EXORTAÇÃO
APOSTÓLICA
REDEMPTORIS
CUSTOS
DO
SUMO PONTÍFICE
JOÃO
PAULO II
SOBRE
A FIGURA E A MISSÃO
DE
SÃO JOSÉ
NA
VIDA DE CRISTO E DA IGREJA
O
CONTEXTO EVANGÉLICO
III
O
HOMEM JUSTO - O ESPOSO
19.
Nas palavras da «anunciação» nocturna, José escuta não apenas a verdade divina
acerca da inefável vocação da sua esposa, mas ouve novamente também a verdade
acerca da própria vocação. Este homem «justo», que, segundo o espírito das mais
nobres tradições do povo eleito, amava a Virgem de Nazaré e a ela se encontrava
ligado por amor esponsal, é novamente chamado por Deus para este amor.
«José
fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu consigo a sua esposa»; o que
se gerou nela «é obra do Espírito Santo». Ora, de tais expressões, não se
imporá porventura deduzir que também o seu amor de homem tinha sido regenerado
pelo Espírito Santo? Não se imporá porventura pensar que o amor de Deus, que
foi derramado no coração humano pelo Espírito Santo (cf. Rom 5, 5), forma do modo
mais perfeito todo o amor humano? Ele forma também — e de maneira absolutamente
singular — o amor esponsal dos cônjuges, nele dando profundidade a tudo aquilo
que seja humanamente digno e belo e tenha as marcas da exclusiva entrega, da
aliança das pessoas e da comunhão autêntica, a exemplo de Mistério trinitário.
«José
... recebeu consigo a sua esposa, a qual, sem que ele a conhecesse, deu à luz
um filho» (Mt 1, 24-25). Estas palavras indicam ainda outra proximidade
esponsal. A profundeza desta proximidade, a intensidade espiritual da união e
do contacto entre pessoas — do homem e da mulher — provêm em última análise do
Espírito que dá a vida (cf. Jo 6, 63). José, obediente ao Espírito, encontra
precisamente nele a fonte do amor, do seu amor esponsal de homem; e este amor
foi maior do que aquele «homem justo» poderia esperar, segundo a medida do
próprio coração humano.
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