Na sua pregação, Jesus Cristo repete muitas
vezes, de forma semelhante, esta frase: «Se alguém tem ouvidos para ouvir, oiça».
É um aviso sério a
ter muito em conta por todos os homens, sobretudo pelos cristãos.
A Palavra que
ouvimos é Palavra de vida eterna, tem a ver com a nossa salvação, por isso é de
suma importância entender o que ouvimos, mas, principalmente, ouvir de forma a
pôr em prática o que nos é dito.
Se não… seremos
uns sujeitos passivos, desatentos e a quem tanto faz ou pouco importa o que lhe
é dito.
Será uma pena e um
desperdício com resultados nefastos e, talvez, decisivos para a nossa própria
felicidade.
O que tenho, na verdade, não é meu, não me
pertence, foi-me emprestado para fazer render e passar a outros.
Na medida em que o fizer – e tenho de o fazer
como obrigação cristã – ser-me-á acrescentado e, não obstante dar, passarei a
ter mais.
É, de facto, um mistério mas, para mim, é
claro como água porque foi o próprio Jesus quem o disse.
Ajuda-me, Senhor, a partilhar a luz que de Ti
recebo para que outros também possam ver como Tu queres que vejam.
‘Quem dá aos pobres empresta a Deus!’ ouvia o
meu Pai dizer com frequência.
Mais que uma frase bonita, ela transmite uma
realidade já que foi o próprio Jesus Cristo Quem garantiu que nem um simples
copo com água dado por amor ao próximo ficará sem recompensa.
Assim é que o Senhor devolve com altíssimos
juros aquilo que Lhe emprestamos nas pessoas que nos pedem assistência.
É, pois, um excelente negócio a ter muito em
conta.
O
Reino de Deus não é algo que se instala no espírito do homem de um momento para
o outro.
Começa
no nosso Baptismo em que por obra e Graça do Espírito Santo somos convertidos
em Filhos de Deus e, depois, ao longo da nossa vida deverá ir crescendo através
da prática das boas obras, da frequência dos Sacramentos, principalmente com a
recepção da Sagrada Comunhão Eucarística.
Este
é o campo, a semente onde devemos “trabalhar” com afinco, pedindo que a Graça
de Deus nos robusteça a Fé, a Esperança e a Caridade que enformarão todo o
nosso ser humano.
Damo-nos
conta da extraordinária Graça que nos é concedida: saber-mos de “fonte segura”
o que é o Reino de Deus?
Passaram
centenas e centenas de anos em que uma incomensurável multidão de seres humanos
não sabia exactamente o que era e em enorme maioria nem sequer suspeitava da
sua existência.
Foram
esses homens um pouco “desconfiados” e de escassa cultura que nos transmitiram
esse conhecimento tal como o ouviram repetidas vezes dos lábios de Cristo.
Como
devemos agradecer, venerar e exaltar esses Discípulos e Apóstolos a quem tanto
devemos!
O Reino de
Deus existe quer o homem queira ou não, deseje ou não fazer parte dele.
O Senhor
explica abundantemente e com paciência amorosa o que é esse Reino e as
vantagens – reais – de participar no seu anúncio a todos os homens sem
distinção ou acepção.
Os
trabalhadores do Reino, que devemos ser todos os cristãos, têm uma garantia de
“sucesso” que é dada pelo próprio Rei: mesmo que a sua acção seja como um grão
de mostarda, aparentemente insignificante, o resultado ultrapassa tudo o que
possamos imaginar.
Grandes e
pequenas sementeiras, todas darão frutos porque é O Senhor Quem os faz surgir
para os santificar e distribuir por todos.
Um
grão de mostarda!
Tal
é o Reino de Deus!
Esse
mesmo Reino que Cristo veio instaurar na missão a que entregou a própria Vida.
Como
Deus é simples!
Nós,
homens, temos esta tendência para O considerar Grande e Poderoso e,
consequentemente, complicado.
Mas
não é.
Não
há nada nem ninguém mais simples que Deus porque sendo Uno tem de ser simples,
só o múltiplo é complicado e, por vezes, difícil de entender.
A
Deus Nosso Senhor entendemo-lo perfeitamente desde que, verdadeiramente,
escutemos o que nos diz.
Como se pode ver, o Reino de Deus que
Jesus Cristo veio anunciar e trazer à terra só existirá com o concurso do
trabalho do homem.
Não podemos ficar inertes à espera que
tudo aconteça como uma dádiva de Deus.
Esta dádiva – aquilo que Deus assegura
no Seu Reino – serão os frutos que o nosso trabalho, bem feito, com
perseverança e persistência dará e que Ele distribuirá conforme Lhe aprouver.
No fim e ao cabo é exercermos a nossa
vocação pessoal – seja qual for – com os olhos postos no Senhor a Quem queremos
oferecer o nosso trabalho e dedicar o nosso empenho.
Ora, para que tal possa ser aceite tem
de ser algo em que nos empenhámos a sério, pondo todas as nossas capacidades e
talentos naquilo que fazemos seja semear, estudar, ensinar, construir… o quer
que seja a nossa profissão, o nosso trabalho.
Assim, seremos, de facto e pleno
direito, súbditos deste Reino que nos foi dado pelo próprio Rei com a Sua
imolação na Cruz.
Que
extraordinário!
Este
Rei, Criador e Senhor de todas as coisas, quer que O “ajudemos” na construção
do Seu Reino!
Sem
mérito algum da nossa parte concede-nos essa dignidade espantosa: construtores
do Reino de Deus!
É
admirável a confiança que o Senhor tem em nós, pobres criaturas cheios de
fraquezas e misérias, para levar a cabo tão portentosa tarefa.
Não
desperdicemos a oportunidade, não desiludamos Quem nos convida.
A
paga será proporcional à tarefa:
Incomensurável.
Dia após dia,
passo a passo, assim é, deve ser, o trabalho de apostolado com perseverança e
confiança.
Perseverança
em não esmorecer no trabalho, mesmo que os frutos tardem em surgir ou, até, não
os vejamos nunca.
Alguém os
colherá quando for o tempo certo.
A missão do
apóstolo não é colher, mas sim semear, não em seu nome mas em nome de Deus.
Confiança
porque, o Senhor, não deixa nunca que o trabalho de apostolado seja em vão.
Ele, que sabe mais, decidirá quando e como os frutos hão-de aparecer e, também,
não deixará sem prémio, o trabalho efectuado em Seu Nome.
Somos,
de facto, imensamente mais afortunados que os discípulos que seguiam Jesus!
Esta
afirmação que faço sem hesitar vem-me da constatação de que, a mim, não é
preciso que o Senhor me explique as parábolas com que Se refere ao Seu Reino.
Aqueles
se encarregaram de, ao longo dos tempos, as irem explicando e comentando de
modo que, o que hoje nos chega é tão abundante e rico que só quem não quiser
realmente entender é que terá alguma dúvida.
Mas,
eles, foram os primeiros e enfrentavam uma “novidade”, algo tão
“revolucionário”, grandioso e, ao mesmo tempo, simples que não eram capazes por
si sós de entender completamente o significado.
A
catequese de Jesus Cristo, chega-nos até aos dias de hoje através da Sua Igreja
e do Magistério desta que, constantemente, propõe aos seus filhos, abundantes
meios de formação e enriquecimento espiritual.
Mal
de nós se não os aproveitarmos!
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