Sexta- Feira
PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito: Pequena mortificação
Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus ontem?
LEITURA ESPIRITUAL
Evangelho
Promessa e concepção do Percursor
21 O
povo, entretanto, aguardava Zacarias e admirava-se por ele se demorar no
santuário. 22 Quando saiu, não lhes podia falar e eles compreenderam que tinha
tido uma visão no santuário. Fazia-lhes sinais e continuava mudo. 23 Terminados
os dias do seu serviço, regressou a casa. 24 Passados esses dias, sua esposa
Isabel concebeu e, durante cinco meses, permaneceu oculta. 25 Dizia ela: «O
Senhor procedeu assim para comigo, nos dias em que viu a minha ignomínia e a
eliminou perante os homens.»
Anunciação de Maria e Encarnação do Verbo
26
Ao sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia
chamada Nazaré, 27 a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de
David; e o nome da virgem era Maria. 28 Ao entrar em casa dela, o anjo
disse-lhe: «Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo.» 29 Ao ouvir estas
palavras, ela perturbou-se e inquiria de si própria o que significava tal
saudação. 30 Disse-lhe o anjo: «Maria, não temas, pois achaste graça diante de
Deus. 31 Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome
de Jesus. 32 Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai
dar-lhe o trono de seu pai David, 33 reinará eternamente sobre a casa de Jacob
e o seu reinado não terá fim.» 34 Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu
não conheço homem?» 35 O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e
a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai
nascer é Santo e será chamado Filho de Deus. 36 Também a tua parente Isabel
concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam
estéril, 37 porque nada é impossível a Deus.» 38 Maria disse, então: «Eis a
serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo retirou-se de
junto dela.
Comentário
«Salve, ó cheia de graça»! (Lc
1, 28) Foi com estas palavras que, Gabriel, o Anjo do Senhor, se dirigiu
a ti, Maria de Nazaré.
Tão longe estarias tu deste
acontecimento. Decerto que, desde pequenina, a oração constante, a simplicidade
nos pensamentos e nos actos, sem a mais leve mancha de malícia ou impudor,
deverias sentir Deus muito próximo, ao alcance da tua voz. Certamente que sim,
pois acreditavas firmemente que Ele te ouvia sempre e em cada momento. Mas, a
tua modéstia, a tua simplicidade, a tua total e humilde submissão ao teu
Senhor, ao teu Deus, não permitiriam nunca que te ocorresse sequer essa
possibilidade. O Senhor Todo Poderoso, o Criador do Céu e da Terra e de tudo
quanto existe, enviar a Nazaré, à tua casa humilde e simples, um Anjo Seu, para
te saudar! Que coisa mais extraordinária!
Sabias que Deus não era um ser longínquo
e distante, inacessível aos homens. Constantemente tinha intervindo junto do
povo eleito para comunicar a Sua Vontade, os Seus desígnios.
Mas, os Seus interlocutores tinham sido
sempre grandes personagens da História Humana: Abraão, Moisés, David, os
Profetas. E tu, pobre e humilde menina, recebias do Senhor uma graça
semelhante!?
Logo no início o salve do Mensageiro te
perturba. Salve, isto é, alegra-te. Mas, mais: «Oh! Cheia de graça»!
Que saudação estranha e desusada que
manifesta uma dignidade e honra que julgas não merecer: “Alegra-te Filha...
de Jerusalém... o Senhor está no meio de ti.” (So 3, 14. 17a) Estes
altíssimos louvores ferem o teu espírito humilde e, por isso a estas palavras,
«ela perturbou-se e ficou a pensar que saudação seria aquela». (Lc
1, 29) Mas, Gabriel é um Anjo do Senhor, e apercebe-se a tua confusão,
talvez, o teu natural temor. E sossega-te: «Não tenhas receio, Maria».
Conhecias bem pelas Escrituras que lias
e meditavas, o que significava esta saudação e, portanto, quando Gabriel evoca
estas prerrogativas, entendeste claramente que te era anunciado que irias ser a
Mãe do Messias Salvador. Mas há ainda no teu espírito esclarecido, não obstante
a tua juventude, uma dúvida séria: Como poderias tu, virgem humilde, teres sido
escolhida para Mãe de Jesus Salvador pelo próprio Deus a quem tinhas dedicado a
tua virgindade?! E, não obstante a tua humildade de jovem simples não deixas de
interrogar: «Como será isso, se eu não conheço homem»?! (Lc 1, 34) Ah! ... mas o Anjo
tranquiliza-te: «Virá sobre ti o Espírito Santo, e a força do Altíssimo
estenderá sobre ti a Sua sombra». (Lc 1, 35)
Esta resposta corresponde também ao que nas
Escrituras se revelava sobre o aparecimento do Messias: “Eis que uma virgem
conceberá e dará à luz um filho a quem será dado o nome de Emanuel, que quer
dizer Deus connosco”. (Is 7, 14)
Não tinhas mais dúvidas por isso nada mais perguntaste. Não quiseste
saber como, quando, porquê.
Nada, nada absolutamente te interessava
averiguar porque: «Heis aqui a escrava do
Senhor: seja-me feito segundo a tua palavra!» (Lc 1, 38)
Assim, tal qual, tu, Senhora, a quem
acabava de anunciado seres eleita por Deus a maior, a mais sublime de entre as
mulheres da Terra, assim, com esta simplicidade que fere pela sua inteira
singeleza, assim, tu defines um coração puro, uma alma de Deus, uma total
entrega ao Senhor. Por isso Deus te escolheu.
A Mãe do Salvador, do Deus feito homem,
perfeito homem, que haveria de morrer na Cruz para salvar todos os homens, num
sacrifício cruento, completo, total, não poderia senão expressar a aceitação
pronta e total da Vontade Divina. Faça-se a Tua Vontade de uma forma total e
completa. Não para meu bem, não para minha glória, não para benefício de quem
quer que seja, não... só e unicamente porque é a Tua Vontade Senhor; o resto
não me interessa... E, no entanto, esta jovem era já a Mãe do Salvador,
escolhida desde o princípio dos tempos.
Poderei eu, algum dia, alguma vez, do
fundo do coração, manifestar tal sentimento? Decerto que não. Quantas vezes que
me proponho aceitar a Vontade de Deus, mas reservando no meu íntimo, que ela
esteja de acordo com a minha vontade. Que se satisfaçam os meus desejos, que
obtenha o que quero que o Senhor, actue assim, como uma espécie de Deus
privado, ao meu serviço.
Ah! Senhora minha, que maravilha a tua
resposta, que espantosa a tua entrega. Ajuda-me, querida Mãe, a dizer a cada
momento, sim ao Senhor. Instila no meu coração de filho, porque és minha Mãe,
esses sentimentos puros e humildes, esse desprendimento das coisas, essa
disponibilidade permanente para ouvir e, ouvindo, dizer que sim aos desejos do
Senhor. Desejo tanto ser honesto comigo mesmo para poder ser honesto para com
os outros e para com Deus. Não me mentir, não me enganar, não me esconder atrás
de falsas coisas, defeitos ou virtudes, para me esquivar constantemente ao que
me é pedido. E a Tua Vontade, o Teu mandato, claríssimo é que eu seja santo.
Não um dia, não qualquer dia, agora - «nunc
coepi – “pois pode ser que o amanhã me falte”. (Pois n'Ele
elegeu-nos antes da criação do mundo para que fôssemos santos Ef 1, 4-6)
«Ave
Cheia de Graça, o Senhor está contigo». Assim te falou o Anjo do Senhor.
Ave minha Mãe Santíssima. Ave, minha querida Mãe que estás no Céu, digo-te eu,
com a esperança, que é certeza, que me ouves e atenderás as minhas súplicas.
Como tu, também eu quero dizer: “fiat”, faça-se, “cumpra-se a
justíssima e amabilíssima Vontade de Deus sobre todas as coisas.”
«Monstra
te esse matrem, (São Paulo VI, em Fátima, 1957) mostra que és
mãe, ajuda-me e guia-me todos os dias da minha vida para que eu seja um bom
filho.
(AMA, Santo Rosário 1999)
SÃO JOSÉ
Como se sabe, em 1870 Pio IX pelo decreto Quemadmodum Deus (8-XII-1870) declarou São José o patrono da Igreja Universal, e em 15 de Agosto de 1889, Leão XIII publicou a sua encíclica Quamquam plúrias dedicadas ao santo Patriarca. Nesta encíclica, de grande vigor de pensamento, reúnem-se as linhas fundamentais da teologia de São José justamente por apresentar as razões pelas quais deve ser considerado patrono da Igreja universal.
REFLEXÃO
O
perfeito cristão leva sempre consigo a serenidade e a alegria. Serenidade,
porque se sente na presença de Deus; alegria, porque se vê rodeado dos seus
dons. Um cristão assim é de verdade um personagem real, um sacerdote santo de
Deus.
(São Clemente de Alexandria, Stromata,
VII, nr. 9, 451)
SÃO JOSEMARIA – textos
Trabalha
com alegria
Se afirmas que queres imitar
Cristo... e te sobra tempo, andas por caminhos de tibieza. (Forja,
701)
As tarefas profissionais –
também o trabalho do lar é uma profissão de primeira ordem – são testemunho da
dignidade da criatura humana; ocasião de desenvolvimento da própria
personalidade; vínculo de união com os outros; fonte de recursos; meio de
contribuir para a melhoria da sociedade em que vivemos, e de fomentar o
progresso da humanidade inteira... Para um cristão estas perspectivas
alongam-se e ampliam-se ainda mais, porque o trabalho – assumido por Cristo
como realidade redimida e redentora – se converte em meio e em caminho de
santidade, em tarefa concreta santificável e santificadora. (Forja,
702)
Trabalha com alegria, com
paz, com presença de Deus. Desta maneira realizarás a tua tarefa, além disso,
com bom senso: chegarás até ao fim ainda que rendido pelo cansaço, acabá-la-ás
bem... e as tuas obras agradarão a Deus. (Forja, 744)
Deves manter – ao longo do
dia – uma constante conversa com Nosso Senhor, que se alimente também das
próprias ocorrências da tua tarefa profissional.
Vai com o pensamento ao Sacrário...
e oferece a Nosso Senhor o trabalho que tiveres entre mãos. (Forja,
745)
Comentário
SÃO JOSEMARIA – textos
Jesus
ainda está à procura de pousada
Jesus nasceu numa gruta em
Belém, diz a Escritura, "porque não havia lugar para eles na
estalagem". Não me afasto da verdade teológica, se te disser que Jesus
ainda está à procura de pousada no teu coração. (Forja, 274)
Não me afasto da mais
rigorosa verdade se vos digo que Jesus continua agora a buscar pousada no nosso
coração. Temos de Lhe pedir perdão pela nossa cegueira pessoal, pela nossa
ingratidão. Temos de Lhe pedir a graça de nunca mais Lhe fechar a porta das
nossas almas. O Senhor não nos oculta que a obediência rendida à vontade de
Deus exige renúncia e entrega porque o amor não pede direitos: quer servir. Ele
percorreu primeiro o caminho. Jesus, como obedecestes Tu? Usque ad mortem, mortem autem crucis, até à morte e morte de Cruz.
É preciso sair de nós mesmos, complicar a vida, perdê-la por amor de Deus e das
almas... Tu querias viver e que nada te acontecesse; mas Deus quis outra
coisa... Existem duas vontades: a tua vontade deve ser corrigida para se
identificar com a vontade de Deus, e não torcida a de Deus para se acomodar à
tua. Com alegria, tenho visto muitas almas que jogaram a vida – como Tu,
Senhor, "usque ad mortem"!
– para cumprir o que a vontade de Deus lhes pedia, dedicando os seus esforços e
o seu trabalho profissional ao serviço da Igreja, pelo bem de todos os homens.
Aprendamos a obedecer,
aprendamos a servir. Não há maior fidalguia do que entregar-se voluntariamente
ao serviço dos outros. Quando sentimos o orgulho que referve dentro de nós, a
soberba que nos leva a pensar que somos super-homens, é o momento de dizer que
não, de dizer que o nosso único triunfo há-de ser o da humildade. Assim nos
identificaremos com Cristo na Cruz, não aborrecidos ou inquietos, nem com mau
humor, mas alegres, porque essa alegria, o esquecimento de nós mesmos, é a
melhor prova de amor. (Cristo que passa, 19)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.