Novo Testamento [1]
Mc XIV, 1-16
Conspiração contra Jesus
1 Dali a dois dias era a Páscoa e os Ázimos; os
príncipes dos sacerdotes e os escribas andavam buscando o modo de O prender à
traição, para O matar.2 Porém, diziam: «Não convém que isto se faça no dia da
festa, para que não se levante nenhum motim entre o povo».
A unção em Betânia
3 Estando Jesus em Betânia, em casa de Simão o
leproso, enquanto estava à mesa, veio uma mulher trazendo um frasco de
alabastro cheio de um perfume feito de verdadeiro nardo, de um grande valor e,
quebrando o frasco, derramou-Lho sobre a cabeça.4 Alguns dos que estavam
presentes indignaram-se e diziam entre si: «Para que foi este desperdício de
perfume? 5 Pois podia-se vender por mais de trezentos denários e dá-los aos
pobres». E irritavam-se contra ela. 6 Mas Jesus disse: «Deixai-a. Porque a
molestais? Ela fez-Me uma boa obra, 7 porque pobres sempre os tereis convosco,
e quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem; porém a Mim, não Me tereis sempre. 8
Ela fez o que podia: ungiu com antecipação o Meu corpo para a sepultura. 9 Em
verdade vos digo: Onde quer que for pregado este Evangelho por todo o mundo,
será também contado, para sua memória, o que ela fez».
A traição de Judas
10 Então, Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter
com os príncipes dos sacerdotes para lhes entregar Jesus. 11 Eles ouvindo-o,
alegraram-se e prometeram dar-lhe dinheiro. E ele procurava ocasião oportuna
para O entregar.
Preparação da Última Ceia
12 No primeiro dia dos Ázimos, quando imolavam a
Páscoa, os discípulos perguntaram-Lhe: «Onde queres que vamos preparar-Te a
refeição da Páscoa?». 13 Então, Ele enviou dois dos Seus discípulos e
disse-lhes: «Ide à cidade e encontrareis um homem levando uma bilha de água;
ide atrás dele, 14 e, onde entrar, dizei ao dono da casa: “O Mestre manda
dizer: Onde está a Minha sala onde hei-de comer a Páscoa com os Meus
discípulos?”. 15 E ele vos mostrará uma sala superior, grande, mobilada e já
pronta. Preparai-nos lá o que é preciso». 16 Os discípulos partiram e chegaram
à cidade; encontraram tudo como Ele lhes tinha dito, e prepararam a Páscoa.
Textos:
Família
Já se disse antes que quem não se respeita a
si mesmo dificilmente respeitará os outros.
Penso que a melhor forma de resolver o
assunto - controlar a vontade ou a liberdade pessoais – é ter bem presente que todos
os nossos actos, por mais insignificantes que possam ser, têm sempre
consequências, causam efeitos, originam ondulações que, por vezes nem sequer
suspeitamos possam vir a existir.
Não se trata de ir pela vida
circunspectamente analisando com o maior cuidado e rigor o que se faz ou pensa
e deseja porque, seguramente, se cairá no exagero exacerbado e tíbio de nunca
fazer, pensar ou desejar coisa nenhuma (se é que tal é possível), ou, pelo
menos, ficar-se num imobilismo cómodo, cobarde e egoísta.
Em primeiro lugar há que ver quem somos na
vida, o papel que ocupamos na sociedade e ter claro o que tal representa de
responsabilidade e deveres.
A cada um compete ter evidente o que dele
podem esperar, em primeiro lugar, os que com quem convive mais proximamente, na
família, no trabalho, enfim, no ambiente e nas circunstâncias que lhe são
próprias.
Este é um exercício,
diria, de toda a vida, constante e sem pausa, porque também, a evolução natural
das circunstâncias e outras, como a idade, por exemplo, vão alterando os
parâmetros, as condições, os pressupostos e, sobretudo as realidades.
A Frivolidade
Frivolidade,
no seu cúmulo mais expressivo, é um país inteiro submetido à tremenda pressão
dos media descrevendo em pormenor e exaustivamente as circunstâncias da morte
de um pobre homem em Nova Iorque. [2]
Morreu um homem, é verdade, e em lugar do
recolhimento que esse acontecimento sempre deveria despertar, assiste-se a um
lamentável espectáculo que inclui reportagens nos estúdios e in loco,
entrevistas com os mais variados personagens, algumas mesas redondas onde
especialistas de diferentes áreas põem hipóteses, alvitram pareceres sobre o
que aconteceu e é de esperar aconteça.
Porquê frivolidade?
Porque este homem vivia e ganhava a sua vida,
justamente explorando a frivolidade mais expressiva de uma sociedade hedonista
e volúvel.
É triste, muito
triste ver, assim, ocupado o nosso tempo.
Parece claro que o
que não é necessário, indispensável ou apenas útil para a vida humana se
enquadra no conceito de frivolidade.
(Para não falar num outro conceito de
frivolidade que é: ridículo).
As pessoas envolvem-se numa girândola de
actividades sem nenhum interesse que serem vistas e, se possível, fotografadas
nesses ambientes onde nada mais se faz a não ser isso: ser visto!
Evidentemente, que esta atitude envolve uma
série de necessidades que têm de ser satisfeitas, custe o que custar, isto é, a
qualquer preço.
O que se veste, o que se calça, a aparência,
os atavios e adornos, eis o que constitui a preocupação destas pessoas.
Conhecem-se todas
muito bem, cada um sabe o que o outro fez ontem e, provavelmente, fará amanhã.
Na verdade, vivem uma
vida aparte, onde as aparências são o que importa e a promiscuidade é
inevitável.
Estas vidas alimentam um número considerável
de pessoas desde os fotógrafos que tudo revelam às revistas, que tudo descrevem
com pormenores verdadeiros ou não.
Sendo assim, como de facto
é, a frivolidade, directa ou indirectamente, dá de comer a muita gente.
Mas nem por isto
deixa de ser – e agora aplica-se – ridículo!
Onde se quer chegar com tudo isto é à
realidade gritante e abusadora, porque nos entra pela casa dentro sem pedir licença,
sendo o único remédio desligar a televisão, de uma situação anormal e estranha:
Um país em que as
dificuldades são crescentes para a maior parte dos seus habitantes, onde o
trabalho escasseia e as oportunidades quase inexistentes, recreia-se nestas
frivolidades, tornando-as como que a coisa mais importante a considerar no
momento.
Não confundamos as coisas:
O ser humano –
qualquer ser humano – é nosso próximo e, logo, merece o nosso respeito; mas
isso não obsta a que as coisas que faz e o modo como vive possam ter a nossa
reprovação.
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