Confirmo... nos tempos de Jesus era comum considerar os
não judeus como cães; os Cananeus assim eram chamados.
Um dia, no deambular habitual pelos agrestes caminhos da
Palestina um discípulo deteve Jesus para Lhe pedir que atendesse uma mulher que
impertinentemente os seguia aos gritos... «Jesus, filho de David, tem
piedade de mim», e diziam-Lhe... «atende-a para que nos deixe em paz».
Esta mulher era de origem Siro-Fenícia, uma
"infiel" portanto.
Jesus aproximou-Se da mulher e perguntou-lhe: «Que
queres que te faça».
Ela respondeu dizendo que tinha uma filha pequena que
sofria horrívelmente de uma doença.
Em resposta disse-lhe: «não é bonito tomar o pão dos
filhos e dá-lo aos cachorros».
A mulher respondeu... «É verdade, Senhor, mas os
cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa dos donos».
Então Jesus disse-lhe: «mulher, é grande a tua fé!
Faça-se como desejas».
A fé revelada por esta mulher que não obstante reconhecer
a sua condição de ser considerada indigna de receber o que fosse, leva-a a
fazer o pedido porque íntimamente sabe que Jesus não tem preconceitos nem faz
acepção de pessoas.
Cada ser humano tem para Ele o mesmo valor intrínseco independentemente
de quem é, raça ou estatuto social.
Por demonstrar essa Fé obteve o que pedia.
Fico a pensar que a Fé, autêntica pode tudo.
É também lógico que quando peço o que for, acredite que o
obterei, não porque o mereça ou seja digno mas porque o Senhor quer satisfazer
o meu pedido.
Se não... para quê pedir?
Como, tenho essa certeza que Ele pode, absolutamente, tudo... porque não
pedir?
É natural que quem pede espere obter... é por isso mesmo
que pede e insiste no pedido até o ver satisfeito.
Não faz nenhum sentido pedir o que for sem ter convicção
íntima, como que dizendo… pelo sim pelo não...
Não me vale a pena avaliar se o que peço tem um valor
grande ou pequeno, grandes coisas ou pequenas é um conceito sem muito sentido
porque quando peço algo é porque julgo que me é absolutamente legítimo pedi-lo.
Tenho de ter a certeza íntima que compete a quem ouve o
meu pedido fazer essa avaliação.
Bom... quando Quem a faz É o Senhor Omnipotente essa
avaliação será, sempre, Justíssima.
Mas... será que não tenha outro motivo para rezar sem ser
pedir algo?
Por exemplo: não devo mostrar a minha gratidão?
Sim... agradeço sempre uma Graça recebida, é de bom filho
ser agradecido, mas... fico-me por aí?
E o resto todo que é TUDO "etiam ignotis"
mesmo desconhecido, o que recebo sem me dar conta que não peço especificamente
porque não me dou conta que me faz falta?
Tal obrigar-me-ia a acções de graças contínuas, o que me
considero incapaz de fazer.
Descubro, no entanto, um possível meio... viver de tal
forma que agrade ao Senhor e, estou seguro, para Ele basta.
Algo como dizer-Lhe logo ao começar o dia: Ajuda-me a
viver este novo dia que me concedes viver, como Tu queres que viva pondo de
lado o meu querer, os meus desejos por bons que possam ser, fazendo em tudo a
Tua Amabilíssima e Justíssima Vontade.
Parece-me um bom propósito.
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