Dentro do Evangelho
(Re
Lc XI, 14 )
A
mudez, não poder falar, está muitas vezes, quase sempre, associada à falta de audição.
Parece
que quem não pode ouvir, quase empre, não consegue falar porque não conhece os
sons, não distingue as palavras e, portanto não consegue expressar-se.
Extrapolando,
poderia dizer que, para falar, do que seja, tenho em primeiro lugar que ouvir.
Se
não oiço a voz de Deus que ecoa no meu coração, que entendo com o que leio no
Evangelho, como poderei falar do que não sei?
O
verdadeiro problema reside em não querer ouvir, escutar essa voz que, por
exemplo, através do Director Espiritual, me chega redundante, correctissíma,
sobre oq eu devo fazer, quando e com quem, mas, ao invés, reservar-me o meu
próprio critério, a minha opinião.
O
Apostolado, que me deve obrigar a minha condição de membro da Santa Igreja
Católica, só poderei exercê-lo se escutar com atenção e certeza quem tem o munus
de me orientar, sugerir e encaminhar.
A minha
Confissão Sacramental não pode conter hiatos nem reservas, por mais que possa
custar-me ou me envergonhe, é fundamental que revele quanto me ocorre mesmo que
possa considerá-lo irrelevante.
A
ele, Director Espiritual, cabe condiderar se é importante ou não e
aconsellhar-me de acordo.
Reflectindo na Quaresma
Olhar
e reparar
São duas atitudes diferentes.
Olhar pode ser um acto automático que não tem
que ser nem mau nem bom.
Faz parte da nossa condição humana, dos
nossos sentidos, da forma como percorremos a vida de todos os dias.
Reparar é diferente.
É deter o olhar em algo que nos desperta a
curiosidade e pretendemos avaliar – ou ver mais detidamente – os pormenores, os
detalhes.
E isto pode ser mau porque, de certa forma
alia-se ao reparar a curiosidade e, esta, é sempre má.
Trata-se, pois, de guardar a vista e não se
pense que é fácil porque não é.
Constantemente, somos confrontados com
autênticas “agressões visuais” e há que ter a prontidão de seguir em frente e
deixar o assunto.
A vista é a porta da alma!
Poemas da Quaresma
O
tempo agreste
O
Céu cinzento
Tudo
me conduz
(Ah...
como destesto)
Ao
Sofrimento
Da
Cruz.
Falta-me
o alento
Talvez...
a vontade
De
Te contemplar
Talvez
com medo da verdade
Que
não manifesto:
Estás
ali, prestes a morrer
Num
último estertor
Depois
de tanto sofrer,
Esgotado
de Amor
Por
todos, por mim
Não!
Não posso ver-Te assim
Meu
Senhor
Meu
Salvador!
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