10/02/2021

Leitura espiritual Fev 10

 


Novo Testamento [i]


Evangelho


Mc X, 1-16

 

Na Pereia

1 Saindo dali, foi para a região da Judeia, para além do Jordão. As multidões agruparam-se outra vez à volta dele, e outra vez as ensinava, como era seu costume.

 

O matrimónio é indissolúvel

2 Aproximaram-se uns fariseus e perguntaram-lhe, para o experimentar, se era lícito ao marido divorciar-se da mulher. 3 Ele respondeu-lhes: «Que vos ordenou Moisés?» 4 Disseram: «Moisés mandou escrever um documento de repúdio e divorciar-se dela.» 5 Jesus retorquiu: «Devido à dureza do vosso coração é que ele vos deixou esse preceito. 6 Mas, desde o princípio da criação, Deus fê-los homem e mulher. 7 Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher, 8 e serão os dois um só. Portanto, já não são dois, mas um só. 9 Pois bem, o que Deus uniu não o separe o homem.» 10 De regresso a casa, de novo os discípulos o interrogaram acerca disto. 11 Jesus disse: «Quem se divorciar da sua mulher e casar com outra, comete adultério contra a primeira. 12 E se a mulher se divorciar do seu marido e casar com outro, comete adultério.»

 

Jesus e as crianças

13 Apresentaram-lhe uns pequeninos para que Ele os tocasse; mas os discípulos repreenderam os que os haviam trazido. 14 Vendo isto, Jesus indignou-se e disse-lhes: «Deixai vir a mim os pequeninos e não os afasteis, porque o Reino de Deus pertence aos que são como eles. 15 Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como um pequenino, não entrará nele.» 16 Depois, tomou-os nos braços e abençoou-os, impondo-lhes as mãos.


Texto:



E o que é o ideal?

Hoje mesmo, talvez próximo de nós, um ou uma jovem parte numa aventura missionária para um lugar qualquer que nem tem que ser muito longe.

  Pelas noites escuras e agrestes, avançam destemidos e entusiasmados esses exércitos de jovens procurando desgraçados com fome e com frio, carentes do mais básico necessário à vida, de destroços humanos consumidos pelos excessos de álcool e de drogas, abandonados por uma sociedade que não tem respostas para lhes dar nem apoios que cheguem para as suas carências.

  E estes actuais Francisco Xavier ou Teresa de Calcutá e muitos, muitos outros aprendizes de missionários, mantêm bem vivo o ardente ideal de Francisco de Assis e o entusiasmo sonhador de Inácio de Loyola.

  Talvez hoje existam como que duas sociedades que vivem nos mesmos locais e têm as mesmas leis a que obedecer e os mesmos princípios oficiais porque reger-se mas que na verdade são completamente diferentes.

  Uma rege-se por um hedonismo exacerbado e um egoísmo pessoal e até colectivo que se fecha como que numa grande bolha impenetrável à sua volta donde ninguém entra nem ninguém sai.

Paralelamente existe essa outra sociedade constituída por pessoas normais e correntes, com avultados meios de fortuna ou escassez de bens, mas que têm uma atitude comum: o sentimento do Samaritano.

  Não passam indiferentes pelas ruas da cidade, as mais movimentadas e as de pouquíssimo tráfego, que vão às praças públicas bem iluminadas de noite e também se aventuram nas alfurjas escondidas em vielas escuras.

  Levam com eles poucas palavras ou conselhos porque aqueles que procuram precisam de pão, roupa, assistência de toda a ordem e as palavras por belas que sejam ou os conselhos mesmo preciosos não lhes tiram a fome, tapam a nudez ou resolvem os problemas.

  Quem já assistiu - repete-se -, assistiu a coisas destas não pode deixar de ficar fascinado com a beleza carinhosa e ao mesmo tempo rude e normal como estas pessoas actuam. E o extraordinário, é que pouca gente sabe quem são, normalmente, só o sabem os do mesmo grupo.

  O que ganham? Meu Deus! O que ganham!

  «Tudo o que fizeste por um destes Meus irmãos, foi a Mim que o fizeste»! [1] 

  Que prémio! Que fantástico “empate de capital”!

  Mas, estranhamente, pode observar-se que não é a recompensa – embora fabulosa de servir o próprio Deus – que move estas pessoas.

Dir-se-ia que existe como que uma espécie de fúria perante a passividade e impassibilidade de uma grande parte da sociedade que passa e vive como que à margem destas gritantes realidades e essa fúria traduz-se numa urgência incontida de socorrer, de assistir, de apoiar toda essa enorme – e crescente – multidão de carenciados de toda a espécie.

  Estas pessoas sentem um apelo irresistível para colmatar as falhas graves quer da sociedade quer dos que governam as sociedades, e num voluntariado exemplar e anónimo, entregam-se com uma alegria contagiante a trabalhos esgotantes e muito esforçados.

  É a solidariedade de que já se falou, elevada a um grau de insuspeitada doação de si mesmo e das suas capacidades de acorrer com o que se pode, sem esperar nenhum retorno ou benefício.

  Perante o sacerdote e o levita que passam apressados, estes samaritanos não são capazes de continuar o caminho sem se deterem junto dos que jazem na vera do caminho e, debruçando-se sobre eles, inteirarem-se do que precisam e do que está na sua mão poderem fazer por eles.

  São pessoas que trabalham, são casadas e têm família, muitas vezes filhos pequenos para cuidar, outras que tendo poucas obrigações a cumprir, ocupam o seu tempo desta forma e outras, muitas, que o fazem pelo prazer íntimo de poder ajudar quem precisa.

  Estes samaritanos também são pessoas jovens, recém-licenciados ou simples estudantes que encontram, no pouco tempo de que dispõem, umas horas para se dedicarem com entusiasmo a estas actividades.

  Há a firme convicção que a sociedade actual só não se afunda de vez porque existem estas pessoas que funcionam como flutuadores neste mar revolto de indiferentismo e indiferença e, assim, mantêm à tona um barco que mete água por todos os lados ameaçando naufrágio a cada ondulação mais forte.

  Estas pessoas, jovens e de maior idade, não precisaram dos ensinamentos preciosos e imprescindíveis – segundo agora se quer fazer crer – que o Estado pretende ministrar desde a tenra idade sobre a sexualidade, as relações entre pessoas do mesmo sexo, unilaterais ou em grupo, para serem pessoas com sentido de vida verdadeiro e firme, de ideias concretas e correctas, de princípios estáveis e bem assentes, de vontade bem dirigida, de ideal bem definido, com capacidade de agir sem demora em favor dos outros que podem precisar da sua assistência ou apoio seja ele qual for.

  Não… não precisaram de receber essa estúpida e soês “educação” que o Estado tão magnanimamente quer ministrar.

Bastaram-lhe uns Pais, uma família que lhes instilaram os princípios básicos da vida, que os ensinaram com o exemplo concreto a enfrentarem os desafios e que, sobretudo, lhes deram a noção correcta da diferença entre um homem e uma mulher, do seu papel na sociedade e das regras de convivência observando o respeito pela própria pessoa e pela pessoa dos outros.

  Na vida corrente, a normal do comum das pessoas, vai-se tomando nota daquilo que os outros fazem ou fizeram que, de alguma forma, sobressai e se nota. 

 



[1] Cfr. Mt 25, 40

 



[i] Sequencial todos os dias do ano

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.