Novo Testamento [i]
Evangelho
Lc I, 1-20
Prólogo
1 Visto que muitos empreenderam compor
uma narração dos factos que entre nós se consumaram, 2 como no-los transmitiram
os que desde o princípio foram testemunhas oculares e se tornaram
"Servidores da Palavra", 3 resolvi eu também, depois de tudo ter
investigado cuidadosamente desde a origem, expô-los a ti por escrito e pela sua
ordem, caríssimo Teófilo, 4 a fim de reconheceres a solidez da doutrina em que
foste instruído.
Promessa e concepção do
Percursor
5 No tempo de Herodes, rei da Judeia,
havia um sacerdote chamado Zacarias, da classe de Abias, cuja esposa era da
descendência de Aarão e se chamava Isabel. 6 Ambos eram justos diante de Deus,
cumprindo irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do Senhor. 7 Não
tinham filhos, pois Isabel era estéril, e os dois eram de idade avançada. 8
Ora, estando Zacarias no exercício das funções sacerdotais diante de Deus, na
ordem da sua classe, 9 coube-lhe, segundo o costume sacerdotal, entrar no
santuário do Senhor para queimar o incenso. 10 Todo o povo estava da parte de
fora em oração, à hora do incenso. 11 Então, apareceu-lhe o anjo do Senhor, de
pé, à direita do altar do incenso. 12 Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e
encheu-se de temor. 13 Mas o anjo disse-lhe: «Não temas, Zacarias: a tua
súplica foi atendida. Isabel, tua esposa, vai dar-te um filho e tu vais
chamar-lhe João. 14 Será para ti motivo de regozijo e de júbilo, e muitos se
alegrarão com o seu nascimento. 15 Pois ele será grande diante do Senhor e não
beberá vinho nem bebida alcoólica; será cheio do Espírito Santo já desde o
ventre da sua mãe 16 e reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu
Deus. 17 Irá à frente, diante do Senhor, com o espírito e o poder de Elias,
para fazer voltar os corações dos pais a seus filhos e os rebeldes à sabedoria
dos justos, a fim de proporcionar ao Senhor um povo com boas disposições.» 18
Zacarias disse ao anjo: «Como hei-de verificar isso, se estou velho e a minha
esposa é de idade avançada?» 19 O anjo respondeu: «Eu sou Gabriel, aquele que
está diante de Deus, e fui enviado para te falar e anunciar esta Boa-Nova. 20
Vais ficar mudo, sem poder falar, até ao dia em que tudo isto acontecer, por
não teres acreditado nas minhas palavras, que se cumprirão na altura própria.»
TEXTOS
Depressão
A depressão pode caracterizar-se como a
doença dos tempos modernos?
Não creio que esta apreciação corresponda à
realidade porque, haveria que começar por convir o que são os tempos modernos.
Em boa verdade, os
tempos modernos são aqueles em que se vive, em relação aos que já se viveram.
Sendo assim, em finais do século XVI, por
exemplo, os tempos antigos eram os anos 1480/1490 porque as pessoas tendem a
encontrar responsáveis para o facto de não entenderem determinadas coisas ou
para os fracassos na aplicação das últimas novidades.
Talvez que o verdadeiro peso da informação
seja, para alguns, insuportável, produzindo-se como que um bloqueio da mente a
nova informação.
A partir daqui, a
pessoa pode sentir-se perdida e incapaz de ter uma acção coerente.
Não sabe ou receia
deslocar-se, evita mudar de ambiente, não quer tomar consciência do que a
rodeia.
O foro psiquiátrico da medicina tem muito a
fazer no sentido de prevenir e tentar evitar o aprofundamento das crises e a
sua frequência.
A experiência pessoal
sugere uma enorme paciência e controlo em lidar com estes doentes.
Estando cerebralmente
pouco activas, dificilmente reagem a estímulos e talvez que, proceder
normalmente como se nada se passasse, seja a melhor forma de relacionamento.
A pessoa em estado depressivo não está
incapaz de raciocinar, portanto não vale tratá-la como alguém com uma
deficiência - atraso - mental, porque a reacção pode ser ainda mais negativa e
reservada.
Dizia que o proceder normalmente pode ser uma
boa prática já que, uma boa parte das vezes, a depressão desaparece tal como
surgiu, isto é, inopinadamente sem uma causa claramente definida.
Alguém uma vez definiu que a depressão é a
“noite na alma”.
Esta apreciação tão forte pode parecer
radical, só que foi de facto, escrita por alguém que precisamente vivia um
estado de profunda depressão.
Vê-se, assim, que a pessoa não fica incapaz
de raciocínio analítico, percebe e tem consciência do que se passa consigo, e
estas circunstâncias só agudizam o sofrimento.
Sem dúvida, os técnicos e especialistas terão
um número apreciável de teorias devidamente apoiadas em estudos e experiências
mas a maioria de nós temos de limitar a nossa observação com as baias da falta
técnica e sapiencial.
Encontramos, assim,
aquilo que conseguimos compreender e, até, descobrir o padrão que nos leva a
agir da forma mais conveniente a essas situações.
Já se disse: Não há dois seres humanos iguais
e, sendo assim, o os acontecimentos, circunstâncias ou conhecimento não afectam
duas pessoas da mesma forma.
É o que explica, por exemplo, as reacções
diferenciadas de dois indivíduos perante um mesmo estímulo.
Educação
Estas observações aplicam-se, de modo muito
particular, no ensino que nunca deve ser, como que esquematizado de forma
universal.
Evidentemente que tal
é o modus operandi da escola, do sistema educativo oficial.
Se ficar por aqui, o
estudante poderá assimilar, de forma automaticamente progressiva, os
conhecimentos necessários ao seu desenvolvimento; mas fará sempre parte de uma
massa, mais ou menos amorfa, de pessoas que, com o mesmo nível de
conhecimentos, só se diferenciarão pelas capacidades peculiares de os aplicar.
Se, pelo contrário, e como é altamente
desejável, a família completar esse ensino universal com o ensino personalizado
que é, no fim e ao cabo, a transmissão de conhecimento feito de forma directa,
pessoal de tu a tu.
Mas, então, terá de haver na família alguém
com conhecimento ou capacidades para o transmitir?
De modo nenhum.
Parece ser verdade que nas famílias numerosas
se vive com maior independência pessoal, o que parece um contrassenso, mas que
se explica, exactamente porque o querer individual tem sempre presente o querer
colectivo e, por isso mesmo, além de ser menos exigente é mais moderado e, por
isso mesmo, mais facilmente satisfeito.
O mesmo, de certa forma se dá nas chamadas
famílias monoparentais em que, seja qual for a razão, só existe presencialmente
um dos pais.
Compreende-se que se as decisões a respeito
dos “quereres” que deveriam ser considerados a dois caiem apenas sobre os
ombros de um - seja o pai ou a mãe - se tornam muito mais difíceis de gerir
Isto não implica que o casal esteja de acordo
ou em sintonia em tudo mas sim que, sob a influência do amor que une um e outro
e ambos aos filhos, podem encontrar com maior facilidade um consenso, um ponto
comum de entendimento que, obviamente, contribui, de forma decisiva, para o
bem-estar emocional da família.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.