavra!» (Lc 1, 38) Assim, tal qual, tu, Senhora, a quem acabava de anunciado seres eleita por Deus a maior, a mais sublime de entre as mulheres da Terra, assim, com esta simplicidade que fere pela sua inteira singeleza, assim, tu defines um coração puro, uma alma de Deus, uma total entrega ao Senhor. Por isso Deus te escolheu. A Mãe do Salvador, do Deus feito homem, perfeito homem, que haveria de morrer na Cruz para salvar todos os homens, num sacrifício cruento, completo, total, não poderia senão expressar a aceitação pronta e total da Vontade Divina. Faça-se a Tua Vontade de uma forma total e completa. Não para meu bem, não para minha glória, não para benefício de quem quer que seja, não... só e unicamente porque é a Tua Vontade Senhor; o resto não me diz respeito... E, no entanto, esta jovem era já a Mãe do Salvador, escolhida desde o princípio dos tempos.

Poderei eu, algum dia, alguma vez, do fundo do coração, manifestar tal sentimento? Decerto que não. Quantas vezes que me proponho aceitar a Vontade de Deus, mas reservando no meu íntimo, que ela esteja de acordo com a minha vontade. Que se satisfaçam os meus desejos, que obtenha o que quero que o Senhor me conceda, actue assim, como uma espécie de Deus privado, ao meu serviço. Ah! Senhora minha, que maravilha a tua resposta, que espantosa a tua entrega. Ajuda-me, querida Mãe, a dizer a cada momento, sim ao Senhor. Instila no meu coração de filho, porque és minha Mãe, esses sentimentos puros e humildes, esse desprendimento das coisas, essa disponibilidade permanente para ouvir e, ouvindo, dizer que sim aos desejos do Senhor. Desejo tanto ser honesto comigo mesmo para poder ser honesto para com os outros e para com Deus. Não me mentir, não me enganar, não me esconder atrás de falsas coisas, defeitos ou virtudes, para me esquivar constantemente ao que me é pedido. E a Tua Vontade, o Teu mandato, claríssimo é que eu seja santo. Não um dia, não qualquer dia, agora - «nunc coepi – “pois pode ser que o amanhã me falte”. (Pois n'Ele elegeu-nos antes da criação do mundo para que fôssemos santos Ef 1, 4-6)

«Ave Cheia de Graça, o Senhor está contigo». Assim te falou o Anjo do Senhor. Ave minha Mãe Santíssima. Ave, minha querida Mãe que estás no Céu, digo-te eu, com a esperança, que é certeza, que me ouves e atenderás as minhas súplicas. Como tu, também eu quero dizer: “fiat”, faça-se, “cumpra-se a justíssima e amabilíssima Vontade de Deus sobre todas as coisas.” «Monstra te esse materem, (São Paulo VI, em Fátima, 1957) mostra que és mãe, ajuda-me e guia-me todos os dias da minha vida para que eu seja um bom filho.

 

(AMA, 1999)

 

Santíssima Vrgem

 

Alegrias

 

Visita de Nossa Senhora a Santa Isabel

 

Nota de AMA:

 

2

Meditação

 

Porque o Anjo te disse que tua prima Isabel – aquela «que consideravam estéril» - estava grávida já há seis meses, não pensaste em mais nada e puseste-te a caminho para a visitar. Porque era necessário acompanhá-la nos últimos tempos da gravidez. Isabel tinha «idade avançada» e seria bem-vinda a presença de uma jovem dedicada para auxiliar nas complicações de uma gravidez fora de tempo. Porque era necessário estares presente em tão extraordinário acontecimento noticiado por um Anjo do Senhor. O mesmo Anjo que te tinha anunciado que serias Mãe do Salvador. Porque talvez conviesse o sacrifício e incómodos de uma viagem longa, para pensar mais profundamente em todas as maravilhas que te tinham acontecido. Sentias já o teu Filho no teu seio e isto era indubitavelmente obra misteriosa e magnífica de Deus. Talvez quisesses falar com o teu primo Zacarias que, sendo sacerdote, poderia aclarar um pouco todo o misterioso futuro que se antevia nas Escrituras. Talvez por estes motivos todos mas, estou certo, que não pensaste em mais nada senão em ser útil e prestável a uma família que precisava dos teus préstimos. E tudo se desvaneceu perante a recepção de Isabel. As palavras que te dirigiu. O estremecimento de João no seio de sua mãe. Tudo se torna claríssimo como água.  A Vontade de Deus é agora mais nítida mais transparente. E rompes num canto maravilhoso de acção de graças e louvor, de humildade e entrega. Não pedes nada, não desejas nada. Sabes perfeitamente que não precisarás de coisa alguma, nunca, porque Deus proverá tudo quanto precisares. E o Senhor ouve da tua boca o Magnificat (Lc 1, 39-55) esplendoroso cântico que, para sempre, ficará gravado na história do povo de Deus e será repetidamente cantado pela legião enorme dos teus filhos. Só tu, Virgem Maria, poderias ter reunido com tanta simplicidade e candura um hino de louvor e submissão ao Criador. Um hino onde se espelham as certezas todas, todos os caminhos que Deus manda trilhar para que a Sua Vontade seja cumprida. Que coração poderia albergar tais sentimentos? Que alma saberia elevar-se de tal forma? Que ser humano poderia alguma vez, louvar e enaltecer o seu Criador de forma tão perfeita? Sabendo, Senhora, que já eras a Mãe do próprio Deus, sabendo tu, Senhora, que o Salvador, Rei dos Reis, habitava já no teu seio, não te exaltas nem envaideces pessoalmente, antes te envaideces e exaltas por o Senhor fazer o que quer, como, quando e com quem quer. Quando dizes que serás aclamada por todas as gerações não o dizes por ti, mas porque sabes que, ao fazê-lo, essas gerações aclamarão a Mãe de Deus. Dás a Deus o que seria legítimo, humanamente falando, julgar teu. Sabes que O que Se gera no teu ventre puríssimo é realmente o Filho de Deus e que foste apenas o instrumento de que Ele Se serviu para dar corpo substancial à Sua Vontade. Não te ocorre um momento que tens o mais pequeno mérito em tal maravilha, ou que o mereces. Tens a consciência plena que é a Vontade do Senhor e não te compete saber ou indagar: porquê eu, Maria. Ah!, minha Senhora, como a tua prima deve ter gozado com a tua visita, como devem ter sido extraordinariamente leves e felizes os tempos que ali passaste. Ajuda-me também a mim a compreender que não tenho que pensar ou discutir ou indagar a Vontade do Senhor. Que sou um instrumento muito rudimentar de que Deus se serve, apenas para ser servido e, ao fazê-lo, saiba eu também louvar e enaltecer o Deus que me criou e me governa, porque a Sua Vontade é a única vontade que reconheço e a minha felicidade será dar-lhe cumprimento total. Desprendida de tudo ficaste com tua prima os últimos três meses de gravidez acompanhando-a e servindo-a como humilde empregada. Aquela casa iluminada pela tua presença fica “num brinco” de limpeza, de arrumo. Seguramente dispuseste umas flores pelo ambiente porque aqueles momentos são de alegria. Zacarias devia estar como que “fora de si” com tamanha ventura. A sua esposa esperando um filho e a própria Mãe de Deus sempre presente e espalhando paz e alegria à sua volta. Este acontecimento que o Evangelho nos relata e que celebramos com o nome de Visitação como que marca o que realmente é e será toda a tua vida: assistir a quantos possam precisar de ti. E, de facto, todos precisamos de ti Senhora, do teu carinho, da tua disponibilidade permanente em acorrer ás nossas necessidades sejam quais forem. Eu, muito particularmente, não dispenso – como poderia – esse carinho essa assistência. O meu carácter volúvel e condicionado pelas minhas fraquezas precisa da tua protecção e amparo. Conto contigo, Querida Mãe… conto contigo sempre… sempre.

 

(AMA, 1999)

 

Santíssima Vrgem

 

Alegrias

 

Jesus Nasce em Belém

3

Meditação

 

 

Estava próxima a hora de nasceres, Senhor, e como «não havia lugar na hospedaria», Tua Mãe santíssima, decerto preocupada, mas serenamente confiante, levou-Te ainda no seu seio para uma gruta que servia de estábulo. E aí nasceste Senhor. O meu Deus, o meu Senhor, o meu Salvador! «Como não havia lugar na hospedaria...» (Cfr. Lc 2, 7)Porque não haveria lugar? Por a cidade estar cheia de forasteiros que ali iam recensear-se? Por não aparentarem, aquela jovem mulher e o seu marido, posses ou posição social? Sim, com um simples burrico por transporte, uma pequena trouxa de magros pertences, não o seriam por certo. Talvez fosse por estas duas principais razões, talvez. É um facto que a cidade estaria cheia de gente. Mas então, Maria e José foram tão imprudentes que não esperaram uns dias até que Tu nascesses para então fazerem a viagem!? Não procuraram assegurar estadia em casa de algum parente ou conhecido!? Não, não terão feito nada disto. Provavelmente porque não podiam, as comunicações eram difíceis e, depois, porque se tratava de duas criaturas de extrema simplicidade. Não era seu hábito programar a vida, medir os passos, organizar em detalhe as coisas futuras. Com uma confiança ilimitada na providência de Deus, sabiam perfeitamente que haverias de nascer quando e onde quisesses, Senhor, e que haverias de prover todas as necessidades que ocorressem. Mas não havia, de facto, lugar na hospedaria? Não seria possível descobrir um pequeno recanto, uma água-furtada, um esconso onde a jovem mãe pudesse, com recato e algum conforto, dar à luz o seu Filho!? Quantas vezes, Senhor, eu não tive lugar para Ti? Quantas vezes! Sempre cheio de “coisas urgentes”, de preocupações, ambições, desejos, devaneios, ouvi eu, entendi eu que eras Tu, ali, à porta do meu coração, pedindo um bocadinho, um pequeno espaço, para poderes nascer! Quantas vezes quiseste nascer dentro de mim e, eu, pobre de mim, não deixei, não quis! Ah! Senhor, eu sei que não sou digno, mas uma simples palavra Tua e este pobre coração cheio de mazelas e pecados, ficará radioso de brancura e Tu poderás, ainda que por momentos, nascer dentro dEle. Minha Querida Mãe ajuda-me a estar pronto e sempre disponível para te dar guarida. Receberte-ei com tanta alegria! E tentarei consolar-te do desgosto que te provocaram os que te negaram lugar para trazeres ao mundo o teu Divino Filho. Encontrarás não um palácio, não uma morada grandiosa, mas um pobre coração que anseia merecer a honra de ser o Presépio onde reclinarás o teu Jesus. Sei que não mereço tão grande honra mas também sei que as honras que te interessam são o amor, o carinho e a simplicidade dos sentimentos. É por isso que me atrevo a esperar que aceites o meu pedido e, aceitando-o, me ajudes a preparar condignamente o coração. Ah! E diz ao teu excelente Esposo que também tenho lugar para ele e que a sua estadia será uma ventura para mim. Bate, meu Pai e Senhor,  com força – para me acordares do meu torpor - à minha porta, eu abrir-Te-ei e deixar-Te-ei entrar e aqui farás o Presépio. Não desejo outra coisa, Senhor, senão sentir-Te dentro de mim, irradiando a Tua Paz e o Teu calor de Amor. Oh! Minha mãe, Maria Santíssima, descansa aqui um pouco, deixa-me por momentos o teu Filho que eu O embalarei com o meu amor, a minha dedicação inteira, a minha devoção profunda. Podes tu, José meu pai e senhor, confiar-me o teu excelente Filho adoptivo? Eu tomarei boa conta d'Ele, embora fique estático e estarrecido por tamanha ventura e tão grande honra.  A minha alma anseia que assim seja. Depois quando passar aquele aperto das multidões em Belém o teu esposo há-de encontrar lugar mais condigno e confortável para poderes descansar, recuperar do esforço do parto. Seja como for eu não sairei da porta da casa onde se acolherem, quero estar próximo, muito próximo da Família Santa. Ah! E depois os Reis que do Oriente a Estrela conduziu à vossa porta. Como se admirarão as gentes que passam nas ruas de Belém com tão magnífico cortejo de personagens tão importantes. Tu, Senhora minha, não te admiras, sabes muito bem Quem é o teu Filho e porque O procuram quantos por sinais evidentes do Céu chegam diariamente para O ver e adorar. Adivinhas que será sempre assim e, talvez no teu íntimo, desejes um pouco que se detenha esse permanente caudal de pessoas que acorrem à tua casa. O desejo de proteger o teu Filho, de O manter de certa forma oculto para que possa crescer em paz e sossego como qualquer criança da Sua idade. Sabes muito bem que virá o tempo em que a tua protecção de Mãe será substituída por uma realidade bem diferente. Envolta em riscos permanentes, contestações e desafios de toda a ordem, a Missão desse Filho que É Deus, será a de levar a cabo os desejos do Pai Celeste: Instaurar o Seu Reino entre os homens. Vais mantendo, quanto possível, esse anonimato com uma vida simples, comum como a de qualquer família de Israel. Quando chegar o tempo oportuno, aquele tempo que o teu Deus designou, sabes que como que deixará de estar nas tuas mãos de Mãe a protecção do teu Filho. Passarás, então, a desempenhar outra missão não menos importante e necessária: Servir de guia e conselheira dos que o teu Filho vai escolher para serem os Seus mais próximos colaboradores na tarefa que tem de levar a cabo e os continuadores pelos tempos fora da Sua Missão como Salvador do mundo.

 

(AMA, 1999)

 

 

Santíssima Vrgem

 

Alegrias

Apresentação de Jesus no Templo

 

4

Meditação

Com a humildade simples de sempre, foste, Senhora, cumprir a Lei: Passados os dias estabelecidos depois do nascimento, a jovem Mãe tem de purificar-se no Templo. Pelo filho deve oferecer um casal de pombas ou rolas brancas para ser circuncidado e, assim, tomar parte no Povo de Deus. E tu, Senhora, foste purificar-te ao Templo! Tu, sem mancha de pecado, sem qualquer defeito que pudesse macular a brancura do teu coração e a limpidez da tua alma, não hesitaste um segundo em cumprir o que estava escrito que os filhos da Casa de Israel fizessem! Quantas vezes eu pensei que estava dispensado de rezar mais, de me humilhar, de me declarar disponível para o Senhor; quantas vezes pensei comigo mesmo que sou melhor que estes, porque eu faço, eu penso, eu desejo muito mais e melhor! Tudo porque o meu coração tem uma carapaça que turva a sua limpidez. A minha alma cheia de equimoses de pecados antigos e recentes; feridas e lanhos de defeitos que não consigo rebater nem ultrapassar. Não consigo porque não dedico a essa luta um esforço humilde, continuado e perseverante que me leve a estar sempre pronto para a luta contra a minha falta de carácter. Toda a tua vida, Senhora minha, é uma lição de humildade simples e serena. Não fazes nada de extraordinário, não dás nas vistas, não sobressais no meio das outras mulheres e, no entanto, cumpres com alegria e simplicidade todas as prescrições da Lei como se tuas obrigações fossem. E nisto está o teu segredo, Maria: Cumprir o que Deus manda, sem discutir, sem argumentar, a tempo e horas, quando e como deve ser feito. Esta singela disponibilidade cumpridora dos deveres é sem dúvida, a característica mais extraordinária da Mãe do meu Senhor e minha Mãe. Não a vemos nunca em êxtase em frente das multidões, sentada numa cadeira especial, ou nos primeiros lugares das assembleias. Não. Uma mulher simples, em que as coisas, os actos e as palavras não são estudados ou arquitectados de acordo e com conveniências ou objectivos. Apenas uma serena certeza: Obedecer com prontidão e total disponibilidade. E, no entanto, esta mulher é a Mãe de Deus! Que lugar mais alto, que maior honra, que pergaminho, que nome ilustre pode comparar-se: A Mãe de Deus! Ah Senhora minha, conseguiste com a tua serena calma, impor ao mundo um nome doce e vigoroso ao mesmo tempo que se nos coloca na boca com amoroso deleite, ou com esperançada angústia? Nos meus lábios um último grito, um último apelo, pelos aflitos, pelos que sofrem, pelos que, em último recurso, para ti apelam. Dos que, acabrunhados pela dor buscam lenitivo. Dos que, esmagados pela alegria te agradecem. Dos que, como eu, doidos de amor apenas pronunciam o teu nome lentamente, deixando-o ecoar por todo o seu ser até ao mais profundo do seu coração. Obedecer. Obedecer prontamente, sem hesitações ou desvios. Não dai a pouco, ou mais logo quando houver mais tempo, mais sossego, melhor luz… todas as mil desculpas que invento para adiar o que tem de ser feito já. Obedecer! É isto, Senhora, que procuro. É isto, Senhora, que quero: Obedecer. Para isso, bem o sei, preciso expurgar de mim todos os invólucros que me cingem, as preocupações com coisas pequenas, as cobardias constantes, as faltas de atenção, as interrupções, os devaneios. Para isso é preciso estar pronto. Só tu, Senhora minha, podes ajudar-me a conseguir este estado de alma. Só tu podes ajudar-me a eliminar tudo aquilo que tenho a mais e que tanto é, que não me deixa ver o essencial, o que realmente vale a pena. A ti recorro, Mãe Santíssima, para que me conduzas pela mão ao Templo da Purificação, onde eu, com os olhos finalmente libertos de escamas e o coração nu, de fora do peito, veja com toda a clareza a Vontade de Deus meu Senhor. Tenho a certeza que serei também purificado e o fogo interior que se me acende no peito, incendiará todo o meu ser, purificando-me assim de todas as minhas faltas.

 

(AMA, 1999)

Santíssima Vrgem

 

Alegrias

 

Jesus perdido e achado no Templo

5

Meditação

A primeira prova! A primeira dor! Como o teu coração amantíssimo de Mãe estaria angustiado e compungido com a ausência do teu Filho!? E a demora em encontrá-Lo!? Ao teu espírito deveriam acorrer as palavras de Simeão e, mesmo sabendo que Ele tinha uma missão a cumprir, não deixavas de sentir aquele aperto no coração que uma mãe sente quando um filho pequeno desaparece sem explicação e não consegue encontrá-lo. Onde poderia estar? Eu, que ando por esta vida, tantas vezes, à procura de Jesus que, parece que Se afasta de mim para bem longe, também me sinto triste angustiado. Porquê? Porque Te afastaste, Senhor, de mim? E mergulho dentro de mim mesmo, única forma séria de reflectir, e chego sempre à triste conclusão que, não foste Tu quem Se afastou mas, sim, eu é que me ausentei da Tua presença. Tenho tantas coisas em que pensar; enormes preocupações que me consomem por dentro; inúmeros desejos por satisfazer; caminhos que quero tanto percorrer, embora saiba que não interessam e não conduzem a nada que valha a pena. E, depois, são estas coisas todas que possuo – que julgo possuir – e as muitas outras que anseio vir a ter, que me mantêm agarrado ao meu lugar, estático e imóvel enquanto, Tu, caminhas sempre, esperando que Te siga. Vou ficando para trás, preso a tudo isto que não vale nada e para nada interessa e vejo-Te esfumar no horizonte e, em vez de correr pressuroso atrás de Ti, fico-me inerte e como que morto. Parece-me que Te oiço com as palavras de Tua Mãe: «Filho, porque procedeste assim connosco?» (Cfr. Lc 2, 41-52) Porque te deténs no caminho? Anda que, Eu, estou à tua espera! E fico-me sem reposta, pois que Te hei-de eu dizer a não ser, confessar a minha fraqueza, a mostrar-Te humildemente o pouco que sou, a pedir-Te que esperes por mim, que não Te afastes mais, que quero ir ter conTigo. Sou tão feliz porque me ouves e deténs o passo e ficas, num gesto acolhedor, de amigo íntimo, à espera que eu, finalmente, volte para o pé de Ti. É então que me dou conta da enorme desventura que é a Tua ausência, o não Te ter presente bem ao pé de mim e, como compreendo a Tua Mãe na sua procura ansiosa pelas ruas de Jerusalém durante esses três dias de alvoroço. Quero acompanhar-te nessa procura ansiosa, vou correndo à tua frente de um lado para o outro. Pergunto aos que encontro se viram o teu  Filho, se sabem onde está. E as respostas que te levo mais ensombram o teu semblante mas, no entanto, dizes-me: Vai… continua a procurá-Lo… não desistas, tem confiança porque eu, que também sou tua Mãe tenho a certeza que O encontrarás. E vou, continuo anelante à procura do nosso Jesus. Sinto-me por vezes cansado desta busca sem resultados mas, tu Doce Mãe repetes uma e outra vez: Vai… continua a procurá-Lo… não desistas, tem confiança porque eu, que também sou tua Mãe tenho a certeza que O encontrarás. E, uma vez mais, as tuas doces palavras animam-me e prossigo com novas forças, com renovado empenho. Não me importo nada que alguns me considerem um tonto que não sabe para onde vai nem o que procura. Não me importo porque as vozes agoirentas dos néscios e incrédulos não encontram eco na minha alma. Eu sou, pretendo ser, consciente do que quero e do que tenho de fazer para o conseguir. Ah! E o que quero é encontrar Jesus pegar-Lhe na mão e dar um grito tão alto que o possas ouvir claramente: Mãe… encontrei-O… está aqui! E tu sorris e dizes-me: Vês? Eu não te disse? Se O procurares sem descanso encontrá-Lo-ás. Afinal, filho, Ele esteve sempre ali onde O encontraste à tua espera. Até agora não O viste e passas-te tantas vezes ao Seu lado. Mas, balbucio, Mãe… não o vi porquê? Filho, respondes-me, para O ver é necessário Amor, sem Amor a visão fica turva, só vê o que quer ver e não o que tem de ver. Ver Jesus não é ver uma pessoa qualquer é ver o teu Irmão que deu a Vida por ti na Cruz. É ver a maravilha da salvação que é o supremo acto de Amor alguma vez praticado. Deus, sim… o Próprio Deus teu Criador que dá a Vida por  ti para que te salves e vivas para sempre. É ver a maravilhosa e inescedível Criação. É ver a Felicidade que te espera. Filho, não voltes a afastar-te de Jesus, mantém-te custe o que custar sempre a Seu lado; e… se tiveres dúvidas qual o caminho a seguir, onde O procurar, pede-me conselho, ajuda, auxílio, ânimo, coragem tudo quanto possa faltar-te e dá-me a tua mão que eu, tua Mãe, levar-te-ei por um caminho seguro (Iter para tuto) para O encontrares. Digo-lhe, então, com o coração nas mãos: Minha Mãe, não deixes que nunca me afaste do teu Filho, do nosso Jesus. Ensina-me a procurá-Lo onde Ele deverá estar à minha espera, em vez de andar perdido tentando encontrá-Lo onde Ele não pode estar. Leva-me pela tua mão – também sou teu filho, um filho pequeno – ao encontro dEle para que, juntos, possamos sossegar na Sua companhia.

(AMA, 1999)



[i] Não compreendo porque se apelidam os vários episódios do Santo Rosário de  “Mistérios”. Um Mistério é algo que não se compreende, não se entende. Mas o que acontece no Santo Rosário são acontecimentos que sucederam realmente, que tiveram testemunhas, daí que não sejam “Mistérios” mas relatos de algo que realmente axonteceu e foi testemunhado.

 

Mês de Maio

As minhas Mães




Neste princípio de Maio que melhor "meditação" que lembrar a minha Mãe do Céu que nasceu e viveu na Palestina em Nazareth e a minha Mãe da terra, que também está no Céu, nasceu em Portugal na Lousã e foi baptizada com o nome de Maria de Nazareth.

 

Nota: (Esta imagem de Nossa Senhora de Fátima foi solenemente "entronizada" na capela das Termas de Monte Real em procissão com todos os funcionários das Termas, conduzidas pela minha querida Mãe no ano de 1943).

 

 

Santíssima Virgem

 

Alegrias

 

Anunciação do Anjo a Nossa Senhora

Nota de AMA:[i]

1

Meditação

«Salve, ó cheia de graça»! (Lc 1, 28) Foi com estas palavras que, Gabriel, o Anjo do Senhor, se dirigiu a ti, Maria de Nazaré.

Tão longe estarias tu deste acontecimento. Decerto que, desde pequenina, a oração constante, a simplicidade nos pensamentos e nos actos, sem a mais leve mancha de malícia ou impudor, deverias sentir Deus muito próximo, ao alcance da tua voz. Certamente que sim, pois acreditavas firmemente que Ele te ouvia sempre e em cada momento. Mas, a tua modéstia, a tua simplicidade, a tua total e humilde submissão ao teu Senhor, ao teu Deus, não permitiriam nunca que te ocorresse sequer essa possibilidade. O Senhor Todo Poderoso, o Criador do Céu e da Terra e de tudo quanto existe, enviar a Nazaré, à tua casa humilde e simples, um Anjo Seu, para te saudar! Que coisa mais extraordinária! Sabias que Deus não era um ser longínquo e distante, inacessível aos homens. Constantemente tinha intervindo junto do povo eleito para comunicar a Sua Vontade, os Seus desígnios. Mas, os Seus interlocutores tinham sido sempre grandes personagens da História Humana: Abraão, Moisés, David, os Profetas, e tu, pobre e humilde menina, recebias do Senhor uma graça semelhante!? Logo no início o salve do Mensageiro te perturba. «Salve», isto é, alegra-te. Mas, mais: «Oh! Cheia de graça»! Que saudação estranha e desusada que manifesta uma dignidade e honra que julgas não merecer: “Alegra-te Filha... de Jerusalém... o Senhor está no meio de ti.” (So 3, 14. 17a) Estes altíssimos louvores ferem o teu espírito humilde e, por isso a estas palavras, «ela perturbou-se e ficou a pensar que saudação seria aquela». (Lc 1, 29) Mas, Gabriel é um Anjo do Senhor, e apercebe-se da tua confusão, talvez, o teu natural temor. E sossega-te: «Não tenhas receio, Maria». Conhecias bem pelas Escrituras que lias e meditavas, o que significava esta saudação e, portanto, quando Gabriel evoca estas prerrogativas, entendeste claramente que te era anunciado que irias ser a Mãe do Messias Salvador. Mas há ainda no teu espírito esclarecido, não obstante a tua juventude, uma dúvida séria: Como poderias tu, virgem humilde, teres sido escolhida para Mãe de Jesus Salvador pelo próprio Deus a quem tinhas dedicado a tua virgindade?! E, não obstante a tua humildade de jovem simples não deixas de interrogar: «Como será isso, se eu não conheço homem»?!  (Lc 1, 34) Ah! ... mas o Anjo tranquiliza-te: «Virá sobre ti o Espírito Santo, e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a Sua sombra». (Lc 1, 35) Esta resposta corresponde também ao que nas Escrituras se revelava sobre o aparecimento do Messias: “Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho a quem será dado o nome de Emanuel, que quer dizer Deus connosco”. (Is 7, 14)  Não tinhas mais dúvidas por isso nada mais perguntaste. Não quiseste saber como, quando, porquê. Nada, nada absolutamente te interessava averiguar porque: «Heis aqui a escrava do Senhor: seja-me feito segundo a tua palavra!» (Lc 1, 38) Assim, tal qual, tu, Senhora, a quem acabava de anunciado seres eleita por Deus a maior, a mais sublime de entre as mulheres da Terra, assim, com esta simplicidade que fere pela sua inteira singeleza, assim, tu defines um coração puro, uma alma de Deus, uma total entrega ao Senhor. Por isso Deus te escolheu. A Mãe do Salvador, do Deus feito homem, perfeito homem, que haveria de morrer na Cruz para salvar todos os homens, num sacrifício cruento, completo, total, não poderia senão expressar a aceitação pronta e total da Vontade Divina. Faça-se a Tua Vontade de uma forma total e completa. Não para meu bem, não para minha glória, não para benefício de quem quer que seja, não... só e unicamente porque é a Tua Vontade Senhor; o resto não me diz respeito... E, no entanto, esta jovem era já a Mãe do Salvador, escolhida desde o princípio dos tempos.

Poderei eu, algum dia, alguma vez, do fundo do coração, manifestar tal sentimento? Decerto que não. Quantas vezes que me proponho aceitar a Vontade de Deus, mas reservando no meu íntimo, que ela esteja de acordo com a minha vontade. Que se satisfaçam os meus desejos, que obtenha o que quero que o Senhor me conceda, actue assim, como uma espécie de Deus privado, ao meu serviço. Ah! Senhora minha, que maravilha a tua resposta, que espantosa a tua entrega. Ajuda-me, querida Mãe, a dizer a cada momento, sim ao Senhor. Instila no meu coração de filho, porque és minha Mãe, esses sentimentos puros e humildes, esse desprendimento das coisas, essa disponibilidade permanente para ouvir e, ouvindo, dizer que sim aos desejos do Senhor. Desejo tanto ser honesto comigo mesmo para poder ser honesto para com os outros e para com Deus. Não me mentir, não me enganar, não me esconder atrás de falsas coisas, defeitos ou virtudes, para me esquivar constantemente ao que me é pedido. E a Tua Vontade, o Teu mandato, claríssimo é que eu seja santo. Não um dia, não qualquer dia, agora - «nunc coepi – “pois pode ser que o amanhã me falte”. (Pois n'Ele elegeu-nos antes da criação do mundo para que fôssemos santos Ef 1, 4-6)

«Ave Cheia de Graça, o Senhor está contigo». Assim te falou o Anjo do Senhor. Ave minha Mãe Santíssima. Ave, minha querida Mãe que estás no Céu, digo-te eu, com a esperança, que é certeza, que me ouves e atenderás as minhas súplicas. Como tu, também eu quero dizer: “fiat”, faça-se, “cumpra-se a justíssima e amabilíssima Vontade de Deus sobre todas as coisas.” «Monstra te esse materem, (São Paulo VI, em Fátima, 1957) mostra que és mãe, ajuda-me e guia-me todos os dias da minha vida para que eu seja um bom filho.

 

(AMA, 1999)

 

Santíssima Vrgem

 

Alegrias

 

Visita de Nossa Senhora a Santa Isabel

 

 

2

Meditação

 

Porque o Anjo te disse que tua prima Isabel – aquela «que consideravam estéril» - estava grávida já há seis meses, não pensaste em mais nada e puseste-te a caminho para a visitar. Porque era necessário acompanhá-la nos últimos tempos da gravidez. Isabel tinha «idade avançada» e seria bem-vinda a presença de uma jovem dedicada para auxiliar nas complicações de uma gravidez fora de tempo. Porque era necessário estares presente em tão extraordinário acontecimento noticiado por um Anjo do Senhor. O mesmo Anjo que te tinha anunciado que serias Mãe do Salvador. Porque talvez conviesse o sacrifício e incómodos de uma viagem longa, para pensar mais profundamente em todas as maravilhas que te tinham acontecido. Sentias já o teu Filho no teu seio e isto era indubitavelmente obra misteriosa e magnífica de Deus. Talvez quisesses falar com o teu primo Zacarias que, sendo sacerdote, poderia aclarar um pouco todo o misterioso futuro que se antevia nas Escrituras. Talvez por estes motivos todos mas, estou certo, que não pensaste em mais nada senão em ser útil e prestável a uma família que precisava dos teus préstimos. E tudo se desvaneceu perante a recepção de Isabel. As palavras que te dirigiu. O estremecimento de João no seio de sua mãe. Tudo se torna claríssimo como água.  A Vontade de Deus é agora mais nítida mais transparente. E rompes num canto maravilhoso de acção de graças e louvor, de humildade e entrega. Não pedes nada, não desejas nada. Sabes perfeitamente que não precisarás de coisa alguma, nunca, porque Deus proverá tudo quanto precisares. E o Senhor ouve da tua boca o Magnificat (Lc 1, 39-55) esplendoroso cântico que, para sempre, ficará gravado na história do povo de Deus e será repetidamente cantado pela legião enorme dos teus filhos. Só tu, Virgem Maria, poderias ter reunido com tanta simplicidade e candura um hino de louvor e submissão ao Criador. Um hino onde se espelham as certezas todas, todos os caminhos que Deus manda trilhar para que a Sua Vontade seja cumprida. Que coração poderia albergar tais sentimentos? Que alma saberia elevar-se de tal forma? Que ser humano poderia alguma vez, louvar e enaltecer o seu Criador de forma tão perfeita? Sabendo, Senhora, que já eras a Mãe do próprio Deus, sabendo tu, Senhora, que o Salvador, Rei dos Reis, habitava já no teu seio, não te exaltas nem envaideces pessoalmente, antes te envaideces e exaltas por o Senhor fazer o que quer, como, quando e com quem quer. Quando dizes que serás aclamada por todas as gerações não o dizes por ti, mas porque sabes que, ao fazê-lo, essas gerações aclamarão a Mãe de Deus. Dás a Deus o que seria legítimo, humanamente falando, julgar teu. Sabes que O que Se gera no teu ventre puríssimo é realmente o Filho de Deus e que foste apenas o instrumento de que Ele Se serviu para dar corpo substancial à Sua Vontade. Não te ocorre um momento que tens o mais pequeno mérito em tal maravilha, ou que o mereces. Tens a consciência plena que é a Vontade do Senhor e não te compete saber ou indagar: porquê eu, Maria. Ah!, minha Senhora, como a tua prima deve ter gozado com a tua visita, como devem ter sido extraordinariamente leves e felizes os tempos que ali passaste. Ajuda-me também a mim a compreender que não tenho que pensar ou discutir ou indagar a Vontade do Senhor. Que sou um instrumento muito rudimentar de que Deus se serve, apenas para ser servido e, ao fazê-lo, saiba eu também louvar e enaltecer o Deus que me criou e me governa, porque a Sua Vontade é a única vontade que reconheço e a minha felicidade será dar-lhe cumprimento total. Desprendida de tudo ficaste com tua prima os últimos três meses de gravidez acompanhando-a e servindo-a como humilde empregada. Aquela casa iluminada pela tua presença fica “num brinco” de limpeza, de arrumo. Seguramente dispuseste umas flores pelo ambiente porque aqueles momentos são de alegria. Zacarias devia estar como que “fora de si” com tamanha ventura. A sua esposa esperando um filho e a própria Mãe de Deus sempre presente e espalhando paz e alegria à sua volta. Este acontecimento que o Evangelho nos relata e que celebramos com o nome de Visitação como que marca o que realmente é e será toda a tua vida: assistir a quantos possam precisar de ti. E, de facto, todos precisamos de ti Senhora, do teu carinho, da tua disponibilidade permanente em acorrer ás nossas necessidades sejam quais forem. Eu, muito particularmente, não dispenso – como poderia – esse carinho essa assistência. O meu carácter volúvel e condicionado pelas minhas fraquezas precisa da tua protecção e amparo. Conto contigo, Querida Mãe… conto contigo sempre… sempre.

 

(AMA, 1999)

 

Santíssima Vrgem

 

Alegrias

 

Jesus Nasce em Belém

3

Meditação

 

 

Estava próxima a hora de nasceres, Senhor, e como «não havia lugar na hospedaria», Tua Mãe santíssima, decerto preocupada, mas serenamente confiante, levou-Te ainda no seu seio para uma gruta que servia de estábulo. E aí nasceste Senhor. O meu Deus, o meu Senhor, o meu Salvador! «Como não havia lugar na hospedaria...» (Cfr. Lc 2, 7)Porque não haveria lugar? Por a cidade estar cheia de forasteiros que ali iam recensear-se? Por não aparentarem, aquela jovem mulher e o seu marido, posses ou posição social? Sim, com um simples burrico por transporte, uma pequena trouxa de magros pertences, não o seriam por certo. Talvez fosse por estas duas principais razões, talvez. É um facto que a cidade estaria cheia de gente. Mas então, Maria e José foram tão imprudentes que não esperaram uns dias até que Tu nascesses para então fazerem a viagem!? Não procuraram assegurar estadia em casa de algum parente ou conhecido!? Não, não terão feito nada disto. Provavelmente porque não podiam, as comunicações eram difíceis e, depois, porque se tratava de duas criaturas de extrema simplicidade. Não era seu hábito programar a vida, medir os passos, organizar em detalhe as coisas futuras. Com uma confiança ilimitada na providência de Deus, sabiam perfeitamente que haverias de nascer quando e onde quisesses, Senhor, e que haverias de prover todas as necessidades que ocorressem. Mas não havia, de facto, lugar na hospedaria? Não seria possível descobrir um pequeno recanto, uma água-furtada, um esconso onde a jovem mãe pudesse, com recato e algum conforto, dar à luz o seu Filho!? Quantas vezes, Senhor, eu não tive lugar para Ti? Quantas vezes! Sempre cheio de “coisas urgentes”, de preocupações, ambições, desejos, devaneios, ouvi eu, entendi eu que eras Tu, ali, à porta do meu coração, pedindo um bocadinho, um pequeno espaço, para poderes nascer! Quantas vezes quiseste nascer dentro de mim e, eu, pobre de mim, não deixei, não quis! Ah! Senhor, eu sei que não sou digno, mas uma simples palavra Tua e este pobre coração cheio de mazelas e pecados, ficará radioso de brancura e Tu poderás, ainda que por momentos, nascer dentro dEle. Minha Querida Mãe ajuda-me a estar pronto e sempre disponível para te dar guarida. Receberte-ei com tanta alegria! E tentarei consolar-te do desgosto que te provocaram os que te negaram lugar para trazeres ao mundo o teu Divino Filho. Encontrarás não um palácio, não uma morada grandiosa, mas um pobre coração que anseia merecer a honra de ser o Presépio onde reclinarás o teu Jesus. Sei que não mereço tão grande honra mas também sei que as honras que te interessam são o amor, o carinho e a simplicidade dos sentimentos. É por isso que me atrevo a esperar que aceites o meu pedido e, aceitando-o, me ajudes a preparar condignamente o coração. Ah! E diz ao teu excelente Esposo que também tenho lugar para ele e que a sua estadia será uma ventura para mim. Bate, meu Pai e Senhor,  com força – para me acordares do meu torpor - à minha porta, eu abrir-Te-ei e deixar-Te-ei entrar e aqui farás o Presépio. Não desejo outra coisa, Senhor, senão sentir-Te dentro de mim, irradiando a Tua Paz e o Teu calor de Amor. Oh! Minha mãe, Maria Santíssima, descansa aqui um pouco, deixa-me por momentos o teu Filho que eu O embalarei com o meu amor, a minha dedicação inteira, a minha devoção profunda. Podes tu, José meu pai e senhor, confiar-me o teu excelente Filho adoptivo? Eu tomarei boa conta d'Ele, embora fique estático e estarrecido por tamanha ventura e tão grande honra.  A minha alma anseia que assim seja. Depois quando passar aquele aperto das multidões em Belém o teu esposo há-de encontrar lugar mais condigno e confortável para poderes descansar, recuperar do esforço do parto. Seja como for eu não sairei da porta da casa onde se acolherem, quero estar próximo, muito próximo da Família Santa. Ah! E depois os Reis que do Oriente a Estrela conduziu à vossa porta. Como se admirarão as gentes que passam nas ruas de Belém com tão magnífico cortejo de personagens tão importantes. Tu, Senhora minha, não te admiras, sabes muito bem Quem é o teu Filho e porque O procuram quantos por sinais evidentes do Céu chegam diariamente para O ver e adorar. Adivinhas que será sempre assim e, talvez no teu íntimo, desejes um pouco que se detenha esse permanente caudal de pessoas que acorrem à tua casa. O desejo de proteger o teu Filho, de O manter de certa forma oculto para que possa crescer em paz e sossego como qualquer criança da Sua idade. Sabes muito bem que virá o tempo em que a tua protecção de Mãe será substituída por uma realidade bem diferente. Envolta em riscos permanentes, contestações e desafios de toda a ordem, a Missão desse Filho que É Deus, será a de levar a cabo os desejos do Pai Celeste: Instaurar o Seu Reino entre os homens. Vais mantendo, quanto possível, esse anonimato com uma vida simples, comum como a de qualquer família de Israel. Quando chegar o tempo oportuno, aquele tempo que o teu Deus designou, sabes que como que deixará de estar nas tuas mãos de Mãe a protecção do teu Filho. Passarás, então, a desempenhar outra missão não menos importante e necessária: Servir de guia e conselheira dos que o teu Filho vai escolher para serem os Seus mais próximos colaboradores na tarefa que tem de levar a cabo e os continuadores pelos tempos fora da Sua Missão como Salvador do mundo.

 

(AMA, 1999)

 

 

Santíssima Vrgem

 

Alegrias

Apresentação de Jesus no Templo

 

4

Meditação

Com a humildade simples de sempre, foste, Senhora, cumprir a Lei: Passados os dias estabelecidos depois do nascimento, a jovem Mãe tem de purificar-se no Templo. Pelo filho deve oferecer um casal de pombas ou rolas brancas para ser circuncidado e, assim, tomar parte no Povo de Deus. E tu, Senhora, foste purificar-te ao Templo! Tu, sem mancha de pecado, sem qualquer defeito que pudesse macular a brancura do teu coração e a limpidez da tua alma, não hesitaste um segundo em cumprir o que estava escrito que os filhos da Casa de Israel fizessem! Quantas vezes eu pensei que estava dispensado de rezar mais, de me humilhar, de me declarar disponível para o Senhor; quantas vezes pensei comigo mesmo que sou melhor que estes, porque eu faço, eu penso, eu desejo muito mais e melhor! Tudo porque o meu coração tem uma carapaça que turva a sua limpidez. A minha alma cheia de equimoses de pecados antigos e recentes; feridas e lanhos de defeitos que não consigo rebater nem ultrapassar. Não consigo porque não dedico a essa luta um esforço humilde, continuado e perseverante que me leve a estar sempre pronto para a luta contra a minha falta de carácter. Toda a tua vida, Senhora minha, é uma lição de humildade simples e serena. Não fazes nada de extraordinário, não dás nas vistas, não sobressais no meio das outras mulheres e, no entanto, cumpres com alegria e simplicidade todas as prescrições da Lei como se tuas obrigações fossem. E nisto está o teu segredo, Maria: Cumprir o que Deus manda, sem discutir, sem argumentar, a tempo e horas, quando e como deve ser feito. Esta singela disponibilidade cumpridora dos deveres é sem dúvida, a característica mais extraordinária da Mãe do meu Senhor e minha Mãe. Não a vemos nunca em êxtase em frente das multidões, sentada numa cadeira especial, ou nos primeiros lugares das assembleias. Não. Uma mulher simples, em que as coisas, os actos e as palavras não são estudados ou arquitectados de acordo e com conveniências ou objectivos. Apenas uma serena certeza: Obedecer com prontidão e total disponibilidade. E, no entanto, esta mulher é a Mãe de Deus! Que lugar mais alto, que maior honra, que pergaminho, que nome ilustre pode comparar-se: A Mãe de Deus! Ah Senhora minha, conseguiste com a tua serena calma, impor ao mundo um nome doce e vigoroso ao mesmo tempo que se nos coloca na boca com amoroso deleite, ou com esperançada angústia? Nos meus lábios um último grito, um último apelo, pelos aflitos, pelos que sofrem, pelos que, em último recurso, para ti apelam. Dos que, acabrunhados pela dor buscam lenitivo. Dos que, esmagados pela alegria te agradecem. Dos que, como eu, doidos de amor apenas pronunciam o teu nome lentamente, deixando-o ecoar por todo o seu ser até ao mais profundo do seu coração. Obedecer. Obedecer prontamente, sem hesitações ou desvios. Não dai a pouco, ou mais logo quando houver mais tempo, mais sossego, melhor luz… todas as mil desculpas que invento para adiar o que tem de ser feito já. Obedecer! É isto, Senhora, que procuro. É isto, Senhora, que quero: Obedecer. Para isso, bem o sei, preciso expurgar de mim todos os invólucros que me cingem, as preocupações com coisas pequenas, as cobardias constantes, as faltas de atenção, as interrupções, os devaneios. Para isso é preciso estar pronto. Só tu, Senhora minha, podes ajudar-me a conseguir este estado de alma. Só tu podes ajudar-me a eliminar tudo aquilo que tenho a mais e que tanto é, que não me deixa ver o essencial, o que realmente vale a pena. A ti recorro, Mãe Santíssima, para que me conduzas pela mão ao Templo da Purificação, onde eu, com os olhos finalmente libertos de escamas e o coração nu, de fora do peito, veja com toda a clareza a Vontade de Deus meu Senhor. Tenho a certeza que serei também purificado e o fogo interior que se me acende no peito, incendiará todo o meu ser, purificando-me assim de todas as minhas faltas.

 

(AMA, 1999)

Santíssima Vrgem

 

Alegrias

 

Jesus perdido e achado no Templo

5

Meditação

A primeira prova! A primeira dor! Como o teu coração amantíssimo de Mãe estaria angustiado e compungido com a ausência do teu Filho!? E a demora em encontrá-Lo!? Ao teu espírito deveriam acorrer as palavras de Simeão e, mesmo sabendo que Ele tinha uma missão a cumprir, não deixavas de sentir aquele aperto no coração que uma mãe sente quando um filho pequeno desaparece sem explicação e não consegue encontrá-lo. Onde poderia estar? Eu, que ando por esta vida, tantas vezes, à procura de Jesus que, parece que Se afasta de mim para bem longe, também me sinto triste angustiado. Porquê? Porque Te afastaste, Senhor, de mim? E mergulho dentro de mim mesmo, única forma séria de reflectir, e chego sempre à triste conclusão que, não foste Tu quem Se afastou mas, sim, eu é que me ausentei da Tua presença. Tenho tantas coisas em que pensar; enormes preocupações que me consomem por dentro; inúmeros desejos por satisfazer; caminhos que quero tanto percorrer, embora saiba que não interessam e não conduzem a nada que valha a pena. E, depois, são estas coisas todas que possuo – que julgo possuir – e as muitas outras que anseio vir a ter, que me mantêm agarrado ao meu lugar, estático e imóvel enquanto, Tu, caminhas sempre, esperando que Te siga. Vou ficando para trás, preso a tudo isto que não vale nada e para nada interessa e vejo-Te esfumar no horizonte e, em vez de correr pressuroso atrás de Ti, fico-me inerte e como que morto. Parece-me que Te oiço com as palavras de Tua Mãe: «Filho, porque procedeste assim connosco?» (Cfr. Lc 2, 41-52) Porque te deténs no caminho? Anda que, Eu, estou à tua espera! E fico-me sem reposta, pois que Te hei-de eu dizer a não ser, confessar a minha fraqueza, a mostrar-Te humildemente o pouco que sou, a pedir-Te que esperes por mim, que não Te afastes mais, que quero ir ter conTigo. Sou tão feliz porque me ouves e deténs o passo e ficas, num gesto acolhedor, de amigo íntimo, à espera que eu, finalmente, volte para o pé de Ti. É então que me dou conta da enorme desventura que é a Tua ausência, o não Te ter presente bem ao pé de mim e, como compreendo a Tua Mãe na sua procura ansiosa pelas ruas de Jerusalém durante esses três dias de alvoroço. Quero acompanhar-te nessa procura ansiosa, vou correndo à tua frente de um lado para o outro. Pergunto aos que encontro se viram o teu  Filho, se sabem onde está. E as respostas que te levo mais ensombram o teu semblante mas, no entanto, dizes-me: Vai… continua a procurá-Lo… não desistas, tem confiança porque eu, que também sou tua Mãe tenho a certeza que O encontrarás. E vou, continuo anelante à procura do nosso Jesus. Sinto-me por vezes cansado desta busca sem resultados mas, tu Doce Mãe repetes uma e outra vez: Vai… continua a procurá-Lo… não desistas, tem confiança porque eu, que também sou tua Mãe tenho a certeza que O encontrarás. E, uma vez mais, as tuas doces palavras animam-me e prossigo com novas forças, com renovado empenho. Não me importo nada que alguns me considerem um tonto que não sabe para onde vai nem o que procura. Não me importo porque as vozes agoirentas dos néscios e incrédulos não encontram eco na minha alma. Eu sou, pretendo ser, consciente do que quero e do que tenho de fazer para o conseguir. Ah! E o que quero é encontrar Jesus pegar-Lhe na mão e dar um grito tão alto que o possas ouvir claramente: Mãe… encontrei-O… está aqui! E tu sorris e dizes-me: Vês? Eu não te disse? Se O procurares sem descanso encontrá-Lo-ás. Afinal, filho, Ele esteve sempre ali onde O encontraste à tua espera. Até agora não O viste e passas-te tantas vezes ao Seu lado. Mas, balbucio, Mãe… não o vi porquê? Filho, respondes-me, para O ver é necessário Amor, sem Amor a visão fica turva, só vê o que quer ver e não o que tem de ver. Ver Jesus não é ver uma pessoa qualquer é ver o teu Irmão que deu a Vida por ti na Cruz. É ver a maravilha da salvação que é o supremo acto de Amor alguma vez praticado. Deus, sim… o Próprio Deus teu Criador que dá a Vida por  ti para que te salves e vivas para sempre. É ver a maravilhosa e inescedível Criação. É ver a Felicidade que te espera. Filho, não voltes a afastar-te de Jesus, mantém-te custe o que custar sempre a Seu lado; e… se tiveres dúvidas qual o caminho a seguir, onde O procurar, pede-me conselho, ajuda, auxílio, ânimo, coragem tudo quanto possa faltar-te e dá-me a tua mão que eu, tua Mãe, levar-te-ei por um caminho seguro (Iter para tuto) para O encontrares. Digo-lhe, então, com o coração nas mãos: Minha Mãe, não deixes que nunca me afaste do teu Filho, do nosso Jesus. Ensina-me a procurá-Lo onde Ele deverá estar à minha espera, em vez de andar perdido tentando encontrá-Lo onde Ele não pode estar. Leva-me pela tua mão – também sou teu filho, um filho pequeno – ao encontro dEle para que, juntos, possamos sossegar na Sua companhia.

(AMA, 1999)

 

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[i] Não compreendo porque se apelidam os vários episódios do Santo Rosário de  “Mistérios”. Um Mistério é algo que não se compreende, não se entende. Mas o que acontece no Santo Rosário são acontecimentos que sucederam realmente, que tiveram testemunhas, daí que não sejam “Mistérios” mas relatos de algo que realmente axonteceu e foi testemunhado.

[ii] Não compreendo porque se apelidam os vários episódios do Santo Rosário de  “Mistérios”. Um Mistério é algo que não se compreende, não se entende. Mas o que acontece no Santo Rosário são acontecimentos que sucederam realmente, que tiveram testemunhas, daí que não sejam “Mistérios” mas relatos de algo que realmente axonteceu e foi testemunhado.

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