Mt
XXIV 1 - 22
Profecia da
ruína de Jerusalém
1 Tendo saído do
templo, Jesus ia-se embora, quando os seus discípulos se aproximaram dele para
lhe mostrar as construções do templo. 2 Mas Ele disse-lhes: «Vedes tudo isto?
Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra: tudo será
destruído.» 3 Estando Jesus sentado no Monte das Oliveiras, os discípulos
aproximaram-se e perguntaram-lhe em particular: «Diz-nos quando acontecerá tudo
isto e qual o sinal da tua vinda e do fim do mundo.» 4 Jesus respondeu-lhes:
«Tomai cuidado para que ninguém vos desencaminhe. 5 Porque virão muitos em meu
nome, dizendo: ‘Sou eu o Messias.’ E hão-de enganar muita gente. 6 Ouvireis
falar de guerras e de rumores de guerras, mas não vos assusteis. Isso tem de
acontecer, mas ainda não será o fim. 7 Há-de erguer-se povo contra povo e reino
contra reino, e haverá fomes, pestes e terramotos em vários sítios. 8 Tudo isto
será apenas o princípio das dores.» 9 «Então, irão entregar-vos à tortura e à
morte e, por causa do meu nome, todos os povos irão odiar-vos. 10 Nessa altura,
muitos sucumbirão e hão-de trair-se e odiar-se uns aos outros. 11 Surgirão
muitos falsos profetas, que hão-de enganar a muitos. 12 E, porque se multiplicará
a iniquidade, vai resfriar o amor de muitos; 13 mas aquele que se mantiver
firme até ao fim será salvo. 14 Este Evangelho do Reino será proclamado em todo
o mundo, para se dar testemunho diante de todos os povos. E então virá o fim.»
Destruição de Jerusalém
15 «Por isso, quando virdes a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, instalada no lugar santo, - o que lê, entenda – 16 então, os que se encontrarem na Judeia fujam para os montes; 17 aquele que estiver no terraço não desça para tirar as coisas de sua casa; 18 e o que se encontrar no campo não volte atrás para buscar a capa. 19 Ai das que estiverem grávidas e das que andarem amamentando nesses dias! 20 Rezai para que a vossa fuga não se verifique no Inverno ou em dia de sábado, 21 pois nessa altura a aflição será tão grande como nunca se viu desde o princípio do mundo até ao presente, nem jamais se verá. 22 E, se não fossem abreviados esses dias, criatura alguma se poderia salvar; mas, por causa dos eleitos, esses dias serão reduzidos.»
Bom Humor
Alfred Montapert escreveu: ‘O bom humor espalha mais felicidade que todas as riquezas do mundo. Vem do hábito de olhar para as coisas com esperança e de esperar o melhor e não o pior.’ [1]
Realmente, o bom humor é uma virtude
excelente que torna o convívio ou as relações com aquele que a possui, muito
agradável.
Em qualquer tempo,
mas sobretudo no que decorre, é bastante difícil não ser constantemente
assediado com assuntos, factos ou incidências que nos provocam apreensão,
dúvida, sentimentos contraditórios, e, se em sociedade, discussões e confrontos
que, por vezes, desgastam desnecessariamente a pessoa e podem, de alguma forma,
corromper essas mesmas relações.
Normalmente, o bom humor está associado à
serenidade porque também é uma virtude estável do indivíduo não sujeita a
influências alheias, do meio ambiente, etc.
Mas não tem nada a
ver com a inconsciência ou a ligeireza de carácter que levam a encarar o que se
lhe depara com a displicência própria dos néscios.
Pelo contrário, é uma
virtude que dá ao que a possui, um enfoque optimista das coisas, procurando
sempre o “lado bom”, tirando partido das situações que se apresentam como menos
boas para lhes descobrir um bem que não parece evidente.
Sim, tem também muito a ver com a esperança
já que, esta, é fundamental para evitar o derrotismo, a consideração da
inevitabilidade do que se apresenta.
Na luta interior,
então, esta virtude é fundamental para que, associando-a à consciência, se
possa ter um optimismo razoável quanto aos resultados do esforço por melhoria.
A pessoa bem-humorada
faz amizades com mais facilidade já que, tem um espírito mais aberto e
construtivo que, naturalmente, atrai e arrasta.
Amizade
‘Para que haja verdadeira amizade é necessário que exista correspondência, é preciso que o afecto e a benevolência sejam mútuos.’ [2]
Esta afirmação feita por São Tomás define excelentemente
os quesitos fundamentais para que exista amizade verdadeira.
Temos muitas vezes a tendência para chamar
amigos a simples conhecidos que, por uma razão ou outra, podemos achar
simpáticos ou cuja companhia nos agrada.
Isto é banalizar o
significado de amizade que, como já vimos, é bastante mais que simpatia.
Envolvendo sentimentos profundos, a amizade
não se forjará em qualquer ocasião ou contacto, é algo que se constrói com o
tempo e à medida que a relação vai adquirindo uma forma estável e o
conhecimento do outro se vai aprofundando.
Há sempre – tem de haver – reciprocidade de
sentimentos, interesses, afectos, quando não a relação é unilateral, o que, a
amizade, não é.
Por outro lado só se entende amizade por uma
relação construída para o bem, próprio e alheio, porque se trata de dar e
receber.
Assim, pode afirmar-se que ‘Só são verdadeiros amigos aqueles que têm algo para dar, e ao mesmo tempo, a humildade suficiente para receber. Por isso é mais própria dos homens virtuosos. O vício partilhado não produz amizade mas sim cumplicidade, que não é o mesmo. Nunca poderá ser legitimado o mal com uma pretensa amizade.’ [3]
Repare-se bem que se diz que a amizade é mais
própria dos homens virtuosos, o que baliza imediatamente o campo em que amizade
pode existir.
Há um ditado muito antigo e conhecido que
diz, mais ou menos, ‘se queres perder um amigo pede-lhe dinheiro emprestado’.
Isto é absolutamente contrário à amizade.
Mesmo que o amigo não
empreste o que se lhe pede – e as razões podem ser muitas – porque razão
haveria de deixar de ser amigo do que lhe pediu?
Temos pois, que a fraternidade é uma virtude
que estabelece um vínculo talvez mais abrangente que a amizade, porque infere
tendências, gostos, preferências iguais ou muito semelhantes com vista a um
mesmo fim.
A algumas comunidades
é frequente dar-se o nome de ''fraternidade'' exactamente porque perseguem o
mesmo fim ou objectivo através das mesmas práticas e convicções.
A fraternidade é uma virtude indispensável para na vida em sociedade tornar as relações mais fáceis entre todos, porque, como diz São Josemaria Escrivá: ‘Que difícil parece por vezes o trabalho de superar as barreiras, que impedem o convívio entre os homens! E contudo nós, os cristãos somos chamados a realizar esse grande milagre da fraternidade: conseguir, com a graça de Deus, que os homens se tratem cristãmente, levando uns as cargas dos outros, vivendo o mandamento do Amor, que é o vínculo da perfeição e o resumo da lei.’ [4]
Uma das práticas mais interessantes e
benéficas desta virtude é a chamada correcção fraterna.
Sobretudo
entre pessoas próximas seja por parentesco, amizade, partilha de objectivos,
etc., esta prática é altamente recomendável na medida em que constitui uma
ajuda fundamental e que a pessoa tem direito a esperar.
Quem está “de fora”
aprecia melhor os pormenores que passam despercebidos ao próprio e não só pode,
como deve, fazer essa correcção que é, sempre, no sentido construtivo de ajudar
e, nunca, com a intenção de supor algum julgamento ou reprovação do que se
aponta.
Normalmente, esta
correcção fraterna será feita a propósito de coisas pequenas que mal se
percebem e podemos fazê-la depois de, em consciência, avaliarmos bem da justiça
e da bondade do que pretendemos fazer.
Algo mais complexo,
grave ou sério, deverá previamente, ser prudentemente visto com alguém com capacidade
e qualidade para aconselhar.
Só depois, e se for
julgado útil, se deve fazer.
Quando acima se diz
que a correcção fraterna é algo a que a pessoa tem o direito de esperar,
pretende-se dizer que se tem a mesma correcção fraterna como um verdadeiro bem
porque ajuda singularmente a corrigir algo que não nos dávamos conta.
Para quem a faz, como para quem a recebe, a
correcção fraterna produz sempre um verdadeiro benefício; ao primeiro porque
pratica um acto de justiça, ao que a recebe porque pode assegurar-se que, o que
lha fez, se preocupa consigo e está disponível para lhe prestar a ajuda que
necessita.
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