Não
me afasto da mais rigorosa verdade se vos digo que Jesus continua agora a
buscar pousada no nosso coração. Temos de Lhe pedir perdão pela nossa cegueira
pessoal, pela nossa ingratidão. Temos de Lhe pedir a graça de nunca mais Lhe
fechar a porta das nossas almas.
O
Senhor não nos oculta que a obediência rendida à vontade de Deus exige renúncia
e entrega porque o amor não pede direitos: quer servir. Ele percorreu primeiro
o caminho. Jesus, como obedecestes Tu? Usque
ad mortem, mortem autem crucis, até à morte e morte de Cruz. É preciso sair
de nós mesmos, complicar a vida, perdê-la por amor de Deus e das almas... Tu
querias viver e que nada te acontecesse; mas Deus quis outra coisa... Existem
duas vontades: a tua vontade deve ser corrigida para se identificar com a
vontade de Deus, e não torcida a de Deus para se acomodar à tua.
Com
alegria, tenho visto muitas almas que jogaram a vida – como Tu, Senhor, "usque ad mortem"! – para cumprir o
que a vontade de Deus lhes pedia, dedicando os seus esforços e o seu trabalho
profissional ao serviço da Igreja, pelo bem de todos os homens.
Aprendamos
a obedecer, aprendamos a servir. Não há maior fidalguia do que entregar-se
voluntariamente ao serviço dos outros. Quando sentimos o orgulho que referve
dentro de nós, a soberba que nos leva a pensar que somos super-homens, é o
momento de dizer que não, de dizer que o nosso único triunfo há-de ser o da
humildade. Assim nos identificaremos com Cristo na Cruz, não aborrecidos ou
inquietos, nem com mau humor, mas alegres, porque essa alegria, o esquecimento
de nós mesmos, é a melhor prova de amor. (Cristo que passa, 19)
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