19/02/2021

Leitura espiritual


 Novo Testamento [i]

LEITURA ESPIRITUAL Fevereiro 19


Evangelho

 

Mc XIV 17 – 31

 

Jesus revela o traidor

17 Chegada a tarde, foi Jesus com os doze. 18 Quando estavam à mesa e comiam, disse Jesus: «Em verdade vos digo que um de vós, que come comigo, Me há-de entregar». 19 Então começaram a entristecer-se, e a dizer-Lhe um por um: «Porventura sou eu?». 20 Ele disse-lhes: «É um dos doze que se serve comigo do mesmo prato. 21 O Filho do Homem vai, segundo está escrito d'Ele, mas, ai daquele homem por quem for entregue o Filho do Homem! Melhor fora a esse homem não ter nascido».

 

Instituição da Eucaristia

22 Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, depois de pronunciada a bênção, partiu-o, deu-lho e disse: «Tomai, isto é o Meu corpo». 23 Em seguida, tendo tomado o cálice, dando graças, deu-lho, e todos beberam dele. 24 E disse-lhes: «Isto é o Meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por todos. 25 Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da videira, até àquele dia em que o beberei novo no reino de Deus». 26 Cantados os salmos, foram para o monte das Oliveiras.

 

Jesus prediz a negação de Pedro

27 Então Jesus, disse-lhes: «Todos vós vos escandalizareis, pois está escrito: “Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão”. 28 Mas, depois de Eu ressuscitar, preceder-vos-ei na Galileia». 29 Pedro, porém, disse-Lhe: «Ainda que todos se escandalizem a Teu respeito, eu não». 30 Jesus disse-lhe: «Em verdade te digo que hoje, nesta mesma noite, antes que o galo cante a segunda vez, Me negarás três vezes». 31 Porém, ele insistia ainda mais: «Ainda que seja preciso morrer contigo, não Te negarei». E todos diziam o mesmo.



[i] Sequencial todos os dias do ano

Textos:

 

 


Pobreza

 

  «Pobres sempre os tereis convosco». [1]

  Que pobres?

 O contexto da frase aplica-se como resposta à sugestão de que o dinheiro gasto com perfume seria melhor aplicado se fosse dado aos pobres. [2]

  Fazer uma boa acção – como no caso foi a unção do Messias com um perfume caro – pode ter tanto valor como dar de comer a um faminto.

  Não é verdade que Cristo era pobre?

  Então, está provado que foi uma obra meritória:

Cristo era pobre, não tinha posses para comprar tal perfume e, no entanto, tinha todo o direito a ser ungido, já que era o Messias, o Rei, o Senhor!

  Portanto, esta obra meritória foi uma obra de justiça.

Estes pobres são muitas vezes pessoas que estão muito próximas de nós e que, aparentemente, não têm carências.

Mas…detemo-nos a pensar se, de facto, não têm uma necessidade que não aparece assim tão evidente ou gritante?

 

Por exemplo: São pessoas felizes?

  O critério de felicidade é um pouco subjectivo – já o sabemos – porque cada um tem os seus próprios padrões de realização pessoal (só uma pessoa realizada pode ser uma pessoa feliz) e, portanto não cabe um padrão que se estabeleça.

Mas parece evidente que quem tem dificuldades em realizar o seu projecto de vida é mais pobre que outro que o consiga.

  Como se poderá ajudar estes pobres?

  Em primeiro lugar não os ignorando nem à sua condição e, ao proceder assim, demonstra-se interesse e solidariedade pela sua situação. Procurando estabelecer pontes com a pessoa (s), criando alguma intimidade e sobretudo confiança, virá a descoberta de onde e como poderemos ser de utilidade em ajudar a conseguir o que pretende e é muito possível que num grande número de casos o que existe é um verdadeiro e pungente problema de:

 

Solidão

 

  Já se disse que o homem não é – não pode ser – um ser isolado no mundo; tem de viver em sociedade e relacionando-se com os outros.

  Por isso mesmo, a solidão é algo de aberrante por ser absolutamente contrário à condição humana.

 

Ora, a não realização pessoal pode ter que ver com um problema de falta de comunicação, isolamento, de solidão.

Assim, a primeiríssima coisa a dar a esta pessoa é a oferta de companhia.

Esta dádiva – a companhia – pode ser tanto ou mais importante que uma avultada soma de dinheiro, alimentação, vestuário, etc.

Mas é, sem dúvida nenhuma, a mais difícil de prestar porque, enquanto as outras parecem ficar resolvidas com o acto em si, esta não…

Precisa de uma continuidade de acção, de uma entrega assídua e continuada porque a solidão não se combate com um acto isolado mas, sim, com uma permanente assistência a quem nela se encontra.

  Haverá sempre muito a dizer sobre a solidão e as múltiplas formas de prestar assistência neste particular.

Por vezes bastará a simples presença junto da pessoa só, sem ser preciso inventar um assunto de conversa ou expressar uma excessiva preocupação pela sua saúde, disposição, etc.

  A pessoa precisa de companhia, não precisa de assistente…

  Ela é que sabe do que quer falar.

A delicadeza de coração de quem se presta a esta obra de assistência há-de levá-lo a conduzir as coisas de tal forma que o assistido não se sinta coagido a responder a perguntas ou a esclarecer algo do seu foro pessoal.

Muito provavelmente só quererá falar do último episódio da telenovela.

E, se for assim, há que estar preparado de antemão.

  Preparar-se de antemão para a visita significa, antes de mais, ter a noção de que não existem duas pessoas iguais e com problemas que, podendo ser idênticos, os afectem da mesma forma.

  Se se sabe que aquele que se visita tem como única distracção a televisão é fundamental estar a par das novelas e outros programas que podem interessar a uma pessoa que não tem outra forma de se relacionar com o mundo exterior.

 

 



[1] Cfr. Mc 14, 18

[2] Cfr. Jo 12, 3

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