18/02/2021

Leitura espiritual

 


Novo Testamento [1]

 

Evangelho

 

Mc XIV, 1-16

 

Conspiração contra Jesus

1 Dali a dois dias era a Páscoa e os Ázimos; os príncipes dos sacerdotes e os escribas andavam buscando o modo de O prender à traição, para O matar.2 Porém, diziam: «Não convém que isto se faça no dia da festa, para que não se levante nenhum motim entre o povo».

 

A unção em Betânia

3 Estando Jesus em Betânia, em casa de Simão o leproso, enquanto estava à mesa, veio uma mulher trazendo um frasco de alabastro cheio de um perfume feito de verdadeiro nardo, de um grande valor e, quebrando o frasco, derramou-Lho sobre a cabeça.4 Alguns dos que estavam presentes indignaram-se e diziam entre si: «Para que foi este desperdício de perfume? 5 Pois podia-se vender por mais de trezentos denários e dá-los aos pobres». E irritavam-se contra ela. 6 Mas Jesus disse: «Deixai-a. Porque a molestais? Ela fez-Me uma boa obra, 7 porque pobres sempre os tereis convosco, e quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem; porém a Mim, não Me tereis sempre. 8 Ela fez o que podia: ungiu com antecipação o Meu corpo para a sepultura. 9 Em verdade vos digo: Onde quer que for pregado este Evangelho por todo o mundo, será também contado, para sua memória, o que ela fez».

 

A traição de Judas

10 Então, Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os príncipes dos sacerdotes para lhes entregar Jesus. 11 Eles ouvindo-o, alegraram-se e prometeram dar-lhe dinheiro. E ele procurava ocasião oportuna para O entregar.

 

Preparação da Última Ceia

12 No primeiro dia dos Ázimos, quando imolavam a Páscoa, os discípulos perguntaram-Lhe: «Onde queres que vamos preparar-Te a refeição da Páscoa?». 13 Então, Ele enviou dois dos Seus discípulos e disse-lhes: «Ide à cidade e encontrareis um homem levando uma bilha de água; ide atrás dele, 14 e, onde entrar, dizei ao dono da casa: “O Mestre manda dizer: Onde está a Minha sala onde hei-de comer a Páscoa com os Meus discípulos?”. 15 E ele vos mostrará uma sala superior, grande, mobilada e já pronta. Preparai-nos lá o que é preciso». 16 Os discípulos partiram e chegaram à cidade; encontraram tudo como Ele lhes tinha dito, e prepararam a Páscoa.

 

Textos:

 


Família

 

  Já se disse antes que quem não se respeita a si mesmo dificilmente respeitará os outros.

  Penso que a melhor forma de resolver o assunto - controlar a vontade ou a liberdade pessoais – é ter bem presente que todos os nossos actos, por mais insignificantes que possam ser, têm sempre consequências, causam efeitos, originam ondulações que, por vezes nem sequer suspeitamos possam vir a existir.

  Não se trata de ir pela vida circunspectamente analisando com o maior cuidado e rigor o que se faz ou pensa e deseja porque, seguramente, se cairá no exagero exacerbado e tíbio de nunca fazer, pensar ou desejar coisa nenhuma (se é que tal é possível), ou, pelo menos, ficar-se num imobilismo cómodo, cobarde e egoísta.

  Em primeiro lugar há que ver quem somos na vida, o papel que ocupamos na sociedade e ter claro o que tal representa de responsabilidade e deveres.

  A cada um compete ter evidente o que dele podem esperar, em primeiro lugar, os que com quem convive mais proximamente, na família, no trabalho, enfim, no ambiente e nas circunstâncias que lhe são próprias.

Este é um exercício, diria, de toda a vida, constante e sem pausa, porque também, a evolução natural das circunstâncias e outras, como a idade, por exemplo, vão alterando os parâmetros, as condições, os pressupostos e, sobretudo as realidades.

  A Frivolidade

  Frivolidade, no seu cúmulo mais expressivo, é um país inteiro submetido à tremenda pressão dos media descrevendo em pormenor e exaustivamente as circunstâncias da morte de um pobre homem em Nova Iorque. [2]

  Morreu um homem, é verdade, e em lugar do recolhimento que esse acontecimento sempre deveria despertar, assiste-se a um lamentável espectáculo que inclui reportagens nos estúdios e in loco, entrevistas com os mais variados personagens, algumas mesas redondas onde especialistas de diferentes áreas põem hipóteses, alvitram pareceres sobre o que aconteceu e é de esperar aconteça.

Porquê frivolidade?

  Porque este homem vivia e ganhava a sua vida, justamente explorando a frivolidade mais expressiva de uma sociedade hedonista e volúvel.

É triste, muito triste ver, assim, ocupado o nosso tempo.

Parece claro que o que não é necessário, indispensável ou apenas útil para a vida humana se enquadra no conceito de frivolidade.

  (Para não falar num outro conceito de frivolidade que é: ridículo).

  As pessoas envolvem-se numa girândola de actividades sem nenhum interesse que serem vistas e, se possível, fotografadas nesses ambientes onde nada mais se faz a não ser isso: ser visto!

  Evidentemente, que esta atitude envolve uma série de necessidades que têm de ser satisfeitas, custe o que custar, isto é, a qualquer preço.

  O que se veste, o que se calça, a aparência, os atavios e adornos, eis o que constitui a preocupação destas pessoas.

Conhecem-se todas muito bem, cada um sabe o que o outro fez ontem e, provavelmente, fará amanhã.

Na verdade, vivem uma vida aparte, onde as aparências são o que importa e a promiscuidade é inevitável.

  Estas vidas alimentam um número considerável de pessoas desde os fotógrafos que tudo revelam às revistas, que tudo descrevem com pormenores verdadeiros ou não.

Sendo assim, como de facto é, a frivolidade, directa ou indirectamente, dá de comer a muita gente.

Mas nem por isto deixa de ser – e agora aplica-se – ridículo!

  Onde se quer chegar com tudo isto é à realidade gritante e abusadora, porque nos entra pela casa dentro sem pedir licença, sendo o único remédio desligar a televisão, de uma situação anormal e estranha:

Um país em que as dificuldades são crescentes para a maior parte dos seus habitantes, onde o trabalho escasseia e as oportunidades quase inexistentes, recreia-se nestas frivolidades, tornando-as como que a coisa mais importante a considerar no momento.

  Não confundamos as coisas:

O ser humano – qualquer ser humano – é nosso próximo e, logo, merece o nosso respeito; mas isso não obsta a que as coisas que faz e o modo como vive possam ter a nossa reprovação.

 

 

 



[1] Sequencial todos os dias do ano

[2] Carlos Castro, tristemente célebre pela sua vida particularmente devassa e figura pública de mais que duvidosa reputação.

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