Novo Testamento
Evangelho
Lc IX, 1-22
Missão dos Apóstolos
1 Tendo convocado os Doze, deu-lhes
poder e autoridade sobre todos os demónios e para curarem doenças. 2 Depois,
enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar os doentes, 3 e disse-lhes:
«Nada leveis para o caminho: nem cajado, nem alforge, nem pão, nem dinheiro;
nem tenhais duas túnicas. 4 Em qualquer casa em que entrardes, ficai lá até ao
vosso regresso. 5 Quanto aos que vos não receberem, saí dessa cidade e sacudi o
pó dos vossos pés, para servir de testemunho contra eles.» 6 Eles puseram-se a
caminho e foram de aldeia em aldeia, anunciando a Boa-Nova e realizando curas
por toda a parte.
Jesus e Herodes
7 O tetrarca Herodes ouviu dizer tudo o
que se passava; e andava perplexo, pois alguns diziam que João ressuscitara dos
mortos; outros, 8 que Elias aparecera, e outros, que um dos antigos profetas
ressuscitara. 9 Herodes disse: «A João mandei-o eu decapitar, mas quem é este
de quem oiço dizer semelhantes coisas?» E procurava vê-lo.
Regresso dos Apóstolos
10 Ao regressarem, os Apóstolos
contaram-lhes tudo o que tinham feito. Tomando-os consigo, Jesus retirou-se
para um lugar afastado na direcção de uma cidade chamada Betsaida. 11Mas as
multidões, que tal souberam, seguiram-no. Jesus acolheu-as e pôs-se a
falar-lhes do Reino de Deus, curando os que necessitavam.
Primeira multiplicação dos
pães
12 Ora, o dia começava a declinar. Os
Doze aproximaram-se e disseram-lhe: «Despede a multidão, para que, indo pelas
aldeias e campos em redor, encontre alimento e onde pernoitar, pois aqui
estamos num lugar deserto.» 13 Disse-lhes Ele: «Dai-lhes vós mesmos de comer.»
Retorquiram: «Só temos cinco pães e dois peixes; a não ser que vamos nós mesmos
comprar comida para todo este povo!» 14 Eram cerca de cinco mil homens. Jesus
disse aos discípulos: «Mandai-os sentar por grupos de cinquenta.» 15 Assim
procederam e mandaram-nos sentar a todos. 16 Tomando, então, os cinco pães e os
dois peixes, ergueu os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e deu-os aos
discípulos, para que os distribuíssem à multidão. 17 Todos comeram e ficaram
saciados; e, do que lhes tinha sobrado, ainda recolheram doze cestos cheios.
Confissão de Pedro e profecia
da Paixão
18 Um dia, quando orava em particular,
estando com Ele apenas os discípulos, perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões
que Eu sou?» 19 Responderam-lhe: «João Baptista; outros, Elias; outros, um dos
antigos profetas ressuscitado.» 20 Disse-lhes Ele: «E vós, quem dizeis que Eu
sou?» Pedro tomou a palavra e respondeu: «O Messias de Deus.» 21 Ele
proibiu-lhes formalmente de o dizerem fosse a quem fosse; 22 acrescentou: «O
Filho do Homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos
sacerdotes e pelos doutores da Lei, tem de ser morto e, ao terceiro dia,
ressuscitar.»
Texto
MENSAGEM
DO PAPA JOÃO PAULO II
PARA
A QUARESMA DE 1981
Amados irmãos e irmãs:
A Quaresma é um tempo de
verdade.
O cristão, de facto, chamado
pela Igreja à oração, à penitência e ao jejum, ao despojamento de si mesmo,
interior e exterior, ao pôr-se diante de Deus, reconhece-se e redescobre-se a
si próprio.
«Lembra-te, homem, de que és
pó e ao pó hás-de voltar». (Quarta-Feira de Cinzas: cerimónia da imposição das
cinzas). Lembra-te, homem, de que foste chamado para alguma coisa diferente
destes bens terrenos e materiais, que comportam o risco de te afastar daquilo
que é essencial. Lembra-te, homem, da tua vocação primária: tu provéns de Deus;
e tu voltas para Deus caminhando no sentido da Ressurreição, que é a via
traçada por Cristo. «Quem não carrega a sua cruz e me segue não pode ser meu
discípulo» (Lc 14, 27).
Tempo de verdade profunda,
que converte, restitui esperança e, levando a repôr tudo no seu lugar, traz
serenidade e faz nascer o optimismo.
Tempo que nos leva a
reflectir sobre as nossas relações com o «nosso Pai», e restabelece a ordem que
deve reinar entre irmãos e irmãs; tempo que nos torna co-responsáveis uns em
relação aos outros; ele nos desapega dos nossos egoísmos, das nossas
pusilanimidades, das nossas mesquinhez as e do nosso orgulho; tempo, enfim, que
nos esclarece e nos leva a compreender melhor que devemos, à imitação de
Cristo, empenhar-nos em servir.
«Dou-vos um mandamento novo:
que vos ameis uns aos outros» (Jo 13, 34). «E quem é o meu próximo?» (Lc 10,
29).
Tempo de verdade que, como o
bom Samaritano, nos faz parar no caminho, reconhecer o nosso irmão e pôr o
nosso tempo e os nossos bens ao seu serviço, numa partilha quotidiana. O bom
Samaritano é a Igreja! O bom Samaritano é cada um de nós! Por vocação! Por
dever! e o bom Samaritano vive a caridade.
São Paulo diz: «Somos
embaixadores ao serviço de Cristo» (2 Cor 5,20). Está nisto a nossa
responsabilidade! Nós somos enviados ao encontro dos outros, ao encontro dos
nossos irmãos. Correspondamos generosamente a esta confiança que Cristo
depositou em nós.
Sim, a Quaresma é um tempo
de verdade! Examinemo-nos com sinceridade, franqueza e simplicidade! Os nossos
irmãos estão ao nosso lado, na pessoa dos pobres, dos doentes, dos
«marginalizados» e dos velhinhos. A que ponto estamos com o nosso amor? E com a
nossa verdade?
Por ocasião da Quaresma, por
toda a parte – nas vossas dioceses, nas vossas paróquias, nas vossas
comunidades – vai ser feito um apelo a esta Verdade que está em vós e à
Caridade que há-de ser a sua comprovação.
Procurai, pois, abrir o
vosso entendimento para reparar bem à vossa volta, abrir o vosso coração para
compreender e vos compadecer, abrir as vossas mãos para socorrer. As
necessidades são enormes, vós bem o sabeis; exorto-vos, portanto, a participar
com generosidade nesta partilha fraterna; e dou-vos a certeza das minhas
orações por vós, com a minha Bênção Apostólica.
IOANNES PAULUS PP. II
© Copyright - Libreria
Editrice Vaticana
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