14/03/2022

Publicações em Março 14

 


(Re Lc VI 36-38 )

 

Em plena Quaresma a Liturgia traz à minha consideração o tema da misericórdia.

Embora o Magistério defina as chamadas “Obras de Misericórdia” para me ajudar a melhor reflectir e tê-las presentes, muitas vezes as confundo com meros actos exteriores descurando o que é essencial: tê-las no coração.

No que respeita a perdoar não sou tão rápido e decidido como no que se refere aos julgamentos que faço.

Não me dando conta que os defeitos que julgo ver nos outros são o reflexo dos meus próprios defeitos, como que olhando-me num espelho e, na verdade, não vendo a verdadeira imagem que está reflectida.

Não penso que se os outros usarem de igual critério para comigo que desgraçado serei.

Como poderei aspirar receber o que eu próprio não dou?

Jesus É bem claro:

«Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á: deitar-vos-ão no regaço uma boa medida, calcada, sacudida, a transbordar. A medida que usardes com os outros será usada também convosco».

Como sempre as palavras de Jesus são certas e lógicas não admitindo duas interpretações.

 

Reflectindo na Quaresma

 

O que posso fazer.

Por vezes debato-me com esta pergunta que me surge a propósito de algo que, à primeira vista, será algo estranho, insólito ou, pelo menos, fora do âmbito onde me movo.

Sim… o que posso fazer?

Que conhecimentos habilitações ou autoridade tenho, para me “meter num assunto” que parece não me dizer respeito directamente?

E porque sinto que tenho de fazer alguma coisa, intervir seja de que modo for, para sossegar o meu espírito e a minha vontade de ser útil, solidário, interessado?

Será que a minha missão neste mundo passa por aí, quer dizer, intervir sem mais, sem esperar convite ou desafio, mas apenas porque entendo que é minha obrigação fazê-lo?

Será que os outros, nomeadamente a quem o assunto diz respeito, esperam isso de mim?

Terão alguma expectativa sobre o que penso ou faço para resolver – ou pelo menos ajudar a resolver – essa questão?

Mereço essa confiança?

Existe da parte dos outros essa expectativa?

Na verdade penso que tenho de responder positivamente a todas essas questões mesmo sem me preocupar se tenho ou não aptidões para tal.

Talvez espere por um convite que poderá surgir de forma “muda”, sem formalidade nem uma solicitação expressa.

Mas, tal, não tem de acontecer dessa forma tão clara e evidente.

Se alguém me conta algo, um problema, me revela uma dificuldade, me expõe uma dúvida, seguramente que o faz não para me informar mas, para que eu possa dar o meu contributo – seja conselho ou opinião – sobre o que me revela.

Se não porque o faria?

Se alguém me diz simplesmente: ‘Estou triste’ sem acrescentar o que for, não esperará de mim uma pergunta simples: ‘Porquê?’

É evidente que sim, ninguém anuncia a outro um estado de alma sem ser para tentar obter uma resposta que revele interesse e, possivelmente, ajuda.

O que posso fazer?

Muito! Posso – e devo – fazer muito.

 

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