11/01/2021

LEITURA ESPIRITUAL Janeiro 11

 


Evangelho

 

Mt XXIV 1 - 22

 

Profecia da ruína de Jerusalém

 

1 Tendo saído do templo, Jesus ia-se embora, quando os seus discípulos se aproximaram dele para lhe mostrar as construções do templo. 2 Mas Ele disse-lhes: «Vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra: tudo será destruído.» 3 Estando Jesus sentado no Monte das Oliveiras, os discípulos aproximaram-se e perguntaram-lhe em particular: «Diz-nos quando acontecerá tudo isto e qual o sinal da tua vinda e do fim do mundo.» 4 Jesus respondeu-lhes: «Tomai cuidado para que ninguém vos desencaminhe. 5 Porque virão muitos em meu nome, dizendo: ‘Sou eu o Messias.’ E hão-de enganar muita gente. 6 Ouvireis falar de guerras e de rumores de guerras, mas não vos assusteis. Isso tem de acontecer, mas ainda não será o fim. 7 Há-de erguer-se povo contra povo e reino contra reino, e haverá fomes, pestes e terramotos em vários sítios. 8 Tudo isto será apenas o princípio das dores.» 9 «Então, irão entregar-vos à tortura e à morte e, por causa do meu nome, todos os povos irão odiar-vos. 10 Nessa altura, muitos sucumbirão e hão-de trair-se e odiar-se uns aos outros. 11 Surgirão muitos falsos profetas, que hão-de enganar a muitos. 12 E, porque se multiplicará a iniquidade, vai resfriar o amor de muitos; 13 mas aquele que se mantiver firme até ao fim será salvo. 14 Este Evangelho do Reino será proclamado em todo o mundo, para se dar testemunho diante de todos os povos. E então virá o fim.»

Destruição de Jerusalém

15 «Por isso, quando virdes a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, instalada no lugar santo, - o que lê, entenda – 16 então, os que se encontrarem na Judeia fujam para os montes; 17 aquele que estiver no terraço não desça para tirar as coisas de sua casa; 18 e o que se encontrar no campo não volte atrás para buscar a capa. 19 Ai das que estiverem grávidas e das que andarem amamentando nesses dias! 20 Rezai para que a vossa fuga não se verifique no Inverno ou em dia de sábado, 21 pois nessa altura a aflição será tão grande como nunca se viu desde o princípio do mundo até ao presente, nem jamais se verá. 22 E, se não fossem abreviados esses dias, criatura alguma se poderia salvar; mas, por causa dos eleitos, esses dias serão reduzidos.»



Bom Humor

 

  Alfred Montapert escreveu: ‘O bom humor espalha mais felicidade que todas as riquezas do mundo. Vem do hábito de olhar para as coisas com esperança e de esperar o melhor e não o pior.’ [1]

  Realmente, o bom humor é uma virtude excelente que torna o convívio ou as relações com aquele que a possui, muito agradável.

Em qualquer tempo, mas sobretudo no que decorre, é bastante difícil não ser constantemente assediado com assuntos, factos ou incidências que nos provocam apreensão, dúvida, sentimentos contraditórios, e, se em sociedade, discussões e confrontos que, por vezes, desgastam desnecessariamente a pessoa e podem, de alguma forma, corromper essas mesmas relações.

  Normalmente, o bom humor está associado à serenidade porque também é uma virtude estável do indivíduo não sujeita a influências alheias, do meio ambiente, etc.

Mas não tem nada a ver com a inconsciência ou a ligeireza de carácter que levam a encarar o que se lhe depara com a displicência própria dos néscios.

Pelo contrário, é uma virtude que dá ao que a possui, um enfoque optimista das coisas, procurando sempre o “lado bom”, tirando partido das situações que se apresentam como menos boas para lhes descobrir um bem que não parece evidente.

  Sim, tem também muito a ver com a esperança já que, esta, é fundamental para evitar o derrotismo, a consideração da inevitabilidade do que se apresenta.

Na luta interior, então, esta virtude é fundamental para que, associando-a à consciência, se possa ter um optimismo razoável quanto aos resultados do esforço por melhoria.

A pessoa bem-humorada faz amizades com mais facilidade já que, tem um espírito mais aberto e construtivo que, naturalmente, atrai e arrasta.

Amizade

  ‘Para que haja verdadeira amizade é necessário que exista correspondência, é preciso que o afecto e a benevolência sejam mútuos.’ [2]

  Esta afirmação feita por São Tomás define excelentemente os quesitos fundamentais para que exista amizade verdadeira.

  Temos muitas vezes a tendência para chamar amigos a simples conhecidos que, por uma razão ou outra, podemos achar simpáticos ou cuja companhia nos agrada.

Isto é banalizar o significado de amizade que, como já vimos, é bastante mais que simpatia.

  Envolvendo sentimentos profundos, a amizade não se forjará em qualquer ocasião ou contacto, é algo que se constrói com o tempo e à medida que a relação vai adquirindo uma forma estável e o conhecimento do outro se vai aprofundando.

  Há sempre – tem de haver – reciprocidade de sentimentos, interesses, afectos, quando não a relação é unilateral, o que, a amizade, não é.

  Por outro lado só se entende amizade por uma relação construída para o bem, próprio e alheio, porque se trata de dar e receber.

Assim, pode afirmar-se que ‘Só são verdadeiros amigos aqueles que têm algo para dar, e ao mesmo tempo, a humildade suficiente para receber. Por isso é mais própria dos homens virtuosos. O vício partilhado não produz amizade mas sim cumplicidade, que não é o mesmo. Nunca poderá ser legitimado o mal com uma pretensa amizade.’ [3]

  Repare-se bem que se diz que a amizade é mais própria dos homens virtuosos, o que baliza imediatamente o campo em que amizade pode existir.

  Há um ditado muito antigo e conhecido que diz, mais ou menos, ‘se queres perder um amigo pede-lhe dinheiro emprestado’.

  Isto é absolutamente contrário à amizade.

Mesmo que o amigo não empreste o que se lhe pede – e as razões podem ser muitas – porque razão haveria de deixar de ser amigo do que lhe pediu?

  Temos pois, que a fraternidade é uma virtude que estabelece um vínculo talvez mais abrangente que a amizade, porque infere tendências, gostos, preferências iguais ou muito semelhantes com vista a um mesmo fim.

A algumas comunidades é frequente dar-se o nome de ''fraternidade'' exactamente porque perseguem o mesmo fim ou objectivo através das mesmas práticas e convicções.

  A fraternidade é uma virtude indispensável para na vida em sociedade tornar as relações mais fáceis entre todos, porque, como diz São Josemaria Escrivá: ‘Que difícil parece por vezes o trabalho de superar as barreiras, que impedem o convívio entre os homens! E contudo nós, os cristãos somos chamados a realizar esse grande milagre da fraternidade: conseguir, com a graça de Deus, que os homens se tratem cristãmente, levando uns as cargas dos outros, vivendo o mandamento do Amor, que é o vínculo da perfeição e o resumo da lei.’ [4]

  Uma das práticas mais interessantes e benéficas desta virtude é a chamada correcção fraterna.

  Sobretudo entre pessoas próximas seja por parentesco, amizade, partilha de objectivos, etc., esta prática é altamente recomendável na medida em que constitui uma ajuda fundamental e que a pessoa tem direito a esperar.

Quem está “de fora” aprecia melhor os pormenores que passam despercebidos ao próprio e não só pode, como deve, fazer essa correcção que é, sempre, no sentido construtivo de ajudar e, nunca, com a intenção de supor algum julgamento ou reprovação do que se aponta.

Normalmente, esta correcção fraterna será feita a propósito de coisas pequenas que mal se percebem e podemos fazê-la depois de, em consciência, avaliarmos bem da justiça e da bondade do que pretendemos fazer.

Algo mais complexo, grave ou sério, deverá previamente, ser prudentemente visto com alguém com capacidade e qualidade para aconselhar.

Só depois, e se for julgado útil, se deve fazer.

Quando acima se diz que a correcção fraterna é algo a que a pessoa tem o direito de esperar, pretende-se dizer que se tem a mesma correcção fraterna como um verdadeiro bem porque ajuda singularmente a corrigir algo que não nos dávamos conta.

  Para quem a faz, como para quem a recebe, a correcção fraterna produz sempre um verdadeiro benefício; ao primeiro porque pratica um acto de justiça, ao que a recebe porque pode assegurar-se que, o que lha fez, se preocupa consigo e está disponível para lhe prestar a ajuda que necessita.



[1] alfred armand montapert, The Supreme Philosophy of Man: The Laws of Life, 1970.

[2] Cfr. s. tomás de aquino, Suma Teológica, 2-2, q. 23, a. 1.

[3] j. abad, Fidelidad, Palabra, Madrid 1963, nr. 110

[4] s. josemaria escrivá, Cristo que Passa, 157

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