Novo Testamento
Evangelho
Lc
IV, 33-44; V, 1-11
Jesus liberta um possesso do
demónio
33 Encontrava-se na sinagoga um homem
que tinha um espírito demoníaco, o qual se pôs a bradar em alta voz: 34 «Ah!
Que tens que ver connosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos arruinar? Sei quem
Tu és: o Santo de Deus!» 35 Jesus ordenou-lhe: «Cala-te e sai desse homem!» O
demónio, arremessando o homem para o meio da assistência, saiu dele sem lhe
fazer mal algum. 36 Dominados pelo espanto, diziam uns aos outros: «Que palavra
é esta? Ordena com autoridade e poder aos espíritos malignos, e eles saem!» 37
A sua fama espalhou-se por todos os lugares daquela região.
Jesus cura a sogra de Pedro e
outros doentes
38 Deixando a sinagoga, Jesus entrou em
casa de Simão. A sogra de Simão estava com muita febre, e intercederam junto
dele em seu favor. 39 Inclinando-se sobre ela, ordenou à febre e esta deixou-a;
ela erguendo-se, começou imediatamente a servi-los. 40 Ao pôr do sol, todos
quantos tinham doentes, com diversas enfermidades, levavam-lhos; e Ele, impondo
as mãos a cada um deles, curava-os. 41 Também de muitos saíam demónios, que
gritavam e diziam: «Tu és o Filho de Deus!» Mas Ele repreendia-os e não os
deixava falar, porque sabiam que Ele era o Messias.
Jesus prega em várias cidades
42 Ao romper do dia, saiu e retirou-se
para um lugar solitário. As multidões procuravam-no e, ao chegarem junto dele,
tentavam retê-lo, para que não se afastasse delas. 43 Mas Ele disse-lhes:
«Tenho de anunciar a Boa-Nova do Reino de Deus também às outras cidades, pois
para isso é que fui enviado.» 44 E pregava nas sinagogas da Judeia.
Pesca milagrosa
V 1 E aconteceu que, apertando-o a multidäo, para
ouvir a palavra de Deus, estava ele junto ao lago de Genesaré; 2 E viu dois barcos junto à praia do lago; e os
pescadores, havendo descido deles, estavam lavando as redes. 3 E, entrando num dos barcos, que era o de Simão,
pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; e, sentando-se, ensinava do barco
a multidão. 4 E, quando acabou de falar,
disse a Simão: Faz-te ao mar alto, e lançai a rede para pescar. 5 E, respondendo Simão, disse-lhe: Mestre,
havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sob a tua palavra,
lançarei a rede. 6 E, fazendo assim,
colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a rede. 7 E fizeram sinal aos companheiros que estavam
no outro barco, para que os fossem ajudar. E foram, e encheram ambos os barcos,
de maneira tal que quase iam a pique. 8
E vendo isto Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor,
afasta-te de mim, que sou um homem pecador. 9
Pois que o espanto se apoderara dele, e de todos os que com ele estavam,
por causa da pesca que haviam feito. 10
E, de igual modo, também de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram
companheiros de Simão. E disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante
serás pescador de homens. 11 E, levando
os barcos para terra, deixaram tudo, e seguiram-nO.
Textos
Como o “ter” modifica a pessoa.
Muitas vezes somos
levados a pensar que se estivéssemos no lugar de alguém que tem determinada
posição social, a nossa atitude seria bem diferente.
Não tenho, na
verdade, tanta certeza que assim seja.
Adiantando,
estabeleço, desde já, que a posse - seja de um bem material, espiritual ou
outro, o cargo ou posição social que se desempenha ou ocupa - condiciona e, de
certa forma, “formata” o comportamento das pessoas.
Parece indiscutível
que são deploráveis os resultados das acções irresponsáveis praticadas por quem
tem responsabilidades.
Há muitíssimos anos,
ouvi sem querer uma conversa ao telefone em que alguém contestava uma proposta
que outro lhe fazia para ocupar um determinado lugar público: 'Mas, dizia, eu
não tenho categoria para desempenhar esse lugar'!
Na altura - teria os
meus dezoito anos - não entendi porque a pessoa em questão acabou por aceitar o
tal lugar onde acabaria por permanecer doze anos mas, depois, fiquei a saber
que o argumento que o convencera fora: 'Basta que o meu amigo seja igual a si
mesmo'!
Igual a si mesmo!
Esta frase que ouvi
desde que me conheço traduz uma profundidade que, confesso, levei muito tempo a
alcançar.
Entendi a amplitude
do seu significado, quando a contrapus com as palavras de Cristo: «seja o vosso falar: sim, sim; não, não. Tudo
o que passa disto procede do maligno» [1]
A grande dificuldade
- enorme para muitos - é a tentação de agradar a todos e não desagradar a
ninguém.
Por norma, evitam a
resposta directa e clara, escondendo-se em evasivas que não comprometam.
Evidentemente que,
muitas vezes, o fazem por ignorância mas, como não são capazes de a admitir,
como seria correcto, evoluem em desconcertantes 'ouvi dizer', 'constou-me que',
como se a responsabilidade do que dizem fosse de outros e não deles próprios.
Como se, por exemplo,
um professor pudesse dar uma explicação séria e credível, deixando transparecer
que não acredita no que explica.
Ou, ainda, aqueles - e serão bastantes
- que no confessionário - expõem os seus pecados como se fossem cometidos por
outros.
A dificuldade em
assumir a responsabilidade dos próprios actos é a consequência de uma
consciência deformada.
Pode dizer-se que
'sim, sim, não, não’, é radical e uma falta de urbanidade; mas, de facto,
iludir a questão, com um ‘talvez’… ou, ‘vamos a ver’, não passa de uma
deformação de carácter e, o pior, é que com o tempo e a sua prática continuada
se vai tornando numa faceta sempre presente que se apresenta automaticamente.
É a chamada compulsão
que significa exactamente fazer algo movido por um impulso a que (já) não se
resiste, porque nem se dá por ele.
Muito facilmente esta
pessoa cai na mentira, invenção ou manipulação de factos e realidades, acabando
por criar uma personalidade artificial onde o verdadeiro se confunde com a
fantasia.
Note-se que,
curiosamente, esta forma de proceder tem origem numa ‘falsa preguiça’ que é, no
fim e ao cabo, partir do princípio que é mais fácil proceder assim que criar
obra própria e, dizemos ‘falsa preguiça’ porque, de facto, fazer uma cópia ou
um decalque exige quase o mesmo esforço.
A continuação desta
forma de proceder acaba, fatalmente, em formas mais graves de apropriação de
obras de outros.
É o que se passa, por
exemplo, com o plágio na escrita em que se começa por copiar pequenos trechos,
modificando-os um pouco, até acabar na cópia pura e simples de trechos
completos de obras alheias.
Alguma impunidade de
que pode, durante algum tempo, gozar, leva-o a ‘avançar’ mais descaradamente
ainda na apropriação do que não é obra sua.
Esta é uma forma de
actuar quase compulsiva, um hábito, que, curiosamente, não tem nenhuma
explicação lógica porque, ele próprio é capaz de produzir obra de semelhante
valor.
Também, com enorme à
vontade, se atribuem qualidades, experiências e, até, graus académicos que não
têm.
Algumas chegam a
contar histórias, acontecimentos, peripécias que foram vividas por outros, que,
naturalmente, não estão presentes para colocar a verdade onde ela deve residir.
A grande - enorme -
dificuldade para muitos é a tentação de agradar a todos e não desagradar a
ninguém.
A incapacidade de
dizer 'não sei' é real porque, intimamente, está convencido que sabe ou, pelo
menos, conhece razoavelmente.
Uma das
características desta pessoa é uma extraordinária capacidade inventiva o que,
não raro, o leva a balançar-se em áreas muito específicas como seja, por
exemplo, a expressão artística.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.